The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como é tradição, demorei um pouco mas aqui está novo capítulo da fic! Esse capítulo foi fluindo melhor á medida que eu fui escrevendo porque eu já tinha em mente as linhas gerais de algumas cenas. Mas mesmo assim até conseguir organizar tudo isso tive um pouco de trabalho. Mas enfim..aqui está o capítulo e espero que tenha ficado bom. Agora que já sabemos que Cruello é completamente apaixonado por Igraine, não significa que as coisas vão ser simples porque em se tratando de Cruello, tudo sempre complica!
Esse capítulo deu uma suavizada na trama, já que nosso casalzinho reatou (na verdade eles nunca realmente se separaram rs) mas logo as coisas voltaram a ficar atribuladas.
E para quem não sabe, a fanfic logo estará começando a entrar na reta final mas muita coisa ainda vai rolar! Agradeço imensamente á todos os leitores que acompanham e incentivam a fanfic. Muito obrigada!
Chega de papo e vamos á leitura!



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~*~

— Se você sabia que DoisTons estava grávida, por que não me avisou, Nanny?

  Na mesa da cozinha, Cruello e Igraine comiam avidamente o lanche da tarde que Nanny lhes preparara. Ela serviam ais uma xícara de café para Cruello, qe pegava o terceiro pão de queijo e passava requeijão por cima.

— Ora Igraine, eu imaginei que você  soubesse... a Dois Tons estava mais dorminhoca e comilona...Aceita uma fatia de bolo, senhor Devil? - Nanny ofereceu a fatia para Cruello.
— ..o.brigado.
— Mas... dorminhoca e comilona ela sempre foi! E ela nem estava barriguda, no fim estava esperando só um bebê então..deveria ter me falado que estava suspeitando da gravidez dela!
— Eu acabei esquecendo, muita coisa na minha cabeça, muita responsabilidade....e ora Igraine, você estava bem ocupada com outras coisas!   E pelo que vi, estava muito ocupada na hora do parto também!

   Igraine corou enquanto Cruello parecia ocupado demais em comer mais uma fatia de pão com requeijão enquanto verificava as notificações no celular.


—  Mas o que me surpreendeu nem foi a confirmação de que DoisTons estava grávida e iria parir justo hoje mas com o que vi quando cheguei no quintal!

**flash-back**


— Agora temos que esperar a Nanny voltar.. .- Igraine direcionou-se para o tanque a fim de se lavar... - Vou ver se tem alguma roupa seca na lavanderia.
— Quanto tempo faz que estamos aqui? - resmungou Cruello. - Eu preciso ir para a Devil's! Tenho trabalho a fazer, reuniões, contatos...tanta coisa pra fazer e eu aqui, sentado no chão de um quintal imundo olhando uma cadela que acabou de parir um rato branco!
—Ah Cruello, me poupe... o que você veio fazer aqui mesmo?? - Igraine alfinetou - Não estamos nem a meia hora aqui.


— Para mim já é tempo demais! Maldita hora que resolvi ver qual erao barulho no quintal. Se tivesse ficado quieto, teríamos namorado mais um pouco, sua cadela teria parido de qualquer jeito e eu já estaria indo embora para o meu trabalho.
— Ora, ora... - Igraine sorriu divertida - Não reclame, veja pelo lado bom...estamos só eu e você aqui fora, em trajes mínimos... e bem... nos podíamos usar esse tempo para namoramos mais um pouco?

Cruello a mediu de cima á baixo e um sorriso tremeu em seus lábios.


— Não está saciada ainda?
  Ela sentou-se no colo de Cruello e logo ambos já estavam a trocar longos e intensos beijos. Nunca em sua vida Cruello pensara que chegaria o dia em que transaria em uma lavanderia mas também nunca imaginaria que transaria em um celeiro.
— Espera, espera!
— O que foi?
— Não podemos fazer isso. Não aqui, não agora.
— Por quê? Estamos presos aqui mesmo sozinhos, sem nada pra fazer.
— Não estamos sozinhos.

