The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Caramba, quanto tempo eu não atualizava esta fic! Eu sabia que estava atrasada para atualizar e acabei enrolando nos últimos tempos por conta de um imenso bloqueio criativo que venho sofrendo nessa história á alguns meses, mas não imaginava que já havia se passado tanto tempo desde a última atualização!
O tempo está passando rápido demais e ainda estamos todos passando por essa pandemia, sobrevivendo dia após dia mas, por mais que tentemos não conseguimos manter a mente sã 100% do tempo. Eu até consigo resistir bem, mas as vezes é difícil. Mas isso é algo que está acontecendo com todo mundo.
E eu que pensei que nessa quarentena conseguiria ser mais produtiva e agilizaria a escrita das minhas histórias.. iludida eu fui. XD
Mas, olha só! Demorei, escrevendo de pouco em pouco há mais de mês, mas saiu finalmente um capítulo aqui da fic!
Agradeço á todos os leitores, antigos e novos, que continuam acompanhando e incentivando esta história. Sem vocês, eu já a teria abandonado há mais de ano! E é por vocês que eu estou lutando constantemente para escrever essa história até o fim.
Então, boa leitura e fiquem em casa!



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~*~

 O Lamborghni seguiu pelas ruas e avenidas com uma velocidade razoável, seguida de perto por um conversível preto no qual estavam três seguranças.
— Como você aguenta andar pra lá e pra cá com essa escolta real armada?
— Depois de um tempo você se acostuma. Pelo menos, eles fazem o máximo para não me incomodar quando eu peço que seja assim...cuidado com o carro da direita!

  Arkin notou a fina milimétrica que Cruello tirara de um veículo que buzinou, o qual Cruello buzinou de volta, colocando ainda a cabeça para fora do vidro.
— Tá buzinando por quê?! A rua é para os vivos!
— Os anos passam e você continua do mesmo jeito alterado ao volante. Igual sua tia!
— Eu não sou alterado! Os motoristas em geral que são um bando de beócios ao volante!

  Arkin não retrucou, limitando a manter uma mão no botão do cinto e outra na maçaneta da porta. Se percebesse um acidente iminente, estava disposto a se arriscar e saltar para fora do veículo. Com Cruello ao volante, o perigo poderia ser constante. O loiro olhou para trás, notando que o conversível preto com seus seguranças continuava seguindo-os. Na certa estavam apreensivos que ele pudesse sofrer algum acidente por conta das imprudências do primo. Mas, por mais incrível que fosse, Cruello nunca havia se envolvido com nenhum tipo de acidente automobilístico. O “anjo da guarda” dele deveria ser muito bom, mas em se tratando de um Devil, devia ser protegido por um demônio mesmo.
  A fim de evitar focar demais na forma como o outro dirigia, Arkin procurou encontrar um assunto qualquer que pudessem conversar.

— É...depois de mais de uma década, você finalmente está amando. Difícil de acreditar.
— Quem disse que eu estou amando?!
— Ora, dá pra ver claramente que você é louco pela sua namorada. É a primeira vez que vejo Cruello Devil correndo atrás de alguém. Você sempre dizia que eram os outros que deveriam correr atrás de você.
— Eu não estou correndo atrás de ninguém!
— Qual seu problema em querer admitir os próprios sentimentos? Sabe, é natural amarmos alguém e querermos...
— Ora cale a boca!
— Ei, ei, ei! Não me mande calar a boca! Lembre-se que, embora eu seja seu primo, sou uma autoridade real! –Arkin olhou para fora. – Estamos entrando no subúrbio de Londres?!
— Infelizmente sim. A tal ONG onde Igraine trabalha fica nessa região...aliás, chegamos.

  Arkin olhou para a modesta fachada da ONG Bicho Alegre, com um franzir de sobrancelhas. O local parecia pequeno, o portão de ferro estava velho e manchado pelas intempéries do tempo, o painel com o nome da ONG estava começando a desbotar e o muro precisava de uma nova pintura. A ONG se localizava em um bairro tranquilo e mediano, afastado do centro comercial de Londres.
— Esse é o lugar que sua namorada trabalha? É meio...
— Pobre. Sim, eu sei!
— E você não fez nada sobre isso? Alguma doação, sei lá...
— Por que eu deveria?! Não tenho apreço nenhum por esse tipo de coisa filantrópica onde não vou ganhar nada em troca!
— Cruello, nem tudo que devemos fazer é esperando algo em troca!
— A Devils já realiza doações para instituições filantrópicas a fim de aliviar a imagem que minha tia prejudicou com sua obsessão por casacos de peles. E para deduzir do imposto de renda também. Mas ajudar uma ONG mequetrefe de bichos já é demais! A Devils não vai ter a imagem dela vinculada a esse tipo de coisa! Pelo menos isso, eu devo honrar a memória de minha tia!
— Mas essa é a ONG onde sua namorada trabalha!
— E o que isso tem a ver? Eu tenho meu trabalho e Igraine não interfere nele, muito embora já tenha tentado interferir. E eu não interfiro no dela. Fim da história.
— Mas já parou para pensar que a opinião pública pode...
— Vamos descer, não quero levar o dia todo pra resolver o que preciso resolver aqui!

