The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Novamente peço desculpas pela demora em atualizar a fanfic. Mas dessa vez surgiram uns problemas pessoais e quando percebi o tempo passou voando e já era momento de pensar no capítulo novo da fic...É froids isso porque a cabeça fica á mil, sempre tem um catatau de coisa pra fazer e quando vejo já passou o tempo e estou em cima do prazo para atualizar. Eu também tive uns problemas pessoais relacionados á saúde de minha mãe (ela agora está bem) que acabou não apenas me tomando tempo, mas também travando minha criatividade e gerando atraso em várias coisas, incluindo a fanfic.
Mil desculpas!
Quero agradecer á todos que apoiam a fanfic sempre, que deixam comentários e que acompanham essa história! Sem vocês essa fanfic não estaria com tantos capítulos! Mas chega de papo e vamos á leitura! Espero que gostem!



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~*~


A viagem de volta seguia sem grandes transtornos. Igraine ainda sentia-se entorpecida pelo que acontecera na noite anterior: sua virilha latejava  e as pernas pareciam um pouco bambas. Mas aquele silêncio no carro estava começando a incomodá-la pois o pouco que estava conhecendo sobre Scarlet, já sabia que ela não era uma pessoa calma. E até o momento Scarlet não tivera qualquer tipo de surto relevante acerca do fato de que uma garota simplória (como ela mesmo dizia) havia passado  a noite com Cruello.

     Aquilo era bem estranho.
   Olhou através da janela. Aquela parte da rodovia era visivelmente deserta na manhã de domingo, tendo apenas campos e mato de ambos lados. E foi então que um pensamento insano se alojou na mente de Igraine: será que a aparente calma de Scarlet era apenas um artifício para mascarar seu ódio e agora aquela perua pretendia matá-la e enterrar seu corpo em alguma parte da estrada?

— Não vou fazer isso.
— Hein?!
   Igraine se virou para ela com olhos arregalados. Seria Scarlet telepata ou cometera o deslize de fazer o comentário em voz alta?

— Não preciso ter poderes para saber o que uma garota simplória como você está imaginando. Relaxe, eu não cometeria um homicídio.
   Quando Igraine relaxou, a morena continuou.

— Não que eu não queira. Na verdade é uma ideia tentadora te matar, mas além de ser muito trabalhoso e nojento se livrar de um corpo, há toda uma avalanche de problemas e processos caso descobrissem.
— Nossa, senhora Scarlet...
— Senhorita ou madame! Não sou velha, não!
— Hãn...senhorita Scarlet...sei que não sou uma mulher digamos, “grande coisa”...
— Ainda bem que reconhece.

  Igraine se controlou para não rebater a ofensa.
— Mas não pensei que você me odiasse tanto...
— Eu não odeio. O problema é que você não é algo que eu havia programado para aparecer na vida do Cruello. Ainda mais agora que havia tantos planejamentos promissores!
— ...como assim?
— É uma história repleta de questões estratégicas altamente capitalistas e racionais que você não iria concordar.
— Me conte. Quem sabe eu posso compreender. Estou disposta a ter novas visões e quem sabe rever alguns conceitos.

