I Miss You escrita por mandyoca


Capítulo 9
Capítulo 9




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  Eu não vou usar detalhes.

  Duas semanas se passaram, o ritmo do mesmo jeito. Eu mal podia abrir o Messenger em casa ou milhões de pessoas vinham falar comigo. Por isso eu deixava o status no invisível, falando apenas com Augusto, Hayley... Dave... e... Luan.

  Luan foi um ótimo cara para mim todos os santos dias. Dave sempre reclamava sobre isso e blábláblá.

  E o professor Victor ficava me paquerando. Ele continuava a não olhar apenas para a minha cara quando eu usava aquele short preto e obrigatório para garotas de calça jeans. Na última aula eu percebi que não era só na calça jeans, e sim nas calças largas. As únicas calças que eram permitidas em sua aula eram as bem justinhas. Eu contei tudo isso para Hayley, e ela amou a ideia. Eu mandei uma foto do professor, ela ficou louca da vida dizendo que queria se mudar para cá.

  As coisas do meu quarto continuam sumindo toda noite. Eu tento ficar acordada para pegar o ladrãozinho, mas não consigo e acabo caindo no sono. Nenhum barulho atrapalha quando estou dormindo. Eu espero que logo aconteça algum efeito para que eu possa finalmente acordar no meio da noite e encontre o safado. Já levou quase todas as minhas fotos, levou o meu caderno, e eu descobri – sim, eu fiquei sabendo seu ladrão super idiota! – que ele levou uma saia minha que, para variar, eu nem usava.

  E agora eu estava me arrumando para a festa de arrecadação de dinheiro para a formatura do nono ano. Um nome tão longo devia ser abreviado, como ADDPAFDNA. Certo, isso não. Mas algo pequeno, qualquer coisa é melhor do que ouvir “Oi, você quer ir comigo ao baile-de-arrecadação-de-dinheiro-para-a-formatura-do-nono-ano?” Eu ficava pirada. E não foi só o Luan que me pediu não. Muitos convites foram enviados para mim até no MSN, da qual eu ignorei sem querer.

  Mas os recados foram enviados por mensagem instantânea. Apesar de que algumas pessoas diziam: Eu sei que você está aí.

  Isso me dava medo.

  Eu já estava absolutamente pronta com um vestido vermelho que eu escolhi apenas para essa festa idiota que eu nem estava com vontade de ir. Mas Luan me ajudou bastante. Ele disse que é essencial os populares comparecerem a todos os eventos escolares ou eles seriam um fracasso humilhante para o colégio.

  O vestido era grudado na parte da cintura, mas acabava caindo como um véu lindo e curto, até os joelhos. Um pequeno broche ficava do lado esquerdo da vestimenta formal para que não ficasse um vermelho exagerado demais. Eu usei um sapato prata porque eu achei que combinaria com o broche que eu estava usando.

  Eu usei uma maquiagem bem coerente, onde os olhos eram extremamente pretos. Eu usava sombra preta, rímel preto, lápis preto... Só que em volta eu dava alguns toques de branco só para destacar mais. Então eu coloquei um gloss transparente nos lábios para que a maquiagem não ficasse tão sobrecarregada.

  Luan disse que eu estava linda. Dave pediu um dia antes para que eu não fosse estúpida, e para que eu não o deixasse tomar qualquer iniciativa inútil.

  Ao chegar ao salão tenebroso, onde iluminação era pouca e a música era alta, eu desviei dos muitos casais dançarinos e sentei num pufe. Luan sentou-se no pufe ao meu lado e perguntou que dançaria assim que eu me sentisse pronta. Eu pigarreei, tossi, mexi no cabelo e disse:

  - Olha, eu não sei dançar. – admiti. – Então eu pretendia só ver essas pessoas se contorcendo, e pronto. Eu não estou a fim de aprender a dançar enquanto todo mundo está perto.

  - Não ligue para os outros, Kris. – pediu. – Dançar é bom. É só seguir o ritmo e tudo dará certo.

  - Não, obrigada. – Olhei para a garota que tomava algo de gás. Ah, não. Não me diga que o que parecia um simples refrigerante era uma cerveja!

  Luan viu que eu olhava a bebida da menina, e então tentou:

  - Você quer que eu pegue uma? – perguntou. – Eu já estou ficando com sede mesmo. Assim eu aproveito e pego duas.

  - Isso é cerveja? – cuspi a palavra, com nojo.

  - É. – sorriu. – Eu vou lá pegar.

  Eu ia impedi-lo. Eu ia dizer que não queria de qualquer forma porque isso é para gente nojenta e sem noção.