  Arkin não argumentou. Saiu do carro junto com Cruello, não sem antes colocar boné, óculos escuros e fechar o blusão de moletom simples que vestira.
— Que raios de visual é esse?!
— Eu sou um membro da realeza europeia! Por vias oficiais, ninguém fora do meu círculo de assessores mais íntimos tem conhecimento de que vim para a Inglaterra para te tirar da cadeia! E também prefiro não ser flagrado por algum papparazi adentrando em estabelecimentos do subúrbio londrino!
— Viemos aqui em no meu Lamborghini e seguidos por um carro com homens de preto de aparência de agente secreto. Óbvio que já chamamos atenção.
— ...eu deveria ir embora.
— E me deixar aqui sozinho? Ora, vamos logo entrar e acabar com isso!

  O portão estava aberto e ambos subiram a pequena rampa em direção a área construída, na qual havia o que parecia ser uma casa grande e comprida e dos lados, cercados de alambrados onde ficavam alguns cães. Logo na primeira porta, havia uma plaquinha que dizia Recepção e quando ambos entraram, se depararam com uma sala pequena, mas até que arrumada, apesar da construção ser antiga e um pouco mal cuidada.
  Assim que entraram, puderam ouvir o som de latidos e berros de aves, notando também algumas pessoas andando pra lá e pra cá, carregando sacos de rações, gaiolas (vazias ou com algum pássaro ou gato). Não demoraram muito para Cruello chamar um dos voluntários, que usava camisa de cor verde com o logo da ONG bordado no peito.

— Ei, você! Indivíduo,venha já aqui!
  Mesmo a contragosto pela forma rude como o outro falara, o voluntário se aproximou, limpando as mãos no avental que usava.
— Onde está a Igraine?
— ...quem?
— Como assim não sabe quem é a Igraine, criatura? – Cruello colocou ambas mãos na cintura. – Ela vive enfurnada nesse muquifo em vez de estar enfurnada na Devil’s!
— ..Devil’s?
— O que, indivíduo? – Cruello arqueou uma sobrancelha. – Por um acaso você não sabe quem eu sou?! – o homem negou com a cabeça. – Olhe para mim, para meu cabelo1 Como não é capaz de me reconh...ai!

  Cruello fuzilou Arkin com o olhar quando este lhe deu um puxão na camisa.
— Isso aqui é tecido delicado! Não puxa com força senão esgarça! E por quê fez isso? – ele sussurrou.
— Eu não vim até aqui para ser reconhecido!
— Você não veio, eu não tenho problema algum com isso!
— Olha, eu não sei quem o senhor procura – o homem comentou, achando muito estranho a forma como aqueles dois caras afetados se comportavam. - Mas pode se informar lá na administração.
  Ele apontou na direção onde estava o prédio térreo.
— É isso mesmo que eu vou fazer!
  Cruello tomou a frente e Arkin se tratou de agradecer ao voluntário e segui-lo.

  A administração da ONG ficava já na primeira porta do prédio, com uma pequena placa  a indicar. Ali dentro, no que poderia ser definida como recepção, havia uma mesa de madeira repleta de papéis, um computador e uma xícara de chá já frio. Atrás dela, Yumie parecia absorta em conferir as informações da planilha que tinha na folha em mãos e a planilha que estava na tela do computador.
— Yumie, cadê a Igraine?! – ralhou Cruello de supetão.
— Que te importa?
— O quê?!
— Eita! Nossa, senhor Cruello, que milagre o senhor por aqui! Em que posso ajudar?
— Eu vim procurar a Igraine!
— Poderia ter vindo fazer uma doação para a ONG ou mesmo oferecer a proposta de uma campanha solidária da Devil’s para ajudar. Sabe como é, vindo de alguém influente e carismático como você, as chances de conseguirmos mais doadores, financiamento e voluntários é maior. Poderia ser garoto propaganda e...
— Ficou doida?! Tanta tinta para colorir seu cabelo acabou intoxicando seu cérebro?! Eu sou Cruello Devil, herdeiro de Cruella Devil! Jamais fazer campanha para esse tipo de coisa, era só o que me faltava. NUNCA!

