Tequila Branca escrita por Van Vet


Capítulo 6
Desconcertantemente Ruivo


Notas iniciais do capítulo

Leitores do meu coração, aqui estou depois de um mês!
Me perdoem a demora novamente kkkk. Por um lado é até bom porque Tequila Branca não será tão grandona como a maioria das minhas histórias, então vamos curtindo as publicações aos poucos.
Vou ver se demoro menos no próximo capítulo, só não posso prometer, afinal estou com Entre Otakus pra finalizar de vez! ~objetivo de vida

O de sempre aqui: espero que gostem e que me tragam suas opiniões sobre o capítulo.

Beijões!



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Dorah mandou uma mensagem no celular de Hermione avisando que “a presa” estava caminhando solitariamente pela área VIP. Tensa pelo papel que se propusera a representar, a editora pegou seu espelhinho de bolsa e conferiu rapidamente a maquiagem. Tudo em ordem, garota.

— Você tá linda, se quer minha opinião. — cochichou Harry Potter ao seu ouvido.

— Estou com olheiras. — ela lamentou pesando se alguma ausência de charme lhe escaparia o homem e o contrato.

— E eu voltei a ser hétero. — Harry ajeitou os óculos, sorrindo. — Nunca foi tão exigente com sua aparência, Hermione, sua beleza é natural. Uma dádiva.

— Sou exigente para outras coisas. — resmungou para o amigo de infância. Harry semicerrou os olhos e a encarou tentando desnudar seus segredos.

— Não adianta, Harry. Ela tá estranhamente estranha desde ontem. — Padma intrometeu-se.

— Olha, eu vou ao banheiro. — Hermione anunciou, alarmada. Se ficasse perdendo tempo com os amigos no camarote, poderia não esbarrar “casualmente” no tal Ronald Weasley pelos corredores.

— Eu vou com você. — Padma começou a levantar.

— Não tire a bunda daí! — exclamou a morena irritada — Estou trabalhando, se querem saber. Agora fiquem bem quietinhos onde estão.

Ignorando o espanto pós-retaliação, estampado no rosto de Harry e Padma, ela saiu para executar seu plano. Durante o intervalo do show, a área comum entre os camarotes estava relativamente vazia, revelando apenas pequenos grupos de pessoas dirigindo-se ao banheiro, o bar ou a varanda dos fumantes.

Ela repousou curiosos olhos em cima de alguns homens jovens e atléticos, mas todos eles estavam acompanhados. O fato de nenhum ser ruivo contribuiu para sua investigação. Segundo Dorah, o seu “homem-alvo” tinha farta cabeleira avermelhada. Hermione desencantou alguns degraus na sua imaginação sobre ele com essa descrição. Os ruivos que conheceu pessoalmente eram homens narigudos e austeros, com fisionomias agressivamente germânicas. Se pudesse escolher, optaria por feições masculinas, mas suaves e proporcionais.

— Olá. — alguém chamou à suas costas. A seguir tocou-a com a leveza de uma bruma no seu ombro.

Hermione gelou. Seria muito azar encontrar um babaca paquerador quando ela estava em missão. Virou-se construindo um semblante ríspido para mostrar ao assanhadinho.

— O que é?

— Hã? Ah... eu tenho a impressão que te conheço. — o “abordador” estava profundamente desnorteado. Ela desfez a carranca padrão para espantar babacas porque ele era ruivo.

— Tem? — a pergunta foi para a morena ter tempo de processar como se comportaria a seguir. Deveria ser o ruivo “dela”.

E não é que ele é bonitão?!

— Tenho. Não é você que aparece toda vestida de roupa de corrida para tomar café no Young’s, na Décima Avenida?

— Moça errada. — admitiu. Se ele estava cantando ela, se estava correndo para a arapuca de tão boa vontade, porque chamar a cantada dele de A mais manjada da face da Terra?

— Desculpe. — o ruivo colocou uma mão no bolso da calça e com a outra ajeitou seus cabelos. Ronald usava um corte jovial de alguém que acordava e não se preocupava em pentear os fios. Não era um cabelo bagunçado, mas o oposto disso, assentando convenientemente em sua cabeça para qualquer lado que ele jogasse. — É que estou um pouco ávido por ver um rosto conhecido.