    Ela indicou com os olhos Furacão que arfava e abanava o rabo e para DoisTons que lambia o filhote e em seguida olhava fixamente pra eles.

— Eu...- Igraine começou. – Não posso fazer isso na presença deles!
— ...são cachorros! Não entendem nada disso!
— Eles são inteligentes, sim! Não posso fazer sexo com eles assistindo! DoisTons acabou de parir, ela pode ficar em choque e o filhote presenciar isso pode ser traumático para a formação dele!

    Ela saiu do colo de Cruello e foi acariciar DoisTons, deixando Cruello estarrecido.
   Com um suspiro frustrado, ele recostou-se na parede amaldiçoando a própria situação. Olhou com raiva para o filhote branco que mamava. Era tudo culpa dele.

— Droga, de torneira que não abre!
  Ele olhou para Igraine, que estava debruçada no tanque.
— Pode me ajudar aqui?
— ..por quê?
— Ora, por quê! Eu preciso de água!
— Você abriu essa torneira antes, deve conseguir agora.
— Eu acho que fechei com muita força! – ela esperou alguma manifestação da parte dele, que não ocorreu. – Será que tenho de pedir com todas as palavras pra você me ajudar?
  Com um resmungo, ele se levantou.
— Sai, deixa eu ver isso.

  Ele tentou abrir, sem sucesso. Forçou um pouco mais mas parecia que estava emperrada. Girou-a com força, sem sucesso.

— Que raios de força você usou para fechar essa porcaria?
— Eu não sei! Pode ser que pegou pressão, essa torneira anda pingando e sou totalmente contra o desperdício de água. Então sempre acabo tentando apertar bem a torneira pra fechar. Mas ela está meio enferrujada e pode ser que tenha emperrado.
— ...existe alguma coisa nessa choupana que está funcionando corretamente?
— Primeiramente minha casa não é choupana. Segundo é  uma casa antiga que requer reformas mas eu não sou rica como você que posso ter dinheiro para bancar tal coisa de uma vez. E terceiro...senão tem capacidade para abrir uma torneira, apenas admita e não fique querendo criticar minha casa!
— Mas você está realmente muito bocuda hein, garota? Você não era assim no começo do relacionamento!
— Desculpe se te decepciono! Mas não aguento mais...
— Ou ficou assim por conta da convivência com Scarlet ou quando quebrei teu hímen também quebrei seu selo de bocuda!
— ...como pode dizer uma coisa dessas com tamanho descaramento?!
— Eu falo mes...AAAAAAAH!

     Cruello girar com força a torneira, rompendo-a e fazendo um jato forte de água atingi-lo no peito.
— Mas que carralho!!!! Faz alguma coisa!!! Eu vou me afogar!!

  Igraine rapidamente foi até o registro, desligando-o. A pressão da água foi diminuindo até cessar por completo. Cruello olhou pra si mesmo encharcado.
— Eu já não aguento mais isso!
    Ele se afastou, olhando para a calça encharcada. Tão absorto consigo mesmo que por pouco não pisou em cima do filhote recém-nascido.

— TOMA CUIDADO! Seu insensível! Quase pisa no bebê!
— Olha o estado em que fiquei! Essa calça custa uma fortuna, sabia?! Agora estou todo molhado e posso acabar me resfriando!
— Tire a calça e coloque pra secar! Aproveita que não tá chovendo e tem um vento, seca rapidinho!
— E eu vou ficar de cueca?!
— Eu estou de calcinha e sutiã e não estou reclamando!

      Irritado, Cruello tirou a calça e a colocou no varal, ficando apenas de cueca e sapatos porque nunca que iria pisar naquele chão com pés descalços. Percebendo o quanto ele parecia irritado, Igraine se aproximou (não sem antes verificar se estava tudo bem com o filhote).