  Yumie pensou em responder com um “Credo, seu grosso! Seu afetado, rico metido e insensível”, mas preferiu ficar quieta. Notou que ele estava acompanhado de um rapaz loiro e bonito, que mais parecia um astro de cinema ou talvez, um príncipe de contos de fadas. Ou poderia apenas ser mais um amigo rico e afetado de Cruello. Mas isso não a impediu de medi-lo de cima abaixo.
— Hãn...posso ajudar vocês em alguma coisa?
— Estou aqui para falar com a Igraine. Pode chama-la?
— Eu não sei onde ela está. Deve estar com o Javier em algum lugar por aqui...
  Cruello não demonstrou qualquer reação.  Apenas se endireitou como se estivesse pensando em algo. Então, calmamente, saiu. Arkin se adiantou e foi até a porta, vendo o primo sumir em uma das portas que havia no prédio.
— O que deu nele?
— Acho que...ele foi dar uma volta na ONG para encontrar a namorada. – o loiro falou diante da pergunta de Yumie.
— E o senhor?
— Eu o quê?
— Deseja alguma coisa? Gostaria de contribuir com alguma doação para a ONG? Você parece ter dinheiro, pode ajudar.
— Hãn, bem...eu...Gostaria de conhecer o lugar e o trabalho feito aqui. Assim, quem sabe...
— Oh, mas é claro! Pode vir comigo! Eu sou a proprietária responsável, melhor guia para lhe mostrar a ONG não há! – Yumie o puxou pelo braço. – Venha, tenho certeza de que irá adorar nosso trabalho, conferir nossa situação precária e querer ajudar!

  Arkin não relutou. Talvez fosse melhor caminhar pela ONG porque, caso Cruello resolvesse fazer um escândalo ali (coisa que acreditava veemente que poderia acontecer visto que, quando Cruello ficava sério e calada em uma situação que normalmente começaria a dar alguns de seus ataques de afetação, era porque a coisa poderia se tornar problemática) ele poderia ajudar a acalmar os ânimos exaltados ou, se fosse necessário, avisar seus seguranças particulares para agirem.

~*~

Yumie se mostrou extremamente solícita em fazer uma verdadeira apresentação sobre a ONG Bicho Alegre para Arkin. Tanto por poder acompanhar um homem com toda pinta de galã  estilo Brad Pitt que além de bonito era educado e simpático, como também pelo fato de que, se ele era amigo íntimo de Cruello, significava que tinha dinheiro e poderia fazer a melhor propaganda possível da ONG a fim de convencê-lo a ajudar financeiramente ou com doações. Passeou com ele primeiramente pela clínica veterinária, pelo estoque e cozinha. Lhe mostrou o canil, o gatil e o viveiro.

— Como pode ver, não dispomos de um espaço muito grande, o que seria o ideal. Algumas coisas já estão um pouco velhas ou gastas e procuramos sempre fazer uma avaliação do que dá pra ser reformado e do que precisa ser descartado.
— Vocês possuem uma renda monetária fixa?
— Infelizmente não. Temos alguns doadores fixos, como algumas lojas de pet shop, a clínica veterinária onde ofereço meus serviços por um custo mais acessível, várias pessoas sempre doam rações, materiais de higiene, etc e coisa e tal. Há também várias pessoas que são voluntários para nos ajudar a cuidar do local e dos animais. E de tempos em tempos organizamos brechós, feiras de adoção para ajudar a arrecadar fundos e doações. Fazemos o que está ao nosso alcance, mas se pudéssemos ter mais condições, faríamos muito mais.
— Entendo. Há potencial aqui, o trabalho de resgatar e cuidar dos animais é uma atitude muito nobre e humana. Admirável.
— Eu sonho, um dia, quanto a ONG tiver condições, ter filiais em outros lugares não apenas de Londres, mas pelo mundo, sabe? É meio impossível, mas não custa sonhar. Por enquanto, podendo ajudar o máximo que pudermos com os recursos e condições que dispomos, basta. Mas claro, que toda ajuda para a ONG é sempre bem vinda!
— Posso pensar...

  No momento em que os dois se dirigiram ao pequeno galinheiro improvisado, se depararam com Igraine, que estava agachada no chão dando quirela para vários pintinhos que piavam incessantemente.
— Eita, Igraine! Você por aqui?!
— Oh, Yumie. Eu vim alimentar esses bebês. E tenho que avisar que precisamos pedir uma nova remessa de quirela lá na casa de ração do senhor Schultz e...

  Ela se levantou e Arkin observou a garota de cima á baixo. Ela estava totalmente diferente da mulher que conhecera durante o desfile na Devil’s. Lá ela estava coberta pelo luxo de uma roupa maravilhosa, a elegância do salto alto e o espartilho apertado, a maquiagem bem feita e os cabelos arrumados em um penteado elegante. Ali, ela usava tênis, calça jeans, uma camiseta preta um pouco desbotada e os cabelos presos em um rabo de cavalo baixo e pouca maquiagem nos olhos e nos lábios. Continuava bonita, mas Arkin se perguntava como ela conseguira conquistar Cruello Devil sendo e vivendo em um estilo de vida totalmente oposto ao dele.
  A menos que ela fosse...
— E o senhor é...?
  Arkin piscou, notando que Igraine o encarava com seus grandes e expressivos olhos.
— A senhorita não se lembra de mim?
— O senhor não me é estranho... – mentiu Igraine, realmente não se lembrava. – Você é...oh, me desculpe! Não consigo me lembrar!
— Hãn, tudo bem. – Arkin deu um risinho forçosamente simpático. – Eu sou Alexsander Arkin. Nos conhecemos na festa após o desfile da Devil’s. Fomos rapidamente apresentados pelo meu primo, seu namorado.

