Locked escrita por Miss Hana


Capítulo 6
O6 - Meia Verdade


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou passada...
Por favor, LEIAM AS NOTAS FINAIS, OKOK?
Desculpem me pela demora e muito obrigada por tudo, como sempre! ;D



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LOCKED

Por: Hana

Mei.a Ver.da.de: Afirmação que não é falsa, mas na qual se omite alguma informação.

Legenda:

Normal – Depois

Itálico – Antes

L-I-S-A-N-N-A

— Nesse exato momento, o Rei está na sala do trono, conversando com anciãs — falou, com os olhos fixos em algo além de minha visão — Ele dispensou todos os guardas e a grande sala está, agora, vazia. Elas estão explicando para ele como enviarão o Príncipe para Midgard.

Parou de falar e eu assenti em silêncio, esperando que continuasse. Depois de alguns minutos, escutei novamente sua voz:

— Amanhã, à meia noite, eles se juntarão no mesmo lugar que estão agora e farão um ritual antigo, esquecido pelos Asgardianos — falou vagamente e eu franzi o cenho. Passaram-se alguns segundos antes que ele terminasse, e voltasse para seu costumeiro tom de voz — Pelo menos é assim como elas o chamam.

Sorri fracamente. O alívio tomou conta de mim. Ainda bem que eu tinha ido vê-lo naquela noite. Se não, Heimdall não conseguiria me contatar e eu acabaria perdendo o momento em que teria a única oportunidade de esclarecer tudo.

Calcei as longas e impecáveis botas pretas, estranhando o quanto era diferente eu estar colocando aquilo. Aquele não era, definitivamente, o tipo de roupa que eu usaria. Mas não me importava. Encarei a garota de longos cabelos castanhos, presos em um coque, deixando um pouco da franja solta, com um vestido discreto que ia até um pouco acima dos joelhos, da mesma cor das botas. Parecia que eu iria para algum enterro ou algo do gênero.

Não era como se eu estivesse exatamente me importando com a aparência em um momento crucial daquele. Não mesmo. Mas era impossível não reparar como era estranho. De qualquer forma, haviam sido as instruções de Heimdall.

Peguei a lança e dobrei seu cabo, compactando-a o suficiente para conseguir prendê-la no cinto do vestido. Fiz o mesmo com o chakram, encarando as duas armas visivelmente penduradas. Torci o nariz. Chamativas demais. Tinha que, definitivamente, arrumar algo que as escondesse. Não podia dar corda para ninguém desconfiar de nada. Tudo tinha que sair estritamente como o planejado, senão eu perderia minha única chance. Suspirei, indo em direção ao meu armário, abrindo a porta logo em seguida.

Vasculhei um pouco as gavetas, no intuito de encontrar algo que servisse, depois de uma longa busca, achei algo que nem sabia que tinha guardado: Uma capa longa, preta, que cobria meus ombros e ia até um pouco acima do meu tornozelo. Ela era perfeita, mas não era minha. Eu tinha certeza daquilo, por que nunca havia usado ela antes.

Peguei-a cuidadosamente e a pus por cima dos ombros, prendendo o laço perto de meu pescoço. Percebi que tinha um capuz e o coloquei, olhando novamente o reflexo no espelho. Se eu caminhasse pelas sombras, não haveria ser que me visse. Muito menos me reconhecesse. Sorri.

Olhei pela janela, constatando que acabara de anoitecer, e caía uma chuva estável, porém forte o suficiente para fazer as pessoas saírem das ruas. Ela não seria um problema, considerando que a capa que eu vestia era um pouco grossa e me protegia dos respingos irritantes de água. Meu pai estava trabalhando e minha mãe fazendo qualquer outra coisa, na qual eu não preferia pensar. Aquilo, de certa forma, me entristecia. Fazer as coisas pelas suas costas realmente não era o meu perfil, mas o que eu podia fazer? Contar tudo a eles e fazê-los me prender em casa, para não desafiar meu noivo e meu sogro? Bufei. Fala sério.