   Scarlet suspirou.
— Eu tinha planejado minuciosamente um trato perfeito e satisfatório, uma aliança investidora perfeita, que beneficiaria tanto a Devil’s quanto o sheik. A Devil’s receberia um investimento generoso para aumentar A linha de exportação e marketing...e o sheik teria uma parcela generosa dos lucros investidos. Até o Cruello como pessoa sairia beneficiado e a linhagem Devil ganharia um maior prestígio. Devil e Al-Sahim seriam ligados por dois laços importantes da sociedade e os possíveis rebentos poderiam vir a se tornar o início de uma nova linhagem capaz de controlar até mesmo alguns rumos da história! Uma nova linhagem que dentro de alguns séculos faria as pessoas sentirem o poder que exercem apenas ao ouvir o sobrenome, como acontece com os Rotchild!
— ...linhagem? Mas o que isso tem a ver com o Cruello?
— ...é uma tapada sem ganância mesmo! Eu estava criando um plano genial  para que o sheik decidisse definitivamente casar a única filha solteira dele com o Cruello!
— O QUÊ?!
— ...lá vem...
— Como você é capaz de querer literalmente usar o Cruello como moeda de troca? Por acaso esse tal sheik é  igual aqueles árabes capazes de vender mulheres em troca de camelos? Ganância tem limite!
— São negócios. E seria algo muito benéfico para a Devil’s.
— Mas forçar um casamento por negócios não é certo, onde fica o amor e o carinho?
— Romantismo é para os fracos.
— Eu duvido que o Cruello aceitaria ser literalmente vendido assim!
— Ele entenderia a importância disso á longo prazo, no qual um casamento forçado, digo, arranjado, é capaz de proporcionar. Mas esse plano foi por água abaixo por sua causa!
— Minha causa?!
— Se você não tivesse reaparecido na vida do Cruello, ele não teria se enrabichado por você! Se pelo menos vocês tivessem mantido o caso em segredo, eu poderia barganhar com o sheik  conseguir o casamento e depois estaria tudo tranquilo!
— Tranquilo?! E como eu ficaria?!
— Você poderia ser amante ou segunda mulher. Sabe que na tradição islâmica o homem pode ter mais de uma esposa se ele puder bancar igualmente todas.
— Não acredito que estou ouvindo esse tanto de baboseira! Se quer tanto dinheiro, então por que você não se casa com o sheik e deixa o Cruello em paz?!
— Porque é o Cruello e não eu que consegue gerar lucro! Eu odeio ter que admitir isso mas se aquela bicha afetada se prostituísse ele seria um artigo de luxo que renderia milhões! Mas naaaaaao! Ele tem que vir, depois de tantos anos de solteirice curtindo com geral, resolver ficar monogâmico com uma caipi...

BUM

— O que foi esse estouro?!
— Droga!
   Scarlet diminuiu a velocidade e parou o carro no acostamento. Ao saírem do veículo para averiguar a situação, se depararam com um dos pneus furados.

— Eu não acredito! Porque esse pneu foi furar justo agora?! MALDIÇÃO! – ralhou Scarlet pegando o celular. – E estamos  justamente em um ponto que não há sinal de celular! Eu vou matar aquele incompetente do Alfred!
— ...o que o Alfred tem á ver com o fato do pneu ter furado?
— Não sei! Mas preciso colocar a culpa em alguém! E eu jamais que vou ficar pedindo ajuda na estrada, até parece! Carro idiota! – ralhou ela chutando o veículo. -  Vou me atrasar por causa dessas porcarias! Aposto  que é recalque de alguém!

  Igraine revirou os olhos. Agora entendia como Scarlet e Cruello conseguiam se dar tão bem. Ambos eram surtados e bipolares igual.

— Calma, de repente é algo que dá pra resolver.
— Como?! O pneu furou! Furou! E não tem ninguém aqui para trocar isso!
— Você tem um pneu de estepe?
— Sim, todo carro tem e está no porta-malas. Mas não adianta ter um se não temos como trocar!
— Você tem um macaco no carro?
— Acha que vou ter um bicho no meu carro?!
— Não macaco animal...macaco é um aparelho que serve para facilitar a troca de pneu.
— Sei lá! Não sou mulher que entende de mecânica de carros! O meu trabalho é dirigir eles!

  Igraine foi até o porta-malas do carro, abrindo e encontrando ali não apenas o pneu mas o tal macaco que procurava.  E então, com uma surpresa crescente, Scarlet passou a observar o que Igraine começara a fazer.

