The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem?
Finalmente chegou o novo capítulo da fanfic!! Aeee até que enfim! Peço colossais desculpas pela demora em atualizara fic, sou realmente uma péssima escritora u.u Agradeço colossalmente á TODOS que apoiam a fanfic e as minhas amadas Cruelletes (hehehe minhas fãs divas!!) que estão SEMPRE me incentivando a continuar a fanfic, sejam apoiando, sejam dando ideias, sejam me cobrando quase a ponto de me encher de porrada se eu não postar...sem vocês eu não conseguiria manter a fanfic!Obrigada!
Bom, o que posso dizer desse capítulo? Demorei pra conseguir fazê-lo, mas digamos que com o prazo para postar estourando, consegui terminar na prorrogação do segundo tempo que havia estipulado. A história ficou cm um toque meio...é...dramático....mas eu jurto, juro que as coisas vão melhorar para s protagonistas dessa obra!
Chega de papo e vamos lá! Não deixem de deixar a opinião e sugestão ao terminarem de ler!
E curtam a Page do Cruello: https://www.facebook.com/cruellocruel .



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/491872/chapter/9

The Cruel Beauty

Capítulo 9

~*~

O restaurante Gordon Ramsay, propriedade de um dos mais famosos chefs do mundo, cujo nome é o mesmo de seu restaurante, localizava-se no bairro Chelsea em Londres e ocupa o sexto lugar como restaurante mais caro do mundo.

O ambiente requintado e impecável do local, com seu estilo único e elegante, possuía lustres pendentes, de três tamanhos e cúpulas circulares. A iluminação que proporcionavam eram de tons claros que permitiam uma atmosfera clássica e requintada, que criavam um contraste de sombras valorizadas pelas paredes em tons de salmão. O chão era de carpete degradê em tons de roxo, combinando perfeitamente com as finas cortinas brancas das janelas. As largas cadeiras possuíam encosto completo, cobertas por tecidos de veludo na cor vinho.

Cruello Devil e Scarlet Medusa haviam sentado-se na melhor mesa do restaurante. O lugar só funcionava com reservas previamente feitas mas o sobrenome Devil permitia que os melhores locais de Londres sempre estivessem com sua melhor acomodação disponível, ainda que ela fosse feita com menos de três horas de antecedência.
Após serem recepcionados pelo gerente, que fez questão de lhes oferecer as opções dos melhores pratos do cardápio. E, enquanto esperavam o agradável de salmão saboreavam um bom champanhe servido cuidadosamente pelo garçom mais experiente do estabelecimento.

– Um brinde...ao novo desfile selvagem da Devils!
Cruello ergueu a taça de cristal na direção de Scarlet, que fez o mesmo. Sorveram um discreto gole da bebida e com um gesto o rapaz dispensou o garçom, que se retirou silenciosamente após fazer uma mesura.

– Precisamos encontrar logo um nome para esse desfile e iniciar a decoração temática.
– Farei com que a equipe de marketing comece as criações amanhã mesmo! falou Cruello. Agende uma reunião com todos os estilistas da empresa até o final da semana. Terei que entrar em contato com certas pessoas para conseguir aquele tipo de matéria-prima.
– É bom que comece a agilizar os contatos logo. Está cada vez mais difícil conseguir certas peças atualmente por conta do ativismo popular.
– Não me importo com eles. São os ativistas contra a Devils. Veremos quem tem os melhores advogados e os melhores patrocinadores!
– Mas a mídia pode fazer um estardalhaço e agitar a opinião pública. Estamos na fase do politicamente correto.
– O povo é volúvel. O estardalhaço sobre isso sumirá assim que a próxima celebridade londrina aparecer causando alvoroço por estar bêbada!

Cruello sorveu outro gole do champanhe, colocando um ponto final naquele assunto. Scarlet colocou seu tablet ao lado dos dois aparelhos celular de Cruello sob a mesa e deu um rápido olhar envolta. Fazia meses que não jantava no Ramsay Gordon e, diante dos últimos restaurantes que esteve em suas longas férias, ali parecia excessivamente calmo. Poucas mesas estavam ocupadas e as que estavam eram por membros importantes e influentes não apenas de Londres. Chegou a ver um famoso diretor de cinema acompanhado por uma atriz de renome, na certa conversando sobre um novo filme.