Constatei que estava tudo certo e saí do quarto, desci as escadas e saí pela porta de trás. Preferi não deixar nenhum bilhete. Estava me sentindo no direito de fazer aquilo. De correr atrás do que era meu. Minhas memórias, explicações e meu melhor amigo de volta. Sorri. A possibilidade de eu ainda ver Loki foi o que me fez não hesitar nenhum segundo no caminho de minha casa até os fundos do castelo. A porta que dava para a cozinha.

– Você vai ter que ser discreta – orientou-me, depois de alguns minutos em silêncio – Vão trancar as entradas do palácio, mas eu já sei por onde você vai ter acesso. Pelos fundos. As servas não sabem do que irá acontecer e, provavelmente, a deixarão entrar de bom grado, já que és tão amiga delas.

Assenti. Aproximando-me da borda da ponte e encarando as estrelas na minha frente.

– Equipe-se de tudo o que achar realmente necessário e parta assim que anoitecer – falou, sem se virar para mim – Apesar do perigo que esse ritual pode trazer para a integridade do rei, a urgência de realiza-lo é ainda maior.

Parei em frente à grade perto do portão principal. Encarei o jardim a minha frente, acompanhando-o com o olhar até chegar nos grandes portões que davam entrada para o pátio principal do palácio. Eles, que costumavam estar sempre abertos, agora estavam fechados. E antes, apenas dois guardas tomavam conta da entrada. Disfarcei para não chamar atenção dos cinco que estavam prostrados com expressões severas.

Já estava planejado para que eu desse a volta e entrasse pelo portão dos fundos, então foi isso o que eu fiz. Caminhei todo o grande trajeto, até chegar ao pequeno portão de trás, que estava apenas encostado. Atravessei a pequena horta que servia como um tipo de abastecimento rápido para a cozinha e cheguei na pequena porta de madeira, que dava para a entrada traseira do castelo.

Bati com uma força controlada, torcendo para que alguém tivesse a boa-fé de abri-la para mim. Abaixei o capuz, continuando a bater. Depois de alguns minutos, a porta finalmente foi aberta. Lyina, filha de uma senhora que era muito amiga minha, abriu a porta, com o rosto expressando sono e roupas de dormir. Franzi o cenho, dando um sorriso simpático.

– Olá! – acenei, vendo-a arregalar os olhos e endireitar a postura no mesmo instante.

– Lady Lisanna – fez uma pequena reverência, encarando-me sugestivamente.

– Olá, Lyina – sorri mais uma vez – Posso entrar?

– Ah – ela expressou desespero, como se tivesse acabado de notar que estava deixando a futura rainha de Asgard tomando chuva. Sorri, tentando disfarçar o fato de que eu, involuntariamente, tinha revirado os olhos – Mil perdões.

Deu um longo passo para trás, liberando todo o caminho para que eu passasse, e assim o fiz. Vi-a estender a mão, provavelmente para pegar minha capa e coloca-la para secar, mas neguei com um pequeno sorriso no rosto, alegando que não ficaria por ali muito tempo.

– Senhorita... – falou, relutante – Se me permite a pergunta, por que estás vindo pela porta de trás, dos criados?

– O portão principal estava fechado, e, para não causar muito estresse, preferi vir por aqui – respondi, sacudindo a capa, para tirar o excesso de água – Lyinia, me responda, por que a cozinha está tão vazia? Até onde eu sei, essa é a hora que começa a se fazer o jantar...

– Sim – sorriu, ajeitando os cabelos revoltos – Mas a rainha, pessoalmente, nos dispensou pelo resto do dia.

Não me surpreendi, muito menos perguntei a respeito. Eu já sabia daquilo, de qualquer forma.

– Ah, bom – sorri, dirigindo-me para a saída, mas estanquei antes de atravessar a porta.

Não seria bom se ela saísse falando para todo mundo que eu havia chegado no palácio. Lyinia provavelmente não sabia que o rei tinha proibido a entrada de pessoas no castelo – por isso ela não relutou em me deixar entrar – e talvez contasse para alguém que sabia. E aí sim eu estaria realmente encrencada.