~*~


— Olha, tenho de admitir...estou surpresa com você. Nunca ia imaginar que fosse capaz de fazer o que fez!
  Igraine riu, constrangida.
— Não é tão difícil quanto parece. Quando eu morava na fazenda, o carro do meu avô vira e mexe furava o pneu por causa das ruas de terra então digamos que eu meio que acabei aprendendo.
— ...hum...é interessante. Cruello nunca faria uma coisa dessas.
— Vocês se conhecem há muito tempo, não é?
— Quem lhe disse isso?
— ...Alfred. Disse que vocês três são amigos. Desde os tempos de adolescência.
— ...é...isso foi há muito tempo.

  A viagem seguiu em silêncio e quando Scarlet estacionou o carro em frente á casa de Igraine, a conversa retomou.

— Quinta-feira pedirei que venham lhe buscar para te levar até a Devil’s.
— Hum? Por quê?
— Se você será a acompanhante do Cruello no desfile é imprescindível que se vista e se porte adequadamente! E por você ter sossegado o cio do Cruello e trocado o pneu do meu carro, decidi tentar lhe ajudar a se tornar devidamente apresentável.
— ...oh, nossa...obrigada...
— E também não quero correr o risco de você dar um vexame em um desfile tão importante como esse! Então trate de se dedicar e aceitar o que eu e o Cruello propormos! Nós entendemos de moda!

  Igraine apenas agradeceu com um manejo da cabeça e um “okay” e saiu do carro. Assim que abriu a porta foi recebida com tremenda alegria por seus mascotes que disputavam através de pulos, lambanças e latidos por sua atenção e um afago.

— Meus filhos, meus filhos! – ela se ajoelhou no chão, abraçando todos eles da melhor forma que podia. – Mamãe sentiu falta de vocês! Como vocês estão?
  Ficou ali por alguns minutos, brincando e afagando seus cachorros até que eles se acalmassem um pouco. Se levantou então com dificuldade, sentindo a virilha dolorida.

— A coisa foi tão boa que ela nem está conseguindo se mexer direito, hein!
  Diante do comentário, Igraine percebeu que não estava sozinha na casa. Sentadas no sofá, tomando uma xícara de chá com sanduiches e biscoitos amanteigados, estavam Yumie e Nanny.
— O que vocês estão fazendo?
— Esperando você, é claro! Vamos lá, sente-se aqui e nos conte tudo! Não esconda nada!
— Eu...eu...eu não tenho nada para contar...
— Ah Igraine, pára de enrolação! Nos conte como foi!
— Mas que modos são esses Yumie? – ralhou Nanny. -  Se acalme! Igraine vai nos contar, não é? Não omita nada!
—Contar? Contar sobre o quê? - a jovem corou, mostrando uma inocência que não tinha.
— Bom, acho que nem precisamos perguntar. - Yumie apontou para as marcas na pele de Igraine. - Tá de zoeira ou tudo isso é mesmo chupão do Cruello?
— N-não não é nada disso! Ele só... Ai minha deusa! Não dá para negar! - ela escondeu o rosto atrás do gato Mimo, que pegara no colo.
— Aconteceu!!
— Finalmente, aleluia, ó glória! - brincou Yumie. - Eu estava preocupada que você queria virar freira e via o Cruello como uma tentação do demônio!
— Isso é verdade... - Nanny continuou. - Como você conseguiu resistir á tanto tempo tendo um homem daqueles?
— Ah Nanny, eu não sei! Mas... Foi maravilhoso!! - era sorriu apaixonada - Foi tudo o que sonhei e mais um pouco.
— Conte-nos tudo! - Yumie pegou um sanduiche. - Esse é um momento histórico na sua vida, deve compartilhar! O Cruello é bom mesmo de cama ou ele só posava de bonzão?
— Ai Yumie, como eu posso explicar? Eu não sei definir o quanto foi bom..foi  melhor do que pensei. O Cruello foi tão gentil e paciente , dá para acreditar? Ele..ele... – nesse momento ela corou feito um tomate maduro. – Ele me fez sentir coisas tão boas que eu até perdi a vergonha! Eu sou uma despudorada!
— Ah, entre quatro paredes vale tudo! – confirmou Nanny. - Mas vocês se preveniram, não é?  É muito cedo para você ter acidentalmente um monte de mini-Devils andando pela casa.
— S-sim! Nossa, não mini-Devils não! Se um já é quase impossível de lidar, que dirá mini versões carregando os genes dele!
— Quantas vezes vocês fizeram?
— Isso é muita intimidade, Yumie!
— Heh, pela sua cara foi mais de uma vez! Safada!!!

