Por Você escrita por Andye


Capítulo 16
Isto é Impossível


Notas iniciais do capítulo

Quero antes da fic agradecer de todo o meu coração a Leticia Daniel por sua linda recomendação aqui em Por Você. Eu fico imensamente comovida em saber como tenho tocado o coração de vocês com essa história e apenas posso dizer "muito obrigada"!

Quero agradecer também a chega da babi loves 1D aqui nos comentários e dizer que se essa fic está assim tão no coração de vocês, é culpa de vocês mesmo. Eu me apaixonei por esta fic, e saber que vocês tem gostado de cada capítulo me deixa ainda mais envolvida, me deixa inspirada para continuar melhorando sempre.
Obrigada a cada um de vocês porque se essa fic vive, é por vocês!
PS: Tem um recado no final do capítulo!



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~Um mês depois!~

– Ron…

Hermione falou em um tom baixo e melodioso sobre o peito dele. Não conseguiu se conter e o observou no mais simples dos momentos. Seus olhos fechados tão docemente. Os cílios tinham um brilho dourado contrastado com a luz do sol que rompia. Os cabelos displicentes caídos de forma tão graciosa sobre seu rosto.

Há uns três meses ela jamais se imaginaria namorando alguém, muito menos um paciente, e um paciente cuja mãe a detestava. E ele fugia quando podia para ficar com ela. Isso tudo era incompreensível às pessoas que não eram capazes de amar como eles se amavam.

Suspirou arrependendo-se de ter perdido quase um mês desses encontros adiando um contato mais íntimo com ele, tempo este que estavam recuperando da melhor forma agora. Sentiu a face esquentar depois do pensamento, sorrindo de si mesma.

Também era agradecida aos colegas de quarto que tinha. Sempre davam um jeito de dormirem amontoados no outro quarto enquanto deixavam aquele reservado para os dois quando ele aparecia. Tinha os melhores amigos que poderia querer, não duvidava.

Suspirou novamente e o observando mais atentamente. Era quase impossível acreditar que ele estava doente. Claro que as marcas o acompanhavam. O ponto onde a agulha do cateter lhe furava estava à vista na forma de pequenos hematomas roxos sobre seu peito. Havia a palidez da pele que cismava em voltar de tempos em tempos e ele estava tomando uma nova medicação, então tinha uma caixa de comprimidos, que ela controlava os horários, no bolso da jaqueta xadrez.

Os lábios eram carnudos, tão bem desenhados, tentadores, e a sua maior perdição quando adornados naquele sorriso em conjunto com os seus olhos tão azuis. Esses olhos azuis que a fitavam agora, e o sorriso que estava desenhado em seu rosto.

– Bom dia, meu amor.

– Bom dia, amor… Como dormiu?

– Melhor impossível - ele levou a mão ao rosto dela, lhe acariciando enquanto falava.

– Precisamos ir - ela falou manhosa - Já está amanhecendo.

– Você é como um despertador - ele sorriu lhe puxando para um beijo - Não teve uma vez destas que dormi aqui que tenha te visto perder a hora de me acordar e devolver para aquele pesadelo de hospital.

– Fico com o subconsciente ativado. É o medo de não poder mais te ver. Melhor fazer tudo nos conformes e evitar riscos, além do mais, você está muito bem e tenho certeza que em breve poderá ir pra casa.

– Eu sei - ele sorriu enquanto acariciava seus cabelos - Sabe de uma coisa?

– Hum...?

– Quero que você seja meu despertador pra sempre.

– Eu serei - ela o encarou e o beijou em seguida - Mas precisamos mesmo ir. Não quero problemas com a Dra. Fals, muito menos com sua mãe.

Dizendo isto, ela se levantou e continuou falando até que sentiu os olhos de Rony sobre seu corpo e não conseguiu não se envergonhar. Ele a observava e riu de sua timidez. Achava incrível como ela tinha a facilidade de ficar linda em qualquer situação.

– Não me olha assim – ela falou sentindo a face queimar, apressando-se em colocar uma camiseta, fugindo de seus olhos.

– Não sei por que ainda tem vergonha de mim – falou e se levantou, fazendo a garota corar ainda mais.

– Não sei também – ele a beijou quando se aproximou – Você também não ajuda ficando nu na minha frente.