  Igraine arregalou os olhos, abrindo a boca em forma de “o”, finalmente o reconhecendo.
— Sim, agora me lembro! Desculpe! – ela estendeu a mão para Arkin a fim de cumprimentá-lo mas percebeu que sua mão estava um pouco suja de quirela. - Me desculpe, acho que estou um pouco suja - ela sorriu sem jeito - A que devo a presença ilustre do senhor aqui na ONG? - Igraine aproximou-se de um tanque a fim de lavar as mãos.
— Na verdade, eu vim acompanhando meu primo. Ele disse que precisava vir até aqui falar com você mas quando chegamos ele começou a ter aqueles pitis dele de impaciência e acabamos indo cada um para um lado da ONG para te encontrar.
— Primo?! – Yumie exclamou. – Santa genética física boa dessa família, hein...
— Entendo.- Igraine murmurou. - Foi o senhor que o tirou da cadeia, não é mesmo?
— Sim. E não foi a primeira vez, devo dizer. - Arkin colocou uma mão no queixo e outra na cintura e o gesto fez Igraine lembrar-se do namorado. - Cruello tende a se meter em complicações desde adolescência. E na vida adulta isso passou a atingir proporções maiores.
— É, eu sei. Já presenciei uma ou outra coisa...

  Um dos funcionários da ONG se aproximou.
— Com licença, desculpa incomodar. Senhorita Yumie, tem um homem na recepção que deseja falar com a responsável pela ONG.
— Quem? – a moça oi logo se adiantando. - Se for algum dos credores querendo cobrar o que estamos devendo, sabe que é pra dizer que eu devo, não nego, mas pago quando puder!
— Parece que ele é jornalista, influenciador de não sei o quê...disse que gostaria de fazer uma matéria sobre a ONG e também perguntou de que forma poderia ajudar se voluntariando e...
— Ajuda voluntária e uma matéria jornalística sobre a ONG? – os olhos da moça se arregalaram. – Claro que seria melhor que fosse alguém querendo fazer uma doação financeira ou disposto a ceder um terreno para construirmos uma nova sede mas...uma matéria em algum portal de notícias de renomes nas redes sociais pode ajudar muito na publicidade e doações para cá!
 - ela se virou para Arkin. – Me desculpe, senhor, mas preciso verificar isso, é de vital importância!

 O rapaz concordou e, enquanto ele observava os pintinhos ciscando na terra, Yumie se aproximou de Igraine, cochichando.
— Trate de ser bem receptiva com esse tal Arkin. Se é parente do Cruello, deve ter muito dinheiro até porque ele tem uma postura bem chique, de gente rica. Tenta convencê-lo a querer doar dinheiro ou apadrinhar a ONG. Nem que precise usar seus misteriosos e incompreensíveis dotes sedutores que usou para enrabichar o Cruello! Até mais.
  Igraine pensou em responder indignada com  tais absurdas suposições mas a amiga já havia se afastado.

— Trabalha aqui á muito tempo?
— Hãn, o quê?
  Arkin havia se aproximado, tirando os óculos escuros e os prendendo na gola da camisa.
— B-bom..já faz alguns anos. Na verdade, desde que me formei. Ainda que não seja minha área de formação...
— Como assim?
— Eu me formei em História, mas nunca trabalhei com algo relacionado a isso. Conheci a Yumie porque estudávamos na mesma faculdade mas fazíamos cursos diferentes. Quando me formei, acabe vindo trabalhar com ela na ONG eu ela estava abrindo, essa aqui mesmo. Os pais da Yumie a ajudaram, mas nós duas trabalhamos muito para manter aqui e bem, quando percebi, já estava apaixonada por cuidar dos animais e conviver com eles. Acho que ter crescido em uma fazenda contribuiu muito para isso. Sempre gostei muito de ficar entre os animais, compreendê-los e cuidá-los.
— Se sempre gostou, porque não seguiu uma carreira mais relacionada á eles? Veterinária, biologia, algo assim.

  Igraine não respondeu. Quase todas as pessoas tinham o costume de lhe fazer esse tipo de pergunta quando dizia no que havia se formado e no que decidira trabalhar. E isso sempre a incomodava porque, a bem da verdade, ela não quisera seguir estudos relacionados á animais e proteção de seres vivos na época em que ingressaria na faculdade, por causa de seus pais. Como ativistas de renome, Igraine não queria ter qualquer relação com eles publicamente. Muito menos viajar e viver junto com eles, muito embora tivesse a certeza de que isso era impossível de acontecer e porque ela própria não queria.  Pensando agora, tudo aquilo era muito confuso mas nunca quis pensar demais e se lembrar de certas coisas porque doía.
  Uma mágoa de muitos anos.