  A conversa continuou por mais alguns minutos, com Yumie e Nanny exigindo mais informações e Igraine tentando desviar dos detalhes. Era muito bom ter alguém com quem conversar sobre o que acontecera, mas Igraine gostaria mesmo é de ter um momento para si, para pensar e lembrar com calma. Desde que acordara não tivera um momento de descanso.

—  Bom, acho que agora que Igraine já nos contou muita coisa, é hora de deixarmos ela descansar um pouco!
— É...te dei um dia de descanso porque aposto que suas pernas estão bambas mas amanhã preciso que esteja bem e focada lá na ONG! Temos uma ninhada de gatinhos para cuidar!
— Ah Yumie...será que na quinta-feira você pode conseguir me acompanhar em um lugar?
— Bom...acho que sim. Só na sexta que vou receber o ativista do Greenpace que virá pra levar a raposinha para o parque e depois soltá-la na natureza...por quê?
— Bom...é que..o Cruello e a Scarlet exigem que eu vá na Devil’s....eles alegam que irão me ensinar a aprender a me vestir, sei lá. E eu não quero ir sozinha naquele lugar cheio de modelos e estilistas e ficar a mercê do Cruello e da Scarlet! Tenho medo do que eles possam tentar fazer com minha aparência!
— Bom, está bem. Eu te acompanho. Amiga é pra essas coisas!

~*~

  
  Realmente,  aquela semana não estava sendo fácil.
  Para começar, estava com dezenas de coisas acumuladas para fazer, tanto na ONG quanto em casa.  Igraine  decidiu se dedicar e focar no trabalho, chegando até mesmo a fazer horas extras.

“É o mínimo que posso fazer por ter sido tão negligente na ONG nos últimos tempos por causa do Cruello.”

   Ainda que o fim de semana houvesse sido maravilhoso e lhe feito descobrir o prazer de novas experiências (havia momentos em que sozinha, ao se lembrar do que ela e Cruello haviam feito todo o seu corpo reagia e admitia o quanto ficava excitada), sentia-se apreensiva com a avalanche de sentimentos que a dominavam. Mal conseguia acreditar que Cruello era Devs e que um de seus desejos se tornara realidade. Havia se entregado para o único cara por quem nutrira desejo e sentimentos reais e, embora ele houvesse se tornado uma pessoa muito diferente com o passar dos anos, era ele. E ele era Cruello Devil, um dos homens mais cobiçados da Inglaterra.
  Isso lhe causava um arrepio de prazer. Quem diria que ela, uma garota tão simples pudesse estar com um homem daqueles? Mas ela estava. E apesar daquele jeito sempre arrogante, conseguira notar o quanto ele estava envolvido naquele relacionamento também.

Essa certeza até a fizeram criar coragem e voltar a acessar as redes sociais no meio da semana. As críticas vexatórias do fã-clube já não a atingiam mais com a mesma intensidade do início mas constatou, com um certo alívio, que seu namoro com o Cruello já não era o assunto mais comentado dos tabloides. Outra celebridade havia sido alvo de um escândalo envolvendo assédio e todos os militantes e fofoqueiros da web estavam focados em debater tal ocorrido.
Mas qualquer receio ou nervosismo que pudesse ter simplesmente desapareceram quando, ao acessar seu facebook constatou que seu status de relacionamento mudara para Namorando...com Cruello Devil.
  Sabia que não fora ela quem mudara o status do facebook e então isso só poderia ser obra de Cruello. Custando a acreditar, tomou coragem e ligou.