– O que foi?
A voz de Cruello a tirou de seus pensamentos e ela o encarou. A beleza de Cruello era de uma simetria anormal. De fato, ele não se parecia com os antecessores da Devils. Exceto pelo cabelo e gosto para roupas.

– Eu só estava aqui pensando. Scarlet começou enquanto observava os vários talheres sobre a mesa. Anos atrás, quando nos conhecemos...sequer imaginávamos que um dia estaríamos aqui. Em um lugar, vida e opinião tão diferentes das que tinhámos naquela época.
– Foda-se o capitalismo, foda-se o sistema... murmurou Cruello. E agora sou o capitalismo e faço parte do sistema.

Ambos se encararam e então riram. Conscientes de que suas belas aparências e elegância eram algo impossível de se passar despercebido mesmo nos locais mais chiques de Londres. Scarlet trajava um ousado e caro vestido da linha Devils que ela mesmo desenhara, tendo uma tonalidade de vinho no estilo sereia que salientava suas curvas sinuosas. Cruello, por sua vez, usava um terno preto da melhor qualidade, sem um amassado sequer. As lapelas do terno eram de um dourado discreto que combinavam perfeitamente com o anel e o pequeno par de brincos de ouro que ele usava. Apenas um olhar muito apurado notaria o formato de tesoura a jóia. Um sorriso surgiu nos lábios de Scarlet.

– O que foi?
– Nós mudamos muito, não é? Chega a ser difícil de acreditar.

A sombra de um sorriso pairou por segundos na face de Cruello e ele recostou-se um pouco mais na cadeira. Percebeu que os demais clientes do local ocasionalmente direcionavam olhares para si e prontamente se endireitou, empertigando-se daquele jeito que sempre fazia em público. Scarlet não deixou de notar esse gesto.

A beleza e imponência de Cruello Devil era algo que sempre o fizeram se destacar em meio as outras pessoas. Era assim desde que o conhecera, mesmo que naquela época ele fosse totalmente o oposto do que se tornara.

– E então, Cruello? perguntou Scarlet ao vê-lo olhar, pela décima vez, para o celular pessoal que mantinha sob a mesa, ao lado do seu. O que andou fazendo durante a minha ausência? Soube que não criou nenhuma polêmica nesse último mês e que está mais quieto do que galo castrado.
– Eu não estou quieto. Mas nesse mês aquele maldito jornalista não deu sinal de vida e estou podendo ficar em paz!
– Ah sim, soube que ele está de férias.
– Sim, eu também. Aquela febre do rato está de férias no Caribe! Usufruindo de mordomias com o dinheiro ganho por ficar se intrometendo na MINHA vida pessoal!

Cruello alterara um pouco o tom de voz, já se mostrando visivelmente irritado, os olhos reluzentes. Algumas pessoas olharam.
– Ai, ai acalme-se Cruello. Veja, eu lhe trouxe um presente!

Da bolsa, Scarlet retirou uma garrafa mediana de vidro marrom de baixa qualidade e um impresso adesivo com desenho mal feito.

– Que coisa de pobre é essa?
– Não é coisa de pobre! Bom...é coisa de pobre...mas é uma coisa de pobre cultural. É uma bebida típica da região Norte do Brasil.
– Pensei que você havia passado suas férias no Oriente Médio.
– E eu passei! Mas reservei a primeira semana para relaxar, pegar um bronzeado e me aliviar do stress que você me coloca, nas praias do Brasil. Eu não ia aparecer diante do sheik toda estressada e parecendo uma turista londrina! Enfim...encontrei essa bebida e o vendedor me garantiu que ela realmente surte o efeito que propõe. Não havia lembrança melhor para você que, como eu imaginava, está á um passo de perder o controle e isso seria um desperdício!
– Do que está falando?
– Assim sendo eu tinha o dever para com a sociedade, para com a comunidade feminina e para com a linhagem Devil, lhe dar esta bebida!
.- ...que bebida?

Scarlet colocou a garrafa na frente de Cruello, com o adesivo bem visível.
– Esta bebida chamada CURA VIADO!

