Por Você escrita por Andye


Capítulo 13
A Loucura que Nos Une


Notas iniciais do capítulo

Gente, mais uma vez, muito obrigada a todos vocês, por estarem por aqui, por acompanharem, por darem suas opiniões e me agraciarem por saber que tenho feito parte das suas quartas-feiras. Mega feliz e animada. De coração.



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Eram exatamente 23:48h.

Harry olhava o relógio em seu pulso a cada 20 segundos e isso estava deixando Gina cada vez mais aflita. Ele decidiu ajudar e não voltaria atrás, na verdade até estava achando divertida a história, mas não podia negar que a angústia estava lhe deixando tenso e que tudo era estritamente arriscado. Olhou o relógio novamente.

– Harry, pelo amor de Deus – Gina falou revirando os olhos sentada ao seu lado na sala de espera. Ela balançava o pé da perna cruzada nervosamente – Para de olhar esse relógio.

– Estou nervoso.

Harry falou simplesmente olhando para ela. Era engraçado conviver com Gina e os últimos três dias haviam sido intensos. Tentaram a todo custo organizar tudo e resolver as coisas da melhor forma possível. Queriam programar o melhor momento, o melhor horário e a melhor situação para fazerem o que precisavam.

– Também estou e nem por isto fico olhando o relógio a cada segundo.

– Você não tem relógio - observou ainda tenso.

– Tem no meu celular.

– Mas ele não está no seu pulso.

– Então tira essa porcaria do braço - ela falou direcionando as mãos ao pulso do moreno que apenas desviou.

– Quando o tremelique da sua perna parar, eu tiro o relógio do meu pulso - barganhou sorrindo um instante.

– Ok - falou irritada sabendo que perdera e mudou a perna cruzada- Por que ele demora tanto? - Gina perguntou para ninguém e balançou o pé novamente, ansiosa.

– Não sei. Não seria melhor darmos uma olhada?

Harry e Gina esperavam por Rony. Ele exigiu que os dois saíssem do quarto porque queria tomar banho, fazer a barba sozinho, se vestir da maneira que queria e para isto precisava de privacidade, como havia imposto.

– Eu vou lá – Gina concluiu se levantando, batendo à porta e encostando o ouvido na madeira em seguida – Ron?

– Já estou quase pronto – ele falou de dentro do quarto e os dois se olharam concordando entre si.

– Pelo menos respondeu – Harry falou olhando novamente o relógio, fazendo Gina revirar os olhos mais uma vez antes de sentar ao seu lado.

– Harry - começou tentando parecer tranquila - Se você quiser e achar melhor, ainda dá tempo de voltar atrás. Não queremos que você se meta em enrascadas também e entenderemos caso queira parar. O risco pra você é imenso e...

– Não se preocupe, Gina - interrompeu - Eu disse que ajudaria, e eu o farei da maneira que puder. Eu tenho certeza que não vai acontecer nada demais, então não tenho com o que me preocupar. Só estou ansioso, é normal.

– Obrigada por estar nos ajudando desse jeito - ela sorriu verdadeiramente comovida - Você nem precisava fazer isto, afinal.

– Eu sei que não - sorriu de volta - mas não vamos pensar nisto, tudo bem? - ela concordou com a cabeça.

– Estou pronto.

Rony apareceu na porta do quarto com um sorriso que ia de orelha a orelha. Seus olhos brilhavam com expectativa e os cabelos úmidos pareciam ainda mais vermelhos devido ao excesso de água. Gina estava muito feliz e seus olhos brilharam também. Ele parecia saudável e totalmente normal.

Era realmente fantástico o poder que Hermione tinha sobre ele. Como ele melhorara consideravelmente em questão de dias depois que eles se reencontraram. Como ele ficava dedicado ao tratamento e como progredia. Seu sorriso era o mais sincero possível e ele também estava muito feliz.