— O que é?
— Boa noite, Cruello.
— ..boa noite. Tudo certo para amanhã?
— É...sim.
— Ótimo. Eu e Scarlet já separamos algumas roupas, calçados e maquiagem. Achamos melhor nós mesmos arrumá-la do que deixar na mão de algum estilista ou maquiador. Não que não tenhamos bons profissionais, temos um quadro de excelente profissionais na Devil’s mas levando em conta sua inexperiência com esse tipo de coisa, achamos melhor primeiramente nós mesmos cuidar disso para que...
— ..está falante hoje. Algum motivo especial?
— Não...Por que teria?
— Eu vi.
— Viu o quê, criatura?
— No facebook...o status.
— Ah...é, eu coloquei. Se todos já sabem, deveríamos colocar e acabar com as especulações.
— Só por isso?
— ...enfim, tá incomodada com o status? Deveria é estar honrada!
  Ela riu.
— Não...só que..bem eu não pensei que você colocaria...mas gostei que tenha colocado.
— Foi só da mudança de status que eu fiz que você gostou? – a voz dele ficou mais provocante. – Ou teve alguma outra coisa?
— ...sim.
— Que coisas?
— Ah, Cruello! Eu fico com vergonha de falar!
— Relaxa, só estamos nós dois nesta ligação...pode falar. Diga o que gostou e eu digo o que gostei...sem pudores. E depois podemos até colocar aqui em prática mesmo.
— Aqui?! Por telefone?
— Sim...é só fechar os olhos, relaxar e deixar a imaginação fluir.
  E aquela conversa se estendeu por horas.

~*~

 
    Na quinta-feira, logo pela manhã, Alfred estacionou o carro diante da  modesta casa.Uma garoa caía incessante desde a noite anterior, obrigando-o a abrir o guarda-chuva para subir o lance de escadas e tocar a campainha.

— Oh, bom dia!
— Bom dia. A  senhorita Igraine já está pronta?
— Ela está terminando de se arrumar! – falou Nanny, sorridente. – Gostaria de entrar para tomar uma xícara de café?
— ..não seria muito incômodo?
— Oh, mas é claro que não! Queira entrar!
  Alfred aceitou e entrou na casa, estranhando a súbita sensação de dejávu.

— Igraine! – chamou Nanny da escada. – O motorista do Cruello chegou! Vocês já terminaram de se arrumar?
— Já já estamos descendo!!!

    Furacão se aproximou saltitante de Alfred, cheirando as pernas do homem. E enquanto Alfred saboreava um café com biscoitos, brincava com Furacão apenas mexendo o pé.
— O senhor parece que leva jeito com os animais. – comentou Nanny. – Tem algum?
— O Cruello é quase um animal quando está estressado então digamos que eu aprendi AL idar... – o olhar dele ficou sério. – Não diga á ele que falei isso.

     Não demorou muito para que Igraine descesse as escadas acompanhada por Yumie.
— Bom-dia, Alfred! Desculpe a demora, mas estou pronta. Ah, essa aqui é a Yumie! Minha amiga que vai me acompanhar hoje na Devil’s...tem..problema se eu levar ela junto?
— Se tiver fala na cara mas te garanto que vou do mesmo jeito!
— ...tudo bem.
— Não vou deixar a Igraine sozinha naquele lugar com aquele bando de ricos obcecados pela moda e...ah tudo bem? Beleza então!
— É melhor irmos porque o senhor Devil e a madame Scarlet estão cheios de trabalho por conta do desfile e disseram que não podem perder tempo. O café estava delicioso, senhorita!
— Oh, obrigada! – Nanny sorriu, satisfeita. – Volte sempre, moço!

~*~


— Caramba! Eu confesso que sempre passei em frente á Devil’s e queria saber como era lá dentro mas nunca imaginei que um dia eu iria mesmo entrar nela!

     O automóvel passou em frente ao imponente edifício de paredes espelhadas e de aparência sóbria da Devil’s. Parou diante de uma guarita que dava acesso a um portão de ferro. Dois enormes seguranças se aproximaram.