O rosto de Cruello ficou lívido e logo ele fechou os punhos com força. Estava abrindo a boca para dizer uma série de impropérios que vinham á sua mente quando Scarlet fez um discreto gesto para o garçom se aproximar.
P
– Posso ajudar-lhes?
– Por favor, nos sirva essa bebida, sim?

O garçom acatou e mesmo achando aquela garrafa estranha, a abriu e com elegância encheu duas taças. Scarlet sorria educadamente enquanto Cruello ainda mantinha o olhar mortífero sobre si. Quando o garçom se retirou, ela estendeu a taça na direção do jovem empresário.

– Um brinde ao sucesso de seu posto de macho alfa londrino!
– ...que porcaria é essa? Não vou brindar uma palhaçada dessas com uma bebida suspeita e altamente pejorativa!
– Ora Cruello, por acaso está querendo recusar com medo de que essa bebida cure a sua viadagem?
– O que está insinuando?
– Eu não estou insinuando nada!- Scarlet colocou a taça na mesa. - Mas convenhamos que sua popularidade na mídia e entre o meio da moda é bem dividida. Sua opção sexual é considerada um verdadeiro enigma. Ás vezes até eu fico em dúvida!
– Ora essa! Enigma? Eu sou muito consciente de minha opção sexual e você sabe muito bem qual é! Absurdo, só porque não fico me expondo e sou um símbolo de beleza e estilo as pessoas ficam criando teorias sobre mim! Absurdo.

Cruello cruzou as pernas e passou os dedos pelos cabelos, permitindo que seu anel de ouro e prata reluzisse. Scarlet o mediu de cima a baixo e fez uma careta.

– Vamos lá Cruello. Anos atrás se te oferecessem em um desafio, você beberia até acetona!
– ...aquilo foi passado. Um passado que já vivi.
– Como se não se orgulhasse do que você foi. Me poupe! Foi uma fase complicada da nossa vida, mas nos tornamos lenda!
– Houve poucas coisas proveitosas dessa fase. O que posso tirar realmente de útil daquele tempo foi nossa parceria e o meu cabelo!
– Ainda bem que estou inclusa nisso. ela estreitou os olhos. Agora vamos lá Cruello. Seja homem e beba! Um brinde pela saída do anarquismo e entrada ao capitalismo!

Com um suspiro, Cruello aceitou o brinde, mas manteve a taça em mãos. Scarlet o encarou e ele a encarou de volta. Ela ergueu a sobrancelha e isso fez com que ele virasse o líquido da taça garganta abaixo. Scarlet pensou em falar para que ele bebesse apenas um gole mas era tarde.

Cruello colocou o copo na mesa em mostra de desafio concluído sem dificuldade. Ao sentir a queimação do líquido na garganta, ele arregalou os olhos, levando a mão á boca. Seu rosto pálido começou a se avermelhar com rapidez e ao notar que algumas pessoas nas mesas o olhavam com interesse, Cruello respirou fundo, fazendo um extremo esforço para não transparecer que seu corpo queimava como se estivesse em chamas.

– Vamos, beba água.
Ele aceitou o copo oferecido por Scarlet. Dane-se e não estava bebendo com elegância, não era hora para isso. Esvaziou o copo e bebeu o outro do lado. Passou a mão sobre os olhos, notando que lacrimejava.

– Está sentindo-se mal, senhor Devil?
.- ... ele negou , levando uma mão a garganta. - ...água...traga água...já.

O garçom obedeceu e em segundos voltou com uma discreta garrafa, imediatamente colocando o líquido no copo. E o garçom repetiu esse gesto cerca de cinco vezes até Cruello sentir-se satisfeito.
Scarlet segurava o riso de forma formidável, bebericando com elegância o champanhe. Tendo sua cor voltando ao normal, Cruello dispensou o garçom e encarou a mulher com vontade de enforcá-la lentamente.

– Recuperou sua masculinidade agora, meu bem?
– ...você me paga, Scarlet!
– De modo algum e se comporte, nosso almoço acabou de chegar.

~*~

Quando Dois Tons viu a dona de aproximar, agitou a cauda freneticamente. Igraine sorriu, notando que apesar de estar com a pata traseira enfaixa e um cone de proteção envolta da cabeça para que não mexesse no curativo, sua dálmata estava bem.