  A festa não estava sendo na escola, eu não sei se já disse. Apesar de a escola ser grande e a quadra enorme, eles preferiram nos tacar num salão de festas porque tinham medo que algum vândalo saísse destruindo o colégio inteiro. Isso era uma babaquisse completa. Um salão de festas gigante que custa uns cem mil reais é uma coisa absolutamente absurda. Lá era um lugar bem grandão, com um jardim romântico à beça, com uma fonte e tudo mais. Só que o pessoal ignorante preferia ficar naquela birosca de balada dançando.

  Quando Luan voltou, me entregou um copo com aquela coisa horrível. Eu pedi a ele que saíssemos. Ele virou seu copo rapidinho enquanto saíamos. Eu avistei um vaso de uma planta grande e cumprida. Ao passar perto dela, joguei todo o líquido na terra e joguei o copo num lixo próximo.

  A gente sentou num banco na frente da enorme fonte adorável e colorida, onde luzes alternavam na iluminação.

  - Nós poderíamos estar tentando dançar. – Luan deu de ombros. – Isso seria algo muito melhor do que ficar aqui olhando essa água escorrer para o mesmo lugar. Sabe, tudo é sem graça.

  Eu o lancei um olhar de raiva.

  - Mas você salva esse meu sentimento e tudo fica com graça. – ele salvou. – Você está muito bonita, Kristal. Mais bonita do que esse jardim imenso, cheio de flores. E o seu cheiro está ótimo também. É um perfume francês. Minha irmã gostava de usá-lo. Agora ela não usa mais.

  - Você tem irmã? – perguntei. Eu não sabia, ora.

  - Tenho. – rumorejou. – Eu a apresentei para você. Seu nome é Gabriele, ela está no nono ano e te ofereceu chiclete.

  - Ah. – Ô chicletezinho famoso. – Legal.

  - Ei, Kristal... – chamou Luan. – Você já teve um namorado antes?

  - Já. – Olhei para a fonte. – Nos meus sonhos, onde eu acabava sonhando acordada com um garoto que eu jamais vi novamente.

  - Você já beijou? – Tudo bem, por que ele está perguntando essas coisas estranhas e totalmente fora do assunto? Como “chiclete” chegou a isso?

  - Eu vou ser sincera. – Meus olhos vagaram por Luan. – Eu nunca beijei. Acontece que eu estou esperando a pessoa correta e no momento correto para isso.

  - Bem... – ele hesitou. – O jardim está lindo, o céu está estrelado, a fonte está brilhando, a água escorrendo... – Deu um passo para a minha direção. – Você está numa roupa sem dúvida sedutora, e eu estou usando um smoking ridículo. Quem você acha que está num nível superior? Talvez o momento seja agora.

  Ele segurou a parte de trás do meu pescoço e depois, as únicas coisas que senti foram seus lábios e a brisa. Mas antes disso, tive a visão de um cara sentado num banco do outro lado do jardim, segurando um objeto que não pude identificar porque fechei os olhos e deixei o clima daquele breve instante me levar. Luan, o cara que eu conhecia há duas semanas era mesmo o homem especial para mim? Ele beijava bem. Na verdade, não sou a pessoa certa para dizer isso, já que ele é o único que me beijou, mas em todo o caso aquilo foi bom. Então, Luan desceu sua mão até as minhas costas, e a outra que estava sei lá onde acabou indo junto. Depois, ele me puxou para perto dele e se inclinou sobre mim, ainda me beijando.

  Só que eu não estava com uma sensação muito boa, por isso me separei dele e observei um bocado de gente nos olhando. Yolanda me lançou um olhar de raiva. Cristina chegou perto e perguntou:

  - Vocês estão namorando?

  Eu disse que não, mas ao mesmo tempo Luan disse que sim, e Cristina e Amélia saíram gritando para todo mundo: “LUAN E KRISTAL ESTÃO NAMORANDO!” Eu devia ter ficado vermelha.

  - Por que você disse isso? – Franzi o cenho, brava.

  - Porque é o meu desejo. Um boato que dura por muito tempo acaba se tornando verdade alguma hora, Kris. – murmurou. – Eles acreditam no que eu digo porque me conhecem há mais tempo. E eu te amo, Kristal. Te conheço há duas semanas mas eu já te amo e amei assim que te olhei. Você me ama?

  O beijo foi bom, é claro. Eu adorei ter tido aquele momento romântico, no lugar perfeito. Mas a pessoa... Era mesmo a ideal?

  - Não, Luan. – Levantei da cadeira. – Eu não te amo.