– Não tenho problemas com meu corpo – falou se afastando um pouco, erguendo os braços se exibindo – Mesmo mais magro do que deveria ser, acho que está tudo nos conformes.

– Sim, está – ela respondeu rápida e não contendo uma olhada maliciosa sobre ele.

– Como diz a Gina, você é o meu melhor tratamento – lhe acariciou o rosto – E se estou melhor, é por você também.

– Eu sei que é – sorriu satisfeita – E fico feliz que esteja tão obstinado em fazer o tratamento.

– É… Digamos que a verdade é que adoro essa parte do tratamento. Essa intensiva, sabe? - beijou o pescoço da garota e ela arrepiou, se afastando.

– Acho bom você se vestir e ligar pra Gina. Já vamos sair.

– Sim, doutora. Agora mesmo – brincou.

Pouco tempo depois, Hermione deixava o ruivo nas mãos da irmã mais nova. Gina se sentia feliz e seu sorriso estava radiante desde que seu plano havia dado certo. Dois meses de grande apreensão, mas que eram gratificantes.

A melhora do irmão era visível a qualquer um, ele estava disposto a fazer todos os tratamentos sugeridos e a culpa que sentia pelo dia em que Hermione fora tirada do caso era um pouco menor.

– Fico tão feliz de estar te vendo bem, Rony. - ela falava enquanto ajudava o irmão a colocar a bata hospitalar.

– E eu fico feliz por estar bem. Obrigado, Gina, você é parte importante em tudo isso.

– Não agradeça – ela sorriu timidamente – Só quero o seu bem.

– Eu te amo, Cenoura.

– Te amo também, Gengibre.

Se abraçaram e ela se direcionou a cama do acompanhante enquanto Rony se arrumava entre os travesseiros, sentindo o cheiro de Hermione em sua pele, recordando seus toques e o prazer que sentiam quando estavam juntos, independente do que faziam.

– Gina... - ele virou para ela apoiando a cabeça na mão, o cotovelo erguendo seu tronco.

– Hum...?

– Quero te fazer uma pergunta.

– O que?

– O que tem feito aqui quando não estou?

– Ora, Ron – ela ficou com a voz nervosa – Eu durmo.

– Sei... E o Harry? - sorriu.

– O que tem ele?

– Tem te ajudado nas dormidas?

– Ronald!

Ele gargalhou. Estava feliz e suspeitava, ou tinha quase certeza, que a irmã e o médico tinham algum tipo de relacionamento. Já pegara os dois cochichando entre risinhos e a forma como se olhavam era mais que apaixonada.

– Não faço ideia do que tem pensado sobre nós.

– Ora, ora, Gininha... - ele ria marotamente - Não se faça de boba.

– Boba o escambau - ela estava vermelha - Não interessa o que faço ou deixo de fazer com o Harry.

– Então admite que fazem algo na minha ausência.

– Olha aqui, Ronald Weasley - ela sentou sobre a cama e o fitou - Não é porque tem uma namorada e uma vida sexualmente ativa que vai se meter na minha vida agora.

– Nossa - ele riu erguendo as mãos em rendição - Não precisa me metralhar dessa forma, querida irmã. Apenas fiz uma pergunta boba.

– Ah... Vá se ferrar, Ronald.

Dizendo isto, Gina virou e deitou deixando Rony observando sua silhueta contra a luz do amanhecer. A garota ria discretamente do comentário do irmão, em partes porque adorava tê-lo assim, de volta, em partes porque ele continuava tão observador como sempre e acertara suas indagações.

– Eu gosto do Harry - ele continuou diante da cumplicidade dos dois - Ele é um cara legal.

– Eu sei - ela respondeu sem se virar - Também gosto da Mione.

– Eu sei disso também. Obrigado pela ajuda, Gina.

– Não me agradeça, Gengibre, só quero que fique feliz, que fique bem.

– Eu estou.

– Eu sei que está.

– Mas não precisa mais falar sobre a minha sexualidade, ok? - o tom era brincalhão.

– Ok - ela riu pelo nariz.

– Te amo, Cenoura.

– Também te amo.

Três dias depois Rony estava se preparando para fugir mais uma vez. Havia colocado uma calça clara e o suéter que havia ganhado de sua mãe. Estava frio, então Harry lhe emprestara um gorro também.