— Desculpe, não precisa falar se não quiser. – Arkin falou ao notar o silêncio da jovem. – Vamos falar de outra coisa. O Cruello me disse que, da última vez que veio até aqui, foi violentamente atacado por um animal raivoso.
— Exagero dele! – Igraine fez um gesto displicente com a mão. – A ONG tinha resgatado uma raposa vítima de maus tratos e no dia que ele veio aqui, a raposinha escapou e acabou entrando no carro dele. Quem parecia um animal raivoso era ele, a raposa estava apenas assustada, pobrezinha.
— Nossa, eu não duvido de você. – o loiro deu uma gargalhada. – Cruello realmente é exagerado nas coisas, tem seus excessos, sempre foi assim desde criança e na adolescência era ainda pior. Fazia cada coisa que, olha...

  Igraine viu ali uma oportunidade.
— Senhor Arkin, posso lhe perguntar uma coisa?
— Claro!
— Bom... – ela pensou um pouco antes de falar. - Como o Cruello era quando pequeno? Digo, antes de ele se tornar Cruello Devil, herdeiro de todo o patrimônio da tia, ser essa pessoa toda afetada que ele é, coisa e tal. Como ele era antes, sabe? O que aconteceu com os pais dele, porque ele virou um punk na juventude e depois mudou totalmente para ser um empresário ícone da moda...Sei que parece estranho eu perguntar isso já que estou namorando com ele e...bom, Cruello nunca quis me contar nada e mesmo na internet e entrevistas dele , ele nunca fala. – ela corou. – Não que eu tenha ficado stalkeando ele, de modo algum é que...
    Arkin achou fofa a forma como ela corava e ficava constrangida.
— Bom, o Cruello.. – ele começou, parecendo pensar um pouco. – Não chegamos a ter contato constante na infância porque vivemos em países diferentes. Convivemos um pouco mais na adolescência, antes das obrigações de nossas famílias e linhagens se abaterem inteiramente sobre nós mas...bem, ele sempre foi uma pessoa geniosa. E dado a rompantes quando decidia ou queria alguma coisa. Mas com relação ao passado dele...o Cruello é bem reservado quanto a isso e não acho que eu deva dizer algo. Assim, se ele já tivesse contado para você eu poderia contar um monte de coisas hilárias mas...se o Cruello ainda não lhe contou sobre o passado dele é porque ele...
— Não quer. É, eu deveria imaginar. Diferente da Scarlet, eu não sou alguém com quem ele confie a ponto de falar sobre si!
— Ora, não se compare. Scarlet e Alfred estiveram junto de Cruello desde a adolescência, o ajudaram a fazer uma transição bem difícil na vida dele, em uma época que eu não pude estar presente porque também estava passando por uma fase de transição difícil. E Cruello é muito reservado no que diz respeito ao passado familiar. Na verdade, todos os Devils costumam ser assim.
— Você não é um Devil?
— Deuses me livrem, não! Nosso parentesco é por união de famílias, não temos ligação direta. Mas convivemos parte da infância juntos.
— Ora, imagino como vocês dois poderiam ser quando crianças...rechonchudinhos e com grandes olhos azuis. Deveriam ser umas gracinhas!
— Em aparência, éramos o melhor que nossa linhagem nobre poderia conceber, isso é fato. – Arkin se empertigou. – Mas claro que eu sempre tive uma beleza superior, muito embora Cruello entre em estado de negação quanto a isso.

  Igraine controlou a vontade de revirar os olhos. Pelo visto, ainda que não fossem da mesma “família principal” ambos possuíam o mesmo gene da prepotência e convencimento. Se bem que, olhando de forma realista, eles tinham motivo para tal. Decidiu tentar retomar o foco da conversa assim, quem sabe, conseguiria obter alguma informação sobre o passado de Cruello Devil.
— E os pais dele? Como eram? Sei, por informações da internet, que eles são falecidos mas como era a convivência do...
— Isso é algo pessoal do Cruello. Veja bem, Igraine. – falou Arkin, tentando ser compreensivo. – O Cruello apesar de como figura pública, adorar se expor, como pessoa, ele gosta de ser bem reservado sobre seu passado. Ele teve uma grande mudança na transição da adolescência para a vida adulta e a perda dos pais na infância, posteriormente a vida com Cruella Devil...enfim. Eu acho que você deveria conversar com ele sobre isso. Quem sabe Cruello se abra contigo.
— E se ele não quiser, se recusar?
— Não vai saber se não tentar. Em todo caso, pode dar tempo ao tempo.
  Igraine ponderou o conselho.
— Acho que seria prudente procurarmos Cruello. Ele veio até aqui para falar com você.
— É, tem razão. – Igraine sorriu. – Melhor encontrá-lo antes que ele resolva implicar com algum animal inocente e alegar que foi atacado por uma fera raivosa!
  Arkin percebeu que a garota ainda estava abatida, mas se esforçava para manter a simpatia e otimismo. E isso o fez concluir que era um bom sinal. Talvez, tenha sido isso que fizera seu primo se interessar.

