Por Você escrita por Andye


Capítulo 19
Finalmente a Paz




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Gina estava atordoada observando Hermione sentada ao lado do irmão, acariciando seu rosto como se estivesse em um completo transe. Ela estava com a cabeça apoiada no ombro da mãe que estava sentada ao seu lado e acariciava a mão sobre o apoio da cadeira enquanto também observava a morena e seu filho.

Muitas horas haviam se passado desde o momento em que ela presenciara o seu irmão com fortes dores. Foi um choque. Sabiam que ele havia contraído uma infecção no fígado e que por isto sentira tantas dores. Ela o observava, a pele branca com hematomas arroxeados e aquela barriga aparente e inchada também consequente. Sorriu ao ouvir o som melodioso da voz da amiga.

– Você está me ouvindo, meu amor?

Hermione falava com tanto carinho que até parecia uma cena de filme. Era incontestável o amor que ela sentia pelo ruivo. Rony ainda estava sedado devido as dores que sentiu e assim facilitar a medicação. Estava também entubado para ter uma respiração mais fácil e dormia docemente enquanto recebia sangue pelo tubo venoso.

– Eu sei que está me ouvindo, meu amor. E eu vou te ajudar, tudo bem?

– Mamãe – Gina sussurrava para não interromper a morena – Não estou entendendo nada.

– Não precisa, minha filha – a mãe beijou a cabeça da filha – Apenas me desculpe, tudo bem?

– Não tenho porque desculpar a senhora, mamãe.

– Sim... Você tem sim. E eu peço desculpas mesmo assim.

– Mamãe – Gina se sentou nervosa sobre a poltrona – A senhora vai deixar o Ron namorar a Mione agora?

– O que você acha? - a mulher respondeu olhando para os dois – O maior erro da minha vida foi tentar proteger o Rony. Fiz com que ele sofresse enquanto tentava impedi-lo de viver.

– Obrigada mãe.

– Não agradeça. Eu que tenho que agradecer por terem aberto os meus olhos. Estava cega de ciúmes e você estava certa. Não queria outra mulher fazendo por ele o que eu não conseguia fazer.

– Não fale assim, mamãe...

– Não se preocupe. Eu errei e assumo. Admito todos os meus erros e me envergonho de cada um deles. Você e seus irmãos são filhos maravilhosos, não poderia ter feito nada do que fiz contra vocês. Me perdoe, Gina, de verdade.

– Eu te amo mamãe.

– Boa noite – Harry entrou no quarto enquanto Gina abraçava a mãe e não conseguiu conter o susto ao ver Hermione ao lado do amigo.

– Boa noite, Dr. Potter – a senhora saudou e ele se direcionou aos dois depois de corresponder timidamente o sorriso de Gina. A senhora sorriu discretamente ao perceber o olhar dos dois.

– Tudo bem, Dra. Granger?

– Oi, Harry – Hermione sorriu – Claro que sim! Obrigada.

– Ele está bem? - Harry perguntou se aproximando de Rony.

– Sim. O quadro permanece estável – ela continuou – Não houve nenhuma alteração nas últimas duas horas, mas não consigo te precisar mais nada porque não tenho os dados. Não sei como está a ficha dele.

– Tudo bem – ele falou condescendente – Vou examiná-lo agora.

Hermione assentiu e se afastou. Depois de alguns minutos, Harry anotou no prontuário alguns dados. Estava estável, realmente. Coletou sangue para recontar os glóbulos anômalos e se preparou para sair.

– Harry – Hermione o chamou antes que saísse – Preciso falar com a Dra. Fals.

– Ela vem mais tarde, Hermione.

– Ótimo. Eu espero por ela.

– Posso ajudar em alguma coisa?

– Não. Eu vou doar minha medula para o Ron.

A comoção foi geral. Hermione estava de costas para elas, mas sentiu os olhares de Gina e da senhora Weasley sobre seus ombros. Harry a olhou confuso, sem entender ao certo o que ela queria dizer.

– Como assim, Hermione? - foi Gina quem perguntou se aproximando. Molly indo atrás da filha.

– Logo quando o tratamento do Rony começou, três meses atrás, fiquei sabendo que o tipo sanguíneo dele era o mesmo que o meu. Em secredo falei com a Dra. Fals e fiz todos os exames de compatibilidade.

"Por uma obra dos céus, foram todos positivos. Preferi não contar para ninguém além dela porque não imaginava que fosse necessário que o Ron precisasse da transfusão, e também porque não imaginei que seria proibida de vê-lo e acompanhá-lo, mas no fim das contas, deixei tudo preparado com ela para que, caso fosse necessário, eu fosse a doadora primordial.