– DoisTons! Minha filha querida, mamãe está aqui! Ai meu amor, como você está?

A cachorra latiu e gemeu, parecendo que palavras tentavam sair de sua boca, Igraine envolveu a dálmata em um abraço cuidadoso e recebeu uma lambida de retribuição. A jovem ficou ali por um tempo, entretida em acariciar a cadelinha, satisfeita por saber que ela estava bem. Além do mais, ficar ali enquanto Yumie verificava novamente como estava a raposa recém operada, permitia a Igraine pensar na desculpa que daria a amiga sobre as fotos (sim, criara uma pasta no celular somente para isso) de Cruello Devil em seu celular.

Como posso ser tão lesada? Sou mesmo uma estúpida....porque não consigo parar de pensar e de querer o Cruello? Não é algo que dará certo e..

– Muito bem, pode ir me contando e é bom que não esconda nada.

Igraine trincou e virou-se para Yumie, que estava parada na entrada do canil, com um sorriso faceiro. A amiga fez sinal para que ela saísse do canil e a outra assim o fez, prometendo á Dois Tons que logo voltaria.
As duas foram sentar-se em um banco de ferro colocado no pequeno jardim da ONG, de frente para os canis onde ficavam os animais em recuperação cirúrgica, entre eles DoisTons.

–Vamos lá, comece.
– Começo o que?
– A contar o começo.
– Começo do quê?
– Ai meu Deus, Igraine! Eu não sei se você é sonsa mesmo ou só finge ser! Vai..desde quando você está apaixonada pelo Cruello?
– Eu não estou apaixonada por ele!
– Ah vá! Você tem um monte de fotos dele no seu celular, aposto que fica stalkeando o cara, ficando com ele de vez em quando e está tendo até sonhos eróticos e imaginando sacanagens que gostaria de fazer com ele! Se é que já não está fazendo.

Igraine sentiu-se corar e várias lembranças de acontecimentos e devaneios sobre o assunto passaram em sua mente com velocidade.

– Pa-pare com isso! Também não é assim! Eu não estou apaixonada ou hipnotizada por ele! Tá certo que ele é um homem lindo, com um sorriso provocante fora de série, com um estilo incrível, com um corpo divino mas...
Igraine parou, percebendo as coisas que falara. Suspirou.
– É...eu estou á fim dele. Mesmo que ele seja insuportável. Nunca estive tanto á fim de um cara desde...
.- ..desde o punk de Londres.

Igraine não retrucou. Baixou os olhos, lembrando-se daquele rapaz que, á exatos oito anos atrás, com apenas um único dia e contra todas as possibilidades da racionalidade, havia conseguido se tornar seu fascínio e sua paixão.

– Quantas vezes vocês ficaram?
– Hein?
– Você e Cruello.
– B-bom...não sei dizer...
– Pois comece a tentar dizer. Já terminei meu serviço por hoje, tenho tempo de sobra!

Igraine encarou a amiga, que já havia até puxado uma caixinha de suco de uva, pronta para ouvir a história. Igraine conteve um suspiro. Talvez fosse finalmente o momento de desabafar sobre tudo aquilo com alguém. Precisava de ajuda, de conselhos....do que quer que fosse para compreender e saber o que fazer.
E Yumie na certa era a melhor pessoa para auxiliar nisso porque...porque Nanny achava Cruello um macho alfa de alta categoria e lhe daria conselhos não muito condizentes com sua realidade atual e moral.

~*~

Ao sentar-se no banco do carro, Cruello digitou uma mensagem em seu celular e, quando apertara o botão de enviar, a porta do passageiro foi aberta com violência e algo entrou.

– Ei, porque está entrando no meu carro?
– ...porque eu vou para a sua casa.
– Porque vai para a minha casa? Eu não te convidei!
– Não precisa me convidar porque eu mesma me convido. Agora ligue esse carro e vamos para o seu apartamento. Temos assuntos de trabalho urgentes para conversar a sós!