~*~

  Cruello andou pelos corredores e quintais da ONG de maneira entojada com um pequeno lenço sobre o nariz. Aquele lugar tinha um cheiro de animais nauseante. Não sabia se isso era pior ou a barulheira de latidos, miados, grasnados, gritos de aves barulhentas e até relinchos por causa de um cavalo que ficava no estábulo improvisado. Não entendia como Igraine gostava de trabalhar e viver no meio de tudo aquilo, ainda mais ganhando pouco. Ela era bonita, poderia colocá-la para trabalhar na Devil’s, talvez como sua secretária o que seria uma ideia interessante.
  Mas primeiro tinha que resolver o pequeno mal entendido.
  Notou, na última porta do final do corredor, uma plaquinha escrito Maternidade. Bom, ela deveria estar ali de acordo com as informações gritadas entre os funcionários.

— Igraine! – ele falou já entrando. – Vamos conversar sobre...
  Não era Igraine que estava ali, segurando um pequeno gatinho malhado sobre a mesa, e sim Javier Jandras.
— O que você está fazendo aqui?! Cadê a Igraine?
— Senhor Cruello, você por aqui! – o rapaz endireitou o corpo. – Confesso que estou muito surpreso!
— É, eu também. Absurdo eu estar nesse tipo de lugar, mas aqui estou!
   Cruello notou que Javier rapidamente tirava o avental e a touca de cabelo que usava, colocando os em um canto. Pegou o pequeno gatinho que examinava e o colocou novamente em uma das várias gaiolinhas, onde havia outros. Ele retirou as luvas cirúrgicas  e as jogou em um lixo, indo lavar as mãos em uma pia que havia ali.

— O senhor não vai me perguntar o que eu estava fazendo?
— Cuidando de um gato. Tenho olhos, eu vi.
— Recentemente recebemos uma ligação dizendo que havia uma ninhada de gatinhos abandonados e...
— Olha, eu não quero saber disso, não! Pode ficar aí com seus gatos que eu vou procurar Igraine. Me disseram que ela estava aqui mas, evidentemente, não está e...
— Oh sim, ela estava ficando aqui comigo até agora há pouco.
— O quê?!
  Os olhos de Cruello faiscaram, mas o rapaz bronzeado não pareceu notar a expressão do empresário, continuando a falar com aquela naturalidade e sorriso irritantemente perfeito.

— Estávamos cuidando dos gatinhos. Sabe como é, realizando alguns exames, vacinando-os. Se estiverem bem de saúde, serão castrados e colocados para adoção na próxima Feira de Adoção que a ONG pretende fazer.
  Javier continuou falando mas Cruello tratou de interrompê-lo. Aqueles miados e latidos de filhotes colocados naquelas várias gaiolas estava começando a lhe irritar, ainda mais com o cheiro de ração. O que aqueles bichos poderiam ter de bonitinhos tinham de perigosos. Observa-los tempo demais poderia fazer uma pessoa acometer loucuras absurdas, como pensar em levar algum para casa. Igraine tinha essa fraqueza, pelo que ela já havia lhe contado e acumulava cerca de quatro bichos na casa. Cinco, se contar aquele filhote que ela queria que Ele fosse o padrinho.

“Onde já se viu, apadrinhar bicho...”


— Seguinte, Javier...eu não estou aqui para ficar ouvindo você falar de como é um homem incrível que protege animais e natureza. Mas já que estamos a sós aqui, gostaria de dar uma palavrinha contigo.
— Mesmo? – o rapaz passou a mão nos cabelos. – Interessante. Pois eu também gostaria de conversar com você. Mas antes...
  Ele passou por Cruello e encostou a porta.
— Assim poderemos falar com um pouco mais de privacidade.
  Silêncio. Ambos se encaram e quando começaram a falar, o fizeram ao mesmo tempo.
— Está bem, fale você primeiro!
— Oh não, por favor. – Javier fez um gesto. – O senhor pode falar primeiro.
— Ótimo. Assim resolvemos isso mais rápido. – Cruello jogou os cabelos para trás com os dedos. – Seguinte, não vou me estender muito porque não sou de enrolações e vou direto ao ponto. O que você quer com a Igraine?

  Javier piscou.
— O que eu quero? Como assim?
— Não se faça de sonso, que eu sei que você não é! Conheço bem bofes da sua laia!
  Javier observou com o cenho levemente franzido enquanto Cruello acendia um cigarro, colocava-o na piteira que sempre levava consigo. Aquela combinação de um acessório de elegância antiquada junto com uma combinação de jeans e blusão, era algo totalmente sem sentido. Mas mesmo assim, em Cruello tudo ficava bom.
— Conheço bem tipinhos como você. Todo cheio de predicados, besuntados em ideologias bonitas e politicamente corretas, engajado na moda do ativismo, um super-herói idealista de proteção ambiental e animal, com um corpo escultural igual de modelo de capa de revista, sorriso de comercial de pasta de dente, cabelos super hidratados, o melhor exemplo de homem que a maioria das mulheres, e outros homens também, simplesmente elegem como alfa perfeito! E exatamente por ter essa certeza, são estratégicos!
— ...estratégicos?
— Sim!
— Ok, admito. – Javier suspirou, fingindo-se vencido. -  Sou estratégico. Mas eu não tenho nenhum interesse amoroso ou sexual na Igraine.
— Ah vá! Igraine é bonita e tem um ótimo corpo, além de ter uma personalidade bem fofas e inocente mas que esconde um lado bem..não importa! O que importa é, como assim não teria interesse nela?! – Cruello colocou ambas mãos na cintura, irritado. - Cruello Devil aqui se interessou por ela, então é natural que qualquer homem normal se interesse, já que eu, um Devil, me interessei! Então, até parece que vou acreditar na balela que você não tenha interesse nem Igraine! Ainda mais depois das atitudes educadas e gentis demais pra cima dela! E como a Igraine é inocente e um pouco tapadinha, fica toda iludida com seus grandes talentos! Não que eu não confie no meu taco, o meu taco é muito bom e não tenho porque ficar com ciúmes, mas a Igraine ficar iludida e começar a cogitar o absurdo que você poderia ser um melhor partido que eu é algo que eu não vou permitir! Não vou permitir mesmo que você tente enganar a Igraine só porque tem um interesse amoroso e sexual nela!
— Eu tenho um interesse amoroso e sexual em você.