— Sou Alfred Raven.
— ...está liberado, mister Raven. O senhor Devil o aguarda.

   O portão foi aberto e o carro desceu por um túnel com acesso a um grande estacionamento no subsolo. Após estacionar o veículo em uma vaga específica, os três saíram do carro.

— Caramba, aqui só tem carrão ostentação! – comentou Yumie. – Ei! Quem é o figurão dono daquele lamborghini?
— ...aquele é  um dos carros do chefinho. Vejam. – ele apontou para a placa. – Todos tem as mesmas iniciais “Devs”. Esse é o preferido dele...eu acho.
  Igraine sorriu ao ver as iniciais.
— Gente! – Yumie se virou para a amiga. – Igraine, trate de pedir para o Cruello te levar para dar uma volta nessa máquina! E tire muitas fotos!
— Por quê?
— Alooou! Para ostentar, é claro! Se está namorando com Cruello Devil tem mais é que tirar proveito das vantagens!

   Seguiram para um elevador e logo chegaram ao hall principal da Devil’s e as duas garotas soltaram uma exclamação de surpresa, boquiabertas. Primeiro porque o lugar era enorme. Depois pelo requinte, claridade e limpeza do lugar. AS decoração era moderna e “clean”,  nas cores branco, preto e vermelho.. Aqui e ali diversas pessoas passavam, cada qual ocupadas e focadas em seus próprios afazeres.

   Igraine não deixou de notar que todos ali eram pessoas bonitas, requintadas ou exóticas. Estilistas, modelos, clientes e funcionários – todos usavam roupas e acessórios elegantes ou chamativos o que a faziam sentir-se inferior, com sua calça jeans e camiseta. Ainda que Yumie não se vestisse muito diferente dela, o cabelo roxo da amiga criava um certo estilo. Elas seguiram Alfred até o balcão principal, onde ele conversou com uma das atendentes, que lhe entregou dois crachás e mantendo um olhar inquisidor sobre Igraine.

 “Acho que ela sabe quem eu sou e é daquelas que odeia o fato do Cruello e eu estarmos juntos..será que devo sorrir e acenar ou apenas ficar quieta?”


— Aqui. – Alfred entregou crachás de visitante para as duas. -  Sei que é chato mas é norma da empresa.
— A Igraine é a namorada do dono da Devil’s, ela não precisa disso! – falou Yumie um pouco mais alto que deveria, ao perceber o olhar da atendente. – Ela tem mais autonomia aqui do que a maioria dos funcionários! Tem que ter passe livre!
— Xiu, Yumie! – ralhou Igraine puxando a amiga pelo braço enquanto se afastavam dali. -  Não precisamos chamar atenção sem necessidade!
— Eu só acho que ninguém tem direito de ficar olhando e criando julgamentos errados sobre a minha amiga! Se o Cruello te escolheu é porque você vale á pena e todos tem que respeitar isso!
— Fico agradecida por me defender mas é a nossa primeira vez aqui e vamos tentar evitar confusão!

     Seguiram Alfred até um segundo elevador no qual ele selecionou o último andar. Mas no quinto a porta abriu e algumas modelos e um estilista espalhafatoso e sorridente entraram. Ele falava ao celular e praticamente empurrou Igraine contra o espelho.
—Eii!! - Igraine retrucou - Cuidado!

     A jovem viu um trio de belas garotas a encararem curiosas. Uma japonesa, uma negra e uma ruiva que sorriram desdenhosas para as duas moças esmagadas contra o espelho.


—Você ouviu alguma coisa, Nicole? - a japonesa sorriu.
—Só Carlos falando alto demais... Preciso ir ao banheiro... Aquela folha de alface não me fez bem - a negra rebateu.
— C-com licença... - Igraine começou, tocando no braço do estilista. - O senhor está pisando no meu pé...
— Caso não perceba, há muita gente aqui! - ele rebateu, arrogante. - Você e sua amiga deveriam ir para a escada! Este elevador é para pessoas importantes da Devil's!
— Você por acaso sabe com quem está falando?
— HOHOHOHO! – gargalhou o estilista de forma afetada diante da pergunta de Yumie. - Olhando para vocês duas... Posso afirmar que são duas integrantes do circo de horrores...

