Tequila Branca escrita por Van Vet


Capítulo 19
Tequila Branca


Notas iniciais do capítulo

Eis o capítulo homônimo!
Não sei se ficou do agrado de vocês, mas foi o que minha cachola conseguiu criar.
Comentem! :)



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Rony aguardava ansioso ao pé do palco para abordar Dorah Vyrlant. Orgulhoso por conquistar o contrato, imaginava-se gastando uma boa parte do dinheiro para viajar com Hermione. Ela merecia também. Sem ter conhecimento foi a peça fundamental para seu sucesso e, o mais engraçado, era uma dupla premiação, afinal ele jamais se apaixonara tanto por alguém.

Uma olhada para esquerda, entre as mesinhas lotadas de convidados, e ele viu uma figura vagando obstinada rumo ao palco. Mirou uma vez, curioso pela agressividade dos passos da pessoa. Uma segunda olhadela quase o fez cair para trás: era Hermione, pedindo licença aos arrancos para as pessoas nas cadeiras, e segurando uma garrafa (tequila?) na mão.

“O que ela estava fazendo ali? O que significava aquilo? Por que começava a tomar as escadas laterais para o palco? ” Uma onda de pânico começou a dominá-lo. Alguma coisa estava muito errada.

Dorah interrompeu o fim do seu discurso para observar quem vinha lá. Hermione subiu pisando duro, os seguranças da festa agitados para intervir, e arrancou o microfone da mão de Vyrlant num puxão. Enquanto fazia isso, murmurou algo que somente Dorah escutou. A expressão da escritora mudou de surpresa para aquiescência e, exibindo um sorriso débil nos lábios, ela deixou o tablado.

— Ahh, Dorah, sempre tão gentil. Muitíssimo obrigada pelo espaço! — exclamou Hermione grudada ao microfone. A voz esganiçada.

— Palmas para essa mulher incrível, pessoal! Esse verdadeiro EXEMPLO! — a plateia, confuso, aplaudiu. Enquanto isso, Hermione enfiou a boca no gargalo da garrafa e entornou uns bons goles goela abaixa — Isso é horrível... ARRRRGH...

Tão chocado quanto se uma nave alienígena tivesse acabado de pousar no saguão, Rony viu-a fazer careta, mirar a plateia de olhos apáticos e, ao localizá-lo, erguer a garrafa numa saudação.

— Ali está! — Ela apontou — Boa noite pessoal, vocês não devem saber quem sou eu, mas não sou lá a atração da noite, não, não. Essa festa é mais que uma homenagem ao septuagésimo aniversário Srta. Vyrlant?! Será que é tudo isso? Pouco importa. Hoje quero apresentar, faço questão que conheçam, senhoras e senhores, o editor mais bem-sucedido de Nova York. E meninas, preparem-se, porque ele tem todos os atributos que papai pediu a Deus...

— Depois que a Srta. Granger sair de lá, diga para ela que nenhum dos dois ganhou a aposta. — perdido nas palavras insanas da namorada, Rony nem viu Dorah chegar perto dele.

— Hã? — o ruivo olhou abobado para a escritora.

— É, vocês arruinaram suas apostas.

— ... batam muitas palmas, porque quem vai subir ao palco agora é o maravilhoso RONALD WEASLEY! — Hermione anunciou, tomando em seguida mais um gole da tequila.

— Eu poderia intervir, mas isso vai ser divertido — Dorah disse para Rony, um sorriso malicioso nos lábios.

— O que Hermione tem a ver com tudo? — ele questionou Dorah. No microfone, a morena chamava-o insistentemente.

 — Você achou mesmo que ela estava apaixonada? Prometi o contrato para sua “namorada” se ela fizesse você desistir de namorá-la. A pobrezinha deve ter usado muitas estratégias sem saber que você não largaria o osso por pouco.

— Hermione não está... — ele ia dizer “interessada no contrato”, mas os chamados da namorada no palco estavam deixando a plateia inquieta.

Hesitante, Rony se pôs a marchar para junto dela, a cabeça zonza, tentando raciocinar. A cada passo em direção a morena as palavras de Dorah e a compreensão assentavam-se sobre ele. Quando subiu no tablado junto da mulher, o quadro estava praticamente montado na sua cabeça...    

“Hermione não é quem eu achei que era... Ela o tempo todo minha concorrente...”

 — Que timidez é essa Ron — lançou um sorriso maligno para ele — Meus pais diziam que eu possuía uma veia artística quando criança, e hoje vou arriscar e trazê-la à tona...

— Hermione, quero conversar sobre isso na privacidade. — o ruivo sussurrou.

— Não, não seja tímido — ela falou mais alto no fone — Vou cantar uma canção em homenagem a sua cara de pau, aqui, agora.

“Ela sabe da minha aposta”. Foi seu pensamento final. Uma olhada na mesa onde estavam seus amigos e Dino Thomas ergueu uma taça de espumante para ele, triunfante. “Maldito! ”  

— Banda, toquem You’re So Vain, por favor. — Hermione pediu.

A banda, perplexa, encarou-a.

— Andem logo, andem logo! — exclamou impaciente.

Os músicos, contrariados (contudo, temerosos) iniciaram os primeiros acordes. Uma garrafa numa mão e o microfone na outra, a ex-editora mirou Rony e começou:

Você chegou na festa como se tivesse entrando num iate.