  Um silêncio pesado se instaurou na pequena sala. Cruello demorou alguns segundos para processar o que acabara de ouvir e, como se mantinha parado, isso soou para Javier como um convite. O rapaz contornou a mesa, caminhando como se fosse um felino. E Cruello só percebeu quando Javier já estava perigosamente próximo de si.
— O..o que você está querendo?!
— Ora, acho que é bem óbvio e acredito que você também.
— Assim... – Cruello deu um sutil passo para trás. – Eu sei que sou irresistível e que desperto a libido de pessoas de ambos os sexos mas, confesso, estou um pouco intrigado.
— Intrigado com o quê?
— Você nunca deu qualquer indício de que tinha algum interesse em mim. E olha que sou muito perspicaz! – Cruello deu um sutil passo para trás. – Você e Igraine...
— Somos apenas amigos. Ela é uma garota muito legal e devo dizer que no primeiro momento achei que ela pudesse ser um páreo duro, digamos assim. Igraine só foi uma desculpa para eu chegar até você.
   Javier sorriu de forma leonina, se aproximando de Cruello que deu alguns passos para trás mas acabou batendo o quadril na mesa.
 - Você sempre foi inacessível Cruello. No topo da alta sociedade, exalando testosterona mesmo em um ambiente no qual muitos homens não possuem ou se possuem, raramente demonstram. Mas como eu poderiam me fazer notar e atrair seu interesse se eu sou um ativista de renome e você é um empresário cuja empresa sempre foi envolta em grandes conflitos com os ativistas. Mas...eu senti e tenho esse lado meio místico, sabe...de que você não é radical como sua tia e sim maleável. Muito maleável. E liberal. Deliciosamente liberal.
— C-como é?
— Ora, Cruello. Eu o acompanho pelas redes sociais há anos. E também já estive presente em algumas boates, anos atrás em que você frequentava. Mas não vamos falar disso agora. Eu sempre o admirei por saber o animal que existia dentro de você.

   Javier começou a passar um dedo pelo peito de Cruello de uma forma erótica enquanto falava de forma ininterrupta, coisa que Cruello passou a crer que era uma ática do mesmo, usar lábia e um vasto arsenal de palavras a fim de dificultar que outra pessoa pudesse pensar.
 - Saber que Igraine era tão acessível me fez ver que eu podia estar ao teu lado apenas virando amigo dela. Que mulher não gostaria de ter um amigo como eu? - ele sorriu, enquanto Cruello o encarou chocado. - Eu sei do que você precisa Cruello... Igraine é bonita, mas sem sal. Eu sei que você precisa de algo que te preencha, que te excite, que coloque o seu lado animal para fora!
— ...e está insinuando que...
— Sim, eu! Olhe para mim. Você mesmo admite que sou um excelente partido. E por sermos duas pessoas famosas em lados tão opostos, nossa união poderá fazer um grande sucesso. Imagine a popularidade e referência que causaremos e seremos! – Javier sorriu, com charme. -  Haverá polêmicas, claro, mas podemos usar isso em nosso favor para fortificar as lutas por nossos ideais e fazer com que tenhamos mais seguidores nas redes sociais e mais patrocinadores para meus trabalhos ativistas e suas campanhas de moda! Somos como o Yn e o Yang e nossa união pública, poderá se tornar rentável em todos os sentidos! Além do mais, eu sempre o acompanhei pelas redes sociais, mas quando finalmente o conheci pessoalmente, senti uma imensa atração por você. E foi difícil resistir...até agora.