  Qualquer um estaria se sentindo horrível por isso. Eu acabei com a felicidade do cara. Mas eu não estava me sentindo ruim, muito pelo contrário. Eu estou aproveitando o meu triunfo, da qual tive coragem para dizer a verdade. Se eu não fizesse isso, o peso entraria sem convite na minha consciência, aí sim eu ficaria mal pra caramba, como no meu primeiro dia de aula, onde Dave... Bem, onde Dave estava ao meu lado, e não Luan, que estava aproveitando o mundo dos lençóis naquele momento.

  Eu não dei outra. Levantei e mais uma vez fiz a birra de ir a pé. Só que dessa vez ninguém tentou me dar carona. Eu pude ficar sozinha finalmente por ter feito algo ruim, mas que me fez crescer como pessoa.

  É bom dizer a verdade. É bem melhor do que iludir alguém com coisas lindas, mas ainda surreais. Imagine se essa pessoa descobre por outro alguém que não seja você. Tudo estaria acabado, e o impacto seria muito maior.

  Naquela noite, chegando em casa, Marie disse que eu havia chegado muito cedo. Eram dez horas, por isso deitei e já dormi. Amanhã é domingo e não tem aula, um fato que me fará ficar bem longe dos boatos que começarão a surgir logo, logo.

  Eu fui ao banheiro para colocar o meu pijama, mas parei um pouco e comecei a olhar a cicatriz que a garota me deixou há tanto tempo atrás. Aquilo me assombrava, aquilo me perseguia. E disso eu não conseguia fugir nem se eu me esforçasse ao máximo. Tudo isso era ruim para mim.

  Coloquei finalmente a parte de cima do meu pijama e corri até o quarto. Em dois minutos, caí num sono profundo e dormi dura feito uma porta.

  No dia seguinte, olhei o relógio ao meu lado e eram exatamente duas horas da tarde. Eu dormi demais mesmo.

  Mas hoje é domingo, não estou contra as regras.

  Eu senti um cheiro floral... Era agradável.

  Liguei o rádio num bom volume e deixei rodar a música da Marjorie Estiano. Você conhece aquela música chamada “Você sempre será”? É uma das músicas mais bonitas que eu já escutei.

  Um instante, um olhar
  Vi o sol acordar
  Por de trás do seu sorriso
  Me fazendo lembrar

  Que eu posso tentar te esquecer
  Mas você sempre será
  A onda que me arrasta
  Que me leva pro teu mar b34;

  É uma letra muito bem feita. Significativa e marcante, algo que te faz refletir de verdade no meio de palavras muito bem escolhidas.

  Entrei no computador enquanto a música continuava a tocar.

  Luan: Kristal, entra.

  Luan: Kristal, eu preciso falar com você.

  Luan: Por favor, se você estiver aí me atenda.

  Luan: Kristal, por que você não entrou ainda?

  Luan: Eu estou ficando preocupado!

  Luan: Me mande à pqp, mas por favor, diga no mínimo alguma coisinha!

  Luan: KRISTAL, APAREÇA!

  Malditos desesperados. Coloquei um status personalizado. Escrevi na caixinha para digitar o texto: “Eu e Luan não estamos namorando. Não tentem perguntar nada sobre isso porque eu não vou responder.” Essa era a mensagem automática.

  Milhões de pessoas começaram a falar comigo, mas eu prestei atenção na conversa de Luan. Ele não queria que eu aparecesse?

  Kristal: Aqui estou.

  Luan: Desculpe se eu falei que estávamos namorando. Mas eu não me arrependi. Mais gente me perguntou, e eu afirmei. Eu não vou conseguir viver se eu ficar longe de você. Namora comigo. Por favor.

  Kristal: Não, Luan. Eu não te amo, pensei que já tinha deixado isso claro para que você entendesse.

  Luan: Eu entendi, mas não acredito. Kristal, você é demais. Eu quero ficar com você para sempre. Namora comigo.

  Kristal: Eu não vou namorar com quem eu não amo. Não amando você, a minha resposta continuará sendo não.

  Luan: Você recebeu as minhas flores?

  Kristal: Flores?

  Luan: Você já saiu de casa hoje?

  Kristal: Ah, meu Deus.

 Corri para fora pela minha janela-porta. Não acredito. Sim, isso explica o cheiro das flores e tudo mais... Só que para que enxer a frente da minha casa totalmente só de plantas? Rosas, margaridas, tulipas, girassóis... O que eu faria com elas? Uma flor me chamou a atenção. Ela era uma única rosa num vaso negro. Essa rosa estava murcha e estragada, mas ainda transmitia algo bom. Eu me aproximei dela, e um bilhete estava escrito: “Eu estou tentando te esquecer, mas sempre fracasso. Você já roubou o meu coração, e agora já não consigo tomá-lo de volta.”

