Tequila Branca escrita por Van Vet


Capítulo 21
Na Ponte


Notas iniciais do capítulo

OI MEUS QUERIDOS QUE ME AGUENTARAM POR TANTO TEMPO!!!

Demorou sim, mas finalmente criei vergonha na cara e terminei essa fic que nem é lá muito grande. Quase dois anos em 30 mil palavras... haja procrastinação!

Então vocês devem estar percebendo que este é o último capítulo. O fim de mais uma jornada "Romionesca" para nós. Optei por me manter fiel ao filme, ou seja, nada meloso demais pro final.

Espero que gostem, de coração :**



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Corria boataria de que naquela tarde Dorah Vyrlant chegaria na editora para entregar pessoalmente o manuscrito de sua nova saga e combinar os pormenores da publicação. Rony não havia sido informado oficialmente por Luna sobre isso, embora a chefe tivesse o costume de dizer muitas coisas de última hora.

Ele vinha praticamente se afogando em trabalho. Mal terminava um e já pegava outro. Tinha dois projetos grandes em andamento e o tempo restante do seu dia servia apenas para comer e dormir. A falta de ociosidade não vinha sendo o bastante, apesar de tudo.

Passava grande parte do dia encarando seu novo celular, pensando em como poderia iniciar uma conversa ao ligar para Hermione. Se o orgulho o deixaria pedir desculpas profusas ou exigir uma retratação. Ele estava cada vez mais inclinado a implorar pelo perdão e, quanto mais calculava as consequências daquela aposta idiota, mais sentia-se devastado por não ter pulado do barco antes dele afundar. Hermione havia dado sua prova... Ele meramente se deixou levar.

A prova da conquista, da insignificante conquista, continuava fechada na gaveta do seu criado-mudo: um cheque gordo como parte da sua comissão por ter usado Hermione. Rony não tinha coragem de depositá-lo, seria o ônus máximo de uma sujeira sem tamanho que ele já se via envolvido até o talo.

O ruivo desviou o olhar do computador para a tela do celular novamente. Pegou o aparelho e entrou nos contatos pessoais pela enésima vez na semana. O rosto bonito da morena fitava-o tranquila na foto do contato, embaixo a opção de rediscagem, instigando seu dedo a apertar...

— Dorah chegou. Preciso de você na sala de reuniões agora. — Luna invadiu sua área de trabalho, a cabeça sonhadora e pálida flutuando acima do cubículo.

— Co-como assim? — Atordoado, guardou o celular no bolso bruscamente.

— Ela está aqui, oras — Luna se impacientou — Vá.

Rony, que nem havia percebido a movimentação da chegada da escritora, ergueu-se da sua cadeira e tomou os corredores. Abriu a porta da sala de reuniões após um breve toque com os nós dos dedos anunciando sua chegada, e vislumbrou Dorah sentada ao lado de seu assistente pessoal.

Rony experimentou uma grande onda de repulsa ao acenar para Dorah Vyrlant e ter de buscar um lugar na mesma mesa que ela. A mulher o fitou demoradamente até que ele não suportasse mais e tivesse de perguntar:

— Como está Hermione?

Um sorrisinho sinistro colou nos lábios escarlates dela.

— E eu achando que ela era a mais orgulhosa.

— Você não tem nada a ver com isso, não mais! — exclamou com rispidez.

O assistente de Dorah e Luna, que vinha entrando trazendo um notebook, olharam espantados de Rony para a escritora.

— Ela foi demitida, Sr. Weasley. Está acabada como toda mulher que é burra o suficiente para se dedicar a amar um homem.

A notícia veio como um soco no estômago para ele. Rony se pôs de pé em um salto e empurrou a cadeira para longe.

— Você não pode falar assim com a cliente, é justa causa. — informou Luna, ainda bastante chocada.

— Estou de pleno acordo — acrescentou o ruivo tomando o caminho da porta para nunca mais voltar.

***

Harry vivia uma manhã daquelas. Estava com dor de estômago depois de aceitar provar todos os molhos para carne, que Draco se aventurara a preparar na noite passada; Ajudou Hermione a carregar um furgão com seus pertences e depois se despedira dela sem ter nenhuma certeza de quando conseguiria revê-la; As crianças estavam mais ensandecidas e encapetadas do que nunca.

Harry levantou da mesa do professor pela quinta vez para dar um berro em Courtney, que puxava os cabelos de Mary. Foi neste momento que viu, pelo canto de olho, alguém inesperado surgir na porta da sala de aula. Ele tinha o olhar vidrado e ofegava.