— Não fique assim....até que não é  de todo ruim você ficar desse jeito. Pelo menos pra mim...
— ...não venha querendo me bajular por conta da minha bela aparência. Estou aqui e você não quer me agarrar porque acha que um cachorro vai ficar traumatizado!
  Ele cruzou os braços no peito, emburrado.
— Okay, se é assim que prefere. – ela se sentou no chão, encostando as costas na parede. –Vamos ter que sentar e esperar por ajuda.
— ...você poderia muito bem pegar alguma ferramenta e tentar quebrar a fechadura da porta. Ou enrolar a mão em um pano e quebrar o vidro da janela da cozinha e entrar por ela.
— ...se está com essas ideias, por que você mesmo não faz?
— E correr o risco de me machucar? Não, obrigado!
— ...Devs faria isso sem problemas, ele até levou um golpe de canivete na barriga pra me salvar anos atrás.

     Silêncio. Cruello  observou entediado DoisTons lamber o filhote que logo caiu em sono profundo. Aquela coisinha só comia, dormia e cagava. Cruello suspirou e se sentou ao lado de Igraine (não sem antes verificar se aquela parte do chão estava limpa).
— Sente tanto assim a falta Dele?
— ....por que fala como se ele fosse outra pessoa? Você sofre de dupla personalidade por acaso?

  Ele apenas revirou os olhos e não disse nada. Igraine pensou um pouco antes de falar.
— ...pode ter sido por apenas um dia mas...quando te conheci naquela vez, você era uma pessoa muito diferente do que se tornou atualmente. Entendo que talvez devido há tantas responsabilidades e ter que se adaptar á vida da alta sociedade não tenha sido fácil e precisou passar por mudanças. O pouco que já tive que fazer para o  desfile já me fez perceber o abismo de diferença da minha realidade para a realidade da riqueza mas...você sempre foi rico, certo? Porque antes você se tornou um punk? E por que depois que herdou a Devil’s abandonou tudo da sua época de punk? Quando te conheci, me pareceu que você gostava muito de ser e agir daquele jeito.
— ...tive meus motivos.
— Quais?
— São coisas do meu passado, Igraine. Já foram.
— Por quê não quer me contar? Eu...gostaria de saber.
— Não quero falar sobre isso. É desnecessário e estou muito bem sendo como sou atualmente.
— Mas eu gos...
— Você fica exigindo que eu fale sobre meu passado e minha vida antes de eu ser o que sou agora. Vejo que está bem curiosa mas a vida é minha e eu não estou á fim de falar sobre coisas que já foram. Eu também não sei nada do seu passado exceto sua vida de camponesa ordenhadora de vacas e vidinha caipira na fazenda dos avós!
— Você pelo menos conheceu pessoas da minha família! Não meus pais , mas aqueles que fizeram papel de avós e pais pra mim. Eu já não conheci ninguém da sua família, na verdade acho que nem a mídia conhece, tirando Cruella Devil.
— Bom, então me fale de seus parentes, primos, tios...pais! Se é casos de família que quer discutir.
— Eu gostaria de saber um pouco mais da sua família, de conhecer ela.
— Não há nada que precise saber sobre minha família e não há ninguém dela para você conhecer!

     A forma como ele dissera aquilo, a fizeram concluir que não conseguiria obter mais nenhuma informação dele. Que Cruello se alterava fácil e dava xilique por qualquer coisa, era fato e já estava até se acostumando. Mas a forma como ele se alterara somente por estarem tocando no assunto “família Devil” o fazia se alterar de um jeito...diferente.
    Talvez, assim como ela, ele não tinha bom convívio ou talvez até mesmo contato com os pais. Até porque para uma pessoa aceitar conviver com Cruella Devil, seria ou muito gananciosa ou muito desesperada.
    Deitou a cabeça no ombro de Cruello, pegando uma das mãos dele entre as suas. Ele nada falou, mas também não se moveu, exceto  e entrelaçar os dedos aos dela.

~*~

    Alguns minutos se passaram e Cruello já estava cogitando a possibilidade de comer carne de cachorro caso sentisse fome quando escutaram o som de panelas batendo na cozinha.
— SOCORRO!
  Ele se levantou de um pulo, deixando Igraine aturdida.
— Socorro! Estamos presos aqui!
— Cruello, espere você está...