Tentei buscar no fundo da minha mente alguma desculpa válida para fazê-la fechar a boca e não espalhar nada para ninguém, mas o meu consciente maligno me convenceu de que eu já havia mentido tanto até chegar ali, que diferença faria contar mais uma, não é? Com a maior cara lavada, me virei para a loira.

– Querida – sorri, aproximando-me – Eu vim fazer uma visita a Thor, e seria de meu agrado que ninguém soubesse de minha presença aqui. É uma surpresa. Estou com saudades de meu noivo.

– S-Sim – forçou um sorriso – Prometo que não contarei nada a ninguém.

– Espero que assim seja – olhei-a mais uma vez, torcendo para que eu conseguisse controlar o tom cínico em minha voz – Para o bem de todos.

Não me importava muito que aquilo tenha soado mais como uma ameaça do que qualquer outra coisa, por que, julgando pela sua expressão facial, ela realmente estava com medo. Saí da cozinha com um sorriso macabro no rosto.

– O rei vai dispensar todos os servos ao anoitecer, por isso creio que o seu caminho será livre até a sala do trono – explicou – Mas tenho certeza de que alguns corredores estarão com guardas, por isso tome cuidado. Já vai ser um problema você ir sem a permissão de ninguém. Se for pega, as coisas vão ficar piores.

Assenti, anotando mentalmente cada palavra que saía de sua boca.

Assim que saí das vistas de Lyinia, coloquei novamente a capa e o capuz, andando lenta e cautelosamente, sem escutar o som dos meus próprios passos. A cada corredor que virava, fazia certeza de que não tinha nenhum guarda ou pessoa perambulando, para poder retornar a caminhar.

Era difícil conter minhas mãos tremendo e mais ainda andar. Meu joelho doía com o nervosismo e, por mais que eu soubesse que o que fazia era certo, ainda não conseguia arrancar de mim o sentimento de que tudo podia dar errado. Franzi o cenho. Acho que uma coisa não excluía a outra.

Balancei negativamente a cabeça, querendo espantar todos aqueles pensamentos da cabeça. Não me levariam a lugar algum. O que eu tinha que fazer era focar no plano que estava formulado em minha mente. Não era lá um grande plano, mas não tinha outras possibilidades.

Fui bruscamente tirada de meus devaneios ao escutar pisadas fortes vindas de um corredor que eu tinha acabado de virar. Olhei desesperada de um lado para o outro. Não tinha onde me esconder. O jeito seria correr.

Ajeitei o capuz, cobrindo maior parte de minha testa e fui andando rápido, sem encostar o calcanhar no chão e flexionando os joelhos, para correr de um jeito que mais parecia que eu estava dando saltinhos, no intuito de não fazer barulho. Cheguei ao final do corredor e olhei para trás, no tempo de ver a perna do guarda aparecer. Arregalei os olhos e virei rápido para a direita, fazendo com que a capa esvoaçasse. Fechei os olhos com força. Ele me vira. Com certeza.

– Ei, você! – sua voz grossa ecoou pelo corredor e desatei a correr.

O guarda provavelmente só viu o vulto da capa, mas o suficiente para distinguir uma pessoa. Olhei desesperada de um lado para o outro, esperando que algum buraco abrisse no chão para que eu me enterrasse nele. O que me veio foi quase a mesma coisa.

Não pensei muito antes de me jogar para trás de uma pilastra enorme, exatamente no tempo em que o guarda virou e entrou no mesmo corredor. Ofeguei, fechando fortemente os olhos, torcendo para que ele fizesse o favor de não me ver. Apertei os dedos, sentindo as unhas machucarem minha pele. Prendi a respiração ao senti-lo se aproximar pela direita.

Tateei minha cintura até encontrar a lança com o cabo dobrado. Se fosse necessário, teria que deixa-lo inconsciente para passar. Eu não era do tipo de pessoa que saía desmaiando pessoas mas se fosse necessário... algo dentro de mim dizia que eu não iria hesitar em dar um golpe em sua nuca.

