Moro em uma cidade pequena e sem nenhuma atração turística. Você pode imaginar um lugar com casas grandes e bonitas, e varias crianças felizes e boazinhas na rua, mas... Não se iluda a este ponto. É um lugar pequeno rodeado de arvores bem verdinhas assim como o gramado do jardim, sim todos nos temos um jardim, as casas parecem ser grandes, mas na verdade são bem velhas, e as crianças, não vamos nos esquecer de mencionar esses pestinhas, adoram rodear a minha casa e sujar o carro do meu pai com LAMA e a desculpa de estarem apenas brincando.

Meu nome é Sara Farell e acabei de terminar o primeiro ano do ensino médio. Agora tenho 16 anos espero estar pronta para o próximo ano, mas por enquanto, quero curtir as ferias que acabaram de chegar e estão me cortejando com o belo som da harpa dos anjos.

Meu pai é um cara de 38 anos, e trabalha como engenheiro químico. Ele separou da minha mãe, e por causa do meu padrasto chato e arrogante, eu vim morar com ele. Eu e meu pai sempre nos damos bem e é assim que as coisas na nossa vida parecem correr... Bem. E tudo isso estava ótimo se eu pudesse ficar em casa e relaxar as férias inteirinhas.

Estava na sala quando meu pai entrou pela porta com uma caixa de papelão, me aproximei para ver o que havia com ele:

- o que e tudo isso pai?

- Suas ferias acabaram de começar não foi? Então eu resolvi ajudar, já que você vai ficar em casa, trazendo um estoque de Stick Wafer's inclusive o novo sabor de "canela e alcaçuz”.

- Não brinca!

Dei um grande sorriso. O nome “Canela e alcaçuz" soaram como uma flauta nos meus ouvidos, era o que eu mais queria provar, era o NOVO E LIMITADO sabor de stick wafer ! Stick Wafer são uns canudos finos e recheados dos quais eu gosto muito, e aquele sabor era o que eu tanto queria provar. As coisas estavam ficando boas e eu decidi guardar pra depois, assim eu poderia saborear e sentir o gosto das ferias e dos sticks com mais calma, pois não queria abusar da sorte.

- Eu vou ficar com os sticks de floresta negra

- Hmmmm,não querendo abusar da sorte mocinha?

- Isso- Sorri - nada pode destruir esse dia - Meu pai mudou suas feições do rosto no momento em que eu disse essas ultimas palavras, o que me preocupou -O que foi pai?

- Eu deixei pra te dizer mais tarde, mas... - ele guardava os sticks no armário da cozinha- Melhor dizer agora

- Diga logo, é alguma coisa com a mamãe?

- Não, não, não tem nada a ver com a sua mãe, só... - ele falava devagar, mas com certo nervosismo - Seu primo, seu primo Charlie vem nos visitar amanha cedo, ele esta vindo da fazenda do avó de vocês e ira passar essas férias conosco... Eu pensei em falar com você antes, mas achei que você iria entender.

- COMO?

Minha cabeça pareceu rodar e vários flashes backs vieram impedindo minha respiração por segundos. Fitei os olhos de meu pai e vi que ele falava serio. Não... Não podia ser, não nessas ferias, nem nunca!

- Sara, ele é seu primo e tenho certeza de que vão se entender! Vocês não se veem há anos e sei que vão deixar todo o desentendimento de lado, certo?

Engoli em seco e corri dali subindo para o meu quarto, enterrei minha cabeça no travesseiro. Você deve estar pensando - “o que há de tão horrível na visita de um primo?”- Bem... Há vários motivos para essa visita não ser agradável.

Dos quatro aos seis anos de idade, eu convivia com os meus pais, a minha tia Flora e seu filho Charlie, três anos mais velho que eu. Eu passava dias e noites sendo aterrorizada por aquele pestinha, arrancava litros de lágrimas com puxões de cabelos, mordidas, socos e chutes. "Mas ele era só uma criança" Não... Ele não era só uma criança, ele completou oito anos e continuava cada vez pior. E agora? Por que havia de melhorar? Ele ficara pior e eu tinha certeza disso, eu sabia muito bem como ele usava a carinha de anjo para disfarçar as coisas.

Um arrepio correu pela minha espinha e me cobri com um cobertor. Meu pai dissera que logo pela manha ele estaria aqui... Eu sabia que um pesadelo estava prestes a começar.

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Na manha seguinte me levantei cedo. Estava um dia claro e o tempo parecia bom, vento fraco vindo da janela e tudo bem claro, me espreguicei bem e ainda de camisola caminhei ate a janela do meu quarto. Olhei para baixo e avistei uma picape azul, então me lembrei do que meu pai havia me avisado. Essa não, Charlie realmente vai passar as férias conosco! Mas por um instante eu pensei... Como ele deve estar agora? O mesmo pestinha de sempre? Eu o vi pela ultima vez quando ele tinha apenas oito anos; então eu observei a picape, ela finalmente havia estacionado.

Saiu dela, um homem gordo, baixo e de cabelos curtos e pretos, tio William; ele sempre foi como um pai ou ate mesmo um irmão mais velho para Charlie, bem mais velho. Então, vi alguém sair do banco do carona; era ele. Charlie, alto, com uma camiseta branca e uma camisa xadrez azul escuro que estavam dobradas ate os cotovelos, e uma calça jeans um pouco clara. O sol batia no seu rosto e nos cabelos bagunçados pelo vento, revelando a cor loira e o azul claro dos seus olhos.