No volante de seu Jaguar branco, Cruello Devil encarava Scarlet com indignação.
– Podemos conversar isso no escritório da Devils!
– De jeito nenhum! Uma parte do desfile para o sheik e os amigos dele é algo tão secreto que não podemos correr o risco de que algum funcionário da Devils fique sabendo sobre este desfile e acabe falando demais e caindo alguma informação para a imprensa!
– Minha sala é a prova de som!
– Mas eu não confio naquela sua secretária! É uma safada que na certa fica investigando todos os papéis jogados, invadindo sistemas operacionais e criando cópias da lista de TODOS os contatos de clientes e aliados da Devils! Ela é muito eficaz logo, não é confiável!
– Scarlet, posso saber se existe alguma pessoa no mundo, em quem você confia?
– De pessoas que vivem ao seu redor meu bem, somente eu sou realmente confiável. As outras pessoas você deve sempre suspeitar das reais intenções.
– Olha..pode até ir para a minha casa, mas poderia ir com o seu carro! Vai deixá-lo no estacionamento do restaurante?
– Já avisei á gerência e ordenei que meu mordomo viesse buscá-lo. E depois eu ligo para meu mordomo e ele vem me buscar na sua casa.
– Porque diabos você quer andar comigo?
– Que problema tem em eu andar no carro junto com você? Sempre fizemos isso! Ou por acaso você está saindo com alguma vadia e está com medo que ela nos veja e comece a pensar que remos um caso e prefira terminar contigo? Lógico porque convenhamos...qualquer mulher, ao me ver, sabe que se tivesse que competir com uma rival como eu, seria derrotada. Então todas elas preferem desistir para evitar uma derrota vergonhosa!
– ...Eu n-não...você realmente se acha toda poderosa, não é?
– Com quem acha que eu aprendi a ser assim?
– Seguinte, eu não vou...
– A raiz do seu cabelo está ficando visível já. falou Scarlet, alto. E eu tenho aqui uma tintura maravilhosa que comprei no Irã, tenho certeza que você vai aprovar.

Silêncio.
– ...está bem. Coloque os cintos.
– Eu estou acostumada com você no volante. Pode pisar fundo.

~*~

– ...e isso é tudo. Meu coração está apertado e eu realmente não sei o que fazer.

Yumie ouvira todo o relato das experiências de Igraine com Cruello sem falar nada. Claro que Igraine omitiu algumas coisas que considerava mais íntimas como as reações de seu corpo pelos toques dele e coisas parecidas. No tempo em que Igraine contou toda a história, Yumie bebera 3 caixinhas de suco, comera dois sanduíches e devorara um pacote de biscoitos.

– O que eu faço?
– Bom.. - começou a japonesa colocando um chiclete na boca. - O interesse dele por você é algo mais do que evidente e confesso que estou surpresa com isso. Di-digo, não é porque você é feia, você é muito bonita mas...assim, a diferença de estilo estético e de vida de vocês é quase um abismo de diferença. E ele é um homem MUITO diferente do tipo de homem que você normalmente pensa como o ideal para você. Um biólogo bonito, esportista, ativista do Greenpace, amante dos animais e veegano é algo bem difícil de se encontrar.

As duas riram. Uma vez enquanto conversavam banalidades, confidenciaram uma a outra que tipo de homem seria perfeito.

– É...um homem assim seria perfeito mas....o homem que me apaixonei também fugia de todo esse padrão que eu escolhi para mim.
– Esse cara do passado foi uma paixonite Igraine. Você era adolescente e nunca tinha gostado de ninguém exceto dos Backestreet Boys! Aí surgiu um cara diferente e em um dia ele foi capaz de te causar um fascínio de quase uma década!
– Se eu fechar os olhos, posso me lembrar dele. Mas só as lembranças daquele dia não significam nada para que eu possa encontrá-lo. Foi um conto de fadas e só.
– Um conto de fadas totalmente maluco!

Elas riram.
– Mas então amiga, voltando ao assunto. O Cruello está á fim e eu creio que, depois do que ele já aguentou, ele deve gostar de você. O problema é...você gosta dele. E as atitudes do Cruello são realmente difíceis de entender. Será que ele quer algo com você ou ele apenas quer transar contigo e depois ir embora?