Ele estava com uma camiseta branca com uma imagem qualquer estampada na frente. Sobre ela, um casaco grosso e pesado em xadrez azul, os punhos abertos e dobrados até a metade do braço. A calça era um tom azul desbotado e um tênis preto com cadarços azuis.

Gina lembrava de quando Rony se vestia assim e não com aquelas batas sem graça. Nos períodos em que acreditavam que ele estava melhor, ele sempre se animava quando precisava sair e achava realmente estranho o fato de ele nunca ter tido uma namorada mais séria nesses períodos, porque mesmo que ela nunca admitisse em voz alta, achava o irmão lindo.

Ela se adiantou e o abraçou sentindo o peito saltitar de tanta alegria.

– E então? - perguntou quando ela o soltou se mostrando esperando a avaliação.

– É... Está apresentável – a ruiva falou debochada.

– Realmente, está apresentável – Harry falou observando o novo amigo – Muito diferente, se quer saber.

– Esse muito diferente é uma boa coisa? - ele perguntou maroto.

– Sim. Não costumo elogiar homens, mas está bonito sim.

– Valeu, Harry. Vindo de você, realmente acredito.

– Ok. Ok. Acho melhor pararem de flertar e nos apressarmos. É melhor irmos de uma vez – Gina atentou – Estamos quase atrasados.

– Tudo bem – Harry falou olhando novamente o relógio, fazendo Gina bufar e Rony arquear a sobrancelha sem entender muito bem o que acontecia – São 11:57. Vou olhar se o pessoal já está no repouso.

Harry saiu rapidamente e os dois esperaram em frente a porta do quarto. Gina observou enquanto o moreno se afastava e balançava a cabeça negativamente de forma implicante.

– O que acontece com vocês? - Rony perguntou displicente.

– Acontecer o que com quem? - ela respondeu ainda observando o outro que se afastava.

– Hum... - ele tinha um tom animado – Nada.

– Ronald Weasley, o que é? - falou olhando o irmão finalmente.

– Nada. Só você implicando com o doutor.

– Ele é estranho – falou olhando novamente o corredor, agora vago.

– Sei... - ele sorria abertamente.

– O que é, garoto? O que está tentando dizer? Fala de uma vez.

– Essa sua implicância...

– O que tem?

– Você é implicante com ele como era com o Dino.

– Ah, Rony... Por favor. Deixe de falar asneiras.

– Cuidado para não terminar sentindo pelo Harry o que sentia pelo Dino.

– O Dino era um idiota. Não compare os dois. E não, não tenho e não pretendo ter nada com o "doutor" Harry e cala logo essa sua boca grande que ele está voltando.

– Tudo bem... Tudo bem! – Rony concordou sorrindo.

– Tudo limpo, pessoal. Os plantonistas já estão no repouso. Tem duas recepcionistas e um segurança lá fora.

– Certo – Gina falou tomando o controle da situação – Seguiremos o combinado, ok?

– Certo – Harry concordou – Vou ficar na lateral do Hospital.

– Nos encontramos em dez minutos – Gina falou e novamente observou o moreno se afastar tirando o jaleco.

– Isso vai dar certo mesmo? - Rony perguntou apreensivo.

– Claro que sim – Gina respondeu sorridente, escondendo sua apreensão – E como está se sentindo? Está cansado? Indisposto? Se sentindo mal?

– Não. Estou me sentindo ótimo, por mais estranho que pareça.

– Ótimo. Coloca o capuz.

O ruivo obedeceu e os dois seguiram despretensiosamente enquanto conversavam falsa e bobamente em direção a sala de espera. O coração de Gina batia acelerado e ela sentia que estava fazendo a coisa mais errada da humanidade, mas Rony queria isto, era seu irmão, o amava e desde cedo ele fora privado de alegrias pertinentes a idade e ela ainda se sentia em dívida. Faria o que fosse preciso e possível para ele e por ele.

E por mais incrível que ela tenha achado, conseguiram passar pela recepção e segurança do hospital sem maiores dificuldades. Ela respirou fundo, sentindo o irmão relaxar também.