Seu chapéu estrategicamente caído sobre o olho;

Seu lenço era abricó; Você tinha um olho no espelho enquanto se observava;

Perdendo a paciência, Rony tentou arrancar o microfone da mão dela, mas Hermione recuou, gritando a letra da música a plenos pulmões, desafinada e bêbada.

—  E todas as garotas sonhavam em ser suas parceiras;

Você é tão vaidoso;

Você provavelmente pensa que essa música é sobre você;

Você é tão vaidoso;

Eu aposto que você pensa que essa música é sobre você;

Não pense, não pense, não pense...

Finalmente Rony conseguiu encontrar um microfone em cima da caixa de som, e a interrompeu:

— Pare de agir como se você fosse inocente.

A plateia abaixo deles prendia a respiração.

— Não sou mesmo, porém não te iludi!

— Você? Não me iludiu? Acorda, Hermione. — ele berrou, puxando a tequila da mão dela e tomando um gole. Ela puxou de volta e tomou outro gole — E a professorinha tímida do primário, cadê? A qual editora você pertence, aliás?

— A nenhuma, graças a você!

A banda, confusa, continuou mantendo os acordes da música exigida.

— Então é muito bem feito, e pensar que eu perdi de assistir a um jogo de futebol para te acompanhar no balé... Por um acaso, gosta da droga do balé, sua louca?

O desabafo parecia estar lhe fazendo bem a alma. Ele foi enganado, ela o atazanou durante dias e nem era com a verdadeira Hermione que vinha lidando.

— Finalmente você está certo em algo, Weasley, porque eu devia estar muito louca para aceitar ir para a cama com alguém tão ruim quanto você...

Os convidados de Dorah riram baixinho. Escarlate de raiva, Rony rebateu:

— Se você não ficasse chamado meu pênis de Roniquinho, certamente eu não ficaria tão traumatizado a ponto de não conseguir fazer nada. E o que me diz de usar crianças para corroborar com a sua mentira???

— Você foi lá porque quis, ou melhor, para ganhar pontos na sua aposta, Ronald!  

— E eu devo ter ganho mesmo, ou a garota que eu trouxe para essa festa não estava totalmente apaixonada por mim?

Hermione fitou-o magoada, aquele olhar partiu o peito dele em mil pedaços. A garrafa escorregou da mão dela e espatifou-se no chão. As mesas mais próximas do palco recuaram para não serem acertadas pelos cacos de vidro. A banda finalmente achou que era hora de parar de dar corda para o caos e parou de tocar.

— Seria injusto se você não ganhasse o prêmio, Ronald. — A morena disse sombriamente e bateu em retirada.

— Isso! Se faça de vítima novamente... — ele gritou, vendo-a contornar o salão para fugir.

Um vazio terrível se apoderou dele. O ruivo encarou aquelas dezenas de olhos o observando, diversos julgamentos passando pelos seus rostos, e descobriu que ainda não tinha dito tudo para Hermione. Ele largou o microfone, desceu as escadas e começou a segui-la. Dorah surgiu diante dele, animada:

— Eu me enganei, Sr. Weasley. Ela está apaixonada por você. Muito apaixonada!

— Cala a boca, sua doente. — Rony vociferou, empurrando-a para o lado e alcançando o elevador.

Entrou a tempo de o elevador partir com Hermione dentro.

— Eu não tenho mais nada para falar com você. — a morena rosnou se encolhendo num canto.

As portas do veículo fecharam e agora era somente eles dois ali.

— Pois eu tenho. Eu me apaixonei também e nunca imaginei que tudo que você queria era dar um jeito de me ver terminando nossa relação.  

— No início foi exatamente como está dizendo. Depois a coisa mudou... — ela retorquiu, lágrimas rolando por suas bochechas.

Ele quis ampará-la, pedir para que não chorasse, mas ela merecia sofrer, ao menos era isso que sua consciência dizia. Sem que percebesse seus olhos também estavam ficando marejados.

— Quis ficar com você não somente pelo período da aposta, Hermione.

— Eu desisti da aposta por você! Fui demitida, estou desempregada! E o que eu fui? Uma garota escolhida para ser seu trampolim para o sucesso? Uma farsa que você estava muito disposto a levar até o fim?! — ela gritou, chorando baixo.

A porta do elevador abriu para o saguão principal e ele tentou tocá-la no ombro para que ficasse ali. Tinha mais coisas para desabafar. Hermione se esquivou, rumando para as portas principais.

— Parabéns, sabe. Seu intuito era fazer um cara terminar com você. Conseguiu — Rony disse às costas dela.

A morena virou-se:

— Ficar com você não estava nos meus planos. Não saí perdendo nada.


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Notas finais do capítulo

Enquanto isso, nos bastidores...

> Passei a semana toda travada (suspeita de hérnia de disco) e achei que não conseguiria escrever um capítulo essa semana. Enfim, a coragem veio e hoje escrevi antes de ir trabalhar o fds todo;

>> Optei por deixar You're So Vain em português para um entendimento maior. Até pensei em colocar inglês e legenda embaixo, mas achei que o texto ficaria muito poluído. Espero que não tenha perdido o ritmo;

>>> Talvez esse seja o capítulo que mais se aproxima do filme. Melhor cena daquele filme, aliás :3

>>>>Beijos e até semana que vem! ;)



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