Igraine estremeceu.
– O que você acha?
– E- eu...eu não sei...minha mente diz que ele só quer aproveitar mas meu coração...eu realmente não sei. Por isso não consigo reagir de forma correta com ele!
– Você precisa estar ciente das coisas. Pense assim...se você sente tesão por ele, quer aproveitar a chance de ter um homem divino como aquele na cama...e essas coisas acontecem apenas uma vez na vida, você pode relaxar e ceder ás investidas dele. Mas, se fizer isso tem que estar preparada para não se apaixonar e sofrer.
– ...s-sim.
– Porque você não liga pra ele?
– E-eu?! Ligar? Porque deveria?
– Ora, liga normalmente...vocês mantém contato pelo facebook não? Ligue! Ouça a voz dele, pergunte como ele está. Puxe assunto! Se ele agiu daquele jeito que você contou na última vez pode ser que ele esteja preocupado com a possibilidade de um desinteresse seu. Mostre que está interessada mas não necessitada. Você tem o telefone dele, não tem?
– A...acho que sim.
– Pois então, ligue! Não custa nada. E quem sabe vocês não marcam um encontro? Assim poderiam conversar e você pode tentar descobrir o que ele realmente quer.

~*~

Cruello estava sentado no chão de um dos quartos de seu apartamento, trajando um conjunto de moletom quando Scarlet surgiu usando um avental e ajoelhou-se atrás de si com dois potinhos de tintura capilar e dois pincéis.

– Tem certeza que isso é dermatologicamente testado?
– Claro, meu bem, Acha que eu iria te dar algo prejudicial?
– Depois daquela bebida eu não me surpreenderia!
– Ah, pare de reclamar! Ate ajudou a recuperar o vigor que estava começando a ficar abalado por conta de seus trejeitos.
– O que tem de errado com meus trejeitos?
– Comprei essas tinturas no Irã e vi de perto o resultado delas. É muito melhor do que qualquer produto que já utilizamos em nossos cabelos! Além de manter a cor por mais tempo, ainda hidrata!
– Sei...se prejudicar o meu cabelo..
– Quem pintou seu cabelo no tempo que estive fora?
– ..eu mesmo, óbvio. Na tradição da família Devil somente os Devils pintam seus próprios cabelos porque sabemos exatamente a tênue linha...
– Foi mal pintado. Darei um jeito nisso, agora!

Com extrema habilidade, Scarlet começou a pintar o cabelo do rapaz. Começou pela tinta branca e depois com a preta, usando depois da aplicação, ambos pincéis para espalhar tudo de forma uniforme.

– E então...conquistou muitos homens casados no Irã?
– Alguns. Mas todos eles só tinham um único interesse e isso não me basta. Se eu for jogar, jogarei alto. E você? Andou pegando alguma modelo, celebridade, herdeira, homens?
– ...você quer apanhar? Cruello trincou.
– Não me diga que ficou na seca esse tempo todo?
– Cruelo Devil não fica na seca. Eu...eu estou bem. Sem...preocupações.
– É assim que tem que ser.

Ficaram um tempo em silêncio.

– ...porque a maioria das mulheres costuma serem impossíveis de entender?
– Pela mesma razão que os homens são impossíveis de compreender.
– Tem pessoas que ficam se exaltando, mostram que querem alguma coisa, depois dizem outra. Agem de forma bipolar não sei se é uma forma de querer atenção mas é realmente...se quer, porque simplesmente não diz? Simplesmente não aceita aquilo que deixa óbvio o que deseja? Porque uma pessoa lhe entrega todas as amostras mas no momento propício para se concretizar,foge? Porque se recusam a dizer quando gostam?
– Porque está perguntando isso?
– ...por nada. Só...passou pela minha cabeça.
– Olha lá hein...era só o que me faltava. Você se apaixonar pela primeira vadia mimada da esquina! Se isso acontecer eu juro que vou te encher de porrada até você falar fofo!
– E você acha que eu vou me apaixonar? Por favor, Scarlet! bufou Cruello sentindo-se ofendido e as bochechas arderem. Está achando que sou otário? As pessoas que se apaixonam por mim, não o contrário!
– Sei...
– Já terminou de pintar?
– Acabei agora. Fique quinze minutos e depois lave. Enquanto isso vamos começar a esquematizar as primeiras ideias para o desfile, temos pouco tempo!