– Ainda bem que a mamãe me mandou dormir aqui hoje – ela falou brincalhona quando haviam saído.

– Com certeza – Rony concordou sorrindo - Onde ela foi?

– Sei lá - Gina falou conduzindo o irmão pelo braço - O papai a convidou pra jantar.

– Hum... Será eu o papai vai levar a mamãe pra...

– Nem complete essa frase, Ronald! - Gina falou horrorizada - Que horror. Que nojento. O papai e a mamãe. Não me faça imaginar... Droga! Já imaginei.

Os dois riram em conjunto enquanto caminhavam até o final do quarteirão e, de mãos dadas, reviviam os momentos de travessuras de sua infância.

– Vamos. O carro do Harry está ali – Gina continuou agora segurando novamente o braço do irmão, apontando o carro com o dedo do outro.

Apressaram o passo na medida que Rony conseguia. A rua estava praticamente deserta. A maioria dos médicos, residentes e enfermeiros estavam em seu horário de repouso, alguns poucos lanchavam e Harry já havia saído de seu plantão havia alguns minutos. Ela não via acompanhantes por ali e deveriam estar fazendo o que Gina deveria fazer: dormir ao lado de seu irmão.

Mas não seria Gina se fosse tão previsível.

Agora ela estava ali, levando o irmão doente para o carro de um médico que arriscava o pescoço e toda a promissora carreira numa tentativa quase impossível de dar um pouco de liberdade ao ruivo. Sorriram animados ao entrarem no carro, vencendo mais um obstáculo.

– Não acredito que conseguimos – Gina começou colocando o cinto ao lado de Harry.

– Deixa pra comemorar quando conseguirmos trazer ele de volta – Harry ponderou.

– Não seja negativo – ela alfinetou.

– Não sou. Apenas estou sendo realista. Como se sente, Rony?

– Melhor, impossível – o ruivo sorriu do tom formal que Harry usou para fazer aquela pergunta.

– Então vamos de uma vez – e dizendo isto, Harry partiu.

Seguiram pela cidade adormecida tranquilamente. O avançar das horas fazia com que o trânsito estivesse fácil. Conversaram algumas banalidades enquanto seguiam o trajeto.

– Rony – Gina alertava – Não esquece de me ligar quando estiver voltando, e não demora, por favor.

– Eu sei, Gina. Vai dar tudo certo, não se preocupa.

– Claro que estou preocupada, mas sei que valerá a pena.

– Valerá. Agora me diz onde conseguiu esse celular - ele perguntou observando o aparelho.

– É da minha mãe - Harry respondeu - Ela comprou um novo e esse estava parado pela estante da minha casa. Perguntei se podia usar e ela me deu.

– Sei... Harry, obrigado.

– Não agradeça, apenas aproveite.

Os dois sorriram um para o outro e Harry completou pelo retrovisor com seu próprio sorriso, estacionando o carro em seguida. Rony se preparou para descer e Gina fez o mesmo, o abraçando enquanto lhe desejava boa sorte e lhe dava um beijo carinhoso na bochecha.

– Até mais tarde – ele respondeu ao gesto e ela sorriu.

Rony seguiu a passos lentos, mas firmes, em direção à porta. Subiu os três degraus da escada na frente da casa e surpreendeu-se por não ter se sentido cansado. Respirou profundamente antes de se virar para o carro e lhes fazer o sinal de positivo, esperando o carro dar partida e ir embora. Em seguida, voltou-se para a porta, respirou profundamente e tocou a campainha.

Era tarde, ele sabia, mas era a única oportunidade que tinha e mesmo que fosse enxotado, valeria a pena o simples fato de estar ali. Ponderou por alguns breves segundos todas as outras pessoas que moravam ali e quando pensou em recuar, já procurando o celular no bolso para ligar para a irmã, percebeu o movimento na porta, pelo lado de dentro.

A porta abriu e o familiar soco no estômago o acometeu. Sorriu abobalhado entre o nervoso e envergonhado.

– Rony... O que está fazendo aqui?


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