     A porta foi aberta e surgiu Nanny armada com uma faca de cortar carne em posição apta para perfurar o meliante  que quisesse invadir a casa. Ao ver Cruello, Nanny parou estática, medindo-o de cima a baixo.

— Meu santo Jesus Cristo! É tudo isso que Igraine passa a mão?
— ...aaah! – ele tentou se cobrir com as próprias mãos. – Pare de cobiçar meu corpo desse jeito, sua funcionária do lar ordinária!
— Olha o respeito comigo, moleque! Eu sou a fiel governanta desta casa e não uma simples funcionária!
— Nanny, que bom que você chegou! – Igraine caiu em seus braços. – Tanta coisa aconteceu que eu estou em choque!
— ...eu também, Igraine... – falou a mulher olhando para Cruello que pegava a calça no varal, ficando de costas pra elas de modo a deixar todo o contorno e tamanho de sua bunda visíveis. – Eu também...

** fim do flash-back **


Mas realmente, o filhote é uma gracinha! – falou Nanny olhando pela porta o filhote que recomeçara a mamar. – Me conte como foi o parto!

    Após engolir um pedaço de pão, Igraine começou a contar todo o processo. Em um dado momento Cruello desistiu de continuar comendo e apenas terminou o café.
— Você se saiu muito bem para uma primeira vez como parteira, Igraine. Parabéns!
— ...sim. Mas eu não teria conseguido sem a ajuda e encorajamento de Cruello.
—  Vou embora, preciso trabalhar. – ele cortou se levantando. – Obrigado pelo lanche. – Vou me vestir e pegar minhas coisas.

     Igraine e Nanny trocaram um olhar mas nada disseram.

— Igraine, acho bom você ir para a ONG, já está bem atrasada e pelo que me disse está tendo trabalho lá, Yumie deve estar precisando de você. – ela abriu a boca pra falar. – Não se preocupe, eu ficarei aqui de olho na DoisTons e no filhote.
— Mas hoje é sua folga.
— Não tem problema! O compromisso que eu teria precisou ser cancelado por conta de um imprevisto então não tem problema. Vou pegar o restante do dia para descansar e tricotar um pouco. O novo bebê merece uma caminha bem quentinha!
— Tudo bem então, vou me despedir do Cru...
— Deixa de ser boba! – falou Nanny fazendo um sinal com os olhos e Igraine demorou um pouco antes de compreender. – Será?
— ...ele é seu namorado, não se acanhe e peça. Se ele encher o saco, xingue!

     Igraine foi até a sala,onde Cruello já pusera a camisa e guardava o celular e a carteira no bolso.

— Er...Cruello, posso te pedir um favor?
— ...se for para ajudar do bicho, a resposta é não.
— Não é isso! Eu...eu to atrasada para o trabalho e...se eu pegar um Çonibus, táxi ou essas coisas vou me atrasar mais ainda e ...
— ....você quer que eu te dê uma carona?
— Sim..se não for incomodar.
— Incomodar não incomoda mas...você vive reclamando que eu dirijo como um louco e agora quer uma carona?
— ...se não quiser, tudo bem!

  Ele viu ela se enfurecer e corar. Sorriu com um suspiro.
— Está bem, vamos  eu te levo.
— ...obrigada! – ela ficou na ponta dos pés para beijá-lo. – Vou me trocar.
— Não demore! – acrescentou baixinho. – Quem deve se demorar para arrumar sou eu. Te espero lá fora!
— ...tudo bem!

~*~

  Cruello escorou-se na mureta da casa de Igraine, acendendo um cigarro. Deu uma longa tragada e expeliu a fumaça, fechando os olhos.
Como estava precisando disso!
 Ficar quase oito horas sem fumar estava a ponto de enlouquecê-lo e aquele dia havia sido um caos para sua sanidade mental. Nunca imaginara que um dia chegaria a tal ponto. Desde que se envolvera com Igraine só coisas absurdas e enfadonhas estavam lhe acontecendo.
  Pegou o celular, que finalmente parar de notificar mensagens. Verificou suas redes sociais aleatoriamente mas sabia que precisava voltar para a Devil’s. A reunião que Scarlet marcara com os estilistas não poderia ser adiada. Pior era ter que encarar a morena, que o obrigaria a narrar tudo o que passara e iria debochar dele pelo resto da vida. Ela já deixara bem claro na ligação.