  Voltei para o meu quarto e sentei tão rápido na cadeira de rodinhas que ela deslizou para o lado e eu iria bater se não fosse a minha mão para encostar na parede antes. Coloquei a cadeira no lugar de novo, mais lentamente.

  Kristal: Você. Simplemente. Bebe. O que eu vou fazer com todas essas flores? Elas vão morrer, Luan!

  Luan: São só flores. Elas só estão aí como perdão. Pode jogá-las no lixo se você quiser, Kristal.

  Kristal: Como você pode ser tão mau? Eu não vou jogar fora! Mas também não vou namorar com você, você não é a pessoa certa para mim.

  Luan: Mas você gostou de ontem.

  Kristal: Você ouviu isso sair da minha boca? Não. Então não venha me dizer que eu gostei sendo que você nem sabe disso. É uma opinião sua.

  Luan: Você não gostou?

  Kristal: Pare de achar que eu vou te dar alguma chance. Agora a escola inteira pensa que nós estamos namorando.

  Luan: É isso o que eu quero. Quero que eles pensem, quero que eles saibam... Quero que seja verdade.

  Kristal: Mas não vai ser!

  O telefone da sala tocou. Eu corri para atendê-lo.

  - Kristal Steven falando. – murmurei.

  - Ora, Kris... Namorando? – Dave não parecia estar zombando, mas também não estava acabado. Apenas estava curioso, fazendo a pergunta como uma pessoa normal faria. – Com Luan, ainda por cima?

  - Eu não estou namorando com ele! – quase berrei. – É tão difícil alguém entender que entre eu e ele não há nada? Só me deixe em paz por um dia para que eu possa ficar de pijama o dia todo, e para que eu possa ficar longe desses boatos infernais!!!

  E eu bati o telefone na cara dele.

  Voltei para o meu quarto, entediada e já exepcionalmente irritada com esse mesmo assunto que estava em minha volta toda hora.

  Luan: Você é muito negativa.

  Kristal: Não. Só objetiva, queira você ou não.

  Luan: Poxa, Kris! Só um dia. Um dia? Não é grande coisa.Você fica sendo minha namorada durante um simples e único dia. Eu te compro um carro. Sim, eu arranjo o tipo de carro que você quiser.

  Kristal: Você pensa que pode me comprar com carros? Eu nem dirijo! E eu não quero ser sua namorada nem por cinco segundos. Você é mimado e não está satisfeito a não ter o que você quer.

  Luan: Pois é, eu estou acostumado a ter tudo. Por que você vai tirar isso de mim? É tão simples, Kristal. É só dizer sim.

  Kristal: Sim.

  Luan: Jura?

  Kristal: Não. Era só para ver se você me deixava em paz.

  Luan: Não vou deixar.

  Kristal: Então você vai sonhar acordado por um bom tempo, garoto. Meu, de boa... Se toca. Para de sonhar com o que você nunca terá!

  Luan: Lá na festa você disse... Como foi? Você disse que tinha um namorado só nos seus sonhos, onde você acabava sonhando acordada com um garoto que você nunca viu novamente. Não é a mesma coisa?

  Kristal: Você tem razão. Está na hora de eu esquecê-lo. Mas acredite, eu estou tentando fazer isso há muito tempo. Mas não consigo.

  Luan: Eu não vou te esquecer tão rápido, Kristal Steven.

  Kristal: Você é obcecado por mim, seu inútil? Eu te conheço há duas semanas. Duas semanas! Você não pode estar absolutamente apaixonado de forma tão exagerada a ponto de se jogar da janela por mim me conhecendo há um período de tempo tão curto. Você só quer se exibir para os seus amiguinhos populares.

  Luan: Eu estou apaixonado por você sim, Kris. Eu não tenho como negar nem nos meus pensamentos. Por favor, me dá uma chance. Só uma chance e não peço nada mais. Diga que sim e faça um cara feliz.

  Kristal: Vou te contar quem eu vou fazer feliz. Minha avó. Ela vai adorar cuidar dessas flores e tudo mais. Só que isso vai atrair abelhas. Eu e Marie somos alérgicas a qualquer picada de inseto, e a picada de uma abelha vai nos fazer inchar. Isso será uma ótima lição de vida. Você é um lixo.

  Luan: Não sou um lixo. Mas se você considera isso, me recicle. Quem sabe você cria uma campanha para o mundo de reciclagem e reutilização?

  Kristal: Vai sonhando, seu maldito repugnante. Para mim, que você esteja no seu carro quando ele bater de frente num poste.

  Luan: Eu nunca desejei isso a você.

  Kristal: Pode começar a desejar.

  Apertei o botão do meu computador, que desligou em quatro segundos, como sempre. Eu me virei para a cama, mas uma sombra preta me fez quase desmaiar de susto.


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