 
   Yumie tencionou puxar o topete platinado do homem, mas a porta abriu e ele saiu escoltado pelas jovens modelos, fazendo comentários vexatórios.


—Tchauzinho, barangas!  A lavanderia é no segundo andar!
— Calma, não vale á pena se estressar com isso.  – disse Alfred segurando o braço de Yumie.
— Vontade de meter a mão na cara daquelas varetas ambulantes e nesse topetudo de uma figa!


   A porta do elevador fechou e continuou a subir.
— Igraine! Trate de humilhar esse povo quando estiver com o Cruello!

 
    Igraine apenas suspirou. Teria que se acostumar com aquela situação, mas aquilo a incomodava.
    Chegaram por fim ao último andar, o qual possuía apenas uma recepção e uma porta fechada.
     Antes que Alfred falasse com a secretária, a porta abriu e dela surgiu Cruello, com seu terno preto impecável e os cabelos bem penteados, fazendo Igraine corar diante daquela visão. Ele a encantava exatamente como na primeira vez que o vira. Se surpreendeu quando em apenas três passadas ele atravessou o hall com seu mais luminoso e estonteante sorriso, agarrou ela pela cintura lhe deu um beijo intenso e apaixonado. Depois de muito custo, Igraine conseguiu afastar-se dele atordoada.


— Bom dia... Cruello... - ela sorriu vermelha.
— Bom dia. - ele repetiu com o sorriso típico. - Está atrasada!
— Desculpe... Eu acabei indo dormir tarde...Culpa de um certo alguém... - ela sorriu.
— Sei...muito bem. - ele a pegou pela mão. - Vamos, precisamos começar a te preparar e o tempo é curto!

      Ele literalmente arrastou Igraine para seu escritório e os demais o seguiram.  Quando a grande porta foi aberta, Igraine se deparou com um escritório enorme, luxuoso e impecável. Havia um tapete vermelho no centro, uma grande mesa de mogno no lado da janela (parcialmente fechada por densas cortinas de veludo preto), um grande e macio sofá com poltronas e uma mesa de centro no outro lado. As paredes eram brancas e uma delas possuía uma porta fechada. Ao lado dela um móvel de design moderno mantinha algumas taças e uma garrafa de bebida.
    Teve que admitir que o escritório era sóbrio, bem diferente do que imaginava. Sendo ele sobrinho de Cruella, imaginou um local espalhafatoso e até exótico, como a mansão Devil. Talvez Cruello não fosse tão parecido com a tia.

— Ah...
     Retirou o último pensamento ao ver em uma das paredes, um grande quadro, pintada a mão no melhor estilo vitoriano, retratando Cruello Devil. Ele estava em pé, de forma altiva, com o típico sorriso provocativo nos lábios, os olhos penetrantes, a cigarreira em uma das mãos enluvadas e o casaco de peles parcialmente vestido. Tinha de admitir que era um belo trabalho mas causava uma impressão de excesso de amor próprio.

— Oi, Igraine!
— Valder! – ela abraçou o amigo. – Como você está?
— Bem..sendo literalmente escravizado com tanto trabalho por conta desse desfile...
— Não faz mais do que sua obrigação!

     Scarlet passou por ele, segurou Igraine pelos ombros e a  cumprimentou mecanicamente com dois beijos no rosto.
— Não fique parada aí como uma mosca morta! – ralhou a morena. – Temos trabalho á fazer com você! Siga-nos! Os demais, fiquem aí!

     Igraine seguiu Scarlet e Cruello até a porta que estava fechada e, ao entrar por ela se deparou com uma segunda sala, muito maior do que o escritório e repleta de roupas, calçados, espelhos, caixas de acessórios e maquiagens.