— Temos muitos rostos conhecidos nesse camarote.

— Exatamente. Tanta gente famosa, mas ninguém da “vida real”, entende?

— Não estou muito certa.

— É que eu estou sozinho. Represento uma grande editora, e tive de estar aqui a trabalho. Agora o trabalho acabou e estou indeciso se digo adeus à segunda parte do show e vou embora, ou continuo vagando deprimentemente pelos corredores, procurando uma boa companhia para conversar.

— Deprimente? Você não parece alguém derrocado por esse sentimento. — Hermione argumentou. Os olhos azuis dele esquadrinhou-a divertidamente.

— Não estava querendo paquerar ninguém. — ele ergueu os braços. — É sério, te confundi.

— Uma conhecida?

— Apenas uma inocente conhecida.

— Se eu não sou ela então você pode seguir seu caminho. Indo embora ou não...

— Eu disse que estava atrás de uma boa companhia. Tornar um rosto desconhecido, conhecido, vale do mesmo jeito. Está acompanhada?

O fato dele ser direto trouxe uma doce satisfação ao âmago de Hermione. Seria o dinheiro mais benquisto de sua carreira somente pela fluidez pela qual ela vinha conseguindo trazê-lo para sua armadilha.

— Amigas de trabalho e meu melhor amigo de infância.

— Esse seu amigo de infância é do tipo “apaixonado desde sempre”?

— Ele é gay.

— Ótimo! — o editor exclamou aliviado — Sou completamente a favor de amigos homossexuais para as moças com quem tenho interesse de conhecer. Quer tomar um drink?

Ela ponderou o convite por alguns segundos, não queria parecer muito desesperada. Então sorriu charmosamente e concordou:

— Claro.

***

Se Dorah Vyrlant tinha alguma pretensão de se divertir em vê-lo lutar por aquele contato, tudo estava calhando na alegria da sinistra escritora.

A moça era algo saído de um conto de fadas moderno. Rony observou os lábios dela bebericando comportadamente o drink. Seus modos eram sensuais e suaves, e a boca bem modelada, caprichosamente pintada de rosa claro, um convite para ser beijada. Enquanto pagava o drink para ela, descobriu que trabalhava como professora num jardim de infância e chamava-se Hermione Granger. Estava diante do estereótipo mais fácil e apaixonante de se conquistar.

— Eu não tenho convívio com crianças, mas imagino o quanto deve ser gratificante lidar com elas todos os dias. — comentou ele, sorrindo largamente para sua companhia.

— Existem dias e dias. — ela fez uma careta um pouco estranha, mas Rony imaginou que quisesse estar buscando descontração naquela noite, e não falar do trabalho.

— Claro, igual a mim. Tem dias que acordo inspirado, tão inspirado que posso descobrir o próximo autor best-seller de todos os tempos. Em outros, só consigo apostar em escritores de romances vagabundos de bancas de jornais.

— Humm... Meus dias não são tão terríveis assim.

— Ah, estou usando um sentido figurado também. Ninguém pode ser tão sem tato profissional.

— Alguns podem. Acredite em mim. Eles podem. — ela falou com grande propriedade.

Um pouco confuso com a afirmação dela, Rony molhou a garganta na sua bebida. Ela já iniciava outro assunto:

— É de Nova York?

— Nascido e crescido.

— E de onde vêm esses cabelos de fogo?

— Herança dos avós paternos. Ingleses.

— Tem qualquer coisa no seu sotaque muito inglês mesmo, você sabe disso, não é?

Ele sabia, mas quase ninguém percebia. Gostava de sua descendência inglesa e ficava feliz quando as pessoas notavam seus traços e trejeitos oriundos da “nação original”.

Então Hermione não era apenas meiga e linda, era também muito observadora. Daria uma ótima editora com tamanho tato, e certamente este atributo era necessário para sua profissão de cuidar de dezenas de crianças empesteadas.

— Eu costumo ficar encabulado quando percebem isso.

— Eu duvido! Você não parece nem um pouco intimidado...

— Estou sim. — Rony buscou sorrir timidamente.

— Se eu pedir pra tocar no seu cabelo e descobrir se isso é peruca mesmo ou não, você vai ficar encabulado?

