No ultimo mês, aquela foi a primeira noite que os dois passaram brigados. Mesmo no início, quando se "odiavam", as provocações eram feitas. Naquela noite, nem um pio foi ouvido. Nenhuma palavra dirigida a ninguém. O único som vinha do forte vento que batia nas janelas e soava estrondoso.

O frio estava chegando e, junto com ele, a neve. Mais neve para congelar ainda mais o coração dos dois.

Amor e ódio. Ambos sempre andaram juntos. E naquele momento, Draco estava experimentando dos dois. Ódio de si mesmo, da vida, de sua decisão. Amor, incondicional, pela morena na porta ao lado.

Hermione, por sua vez, não sentia absolutamente nada. Um vazio preenchia seu coração, se é que ainda havia sobrado um. Uma tristeza inconsolável, choro incontrolavel, coração partido. É, realmente, o amor era uma grande merda.

E no dia seguinte, o silêncio continuou. Era deprimente estar ali. Era deprimente ver como eles se amavam, como se machucavam. Mas já diziam os antigos: independente de o que aconteça, siga em frente.

– Bom dia, alunos.- começou a professora de transfigurações. - Hoje, teremos uma aula um tanto quanto diferente. Para conseguirmos ver o futuro, precisamos entender a nós mesmos. E hoje, iremos falar sobre o que vive dentro de nos, dentro de nossa alma: os sentimentos. - os alunos bufaram em resposta. - Vamos lá, peguem um pergaminho e quero que definam a palavra Amizade.

Hermione pegou o pergaminho e escreveu Amizade nele. O que era Amizade para ela? A morena recordou de todos os momentos entre ela, Gi, Harry, Rony. De todas as risadas e dos abraços. E com essas lembranças, ela deixou sua mão rabiscar o papel.

"Amizade para mim é contar com alguém que pode contar em você. É amar uma pessoa com toda a sua alma sem querer nada em troca. Amizade é se sentir especial por simplesmente existir, é ter alguém que te faça sentir especial e que te faça rir sempre."

– Agora, definam a palavra "amor", alunos.

Draco, do outro lado da sala, gelou. Como descrever um sentimento tão devastador e ao mesmo tempo tão bom? Ele se lembrou do ultimo mês com a sua pequena. Lembrou de todos os sorrisos bobos e das brigas idiotas. E logo, a definição dessa palavra tão significativa veio.

– Muito bem. Agora, Lovegood, leia sua definição de amizade. - a loira sorriu e se levantou, lendo e voz alta.

– Amizade é sorrir mesmo quando não estamos bem só pra ver o outro sorrir também. - a loira se pronunciou sorrindo e voltou a se sentar.

– Muito bem, Srta! Agora, vejamos.... Hermione Granger, nos fale a sua definição de amor.

Draco não pode evitar de levantar a cabeça e começar a prestar atenção na situação. Não sabia por quê, mas queria muito saber a definição de "amor" dela.

A morena respirou fundo. Se levantou e segurou o pergaminho com as mãos tremulas.

– O amor para mim é quando você se importa mais com uma pessoa do que com você mesmo, quando a sua felicidade vem depois, quando nossa vida fica em segundo plano. Para mim, amar é ser perguntado "o que é o amor" e o pensamento ser em alguém, não em palavras.- a ultima frase saiu quase inaudível e sua voz estava tremula. Toda a classe permaneceu em silêncio.

– Não poderia ter escolhido alguém melhor para representar o sentimento. Parabéns, srta. Granger. - ela somente assentiu e se sentou. O loiro no fundo da sala olhava fixamente para a parede. Não podia acreditar naquilo. Como ela podia fazer tanta falta? Como, por Merlin, ela podia mexer tanto com ele? - Quero que todos façam um trabalho para segunda-feira. Quero que façam um poema expressando o sentimento que domina seu coração nesse momento. - murmúrios de irritação foram ouvidos- E nada de reclamações! - a professora berrou, fazendo todos se calarem. - Estão dispensados.

