Demorou alguns segundos até que Hermione ficasse vermelha e abaixasse o olhar. Draco, por sua vez, riu.

– Vergonha, Granger? -Suas palavras saíram subitamente doces, o que surpreendeu ambos. O loiro levantou a cabeça da garota. - Agora já está pronta para conquistar o Weasel.- completou, se levantando.

Não obteve resposta por um bom tempo.

– E se eu não quiser conquista-lo?- murmurou a garota, sem prestar atenção em suas palavras.

No momento que Draco a ouviu, ele virou novamente, sorrindo. Não sabia por que, mas estava feliz em ouvir a morena alegar não gostar daquele cara-de-cenoura besta. Ele não serviria para ela mesmo. Hermione era muito bonita, muito inteligente, muito perfeita para ele. E, com esses pensamentos, Draco só pode concluir uma coisa. Definitivamente, estava ficando maluco. Afinal, a Granger ( maldita mania de chamá-la de Hermione!) não era bonita, certo? E ele só a havia beijado para, bem... Porque estava com pena dela! Isso, pena! Mas nenhuma dessas razões tirava da cabeça do loiro a principal questão. O por quê de ele ter gostado do beijo. Saindo do transe, o sonserino não pode deixar de provocar a... Será que, depois daquilo, ele poderia a chamar de quase-amiga?

– Não quer, é? Então nesse caso, está preparada para conquistar o nerd que quiser.

– Você está se chamando de nerd, Malfoy? Porque, convenhamos, mas eu consegui te conquistar.- de novo, as crises de coragem de Hermione Granger atacam! Isso soou ridículo, ok. Mas vamos lá, a menina estava sendo até que bem corajosa.

– Não, não conseguiu. Conseguiu me seduzir, mas não conquistar. Se tivesse conquistado, estava perdida.

A menina nem reparou que o garoto havia admitido que tinha sido seduzido por ela, e retrucou:

– Por que eu estaria perdida?

– Você não quer saber. - concluiu o loiro, dando fim na conversa- Agora, se não se importa, eu quero descansar. Afinal, não é sempre que se passa por um incêndio. Você deveria descansar também, Granger.

E o menino voltou para sua cama. Estática, Hermione passou levemente a mão nos lábios, como se confirmando o que tinha acontecido. Seu primeiro beijo. Com Draco Malfoy. Ok, realidade, pode voltar agora. Mas, para surpresa da menina, essa era a realidade. Lá estava ela, deitada a cerca de 10 metros do cara que ela tinha acabado de beijar. Ah, é. E esse cara era o pior inimigo dela. E, para piorar, ela tinha o provocado. E tinha gostado do beijo. Gostado não, ela tinha adorado o beijo de Draco. Vulgo, Malfoy. E ela dormiu, sem sequer imaginar que, na cabeça de Draco, o pensamento que predominava também era o beijo.

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– Você O QUE?!?- berrou Parkinson, ouvindo o melhor amigo.- Você ta com febre, Malfoy? A Sabe-tudo, logo ela? Vamos lá! Quem é a próxima, a Weasley fêmea?

– Cala a boca, Pann! E não, que nojo! Quero toda aquela família ruiva longe de mim! E para de surtar! Ela provocou, ok? Foi só... Um surto de desejo. Isso. Um surto.

– Ah... Draquinho...- suspirou a amiga- Você é tão ingênuo que né percebeu... Mas acabou de admitir que teve um surto de desejo pela Granger. E, por Merlin, Draco! Isso é estranho, até para você.

– Eu não admiti nada...- começou o loiro, que logo foi interrompido.

– Cala a boca e para de discutir. Não to com cabeça pra te aturar negando o óbvio. Esse incêndio mexeu com você, em? Qual o próximo passo, virar bff dela?

– E se eu virasse- o menino respondeu, com uma raiva fora do comum.

– Eu riria muito- confirmou Pansy- Mas já é óbvio que o problema não seria eu, e sim o resto de Hogwarts, não é? Sabe, Draquinho, as vezes me assusto com as possibilidades que você propõe para você.

A morena se retirou antes que o amigo pudesse contestar a ultima frase. Mas, refletindo bem, ele havia mesmo dado a possibilidade disso e... Espera? Refletindo? Desde quando Draco Malfoy reflete sobre algo? Hermione se orgulharia daquilo, não é? Ela ficaria se gabando de ter ensinado algo a ele. Talvez, se o garoto tivesse sorte, a morena ainda sorriria para ele, com aquele sorriso estonteante e lindo. E quem sabe ela ainda ficaria vermelha daquele jeito fofo que só ela tem, quando Draco fizesse alguma brincadeira... Para. Para tudo. Por que ele estava imaginando isso? Que diferença faria o que Hermjone, vulgo, Granger, pensaria? Ele estava ficando louco. Isso era um fato.

– O que você está fazendo comigo, sua sabe-tudo idiota?- murmurou o garoto baixo, antes de cair no sono.

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Hermione acordou no meio da noite. A única luz que ilumina a enfermaria vinha de um pequeno abajur ao lado da cama de Malfoy. A morena piscou os olhos cinco vezes, e se sentou. Quando esfregou os olhos, pode ver Draco, com a cabeça encostada no travesseiro e um livro sob o tórax. O loiro dormia calmamente.

– esse garoto não tem jeito- suspirou Hermione, se levantando para pegar o livro e arruma-lo. Ela pegou cuidadosamente o livro, o fechando. "Sherlock Holmes". Sorrindo, a garota depositou o livro na bancada e lançou um ultimo olhar para Draco, antes de apagar a luz.

Ela se deitou novamente, mas se viu sem sono. Encarou o teto durante um tempo, ainda pensando no livro que ela havia acabado de guardar. Malfoy sempre odiou trouxas e, de repente, começa a ler livros deles! Isso não fazia sentido algum, mas trazia uma pitada de orgulho para Hermione. Orgulho por que? Ela não sabia. Mas ela estava orgulhosa de Draco, vulgo, Malfoy. Pelo menos, no quesito literatura, ele havia superado o julgamento preconceituoso sobre trouxas. E, afinal, era Sherlock! Draco gostava de Sherlock! No dia seguinte, os dois poderiam conversar sobre o livro e... Espere. Ela estava mesmo fazendo planos para conversar com Malfoy? Isso era loucura!

Mas quem sabe Draco gostaria de conversar com ela, sobre isso? Quem sabe ele não se gabaria por ler algo tão intelectual e faria aquele sorriso convencido e extremamente sedutor que só ele faz? E quem sabe.... Não, espera. Isso não é possível! Estaria mesmo ela, Hermjone Granger, especulando o que Draco faria? O que estava acontecendo? Isso era insanidade mental.

– O que você está fazendo comigo, seu cara de fuinha?- a morena se perguntou, atordoada, encarando a escuridão.