— Olha, é um pedido bem íntimo, mas estou disposto a tentar.

Que noite! Estava sendo cortejado sem nem precisar começar a armar seus truques!

Hermione mergulhou uma das mãos dentro dos cabelos dele. Tocou suavemente em sua cabeça, roçando as unha de leve no seu couro cabeludo. O editor ficou arrepiado pelo sutil toque. Ela deu uma puxadinha gentil em seus fios ruivos.

— Meu Deus! É verdade mesmo! — pareceu espantada.

***

Estavam embriagados, risonhos e solícitos. Eles deixaram o bar depois de muitas horas de papo furado e tomaram um táxi juntos, achando graça de qualquer coisa que se movia na rua. Ele pagou a corrida e se prontificou a acompanhá-la até a porta e deixá-la sã e salva dos perigos nova-iorquinos.

— Você paga esse prédio luxuoso com seu salário de professora? — Ronald a inquiriu ao saírem do elevador panorâmico e chegarem ao andar dela. Mesmo sob o efeito do álcool ele era perspicaz.

As desculpas não vinham com facilidade quando a cabeça estava rodando, mas Hermione conseguiu inventar uma:

— O imóvel é uma herança.

— Linda herança! — ele exclamou impressionado.

Ela parou diante da porta e mergulhou a chave no trinco. Se abrisse sua casa para o editor as coisas poderiam fugir do controle e o plano minguaria antes de ganhar corpo. Decidiu despedir-se dele ali mesmo, no corredor.

— Acho que estou entregue. Bom trabalho.

— Vou levar um tapa na cara se tentar te beijar? — Ronald escorou o braço no batente da porta e inclinou o corpo sobre o dela.

Hermione sentia seus sentidos multiplicados e entorpecidos de vontade de encontrar a boca carnuda dele. Dorah fora bem caridosa em lançar um desafio tão irresistível quanto aquele homem.

— Não foi essa a intenção desde o principio? — molhou os lábios.

Ele deu um sorrisinho conspiratório e abocanhou os lábios dela. Beijaram-se ardentemente: bocas quentes, experientes e ávidas. As mãos do ruivo envolveram a cintura dela e Hermione inclinou-se sobre seu tórax, ficando na ponta dos pés. Desgrudaram-se muitos minutos depois, ainda extasiados, porém não pelos drinks.

— Quer que eu entre? — ele perguntou gentil, acariciando a nuca dela.

— Hoje não. — ela controlou-se — Hoje não.

Ronald pareceu muito desapontado pela despedida antecipada. Ficou encarando-a atonitamente até concordar com a refreada e anunciar:

— Está certo. Você está certa. Estou na minha hora também. — beijou-a deliciosamente na bochecha. Os pelos da nuca de Hermione arrepiaram-se. — Mas é o seguinte: preciso do seu celular.

— Não sei... — ela fingiu descontentamento, suspirando.

— Essa foi minha única chance então? — ele olhou-a desoladamente. Estava implorando com o olhar.

Isso! Implore! Implore!

— Estou pensando. — a morena ergueu uma sobrancelha.

— Foi meu beijo? Foi tão ruim assim? Quer experimentar outra vez para ter certeza?

Ele foi aproximando-se para prová-la de novo. Desta vez, Hermione barrou seus avanços com uma mão espalmada contra seu peito.

— Dê você o número. Quem sabe eu ligo.

— E se não ligar?

— Aí vai saber que foi um “não”.

— Cruel. Você é cruel. — ele fez beicinho, entretanto concordou. Pegou seu cartão de visitas e passou para ela. Hermione jogou na bolsa de qualquer jeito.

— Boa noite, Ronald. — ela virou-se e começou mexer a chave na porta.

Relutante, o editor caminhou para elevador.

— Boa noite. Ah, e pode me chamar de Rony!

— Rony então. — Hermione assentiu e entrou no apartamento. Quando fechou a porta ele ainda a fitava enquanto esperava o elevador chegar.


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Notas finais do capítulo

Imaginem como deve ter sido difícil para Hermione resistir a Ronald? Ainda mais com ele todo vestido no social? ~sonho
E a opção sexual do Harry para essa fic, o que acharam?

Até a próxima!