“ A decadência do ser que ficou trancado seminu em um quintal ajudando em um parto de cachorro. Que nível, Cruello...que nível!”

Ele suspirou, dando mais uma tragada no cigarro. Scarlet tinha razão. Ele andava agindo e se metendo em situações que nunca passara á mais de dez anos. Não eram coisas que Cruello Devil deveria se sujeitar. Mas a verdade é que...naquelas horas que passou com Igraine conseguira se desligar inconscientemente do trabalho como raramente acontecia.
  Terminou o cigarro, apagando a bituca na parede e colocando-a em um saquinho que tinha no bolso. Espreguiçou-se, olhando as horas em seu relógio de pulso. Caminhou em direção ao carro mas parou, a chave prestes a abrir a porta do veículo, quando viu Patrick Star caminhando pela calçada em sua direção.

     Mas o que realmente o intrigara não era necessariamente a presença de Patrick Star. Bom, só a simples menção do nome dele já era o  suficiente para Cruello ativar seu sentimento de ranço,o que aumentava quando o via pessoalmente. Patrick vinha caminhando com roupas casuais, óculos de lente roxa para substituir a clássica gravata que costumava usar. Pelo menos nesse ponto Patrick Star tinha senso estético e sabia que roupas casuais não combinavam com acessórios sociais. O intrigante era que Patrick Star andava acompanhando de um cachorro, mais especificamente de um dálmata.
  Ao ver Cruello, Patrick se empertigou enquanto Cruello  suspirava irritado.

— Não tenho culpa se minha presença o incomoda, senhor Devil.
— Fique sabendo que sua presença e sua existência nunca me foram de grande importância. Era só uma chateação constante de um fã impertinente que tentava fingir que não era meu fã.
— Não tenho qualquer apreço por sua pessoa.
— Se não tem, porque adora me perseguir?
— Eu sou um jornalista de celebridades profissional. Querendo ou não, seus excessos e surtos são rentáveis. E a voz do público consumidor é a voz de Deus.

    Cruello fechou a cara e abriu a porta do carro. Nisso, o cachorro que estava na guia que Patrick segurava, se aproximou tencionando cheirar sua perna.

— Ah! Tira esse bicho daqui!
— Agrida meu cachorro e vou te denunciar para os direitos dos animais!
— Eu só estou farto de cães por hoje...e desde quando você tem um?
— Desde sempre...esse é o Romeu. Ele é um dálmata sangue-puro de ótima linhagem! Um verdadeiro varão, repleto de qualidades, não é mesmo, Romeu?

   O cachorro se empertigou, sentou-se e latiu. Cruello fez cara de entojo.

— Realmente não entendo qual graça você, Igraine e as outras pessoas veem em ficar cuidando desses bichos. Só dão trabalho,  custos, estresse e sujeira!
— Romeu é um cachorro muito bem educado e inteligente. Muito embora a personalidade “Don Juanesca” dele o faça gostar de escapar de vez em quando. Nem cercas, muros e grades o prendem quando é dominado pelo instinto. Mas ele sempre volta para casa no dia seguinte então nem me preocupo. É um verdadeiro galanteador campeão canino!

    Enquanto Patrick afagava o cachorro e lhe dava um petisco, Cruello  foi acometido por uma linha analítica de pensamento. Mas ele rapidamente tratou de afastar tal raciocínio. Seria o fundo do poço se ele começasse a pensar em teorias mirabolantes de cunho dedutivo e investigativo envolvendo cachorros.