Torci para que ele desistisse, mas senti sua presença cada vez mais perto, mesmo sem estar vendo. Se ele desse um passo para frente, me veria. Eu não iria ter saída se não fosse desacordá-lo. Apertei os dentes, começando a andar para a esquerda, dando lentamente a volta na pilastra. Desafixei a lança do cinto, sem desdobrar seu cabo.

Empunhei a parte não-pontuda e, assim que vi suas costas – exatamente no local em que eu estava antes de começar a me mover – ergui os braços e bati com o cabo em sua nuca, exatamente do jeito que Thor havia me ensinado. Fiz uma careta ao vê-lo desabar no chão.

Desculpe... – franzi o cenho, abaixando-me para ver seu rosto. – Você vai ficar bem... espero.

Com dificuldade, empurrei seu corpo pesado para a sombra, apoiando sua cabeça no degrau na base da pilastra. Dando um último olhar para ele, retomei meu caminho, caminhando um pouco mais depressa em direção à sala do trono.

Apesar de ter que ter desviado de alguns guardas no caminho, consegui chegar até onde Heimdall havia me indicado sem maiores empecilhos. A sala era longa, com uma porta principal e quatro menores laterais, sendo duas em cada parede. Depois de alguns minutos rondando o perímetro, constatei que havia um guarda em cada porta lateral e dois na porta maior.

Escondi-me, apenas observando a porta que eu havia escolhido.

– Você já sabe como é a sala do trono – ele continuou – Terá que entrar pela porta menor, que é mais perto de onde Odin fica. Terás que lidar com o guarda que ficará de olho nessa porta. Podes abatê-lo ou persuadi-lo a deixar-te entrar.

– Acho que a primeira opção é mais viável – fiz uma careta e ele deu um esboço de sorriso – Obrigada.

– Fica a seu critério – balançou os ombros – Assim que conseguir entrar, fique escondida até o ritual começar.

O castelo estava escuro e silencioso demais. O guarda que tomava conta da minha porta ficava relativamente longe do guarda da outra porta. Quase não dava para vê-lo. O que facilitaria a minha vida. Caso eu conseguisse não fazer muito barulho, estaria tudo tranquilo.

O plano rápido formulado em minha mente era simples: eu distraía o guarda com o escudo, ele se virava para o outro lado, eu me aproximava sorrateiramente, derrubava-o exatamente como fizera com o anterior, deixava-o sentado no chão e entrava na sala do trono rezando para que ninguém resolvesse olhar naquela direção e ver o guarda inconsciente no chão. A margem de erro era de 30%. Relativamente bom.

Estiquei minha mão na direção oposta e concentrei-me em fazer o escudo aparecer e sumir rapidamente, o suficiente para atrair a atenção do homem, que se virou para o outro lado quase que imediatamente. Saquei a lança e atingi sua nuca, vendo-o tombar para frente e cair no chão em um baque surdo. Olhei de um lado para o outro, confirmando que ninguém havia me visto. Permiti-me suspirar aliviada.

Virei-me em direção à porta e a empurrei com cuidado, observando cuidadosamente a parte de dentro. Tudo o que eu conseguia ver eram mantos negros, parados, virados para onde Odin provavelmente estaria.

Esgueirei-me para dentro, fechando a porta logo em seguida. Abaixei-me e encolhi-me nas sombras, fechando mais a capa na frente do corpo e colocando o capuz.

Analisei um pouco o que estava à minha frente, do outro lado da enorme pilastra que me escondia. Cinco pessoas completamente vestidas de preto, viradas para Odin, que as encarava sério. A poucos metros de mim, Thor prostrado de costas, impedindo-me de ver seu rosto. Deviam estar muito ocupados, ou entretidos, para não notarem a minha presença ali. Ainda bem.

– Seu desejo será atendido, Pai de Todos – um dos corpos encapados falou. Era uma voz feminina e velha – Enviaremos o Príncipe para Midgard.

– Mesmo que por meios distorcidos, saibam que apenas recorri a vocês por um bem maior. Se não, a situação seria completamente contrária.

– Estamos cientes disso – outra falou, erguendo a mão. Confirmei que eram senhoras, pelo braço fino e pele enrugada – Garantimos sigilo.

