Eles decidiram parar um pouco para descansar assim que encontraram um lugar mais calmo onde poderiam passar pelos menos um pouco mais de uma hora. Sara sentou-se em uma pedra baixa e William e Seth sentaram-se no chão, em cima de várias folhas. Charlie preferiu ficar de pé.

– Por que não senta Charlie? – Perguntou seu tio preocupado.

– Não estou com vontade de sentar. – Respondeu ele sem ânimo.

– Bem, talvez fosse bom que você conversasse com Sara, não é? Sem querer me meter, mas antes tarde do que nunca. – William falou o encarando.

Sara olhou para Charlie um pouco confusa, parecendo esperar uma resposta. Charlie somente caminhou até ela e estendeu a sua mão. Sara a pegou levantando-se e ele mesmo a guiou para um lugar onde poderiam conversar sem serem interrompidos. Pelo menos, era o que ele pensava.

Charlie parou de andar e Sara ficou na sua frente. De repente, Charlie a encostou em uma arvore próxima e a beijou até ela perder o fôlego.

– Eu pensei que não te veria mais... – Disse ele com tristeza ao afastar o rosto.

– Eu pensei o mesmo... Me desculpa, Charlie? De verdade... Me perdoa?

– Para de se desculpar... Eu também agi como um idiota, eu consegui fazer você sentir raiva de mim.

– Eu não devia ter sentido... Você só queria me proteger!

Sara continuava encostada na arvore, e ainda próximo dela, Charlie colou a mão em seus ombros e fez com que ela se abaixasse junto com ele.

– Charlie... Por que seus olhos não voltaram ao normal desde que você voltou com Seth? – Perguntou ela um tanto preocupada.

– Sara... Eu tenho que te contar uma coisa... – Charlie não sabia ao certo se podia contar, mas era com Sara que ele estava falando. – Posso? – Pensou ele com esperanças de que o Lobo o escutasse.

Ele esperou por uma resposta e nada.

– Estranho... – Pensou outra vez.

– Então conte...– Disse ela.

Charlie estava prestes a contar quando pode sentir uma escuridão imensa se aproximar.

Aquela presença que ele tanto procurou pareceu surgir no meio das folhas. As pupilas de Charlie diminuíram ao extremo limite, seus olhos estavam azul gelo, tomados por aquela presença tão dominante que agora estava tão próxima. Ele moveu a cabeça para o lado devagar podendo ver a fera o encarar, surgindo devagar, intimidando a cada passada que quebrava a distancia entre eles. Sara não conseguia dizer palavra alguma, ela apertava o braço de Charlie tentando fazer com que ele saísse dali sem tirar o seu olhar da fera que agora estava totalmente visível diante deles.

Era realmente um Youkai-Lobo e de extrema dominância. Não era uma dominância comum, era um Youkai dominado por uma energia muito sinistra, uma energia que somente um youkai dominado por maldade poderia conter. Sua pelagem era branca acinzentada, seus olhos eram completamente negros e ele era tão grande quanto Miakoda. Porém, este era ainda mais forte e não estava ali para uma conversa.

Charlie sabia que não teria como sobreviver já que ele estava em um confronto frente a frente com o maior predador daquela floresta de youkais. Ele levantou-se e ainda mantendo distancia com o Lobo, ficou de frente para ele. Sara assustada e sem entender a atitude de seu primo finalmente conseguiu tirar palavras de sua boca.

– Charlie, vai embora! Corre!

Charlie a ignorou. Ele encarava o Lobo a sua frente como se pudesse entendê-lo.

“Finalmente nos encontramos... Depois de tanto tempo...”.