~*~

A conversa com Yumie havia realmente aliviado o peso no coração de Igraine. Talvez fosse realmente uma boa ideia seguir o conselho da amiga. Gostava de Cruello, agora percebia isso. E se ele estava interessado nela, poderia tentar descobrir até onde tudo aquilo levaria.

Não posso ficar esperando para sempre aquela pessoa do passado. Nem ao menos sei seu nome a promessa que fizemos foi só uma coisa boba de adolescente. Talvez eu possa tentar me envolver com Cruello até onde eu achar que posso me envolver.

Com essa certeza, Igraine seguiu para casa depois do dia de trabalho. A raposa operada ainda ficaria em observação e Dois Tons também, pois embora a dálmata já estivesse melhor, Igraine achou mais prudente mantê-la ali por mais um dia afinal, conhecia o estardalhaço de Furacão e como ela ficaria tentando levar DoisTons para brincarem.

Ao chegar em sua casa, após ser recepcionada de forma calorosa por Furacão e Golias, Igraine notou toda a casa cuidadosamente ajeitada. Pelo visto, Nanny incorporara o espírito da limpeza hoje. Na cozinha, encontrou um bilhete pregado na geladeira e, enquanto o gato Mimo enroscava-se em sua perna pedindo carinho, soube que sua empregada saíra para um compromisso e voltaria apenas amanhã.

– Nanny, Nanny...um dia ainda vou descobrir para onde você vai passar essas noites ocasionais durante a semana. Há se vou!


Ao ouvir o alerta de mensagens, Igraine tirou o celular do bolso. Apenas atualizações de redes sociais, nada que...havia uma mensagem na caixa de entrada.

Olá. Como tem passado? Preciso conversar com você sobre uma coisa. Esse é meu telefone pessoal, se puder entre em contato comigo ainda hoje. Cruello Devil.


Igraine sorriu, abobada.

Não, não! Controle-se Igraine! Foi só uma reles mensagem! O que ele quer conversar? Droga, isso tudo tem que acontecer hoje? O que eu faço? Um banho..sim, vou tomar um banho, comer e depois eu ligo pra ele. A mensagem foi enviada hoje no começo da tarde. Droga! Deveria ter visto antes se bem que...se eu responder depois não vai parecer que estou desesperada. Será que ele...certo. Vou só tomar um banho e ligo em seguida!

~*~

Sentados na mesa de jantar, Cruello e Scarlet mantinha uma grande quantidade de papéis com esboços de modelos de roupas e um notebook. Rabiscavam furiosamente e em poucos traços, belas imagens de vestidos e trajes de gala iam saindo de suas mentes e tomavam forma no papel.

– Quantas peças poderíamos colocar no desfile?
– Faremos uso de um modelo para cada animal.
– São muitos teremos que selecionar.
– Os mais caros.
– Esse aqui você não vai conseguir. Se descobrirem será um grande processo!
– ...não descobrirão. falou Cruello olhando para o papel que Scarlet apontava. - Minha tia tem um desses em perfeito estado. Vou usar no desfile e colocá-lo á venda.
– Irá vender casacos usados para um sheik bilionário?
– Claro que não! Cruella Devil mandou que confeccionassem mas ela nunca usou em qualquer lugar! Nem poderia utilizar em nenhuma festa que frequentava. Não depois daquele escândalo com cachorros.
– ...quero ver essa peça.
– Está na mansão da família. Tenho que encontrar um dia livre em minha agenda para ir até lá buscar. - ele amontoou alguns papéis e os colocou de lado. - Vou tomar um banho e lavar meu cabelo! Termine esse desenho e comece a pesquisar os melhores salões para o desfile.

Scarlet assentiu. Ficou desenhando até sentir uma vibração na mesa. Vinha de um dos quatro aparelhos celulares de Cruello. Ela franziu as sobrancelhas. Quem ligaria para o celular particular de Cruello? Ela nunca passava esse telefone para ninguém.
Atendeu.

~*~

Igraine foi até o quarto e trancou a porta, sentando-se na cama. Com o celular em mãos, digitou o número de telefone no verso do cartão de Cruello Devil e ficou alguns segundos olhando para a tela do aparelho antes de acionar para efetuar a chamada.