— Sabia que te encontraria aqui! — Rony disse vitorioso. A recepcionista da escola estava logo atrás, apavorada, sem saber como lidar com aquela invasão.

Harry atravessou a sala e pediu para ela olhar as crianças por um minuto enquanto conversava com o intruso. Fechou a porta para a gritaria da sala de aula não os atrapalhar e saiu dizendo:

— Você é bem cara de pau, hein!

— Onde ela está? — o ruivo suplicou — Fui no apartamento e ela tinha ido embora. Embora para qual lugar?

— Não tenho a obrigação de te dizer — Harry semicerrou os olhos — Você magoou ela demais...

— Caramba, não apostei sozinho, né?!

— Mas continuou usando-a. Hermione é valiosa demais para ficar no meio dessa sujeira.

— Eu sei, eu sei — ele esfregou o rosto impaciente — Quero pedir perdão. Quero me redimir disso tudo.

— Não sei...

— EU AMO ELA, DROGA!

Harry engoliu em seco, desejando um dia ser menos sentimental. Respirou fundo e pediu mentalmente que Hermione fosse bondosa em perdoá-lo, porque o homem a sua frente parecia verdadeiramente angustiado.

— Ela saiu da cidade.

— Saiu da cidade? — Rony ficou pálido.

— O voo dela é... — Harry consultou o relógio de pulso — daqui sessenta minutos. Ela já deve estar no meio do caminho...

Rony virou-se, mas girou os calcanhares outra vez, com afobação:

— Você não é o substituto né?

— Er... não.

— Devia ter imaginado.

E sem perder mais tempo o ruivo saiu correndo para saída, deixando Harry com cara de taxo. Ele pensou em ligar e prevenir Hermione, assim ela poderia ter chance de se esconder, de evitá-lo se quisesse. Mas logo o momento passou e ele resolveu deixar as coisas na mão do acaso. Hermione merecia um empurrãozinho invisível do destino.

***

Os pensamentos de Hermione estavam todos em um só lugar desde algumas semanas atrás. Quando percebia para que lugar eles gostavam de caminhar ela se repreendia mentalmente e voltava a pensar na nova vida que a aguardava em sua cidade natal. Uma velha vida, na realidade. A mãe estaria esperando, um olhar de censura, querendo saber porque ela voltava sem dinheiro ou netos, para o antigo lar. O pai a trataria zeloso, como a garota de dezoito anos que havia deixando tudo para trás, em busca de um sonho ingênuo.

No dia seguinte uma entrevista no jornal local estava aguardando ela. Com sorte faria artigo de receitas de frango e milho, e o que donas de casas rechonchudas gostavam de tricotar no fim de semana.

A ponte George Washington, que atravessava a ilha, estava engarrafando. Hermione consultou o celular, desconfiada que chegaria em cima da hora para o voo. Atrás, um mundaréu de carros se avolumavam e buzinavam enlouquecidos.

— Eu não sei o que essas pessoas pensam. Buzinar não vai fazer o trânsito andar — comentou o taxista.

Hermione anuiu casualmente, sem interesse de debater o tema. As buzinas, entretanto, se tornaram mais enfurecidas. Alguma coisa estava acontecendo lá trás... Súbito, uma moto passou raspando nos carros, vindo feroz pelos corredores com um motoqueiro maluco bisbilhotando ousadamente cada janela de táxi. 

 O rosto parcialmente camuflado pelo capacete se achatou contra o vidro da janela dela e Hermione deu um grito de susto, antes de reconhecê-lo.

— RONY!

Ele freou a moto bruscamente e deu ré com os pés.

— Precisamos conversar! Saí daí.

— Não temos aonde estacionar — se intrometeu o taxista.

— Para esse carro. Quero falar com você — Rony insistiu.

O som das buzinas, de motoristas irados, continuava se avolumando atrás deles enquanto Rony prosseguia travando o trânsito. Se ela não fizesse algo logo, ele acabaria sendo atropelado.

  — Para esse táxi agora ou eu vômito no banco! — exclamou Hermione, sem conseguir raciocinar uma desculpa melhor.

— Mas que inferno...! — reclamou o taxista estacionando com violência diante de um grupo de cones de obra, que restringiam acesso a uma terceira faixa na ponte.

Hermione saltou do carro, trêmula. O que ele quer? O que ele pensa que quer causando essa loucura toda enquanto ela tenta seguir a vida?