– Você é compatível com o Ronald?

– Sim, senhora Weasley – ela respondeu simplesmente.

– Você vai doar sua medula para meu filho? - a mulher tinha os olhos marejados.

– Senhora, já doei a minha vida para o Rony... Não poderia negar mais nada.

...

Depois de nove dias de administração de altas doses de quimioterápicos, sangue e antibióticos para que Rony estivesse apto, tudo estava pronto para a transfusão. Hermione fez os exames pré-operatórios necessários e foi internada com ele. Optaram pela transfusão ao mesmo tempo. A medula seria retirada e imediatamente injetada, diminuindo ao máximo o risco de rejeição.

Ele não havia acordado em nenhum momento durante a semana de preparação. Estava em sono profundo induzido para que não sentisse as dores relacionadas ao problema. Ele também apresentava um pequeno grau de alopecia¹ agora que intensificavam a químio e alguns pontos de seu cabelo vermelho apresentavam buracos revelando a cabeça branca. Seus braços também estavam sem pelos, e as sobrancelhas estavam ralas.

A mãe e a irmã de Hermione, Evelyn, tinham vindo para acompanhá-la durante a transfusão. Ela estava bem, tranquila e decidida, e estava ao lado dele, de mãos dadas, sorrindo e lhe dizendo palavras de amor e incentivo enquanto aguardava a transfusão.

– Hermione – Dra. Fals entrou no quarto – Está na hora.

– Sim, doutora. Estou pronta. Salve o Rony, por favor.

– Não se preocupe. Tudo dará certo. Sua compatibilidade é de 93%. Não poderia ser melhor. Ficaremos de olho nele e enquanto você estiver em observação te manterei informada sobre a melhora dele.

– Obrigada.

...

A sala de espera do setor de transfusão do hospital estava silenciosa. Cerca de uma hora e meia depois, a Dra. Fals apareceu na sala com Harry ao seu lado. Pareciam sorridentes e animados. A doutora se dirigiu prontamente para as mães e aos demais que esperavam. Viu quando o senhor Weasley abraçou a senhora ruiva e a filha mais nova encontrou o abraço do irmão, apreensivos.

Reconheceu a mãe de Hermione assim que entrou na sala de espera. Não que ela já a conhecesse, mas eram muito parecidas, e a doutora sentiu uma empatia instantânea por ela, que tinha uma moça muito parecida com Hermione ao seu lado.

– A transfusão foi um sucesso.

Todos comemoravam e a sensação de alívio tomou conta do ambiente. Todos se abraçaram, pais, mães e irmãos, em uma transferência de compreensão entre eles.

– Como eles estão? - a Sra. Granger perguntou.

– O Rony está em observação. Foi tudo perfeitamente bem para ele e em algumas horas iremos transferi-lo para seu quarto.

– Sério? - Gina pareceu animada.

– Sim. É um procedimento muito simples. Já fizemos a transfusão de sangue assim que ele recebeu a medula de Hermione e agora ficará em observação por três semanas para termos certeza que não haverá rejeição, mas estamos muito confiantes.

– Que bom! – o Sr. Weasley falou.

– Sim. Daqui algumas horas nós não administraremos mais o sedativo e ele vai acordar.

– Estou morrendo de saudades do meu irmão - Gina falou animada.

– Eu também - Gui concordou entre os sorrisos dos pais.

– E minha irmã? - Evelyn perguntou em seguida.

– Tivemos uma pequena complicação com a Hermione – todos se voltaram atentos – Mas conseguimos controlar a situação.

– O que ela teve? - a mãe da morena continuou.

– Toda a atenção deveria ser direcionada para ela, já que retiraríamos a medula e isso acarreta uma perda considerável de sangue. A Hermione teve uma crise anêmica profunda durante o procedimento e tivemos que colocá-la em observação. Ela está recebendo sangue agora, mas está bem. Fizemos alguns exames e conversaremos melhor com ela depois que acordar.

– Ela está realmente bem? - a Sra. Weasley perguntou preocupada abraçando a mãe de Hermione.

– Sim - a doutora sorriu - Ela está bem. Ela está muito bem.


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Notas finais do capítulo

¹ Alopecia é a redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele. Ela apresenta várias causas, podendo ter uma evolução progressiva, resolução espontânea ou controlada com tratamento médico. Quando afeta todo os pêlos do corpo, é chamada de alopecia universal.