Um toque. Dois toques. Três toques.
– Pronto?
Igraine estranhou a voz feminina no outro lado da linha.
– Alô?
– Ah...é...eu...gostaria de falar com o Cruello...?
– Quem gostaria de falar com ele?
A voz daquela mulher no telefone era séria e parecia um pouco agressiva.
– É...Igraine...
– Igraine de onde?

A garota não soube o que responder. Quem era ela perto de Cruello Devil, afinal? Em sua mente passou várias tentativas de como nomear sua conexão com Cruello, mas nenhuma parecia ser satisfatória.
– Alô?
– É..é...eu...eu...só queria falar com ele e...
– Qual o assunto? Posso dar o recado.

Igraine começou a se incomodar. Seu coração batia acelerado e aquilo tudo a estava deixando com mal-estar.
– Alô?
– E...então..eu..queria falar com ele mesmo.
Alguns segundos de silêncio na linha.
– Então, ele está tomando banho no momento, se quiser eu dou o recado.
– N-não precisam eu ligo mais tarde!

Igraine finalizou a chamada e sentou-se no banco de ferro, sentindo um suor e uma sensação de mal-estar. Suas mãos estavam frias e, ao olhar para o celular, percebeu que tremia levemente.

Mas porque diabos isso agora?!
Colocou o celular no sofá e olhou para o vaso de violetas no aparador, perto da janela. Ela estava secando, mas ainda assim era bonita, talvez se fosse colocada em um vaso melhor...estava até com um pequeno broto tentando desabrochar. Igraine sentiu os olhos marejarem.

Não acredito! Não acredito que estou assim! Que me importa com quem Cruello está ou deixa de estar? Que ele esteja com outra mulher no apartamento ou em um motel com ela?!
Não tenho nada com ele, só trocamos uns beijos e ele ainda tentou algo mais comigo e...Droga!Canalha, cafajeste! Ordinário! É bem típico de homens dessa laia! Só porque tem dinheiro e status social podem ir ficando com quantas pessoas quiserem sem qualquer compromisso ou caráter! E...e ele é um homem livre afinal, não tenho que ficar me sentindo mal por isso porque...porque...eu nunca seria uma mulher ao nível dele!


Igraine deixou que as lágrimas caíssem, em m misto de decepção e raiva. Não pelo acontecido, mas por si mesma. Por ter se deixado gostar de um homem daqueles. Por ter se iludido que conseguiria ter algo com um homem daquele nível. Um homem que era perfeito demais para fazer parte de sua realidade.
Era POR CAUSA DISSO que ele mandara a mensagem. Porque já estava com outra.

– Você...você me paga, Cruello! Eu te odeio! Canalha!

~*~

Nada como um banho depois de um longo dia de trabalho. Cruello olhou-se no espelho, passando a mão pelos cabelos molhados. Sorriu. Realmente aquela tinta parecia ser fabulosa. As cores de seu cabelo estavam vividas, e tinha de admitir que Scarlet sabia como tingir o cabelo de alguém. Ficou um tempo olhando para o próprio rosto e, por alguma razão lembrou-se de Igraine.

Porque ela não havia respondido sua mensagem? Aquela garota era impossível de se compreender e isso o irritava. Ela o queria, tinha a completa certeza disso mas porque o afastava? Iria descobrir isso. Iria até a casa dela amanhã cedo concluir essa situação de uma vez por todas. Cruello Devil não era homem de perder aquilo que desejava. Se ela ainda gostava de algum palerma do passado, ele faria questão de fazê-la esquecer disso e mostrar o que era ter um homem de verdade.

– ...vai ser a minha ordinária, Igraine. Ah vai!

~*~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enfim..terminei este capítulo aqui. Ele acabou se saindo maior do que eu pensava e mesmo assim não foi possível colocar uma cena que terá de ser colocada apenas no capítulo seguinte. Mas...o que acharam? Por favor, não joguem pedras! Prometo que serei uma boa escritora no próximo capítulo! hehehehe.
Não deixem de deixarem suas opiniões, críticas e sugestões!
Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Cruel Beauty" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.