   Cruello abriu a boca pra falar, mas Javier, como um felino, avançou sobre ele, segurando sua cabeça e o beijando com intensidade. Em choque, Cruello apenas reagiu por instinto e fechou os olhos enquanto o outro forçou seu corpo contra o dele, o fazendo tombar sobre a mesa.
— MAS O QUE É ISSO?!
  Cruello e Javier quebraram o beijo e olharam surpresos na direção da porta e pela primeira vez, em muitos anos de sua vida, Cruello sentiu seu coração palpitar. Ali na entrada, estava Igraine. O rosto dele era pálido, lívido, os grandes olhos arregalados. E ela não estava sozinha. Atrás dela, procurando ver o interior da sala, estavam Yumie e Arkin. E ao lado de Igraine, lutando para ganhar espaço para assistir á cena estava, para seu horror, Patrick Star.
— VAMOS, CRUELLO! ME EXPLICA ISSO!
— Eu...eu...posso explicar.
— NÃO HÁ NADA PARA VOCÊ ME EXPLICAR! – ralhou Igraine. – EU VI!
— Mas você pediu para ele explicar...
— Cala a boca! – gritou Igraine se voltando para Arkin. – Eu não pedi tua opinião!

  O loiro encarou Igraine em choque. Como ela ousava falar com ele desse modo? Ele era uma autoridade real, poderia muito bem lhe fazê-la pagar por tamanha desobediência.
— Isso tudo é um equívoco! Embora pareça determinada coisa, não é. E eu tenho uma explicação bem plausível para isso!
  Cruello falou, mas ainda tento Javier parcialmente em cima de si. Quando percebeu, tratou de empurrar Javier e se colocar de pé, sentindo-se atordoado.
— Não tem que me explicar! EU VI! – Igraine tremia de raiva, seus olhos enchendo-se de lágrimas. – É a segunda vez que eu me deparo com você sendo agarrado por alguém! Na primeira, tudo bem, porque aquela louca da Charlene tinha te dopado mas agora...você veio até aqui pra se agarrar com o Javier?!
— Eu não estava me agarrando com ele!
— ...ainda.

  Cruello se virou para o loiro indignado mas foi Igraine quem falou.
— Javier! Eu...eu estou chocada com você! Pensei que era a fim de mim que você estava!
— Pensou errado, amiga. Desculpa.
— Ahá! – Cruello se virou, colocando as mãos na cintura. – Então você percebeu que ele possivelmente estava á fim de você! E se fingindo de sonsa enquanto aceitava os gracejos dele!
— Não fuja do assunto, Cruello!  Eu acabei de te pegar me traindo...e ainda no MEU local de trabalho!
— Eu não estava traindo você, criatura! Ele que veio pra cima de mim!
— Ah e você como sempre é a vítima! Não é você mesmo que sempre diz que ninguém resiste á você, que não tem culpa de ser isso e aquilo?! Eu estou chocada! Muitos falavam que você era afetado e com tendências suspeitas mas pelo nosso relacionamento, eu não acreditei que você poderia ser gay!
— Eu não sou gay, Igraine!
— Ele é bi.
— QUÊ?!
  Todos se voltaram para Arkin.
— Ora, ele é.
— Fica quieto, Alexsander!
— Não manda eu me calar, Christian!
— Olha só, o barraco só aumenta.
— E o que você está fazendo aqui, seu beócio?! – ralhou Cruello pousando os olhos em Patrick. – Você aqui não faz o menor sentido! De onde você veio?!
— Eu vim até aqui para oferecer meus serviços de jornalista conceituado para fazer uma matéria sobre a ONG...
— Mentira! Veio aqui para stalkear e extrair informações sobre mim através da Igraine! Tu não me engana, não!
— Ah, sempre querendo desviar o assunto quando este afeta sua pessoa de forma negativa, não é Cruello? – falou Patrick com o queixo erguido. – Mas não desta vez!
— Concordo com ele!
— Igraine?! Até você está contra mim?!
— Acalma o seu teatrinho! Não vai fugir do assunto!

  Uma discussão se iniciou. Igraine vociferava, Javier rebatia, Patrick se metia, Arkin tentava apaziguar e Cruello começava a dar chiliques. Yumie não se conteve, entrando no meio da confusão.
— Parem já com isso! Estão assustando os filhotes!
  As vozes foram se calando, com os olhares recaindo sobre Yumie, que apontava para as gaiolinhas onde ficavam os filhotes de gatos e cães que pareciam realmente amedrontados com toda aquela algazarra.

— Se vão continuar com essa gritaria, vão gritar lá fora!
  E era isso mesmo que eles iriam fazer.

~*~


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Notas finais do capítulo

E aqui se foi um capítulo que demorou tanto para ser feito! Queria poder dizer que o próximo não demorará para ser lançado, mas não posso prometer algo que provavelmente não conseguirei cumprir.
Eu acho que este capítulo ficou abaixo do que eu queria, mas procurei fazer o melhor possível.
O real interesse do Javier foi algo que eu havia pensado desde que criei o personagem e cheguei mesmo a colocar sutis indícios, mas acho que foram tão sutis que ninguém percebeu haha.
O Arkin foi um pequeno agrado para minha amiga Hime, a maior apoiadora dessa história e do Cruellinho desde início. Achei que precisava colocar uma participação dele, nem que fosse para lançar um pouco de luz no passado enevoado do Cruello.
Enfim por enquanto é isso. De novo, obrigada á todos pelo carinho e apoio. E ate o próximo capítulo!



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