– Já são quase onze. Eu vou procurar o Harry e já volto. Fica aí. - Gina praticamente ordenou.

– Certo, mamãe – ele respondeu brincalhão enquanto mandava uma mensagem para a namorada.

Minutos depois a porta do quarto se abriu novamente e através dela uma Gina assustada entrou. Seu semblante estava tenso e Rony entendeu o porquê em seguida.

– Posso saber aonde você vai, Ronald?

– Mãe?

A voz saiu como um sussurro e o peito afundou. Rony viu sua vida toda desmoronando de uma altura de mais de mil metros. Estava tudo acabado, ele sabia.

– Pode me responder aonde vai?

– Mãe, eu...

– Não se meta, Gina. Conversaremos depois. O que pretende, garoto?

– Mãe – ele a olhou certeiro e falou com firmeza – Não sou um garoto.

– Vocês são dois irresponsáveis. O que pretendia, Ronald?

– Ia visitar a Hermione. Satisfeita? - o tom de voz saiu um pouco mais alto do que desejava. O pai e o irmão entraram no quarto em seguida e estavam igualmente assustados e confusos com o que viam.

– Tinha que ser essa garota – a mãe falou cansada – Será que não percebe o quanto enlouqueceu depois que a conheceu? Essa menina só te faz mal.

– Eu não enlouqueci, mãe. Apenas me apaixonei. Por que é tão difícil para a senhora entender isso?

– Como quer que eu entenda o fato de fugir do hospital com sua irmã para encontrar a irresponsável daquela garota?

– A Hermione não é irresponsável – rebateu irritado – E fique a senhora sabendo que ela me faz muito bem.

– Ah... Claro que sim - a mulher falou com desdém - Imagino mesmo o tipo de bem que aquela uma deve fazer pra você.

– Não fale assim dela – ele parecia irritado – A Hermione é uma garota formidável e eu a amo, e quero ficar com ela.

– Mas não vai.

– Qual o problema, mamãe? O que a Hermione tem que te irrita tanto?

– Ela é uma irresponsável e não te ama. Se te amasse te protegeria como eu faço.

– A senhora não me protege, mãe – o tom era baixo e enraivecido; cansado – A senhora só me obriga a viver em um mundo de isolamento desde os meus dezesseis anos. Desde que descobri essa doença infernal. Só que a senhora se esquece de que eu sou um ser humano como qualquer outro, e que além da leucemia eu tenho um coração e sentimentos, e que por isso eu estou tão apto a me apaixonar quanto qualquer outro.

"Se a senhora se importasse de verdade comigo, se me amasse tanto quanto diz, veria o que fez quando me separou da Hermione. A senhora acha mesmo que eu aceitei esses novos tratamentos e que tenho me empenhado em melhorar porque acho que estava certa em nos afastar? Não, mamãe. Sinto informar a senhora, mas se permaneço no tratamento e se tenho melhorado, é porque a Hermione me pediu."

– Eu não acredito – a senhora parecia à beira dos nervos.

– Há quanto tempo estão se vendo? - o senhor Weasley perguntou compadecido com o filho.

– Pouco mais de dois meses.

– Eu não acredito nisso – a mulher resmungava.

– Nos amamos e estamos namorando.

– Era só o que me faltava. Você não sabe o que diz. Você não ama essa garota, e muito menos ela a você.

– E por que não, mãe? Me responde – a voz ficava mais alta a medida que falava – Por que eu não posso amar a Hermione? E por que ela não pode me amar?

– Meu filho, não seja um tolo. Essa garota não te ama. Você é apenas mais um passatempo na lista dela.

– Não fale assim da Hermione, mamãe. Eu não permito. A senhora nem a conhece.

Harry chegou apreensivo em seguida e estancou ao se deparar com a cena.

– Garoto – a mulher se dirigiu ao moreno de forma acusadora – Você sabia que o seu paciente tem fugido do hospital? Que tipo de médico permitiria isso?

– Senhora, eu... – Harry começou, mas Gina o interrompeu.

– Mamãe, o Dr. Potter não tem nada a ver. Ele não sabe de nada e não o acuse sem razão. Isso tudo foi ideia minha e do Rony. Saíamos quando eu ficava para dormir com ele e a equipe estava em repouso, pegávamos um táxi para ele ir e a Hermione o trazia de volta - Harry a olhou agradecido.

