Todos estavam satisfeitos. Depois de um tempo conversando e comendo em volta da fogueira acesa William havia ido para o seu saco de dormir. Já Sara e Charlie continuou ali, sentados em volta da fogueira a conversar.

– Charlie, eu às vezes fico pensando... Onde estão os seus pais?

– Para que quer saber?

– Bem... Eles são meus tios e... Você nunca fala neles.

Charlie pareceu incomodado, mas logo respondeu.

– Me desculpe à grosseria. Eu só não vejo motivos pra me importar com eles. Acontece que eles foram viajar faz um bom tempo, e eles nunca vêm me visitar, dificilmente eles entram em contato. Por que eu tenho que dar bola pra eles? Foram eles que me abandonaram.

Sara imediatamente se arrependeu de sua pergunta.

– E- Eu sinto muito Charlie! Eu fui tola demais, não devia ter te perguntado nada sobre isso!

Charlie pode notar lágrimas escorrerem dos olhos dela. Ele se aproximou mais e secou as lágrimas com a sua mão.

– Não precisa chorar e nem se preocupar com isso. Eu mesmo não me importo. Eu tenho o tio William, a vovó e agora eu tenho você. O que mais eu posso querer?

– Charlie... – Disse Sara depois de um tempo. Ela olhou para os olhos dele– Você sempre me teve... Meu amor.

Charlie sorriu para ela dando um selinho apertado em seus lábios.

– Vamos, venha se deitar que amanhã o dia será longo.

Charlie esperou Sara se trocar atrás de uma arvore, de pé.

– Fique bem ai Charlie! Se você se aproximar você nem imagina o que eu posso fazer! – Brincou ela.

– Calma, eu não tenho interesses em ver você se trocar, esquentadinha!

– Não me chame de esquentadinha!!!

– Vocês dois poderiam falar mais baixo?! – Resmungou William.

– Desculpe, desculpe – Disse Charlie em tom cada vez mais baixo.

Sara saiu de trás da arvore com uma calça legging preta e com uma blusa básica branca meio comprida, só que agora com alças e não mangas e seus pés estavam descalços. Seus longos cabelos caiam sobre os seus ombros.

– Ainda acho meio desnecessário você ter ido trocar de roupa.

Charlie a esperava encostado em uma arvore mais a frente e com os braços cruzados. A pouca luz da fogueira o iluminava.

– Eu sou acostumada a dormir com roupas mais leves.

Ela caminhou até o seu saco de dormir.

– Sara você... Não quer dormir junto comigo?

– Como assim? – Ela riu – Eu vou dormir com você, estarei bem ao seu lado.

– Boba – Ele caminhou até ela– Estou dizendo pra você dormir no mesmo saco que eu! O meu é maior e como você é pequena, vai caber nele junto comigo e é capaz de... – Ela olhou desconfiada pra ele. Ele retribuiu com um sorrisinho irônico somente para irrita-la – Sobrar espaço.

Não deu outra. Sara estendeu a mão em direção a Charlie dando nele uma tapa na cara tão forte que passarinhos nas arvores próximas acordaram e voaram pra longe, enquanto Charlie esfregava a sua mão na cara tentando fazer com que a dor passasse.

– Que droga Sara! Por que você teve que agir de forma tão infantil?

– Eu infantil? Foi você que me irritou! Quer mesmo recomeçar uma guerra comigo?

Assim que Sara falou, pode-se ouvir um ruído alto e algo pareceu sair voando de uma arvore o que não parecia ser um pequeno passarinho.

–CHARLIE! – Sara correu para os braços de Charlie, não para bater mais nele, e sim para se proteger– O que foi isso?

– Xiuuu, fale mais baixo sua medrosa! Foi só um pequeno youkai! E sua tapa adormeceu a minha bochecha...

– Me desculpe meu amor, eu não queria te machucar! E eu detesto que me chamem de pequena só porque não sou tão alta! – Ela afastou-se dele para poder acariciar sua bochecha em que havia dado uma tapa. – Me perdoa?

– Mas é claro – Ele colocou a sua mão sobre a dela– Mas só se você me perdoar também.

Ela sorriu.

– Claro que te perdoo...

Charlie aproximou o rosto e a beijou de leve, em seguida pegou-a pela mão e a puxou para baixo enquanto se sentava sobre o seu saco de dormir, Sara foi junto. Eles se deitaram e ficaram bem perto um do outro. Charlie permaneceu com o seu rosto sempre perto do dela para poder saber que ela estaria ali, respirando o tempo todo.

– Charlie?... – Sara sussurrou sonolenta.

– Sim?...

– Quando eu disse que talvez pudesse haver um problema em você... Eu... Estava mentindo... Ta?

Antes que ele pudesse responder, notou que ela acabou pegando no sono rapidamente, o que o fez sorrir e finalmente fechar os olhos.