— Bom, vejo que tem muito tempo ocioso, ao contrário de mim. – falou o empresário. – Com licença.
— ...estranho vê-lo novamente por aqui. Foi enxotado da casa da defensora dos animais de novo? Ou talvez tenha vindo tentar provar que estava certo mesmo estando errado?
—  ....o que está insinuando?
— Não estou insinuando nada. Mas é estranho vê-lo aqui depois do desfile da Devil’s onde você exibiu a garota como se fosse mais um de seus trabalhos bem moldados.
 
  Cruello parou com a porta do carro aberta, encarando o jornalista.

— Por que seria estranho? Ela é minha namorada, todos sabem disso.
— Evidente. Mas convenhamos que o tipo de vida da alta sociedade não é algo com o qual ela está acostumada. Estive na festa...
— ...não por minha vontade, mas precisei manter as aparências. Que fique bem claro.
— ...e pude perceber o quanto ela sentia-se deslocada, coitadinha. – continuou Patrick sem dar ouvidos ao comentário de Cruello. – E os presentes certamente notaram algo de errado ao final da festa, em vista que ela não foi vista depois que...
— Eu não sei aonde você quer chegar...mas por algum motivo tenho a sensação e quase nunca erro nas minhas conjecturas...que você tem tentado prejudicar o meu relacionamento. O que não me surpreende já que você possui uma necessidade doentia de tentar me prejudicar de todas as formas.
— Eu, necessidade doentia de te prejudicar? Não preciso fazer isso, você mesmo se prejudica sozinho!
— Não tem algo melhor para fazer? Como levar seu pulguento para cagar na rua e recolher a merda em um saquinho?
— Não perderei mais meu tempo descendo de nível como você, passe bem!

 
   Mal Patrick dobrara a esquina com seu cachorro pintudo, Igraine saiu da casa e se aproximou de Cruello. Ela usava botas, shorts, meia calça e uma blusa com jaqueta.
— Estou pronta.

    Cruello a olhou de cima á  baixo. Então, aquela possibilidade envolvendo cães e pato e filhote lhe passou a mente mas ele afastou esses pensamentos. Era absurdo que tivesse quase dizendo em voz alta uma hipótese envolvendo vida sexual canina.
— ...o que foi?
— Está bom, a roupa...mas poderia usar maquiagem.
— Ah, não estou muito acostumada....
— Pois deve se acostumar. Ela pode realçar ainda mais seus traços e beleza.
— Me acha bonita?
— ....que pergunta boba e óbvia, Igraine. Vamos, entre no carro.

~*~

 -
É logo ali, naquele portão de metal.
  Cruello estacionou o carro  na frente da entrada da ONG, lançando um olhar acusador para o local. Igraine suspirou aliviada quando o carro desligou. Andar de carro com Cruello ainda se mostrava um verdadeiro choque e pavor para seus nervos. Foram quase cinco vezes que teve certeza de que ele iria colidir contra algum carro ou atropelar alguém. Ou ambas coisas.
— ..Isso é onde você trabalha?
— Sim.
— Está um pouco... – ele fez cara de entojo. – Zoadinha, não? Tipo...talvez uma reforma ajudasse.
— A ONG está precisando de diversos reparos. Ainda que tenhamos a clínica veterinária, ela não pode cobrir os gastos da ONG. Mantemos na maioria, com ajuda de doações e realizamos alguns eventos e palestras para arrecadar fundos. Mas boa parte acaba indo para rações e despesas médicas, assim sobra pouco para cuidarmos da estrutura do local. Mas ás vezes organizamos mutirões de reforma e limpeza entre funcionários e alguns voluntários para mantermos  a ONG ativa e ajudar cada vez mais animais abandonados e vítimas de maus-tratos!

     Igraine falava com tamanha empolgação do seu trabalho que Cruello até se surpreendeu. Ele não tinha esse prazer no trabalho como ele tinha. Se bem que, Igraine não tinha sequer um pingo da responsabilidade que ele tinha na Devil’s.