Todas as outras aulas do dia passaram vagarosa e tediosamente. Nas aulas que os dois faziam juntos, evitavam se olhar ou se tocar. Nos corredores, desviavam os olhos. É, a grifinoria e o sonserino tinham dado um tempo.

Durante o jantar, Mione tentou ao máximo se enturmar. Conversou com um belo sorriso falso estampado na cara, até Dumbledores chegar, fazendo um anúncio.

– Atenção, alunos! Por motivos pessoais, tivemos três transferências da Fraca para cá. A cerimônia do chapéu seletor já passou, como disse, mas em uma situação de exceção, farei-a aqui e hoje. Por favor, dêem as boas vindas as bruxas do sexto ano....- ele parou de falar e todos começaram a murmurar em conjunto. Quem seriam essas alunas novas? Por que a transferência repentina?

– E chamamos aqui a Senhorita Alexandra Reichelieu!- ele vociferou e uma garota de cabelos ruivos escuros andou por entre as mesas de nariz empinado. Sua pele era pálida e seus olhos negros. Nos lábios, um batom rosa se destacava. É, ela era o tipo de garota que pode ser considerada linda por todos. Mas Hemione gelou ao ouvir o sobrenome Reichelieu.

Memórias de sua infância voltaram. A escola trouxa, ela sendo tachada de sabe-tudo, sem amigos. E tudo isso por causa da maldita Alexandra. Seria possível? De novo?

– O que eu fiz para você, em? - ela murmurou para os céus, em busca de respostas. Mas antes que pudesse pensar mais, o chapéu berrou.

– Sonserina! - claro, pensou Granger. Cobra no covil.

– Boas vindas, srta. Agora chamemos Astoria e Lorena Black Malfoy!

Droga. Merda. Droga. Não era possível. Draco queria enterrar sua cabeça dentro do chão. Seria possível? Astoria? A insuportável de sua prima? E ainda Lorena, sua antiga melhor amiga que nunca o perdoou?

Ah, obrigado, Destino. Sério, valeu mesmo. Como se eu já não tivesse problemas para resolver mas não, era necessário mais.

Como se as garotas em sua vida não fossem complicadas o suficiente.

Oh, meu Merlin, me ajude.

Astoria foi primeiro. Seu ar prepotente e seu ego gigante mal cabiam na sala. E a água oxigenada em seu cabelo já estava intoxicando tudo. O. Chapéu nem precisou encostar na cabeça da loira que já anunciou, em alto e bom som.

– Sonserina!

Foi a vez da outra garota. Embora houvessem semelhanças Hermione não conseguia as ver como irmãs. Astoria era tão metida a besta e Lorena era fofa e modesta. A morena pode notar a garota tremendo ao deixar que o chapéu fosse colocado em sua cabeça.

Mas que coisa mais tola! Ela era uma Black! Com certeza logo estaria junto se sua irmã estúpida. Mas parece que o chapéu tomou outra decisão. Todas as bocas formaram um perfeito "o".

– Grifinória!

Nem mesmo Lorena acreditava. Seu olhar ficou arregalado e,logo, ela pode enxergar um sorriso maldoso na face da irmã gêmea. Seus pais iriam lhe matar. Matar não, trucidar! Não era possível. Não era.

– Senhorita Black- Dumbledore tirou todos do transe- Por favor se encaminhe a mesa de sua casa. - e ela caminhou lentamente e se sentou ao lado de Fred e George.

– E aí! Bem-vinda aos leões, garota!- Fred a saudou, sorrindo.

– Obrigada- agradeceu, gentil. A voz da garota era doce e seus cabelos negros lembravam todos da mesa de Sirius. Talvez ela fosse uma Black como ele, afinal, estava ali!

– Muito prazer...

– Lorena. Lorena Black.- desta vez, ela sorriu dizendo o nome. É, ali nascia uma nova marota.

