Tequila Branca escrita por Van Vet


Capítulo 12
Não Posso Perder


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho, queridos!
Obrigada pela audiência ;)



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Hermione abriu a porta do seu apartamento cantando para os quatro cantos. Deu três passinhos de dança alá Bee Gees logo no capacho e foi tirando a roupa, fazendo um caminho de vestimentas que ia da sala para o banheiro. Deixou a banheira enchendo e saltitou para a geladeira pegando uma taça de vinho gelada e bebendo do gargalo.

O banho teve como trilha sonora a música Night Fever na voz mais afinada que a morena conseguiu entoar enquanto passava sabão pelo corpo e afundava-o até o pescoço na água quentinha. Meia hora depois sua pele ficou enrugada demais, seus músculos relaxados ao máximo e a cabeça um pouco letárgica pelo álcool mal calculado ingerido direto no bico.

Ela se secou rapidamente, o frio açoitando a pele molhada, e entrou dentro de um hobby. Guardou o resto da bebida na geladeira, se esparramou no sofá e pensou se ligaria para Padma para cantar sua vitória sobre Dorah. Rony jogou a toalha! O contrato era seu.

Ela quase pegou o telefone, ainda não era tarde para contatar a amiga, contudo resolveu curtir sozinha por mais tempo. Olhou seu apartamento com carinho, cada pedacinho, cada azulejo, cada móvel, o teto de gesso tão bonito... Tudo continuaria sendo seu e certamente agora poderia sofrer uma reforma de muito bom gosto. Não adiantava se fazer de dissimulada para si, Hermione já havia optado por qual arquiteta contrataria para o serviço, uma muito recomendada que apareceu três vezes na revista de decoração que assinava, nos últimos meses. Tinha o e-mail dela anotado e tudo para quando o dinheiro viesse em sua mão.

Essa grana seria bem-vinda, aliás, para trocar o guarda-roupa. Fazia muito tempo que ela queria comprar joias novas também e sapatos de mais cores e modelos.

Por fim viajaria, Roma, Veneza (antes que afundasse), Florença, Paris, Londres... talvez todas essas cidades num tour alucinado de um mês junto com suas férias. Eram tantas possibilidades...

...Tantas.

E se ela conhecesse um cara legal pelo caminho, um cara bom o suficiente que passasse vergonha na frente de um bando de pirralhos mimados somente para fazer sua aula (de mentira) ser mais interessante.

Ronald aparentemente estava fora da sua vida, mas isso era uma vantagem? Ele havia sido carinhoso e compreensivo com ela durante o breve namoro. Mesmo Hermione sendo tudo de detestável para dar todos os motivos para ele abandoná-la. Essa noite ela fora perversa demais, uma excelente atriz, e uma cretina inacreditável. Ele certamente não merecia isso. Era seu competidor direto pelo contrato de Dorah, mas agora só o via como um homem querendo fazer dar certo um relacionamento nessa conturbada cidade desalmada.

Ronald poderia ser o cara que valia a pena...?

De repente o telefone tocou, um berro agudo, que a assustou fazendo seu coração saltar e bater mais rápido. Hermione colocou a mão no tórax e respirou fundo, buscando a razão. Pigarreou e atendeu o aparelho barulhento ao quinto toque.

—Alô.

Oi Hermione. — era a inconfundível voz de Ronald.

— Ah, você... — ela ficou momentaneamente perdida, numa bolha de ar, imaginando como teria de agir. Não esperava que ele ligasse.

Eu queria que você me perdoasse.

— Não sei. — ele a quer?!

Fui grosso e estúpido. Entendo sua insegurança, inclusive com meus amigos. Acho que meus ex-amigos agora.

Ela realmente não estava preparada para aquela reviravolta. Já começava até a curtir a fossa de perdê-lo. As especificações de Dorah eram muito claras, o término do namoro deveria partir dele, não dela, e ainda que Hermione o rejeitasse agora como uma reação ao rompimento dele, a moça estaria agindo contra as regras.

— Estou confusa. Melhor ligar depois. — o vinho pesava na sua cabeça.

Não. Não podemos deixar essas coisas para outro momento. Estou indo aí!

— Melhor não.

Chego em vinte minutos.

— Espera.

Ele já havia desligado o aparelho. “Que mania chata de não ouvi-la ao telefone!”.

***

Rony se sentia um prostituto por permanecer no jogo. O que Hermione fez seria motivo suficiente para terminar com ela das formas mais humilhantes já descritas por, pelo menos, umas novecentas e noventa e nove mil vezes. Assim que entrou no táxi, com o motorista comentando “Essa é louca, hein!” depois de Hermione agarrar a cintura dele a meio caminho de sentar no banco, o rapaz viu parte do ódio dissipar e as consequências do rompimento assentarem.