— Não gostaria de entrar para conhecer?
—  Nem pensar!
— Ora, garanto que o local é limpo. Um pouco barulhento, mas é um ambiente bem carinhoso.
— O fato de eu ter ajudado no parto de um cachorro, contra minha vontade, que fique bem claro, não significa que eu queira ter mais contato com animais. Hoje já tive experiência o bastante para me traumatizar por meses!
— Estou só brincando....obrigada por ter me trazido aqui.
— Vai voltar como para sua casa?
— Certamente Yumie irá querer conhecer o bebê de DoisTons e vou com ela para minha casa. Precisamos escolher um nome para o filhote!
— Não ouse colocar o nome de Cruello naquele bicho!
— ..eu não disse nada.
— Mas pode ter pensado! Não OUSE. Bom, já está entregue.
  Igraine abriu a porta do carro, tirando o cinto e colocando a bolsa á tiracolo.
— Não está esquecendo alguma coisa?

      Antes que ela falasse, Cruello a segurou pelo pulso, puxando-a para perto de si e cobrindo sua boca com um beijo.
— ...onde já se viu... – ele falou quando seus lábios se afastaram. – Se despedir sem beijar um homem como eu?
— ...você é muito convencido.
— Mas bem que você gosta.
— RAPOSAAAAAAAA!!!
— ..quê?
— SEGURA A RAPOSA!!! SEGURA! ELA VAI FUGIR!

     Igraine viu que o portão da ONG fora aberto e um homem surgira por ele, mas sua atenção focou-se na mancha alaranjada que disparava em alta velocidade, exatamente na sua direção. Como que por impulso e com um reflexo rápido, ela conseguiu segurar a raposa que corria antes que a mesma passasse por debaixo do carro e atravessasse a rua.
  O animal soltou um ganido e começou a se debater enquanto Igraine tentava mantê-la em seus braços.
— Calma, calma, está tudo bem garota, cal...AIEEE!

    A raposa mordera-lhe o pulso e com a dor e susto, Igraine afrouxou os braços fazendo com que a raposa escapasse. Mas o anima caiu diretamente no banco do passageiro. Cruelo encarou a raposa, que o encarou de volta e arreganhou os dentes.
— Ah! Sai pra lá, coisa do demônio!

  A atitude dele assustou o animal que saltou sobre ele, que gritou desesperado e deu um tapa na raposa, qwue se irritou, avançou sobre ele e depois começou a correr e saltar loucamente pelo carro.
— SOCORRO!  - gritou Cruello. – Tem um demônio no meu carro! TIRA ISSO DAQUI AGORA!
— Fica calmo, você está assustando ela!
— Ela é que está me assustando!!!! Se eu for mordido por isso, posso contrair raiva!

     Igraine se pendurou no banco do passageiro, tentando alcançar a raposa que estava riscando vidro de trás do carro e ao ver isso e o tanto de pelo nos bancos pelo retrovisor, fez Cruello abandonar o pavor e ser dominado pela fúria.
— O MEU CARRO!! Esse bicho está destruindo o meu carro! EU VOU TRANSFORMAR ESSA COISA EM UM PAR DE LUVAS AGORA!
— Não ouse machucar ela!
— Antes ela do que eu ou o meu carro!

     Munido de coragem, Cruello tencionou pular para o banco de trás armado com uma piteira que sempre mantinha no carro. Igraine tentou segurá-lo e aquilo deixou a raposa mais assustada e irritada. Ela passou por debaixo dos bancos, surgiu perto do volante (fazendo Cruello soltar um berro) e pulou para o banco do passageiro. Nesse momento, Cruello estava debruçado no banco do motorista e Igraine conseguira saltar para o banco de trás. A raposa, em vez de aproveitar a porta aberta para escapar, virou-se para Cruello, se agachando no sofá, arreganhando os dentes, as orelhas para trás enquanto a cauda se agitava freneticamente.
— ...ela...ela está preparando para atacar...