– Então façam – falou, severo – Tempo é algo absolutamente precioso.

Sua voz soou rude e eu me encolhi onde estava escondida. Observei as senhoras se movimentarem rapidamente, formando um circulo, viradas para dentro. Esticaram os braços, com as palmas das mãos viradas para cima e os dedos tremendo.

Escutei-as murmurar sentenças ininteligíveis, provavelmente em uma língua antiga, em um tom ritmado, como se aquilo tivesse sido ensaiado milhares e milhares de vezes. Esperei que algo acontecesse, até levar um susto quando uma aura negra começou a aparecer das mãos delas. Era como se fosse algo sem forma, que rodeasse suas mãos fracas, subindo ao longo do braço, de uma forma descoordenada e aleatória.

Ao chegar na altura do cotovelo, a aura negra parou de acompanhar os braços delas, para percorrer o caminho até o centro, formando um espiral de formas negras, subindo e descendo, movimentando o vento a seu favor, fazendo as capas voarem no sentido horário.

Um redemoinho cilíndrico se formou e, aos poucos, a cor negra foi ficando mais e mais forte, intensificando-se, até não ser mais possível ver através dela.

– Cinquenta segundos – falaram em um uníssono e eu me preparei para correr.

– Elas abrirão um portal pelo tempo exato de cinquenta segundos, nem mais, nem menos – informou – Será o tempo exato para que você corra das sombras e pule nele. Mas tome cuidado: nesse período de cinquenta segundos, eu não sei em qual Thor vai entrar, pode ser que seja assim que o portal abrir, mas também pode ser no último segundo. Por isso, se o tempo estiver se esgotando e o príncipe ainda não tiver ido para Midgard, corra e entre antes dele. É o que vai lhe garantir a ida para Midgard e que Thor vá atrás.

Arqueei as sobrancelhas, em concordância. O loiro realmente não me deixaria ir sozinha para Midgard. Mesmo que as escondidas. Assenti levemente, esperando que ele continuasse.

– Isso é tudo – terminou, em um suspiro pesado – Mas antes que você vá, tenho que contar algo.

Vi Thor se aproximar do portal negro e Odin se levantou, dando um passo a frente.

– Meu filho – pôs a mão em seu ombro – Tome cuidado.

– Eu terei, pai – “Vinte segundos...” contei mentalmente, esperando que Thor entrasse no portal logo – E trarei Loki de volta.

Trinquei o maxilar. Não podia perder o foco naquele momento. “Vinte e cinco...”. Olhei para o loiro, que andou um pouco e parou diante do portal. Flexionei o pé de trás e pus a mão no chão, para aumentar o equilíbrio na hora que correria.

Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, uma movimentação do outro lado da porta em que eu havia entrado chamou minha atenção. Olhei assustada para trás, a ponto de ver um guarda se aproximar do corpo do outro que eu havia derrubado com uma expressão aterrorizada. Estanquei.

Ele olhou de um lado para o outro, provavelmente procurando o agressor – que no caso havia sido eu. Prendi a respiração, encolhendo-me. Ele não podia me ver. Eu não havia chegado tão longe para um guarda me delatar. Vi-o gritar para outros guardas e virar-se novamente para o corpo.

O homem olhou diretamente para a brecha da porta e recuei, saindo de seu campo de visão. Meu coração estava acelerado e eu estava torcendo para que Thor pulasse logo naquele portal, mas ele estava parado, encarando-o.

Lembrei do que Heimdall falara sobre correr antes de o tempo acabar. Eu ainda tinha quinze segundos. Olhei novamente para a porta, e o guarda estava se aproximando, olhando severamente para dentro da sala. Andei um pouco para o lado e virei-me para Thor.

Fechei os olhos com força. Teria que ser agora. O guarda se aproximava e o loiro deu um passo para frente. Pula logo...

– Meu pai... – ele se virou com pressa para o mais velho – Me promete uma coisa? Cuide de Lisanna.

– Eu o farei, filho.

O ar me faltou. Mesmo tendo mentido, ele ainda se preocupava comigo. Balancei a cabeça, flexionando novamente a perna direita. “Oito segundos...”