– Sou Hermione- a morena finalmente se apresentou, por um momento esquecendo a mesa ao lado. - Esses são Harry, Rony, Gina e Neville. Bem-vinda.

E naquele momento, ambas souberam que poderiam contar uma com a outra. Quem disse que Grangers e Blacks não podem ser amigos?
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Enquanto isso, a mesa da Sonserina comemorava a chegada de Astoria e de Alexandra.

– Sabia que cairíamos aqui! - Astoria afirmava, sempre sorrindo- Afinal, somos Sangue-Puros!

– Exato- concordou Alex, embora insegura.- E viva as cobras!!

Um coro de "viva" se estendeu sobre a mesa. Todos analisavam com cautela as duas meninas que chegaram, menos Draco, por dois motivos:

1- Astoria sempre era problema.

2- Sua cabeça estava focada na mesa ao lado, embora ele não quisesse que percebessem. Se sua prima descobrisse, seria o caos. Ela sempre desgraçou os relacionamentos dele.

De longe, o loiro pode ver sua... Droga, a Granger sorrindo para Lorena. É elas se dariam bem. Draco ficou feliz por isso, inconscientemente, mas logo expulsou qualquer pensamento sobre ela.

Mas enquanto ele se perdia em seus devaneios, a prima e sua amiga ruiva, Alice, Alaice... Alex, isso! Alex e Astoria já estavam bem íntimas de sua mais nova casa. E isso o preocupava. Muito.

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– A Loira é tua irmã?- questionou George, sem vergonha.

– Aquela desgraçada? Ah, é sim. Aquela é Astoria Malfoy, meu caro. A maior vaca de todos os tempos.- concluiu e logo apontou para Alex- Aquela ruiva ali, a Alex. Ela não era assim antes. Mas é o que dizem. Convivência gera monstros. Hoje, posso vos apresentar Alexandra e Astoria, as cobras mais venenosas da Sonserina.

– Nossa, quanto amor pela sua irmã, Lena! - sim, em pouquíssimo tempo os Weasley tinham posto o apelido "Lena" nela.

– Você tem sorte de ter uma família assim, Fred. - ela suspirou- Sabe, uma que não te renegue por não ser repugnante e vazia.

– Ei...- os dois ruivos abraçaram a mais nova amiga, que logo se tornaria parte do grupo.

– Relaxem. Já me conformei com isso. Pode até correr sangue dos Malfoy em minhas veias, mas eu sou uma inteira Black. Vocês vão ver, eu serei um Sirius na versão feminina.

Todos gargalharam e Hermione sorriu.

– Já conquistou os dois ali. Você me parece legal para uma Black.

– Você também não é nada mal para uma Granger.- a menina falou, com cara pensativa mas logo abriu um sorriso contagiante.

– Não sei porque eu gostei de você, Lena.- Harry se pronunciou e todos assentiram.

É, talvez a bronca dos pais valesse a pena. Afinal, acabara de descobrir uma nova família ali.

Hermione sorria, mas logo desviou o olhar para os Sonserinos. Ao notar que Draco a encarava, abaixou o rosto, tristemente. Quando olhou novamente, a irmã de Lena a estudava cautelosamente, com um sorriso diabólico estampado na face.

– Ok...- Lena chegou de repente, quase derrubando Hermione da cadeira. - O que você tem com o meu primo?

– Perdão?

– O Malfoy. Draco- ela bufou. - Minha irmã quer te matar. E já que ela não te conhece, é por causa dele.

– Eu não tenho nada com o Malfoy!- afirmou, mais para si mesma do que para a mais nova amiga.

– Você é quem sabe... Mas olha: se você tiver algo com ele, toma cuidado. A minha irmã, além de ser uma vaca, é obsecada pelo meu querido priminho.

Ah, ótimo. Agora, além de tudo, ainda tem uma que me odeia e outra obsecada pelo cara que eu amo. Valeu, Merlin!