Rony pulou da moto e tirou o capacete. Seu olhar era obstinado.

— O que foi, hein?

— Aonde você vai?

— Não é da sua conta. Aliás, como ficou sabendo que eu estaria aqui? E que moto é essa? 

— Aluguei. Aconteceu tudo muito rápido, mas cheguei a tempo... eu espero.

— A tempo do que? — ela levou as mãos a cintura, incerta.

— Aonde você vai? — ele reforçou a pergunta, o capacete girando na mão.

 — Vou mudar de ares. Tenho entrevista e tudo mais.

— Você alavancou aquela editora para qual trabalhava, do nada, apenas com seu talento.

— Andou me investigando? — o fitou duramente — Ótima lição de casa, Rony.

— Uma pessoa com o seu potencial pode fazer sucesso em qualquer lugar. Não precisa mudar de cidade.

— Não é você quem decide isso — e deu-lhe as costas para entrar no táxi novamente.

— Eu não quero que você se mude — ele falou com firmeza.

Hermione fitou-o por cima do ombro e teve a visão daquele olhar apaixonado que tanto gostava, mirando-a.

— Eu não quero. Quero que fique aqui e procure emprego comigo — o ruivo reforçou o argumento.  

— O que?

— É isso aí. Tô pensando em irmos para minha casa, passarmos um fim de semana discutindo quem foi mais canalha nessa aposta, eu sei que vou ganhar, e na manhã de segunda-feira vamos abrir o jornal juntos e procurarmos um modo aceitável de continuar pagando as contas.

Ela virou-se novamente e caminhou para ele. Um sorriso curioso nascendo no rosto.

— Você pediu demissão?

— Minha chefe era maluca.

Ela riu.

— Eu também fui uma cretina. Coloquei seus amigos contra você. — confessou Hermione.

— Encare dessa forma: apenas me ajudou a selecioná-los.

— Não precisava ter se demitido.

— Tenho um bom seguro comigo — Rony sorriu, triunfante.

— A aposta...

— A gente ralou para conquistá-la. Estava imaginando em usarmos uma parte do dinheiro para viajar, pensando melhor semana que vem não estou nem um pouco afim de procurar emprego.

Ele deu dois passos na direção dela e a distância entre seus corpos praticamente não existia. Ele ergueu a mão e jogou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha. Hermione estudou aqueles olhos azuis, que a olhavam tão cheio de esperança, e concluiu que já não havia nenhuma mágoa nele ou nela.

Rony abraçou-a com força e colocou sua boca na dela, erguendo o corpo da morena do chão. Se beijaram calma, mas apaixonadamente, a brisa do mar refrescando o momento, e somente se desgrudaram quando uma voz inconveniente se intrometeu:

—  Eu aposto como você não vai querer pagar a bandeira por esse tempo todo que eu estou esperando! — esbravejou o taxista.

O ruivo soltou a morena, suspirou, sacou algumas notas de dez dólares do bolso e esfregou na cara do motorista mal-humorado.

— Amigo, chega de apostas, ok?! Toma seu dinheiro e pode seguir. A moça vai comigo.

 Espantado pela boa oferta de dinheiro o homem logo tomou o rumo da pista e deixou-os a sós.

— Aonde vamos?

— Dar uma volta por aí, que tal? — Rony passou um segundo capacete, preso na garupa, para Hermione — Nossos primeiros minutos namorando... de verdade.

— Tudo bem, Roniquinho. Me surpreenda. — Hermione fez uma vozinha estridente, típica dos velhos tempos, e subiu na moto atrás dele.

— Engraçadinha — Rony gargalhou.

 

FIM


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Notas finais do capítulo

A pergunta final: Gostaram???

Vamos comentar, todo mundo pra eu ficar feliz, seja com elogios ou puxões de orelha, e poder dormir tranquilamente sabendo que não tem fantasminhas assombrando minha fanfic.

Para quem terminou aqui e já tá sentindo falta de Romione, vamos pular lá pra minha outra fic que está em andamento. Segue o link: https://fanfiction.com.br/historia/677266/Primeiro_Momento/

Aos que seguem outras fics minhas e estão chateados com os atrasos, peço paciência porque em abril e maio vou estar viajando e não postarei com muito engajamento. Assim que retornar, as postagem voltam a regularidade :)

Aquele super beijo melado de tia-avó, na bochecha para todos vocês!

Van Vet



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