– Por que eu não consigo acreditar em você, Ginevra? - a mulher falou acusatoriamente para a filha.

– Porque a senhora é assim, mamãe - Gina rebateu exaltada - E eu confesso que estou cansada de tudo isto. Não percebe o quanto faz mal ao Rony, a mim e ao Gui? A senhora tem três filhos, mas parece que não consegue ver nada além de uma doença maldita.

"Não consegue ver ou entender o amor porque se enclausurou no seu amor medonho e mesquinho e se esquece que as pessoas ao seu redor não são obrigados a viver nesse mundo que a senhora insistiu em criar."

– Cale a boca - a mãe falou ameaçadora.

– Não me calo, mamãe. Já chega! Chega da senhora nos falando o que fazer. Somos todos maiores de idade, amamos a senhora, mas precisamos respirar. O Rony precisa respirar, precisa viver. Apenas a senhora ainda não percebeu que é a única responsável por todas as suas recaídas.

"Aceite que ele pode amar e ser amado. Aceite que a senhora é uma mulher possessiva e ciumenta que não deixa que seu filho viva pelo receio de que alguma mulher possa fazer para ele o bem que a senhora sempre quis fazer e nunca conseguiu."

O silêncio que se seguiu foi interrompido pelo som estardalhado do tapa que Gina recebeu. A garota fitou a mãe em seguida, os olhos injetados de lágrimas e raiva, a mão sobre o rosto.

Antes que pudesse abrir a boca novamente, Gui já a tomava em seus braços acolhedoramente, a acalentando e impedindo que ela rebatesse a mãe com palavras ainda mais duras.

– Isso é um absurdo. - a mais velha falou ainda no silêncio que se fez, observando a expressão dura dos filhos.

– Molly, por favor, vamos conversar um pouco - Arthur a pegou pelos ombros calmamente.

– A senhora não podia ter feito isto com a Gina - Rony tinha a mágoa estampada em seus olhos.

– Rony, fique calado, por favor, meu filho. Sua mãe e eu vamos conversar.

– Não, papai. Não vou ficar calado diante disto. Vocês nunca nos bateram. A senhora está fora de si - ele continuou num tom assustadoramente baixo.

– Será que não percebe o que essa garota fez com você? - Molly falava claramente arrependida, mas sem assumir - Ela está te usando, meu filho. Ela não te ama e nunca vai te amar - tentou tocar o rosto de Rony, mas ele se afastou ofendido - Ela está mentindo e provavelmente só te quer por perto até terminar a faculdade com um TCC sobre sua vida e melhora.

– E por que, mãe? - ele se exaltou finalmente – Por que ela mente pra mim? Por que ela não me ama? Fala de uma vez, ou vai me bater como fez com a Gina?

– Uma garota como ela jamais se apaixonaria de verdade por alguém como você, meu filho – a mulher também se exaltou – Ela não te ama, apenas te usa. Uma médica jovem e bonita como ela não se interessaria por um...

– Por um moribundo, mamãe? Era isso o que ia dizer? – falou cheio de mágoas quando a mulher se calou.

– Não disse isso, meu filho - ela pareceu novamente arrependida.

– Mas é o que eu entendi, e o que todos achamos que a senhora pensa. Não sou digno de amar e ser amado porque a senhora acha que minha doença apenas gera pena em qualquer pessoa que se aproxima de mim. Fala tanto de amor e é a senhora que não me ama de verdade. É a senhora que tem pena de mim e me vê como um quase morto.

– Rony...

– Não, mamãe. Essa é a verdade. Eu estou cansado de tudo isto. Cansado.

– Eu sou sua responsável legal e está proibido de ver esta garota, ou eu a denuncio e te tiro daqui.

– Ótimo - respondeu sentando calmamente sobre a cama - Pois pode encomendar o meu caixão.


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Notas finais do capítulo

Sei que devem estar super chateados comigo, me desculpem, mas preciso perguntar uma coisa. Algumas pessoas pediram pra saber como foi a primeira vez do Ron, então não deixem de dizer se querem um Missing Moment da primeira vez deles nos comentários juntamente com suas ameaças de morte, que se a maioria quiser, farei.
Beijos, e até quarta-feira!