Empurrei meu corpo para frente, checando o guarda atrás de mim. Ele havia posto metade do corpo para dentro, mas o canto que eu estava era muito escuro, o que impossibilitou-o de me ver. “Cinco...”.

Eu não teria mais escolha. A única chance seria pular em sua frente. Respirei fundo e, ao escutar o guarda – que acabara de me ver – gritar, corri como se não houvesse um dia de amanhã.

Um passo depois do outro, desviei de uma das senhoras que estavam na minha frente e cheguei ao lado de Thor. Hesitei por dois milésimos de segundos, mas pensei que se desse tempo de ele raciocinar que eu estava ali, muito provavelmente iria me segurar. Mas, antes que eu pudesse pular em sua frente, vi-o se jogar no portal.

Sem pensar mais uma vez, joguei meu corpo para frente, sendo engolida pelas sombras. A última coisa que vi foram os olhos assustados do rei, encarando-me com as orbes azuis arregaladas.

– O que é? – perguntei, curiosa, fitando de lado seus olhos dourados.

– Eu o vi – falou, sem hesitar. Franzi o cenho – A não muito tempo atrás. Eu o vi. Loki.

Prendi a respiração, sentindo as mãos formigarem.

– Onde? – gaguejei, enrolando os dedos.

– Em Midgard – fechou os olhos – Você estava certa. Ele está lá.

Tentei respirar fundo, mas o ar não vinha. Inclinei-me um pouco para frente, apoiando as mãos nos joelhos, mas de pouco adiantou. Loki estava vivo... e era certeza.

– Lisanna... – chamou-me e recuperei a compostura – Você vai ter que ser forte. Mais forte do que já foi esse tempo todo.

– Por quê?

– Você vai descobrir – soltou o ar – Pode confiar em mim.


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Notas finais do capítulo

Gente, pelamor de Deus! Pensei que vocês fossem mais tolerantes, sabe? Que interpretassem melhor o que eu escrevo. Ou eu simplesmente passei a mensagem errada. Se foi esse o caso, me perdoem.
Bom, juro juro juro que morri de rir com alguns dos comentários do capítulo anterior sobre o que aconteceu entre Anna e Thor, nos quais (alguns) vocês levaram no bom humor (o que agradeço imensamente por terem me causado tanta alegria XD), mas teve gente que realmente ficou com asco! Por favor, deixe-me explicar:
No capítulo anterior, eu deixei bem claro que a civilização Asgardiana (pelo menos nessa fic) é avançada, portanto, liberal, mas, em outros pontos, ainda se mantia conservadora. Por isso, NÃO É UM MONSTRO QUE A MENINA TENHA TRANSADO ANTES DO CASAMENTO. Só tomem como parâmetro a nossa sociedade atual! Fazer coisas antes do casamento não é abominável, mas se a garota ficar grávida, começarão a olha-la torto! Não entendem? Anna e Thor NAMORAM! O Thorzito tá sendo bem egoísta! E a Lis estava frágil, sem saber em quem seu coração devia confiar. O que vocês acham que aconteceu? Agora adivinhem por que a Lis e o Lokito nunca ficaram? POR QUE ELES ERAM MELHORES AMIGOS! Nunca namoraram e nem haviam admitido uma significativa atração um pelo outro. Me entendem?
E mais: Em algum momento de Linked mencionei que a Anna era virgem? Por favor! Ela tem, mais ou menos, 1900 anos de idade! Em uma sociedade em que as mulheres têm, sim, liberdade! E além do mais: Ela já está passando da "fase adolescente" para a "fase adulta". Me entendem? É como se ela tivesse 19 anos. ÓBVIO QUE ELA JÁ TEVE RELAÇÕES SEXUAIS!
Anyway, desculpem pela bíblia que ficou essa NF. Caso você tenha lido até aqui, perdoe-me pela minha falta de delicadeza, okay? Só me senti na necessidade de explicar isso a quem não entendeu... :x E acho que não vou fazer o capítulo extra de jeito nenhum, então, ner? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.
Obrigada por tudo, mais uma vez.