Ele era um lutador. Irmão mais novo de uma penca de irmãos homens numa família humilde e assalariada, e sozinho conseguiu ganhar seu espaço e galgar até aquela posição. Como então ele entregaria a toalha, tão perto do seu objetivo, por causa daquela morena intragável?

Hermione era somente mais um obstáculo a vencer. Um dos piores, quem sabe, mas estava ali no destino dele para provar que Rony era forte o bastante para ela.

O editor chegou em seu apartamento e a primeira coisa que fez foi apertar a secretária eletrônica. Havia apenas uma mensagem. Ele quis que fosse da namorada pedindo desculpas (que lhe pouparia da indignação de fazê-lo) e torceu para que não fosse nenhum dos amigos. Eles certamente estavam muito irados.

A voz de Neville logo preencheu o apartamento na penumbra:

Ei cara, você disse aquilo mesmo de nós? Não foi legal sabe, o Dino tá puto com você. Disse que vai te dar um socão no meio da cara assim que te ver no trabalho. Bom, só estou avisando porque, apesar de tudo, não quero que ninguém se preocupe e... er... como você adivinhou sobre mim?”

— Informação demais, Neville. Informação demais. — murmurou para a sala silenciosa e deixou o bip da mensagem solitária morrer.

Ele rumou para o banheiro e tomou uma chuveirada gelada e forte. Esse tipo de coisa sempre lhe dava coragem para as provações que era obrigado a passar. No momento tinha certeza que teria de ligar para Hermione naquela noite. Essa era famosa situação que se fosse deixada para outra oportunidade se perdia a coragem ou se perdia a aposta.

Se arrastando, ele voltou para sua sala e pegou o telefone. Ficou encarando o fone por bem dez minutos até tornar-se a se decidir. Depois precisou de mais dez minutos para se aprontar e sair com seu próprio carro. Terminaria a noite com a aposta ainda em pé.

***

Ela tinha um olhar bastante insolente quando abriu a porta para ele. Não estava toda arrumadinha como Rony costumava ver. Os cabelos foram presos num coque torto, a roupa era um conjunto de short e camiseta, desbotada e larga, e os pés estavam descalços. Estranhamente ele achou-a mais sensual do que em qualquer outra ocasião.

— Você tem que parar de bater esse maldito telefone na minha cara! — a voz também estava diferente, semelhante a quando eles se conheceram e ela parecia ser uma pessoa normal.

Hermione deixou-o na soleira e foi caminhando displicentemente para o sofá. Rony fechou a porta atrás de si e seguiu-a, limpando a garganta e pensando no que falaria.

— E então? — a morena perguntou, sentando no estofado e o medindo. — Vem com mais desculpas? Você foi bem grosso, para não dizer estúpido.

— E você se comportou feito uma verdadeira maluca. — Rony não conseguiu se segurar.

É para pedir perdão. É para pedir perdão. É para pedir perdão, seu idiota!

— Já pensou que talvez eu seja maluca? — a moça questionou. Seus olhos castanhos, muito astutos para ele se convencer de que Hermione fosse desequilibrada.

Ele sentou lentamente de frente para ela. Não disse nada por alguns segundos, apenas ficou fitando-a, tentando entender o mistério que se passava na alma dela. Era como se houvesse algo à mais. Como se existisse uma tripla personalidade nela... Uma era a doçura que ele conheceu, a do meio a louca das ações vexatórias e a última, justamente a que lhe devolvia o peso daquele encarar. Alguém perigosamente sensata.

— Ás vezes você me dá medo. — ele sussurrou.

E no segundo seguinte uma débil atração grudou seus corpos e suas bocas começaram a trabalhar feroz em provar qual beijava melhor. Hermione pulou no colo dele e começou a tirar sua roupa febrilmente. Rony fez o mesmo com o blusão caseiro e o sutiã velho que ela usava. A morena aplacou chupões por todo o pescoço dele, enquanto o ruivo apertou com desejo sua cintura e esfregou seu sexo no dela. Hermione ergueu o corpo para facilitar a penetração, mas se desequilibrou e caiu sobre o carpete.

— Ui! — ela reclamou quando bateu as costas no chão.

— Você tá bem? — o rapaz ficou um assustado.

— Tô sim. — e rindo puxou-o para o chão colando outra vez seu corpo no dela.

Novamente suas bocas se encontraram, afobadas em mais desejos de prova, e mãos e pernas se enroscaram em perfeita harmonia encontrando carícias certas em locais precisos.

A transa foi a melhor que os dois tiveram.

No dia seguinte, Hermione foi a primeira a abrir os olhos. O sol entrava pela imensa janela da sala de seu apartamento e banhava seus corpos nus e expostos. Ela tentou se concentrar nos prazeres noturnos, mas sua cabeça latejava. Uma dor de cabeça que significava “terei que começar tudo de novo! ”


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