  Igraine não precisava dizer para que Cruello também concluísse isso. Ele recostou-se no vidro, encarando o animal que parecia prestes a desfigurá-lo. No momento que a raposa emitiu um ruído e saltou sobre ele, Cruello levou as mãos ao rosto em um gesto instintivo. Mas antes que a raposa o atacasse com garras e dentes, um braço e mão fortes a seguraram pelo cangote e logo o braço levando a raposa se moveu para fora do carro.
  Cruello sentiu-se aliviado e logo ele e Igraine puderam ver que os brçaos fortes seguraram a raposa com firmeza mas com delicadeza e a colocaram em uma gaiola que um dos funcionários havia trago. Na entrada da ONG os demais funcionários já estavam a observar o ocorrido, incluindo Yumie.
— Está tudo bem! – falou uma voz grave. -  Consegui resgatá-la.

  A pessoa se afastou para entregar a gaiola com a raposa nas mãos de Yumie, enquanto Cruello e Igraine saíam do carro.
— Vocês estão bem? Foi um susto e tanto, não?

     Quem lhes sorria era um homem alto, jovem, forte e elegante. De cabelos ondulados até o pescoço puxados um pouco para trás mas com alguns fios rebeldes lhe caindo sobre os olhos  verdes, ele possuía traços bem delineados, queixo firme e um pomo-de-adão latente. Sua pele morena e bronzeada se realçavam pela bata branca que usava, com um decote em V que deixava evidente que possuía um corpo bem formado. Bonito era pouco para defini-lo.
  Ele encarou Igraine, e abriu um sorriso radiante de dentes brancos.
— Foi  um susto e tanto, imagino. Essa raposa foi bem esperta, foi abaixarmos a guarda por um segundo que ela escapou.  Você deve ser Igraine, não? Sua forma de segurar a raposa foi incrível! Tem reflexos muito rápidos.
— ..o-obrigada.

     Cruello se aproximou dos dois, olhando desolado para o próprio carro, temendo o estrago que veria quando fosse averiguar.
— Oh, olá.
  Cruello se virou, encarando o rapaz de olhos verdes, que aparentava ter mais ou menos a mesma idade e porte dele. O rapaz demorou alguns segundos até piscar e estender a mão para o empresário, sorrindo de forma simpática.
— Sou Javier Jandras.
— ...ahn...prazer. – Cruello aceitou o cumprimento, quase sem relar os dedos na mão do outro. – Sou Cruello Devil.
—  Já ouvi e vi muito sobre o senhor! É um imenso prazer em conhecê-lo! O senhor é exatamente igual como aparece nas fotos.
— Oh, obrigado! – Cruello sorriu, ajeitando os cabelos. – Ainda que não esteja no meu maior requinte devido ao ocorrido, ainda consigo manter minha boa aparência.

     Javier encarou Cruello por alguns segundos até se voltar para Igraine.
— Então realmente estão namorando, como disse a mídia...Parabéns.
  Igraine corou ao ver o sorriso belo que ele lhe dirigia.
— Ahn..senhor Jandras...
— Me chamem apenas de Javier.
— Javier...o que o senhor faz por aqui?
— Yumie não lhe contou? Eu sou o novo funcionário-voluntário da ONG! Seremos colegas de trabalho á partir de hoje!

     Igraine deu um pequeno sorriso surpresa, enquanto Cruello voltava os olhos lamentosos para o próprio veículo invadido por uma raposa, sem notar que Javier lhe lançara um sutil e suspeito olhar.

~*~


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Notas finais do capítulo

E assim o capítulo foi concluído! Espero que tenha ficado razoável, procurei fazer o meu melhor mas tem momentos que é tão difícil! E com o tempo sempre passando rápido, novos projetos pipocando na mente etc...
Pelo visto, Cruello realmente não tem descanso na vida dele, tadinho...
Mas é cada coisa também que acontece com Cruello envolvendo a Igraine..ele mal se recuperou do fato de ajudar no parto de um cachorro, agora já tem seu carro atacado por uma raposa! Mas o que é esse cara aí que apareceu na ONG? Será um novo aliado um novo problema que acaba de se manifestar?
Isso saberemos (talvez) no próximo capítulo! Agradeço imensamente ao apoio e incentivo de todos! Sem vocês, essa fanfic não estaria onde está! Obrigada!!!
E enquasnto o novo capítulo não vem, confiram minhas demais fanfics no meu perfil!



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