— Caramba, que legal...AIEEE!!!
     Igraine sentiu mãos firmes puxarem seu cabelo e tentou se desvencilhar, mas Scarlet a colocou sentada em uma cadeira.

— Calada! Deixe eu prender o seu cabelo.
— Mas não precisa puxar, carralho! Isso dói!
— Você fala palavrão?! Cruello! Olha sua namoradinha aqui! A virgenzinha tem a boca bem suja!
— Eu sempre disse que ela se finge de santa mas é uma ordinária!
—  Cruello! – choramingou Igraine. – Não vai me defen...
— Mas eu adoro isso !
  Quando ele piscou para ela, a garota corou.
— Temos pouco tempo para fazer tudo que é necessário. – Scarlet falou enquanto amarrava o cabelode Igraine em um rabo de cavalo. – Hoje só iremos ver em você o básico. Antes da maquiagem iremos testar o quanto você sabe se manter elegante usando acessórios básicos. – Vou colocar cílios postiços também...pronto! Levante-se.

     Igraine obedeceu e viu que Cruello se aproximava com um corset de vinil preto.
— Tire a blusa.
— Quê?!
— Não se acanhe. Eu já vi seus seios. – ele apalpou os seios da garota com vontade.
— Vou buscar os sapatos. – avisou Scarlet se afastando.

     Igraine um pouco á contragosto, obedeceu. Mal havia se livrado da blusa, Cruello envolveu-a em seus braços, beijando seu pescoço e descendo para os seios.

— Cruello! Pa-pare...calma!
— Desde aquele dia que fizemos sexo eu estou querendo de novo a semana toda!
— Vão cruzar depois que agora não tem tempo, não! – Scarlet os afastou. – Vamos! Precisamos fazer se essa caipira consegue se portar como uma mulher segura de si!

     Emburrado, Cruello colocou o corset na garota e logo começou a apertá-lo.
— AI! Ca-calma Cruello..eu..ai! Ai! Ai!
— Pare de reclamar! Nem estou apertando tanto assim.
— Não está apertando porque não é suas costelas que estão sendo esmagadas! – ela choramingou. – Por quê isso? IAAAAU!
— Pronto! – ele rodeou a garota, parando á frente dela, gesticulando como um verdadeiro estilista. – Eu sabia!
— Sabia o quê?
— Que você ficaria  estupenda com corsets! Veja isso, Scarlet! Olhe como a cintura dela modela e os seios ficam grandes! Vontade de cair de boca!
— Segura o cio ae!  Aqui Igraine, coloque essas botas!
— Mas...mas..olha o salto disso! Eu não vou conseguir!
— Claro que consegue! Vamos lá, eu te ajudo!
  Após colocar a bota e Scarlet fechar o zíper da mesma, Scarlet ajeitou os óculos.
— Muito bem, vamos lá para o escritório antes que o Cruello resolva querer transar com você aqui dentro!

      Assim que eles saíram, calçou as botas e respirou profundamente, ou respirou o quanto podia porque aquele corset parecia comprimir suas costelas e pulmões. O volume de seus peitos aumentara com o uso do acessório e ela não conseguia ver os próprios pés quando olhava para baixo. Isso sem falar que seu cabelo, presos em um rabo de cavalo sinistro que Scarlet arrumara depois de puxar seus cabelos até que nenhum fio saísse do lugar. E os cílios postiços incomodavam, fazendo com que piscasse mais do que o necessário. Mas o pior eram os sapatos. Aqueles sapatos de salto fino deram desesperadores. Não sabia como mulheres feito Scarlet e tantas outras aguentavam andar com aquilo o dia todo. Ela colocara um par com não mais que cinco centímetros de altura e mal se passara cinco minutos e já estava sentindo os pés doerem.


— Muito bem, Igraine. – anunciou Scarlet. – Se empodere direito e atravesse a sala com salto agora. Você é a acompanhante do Cruello, porte-se como tal!

“ Firme Igraine, você consegue! Não deve ser tão difícil quanto parece!”

    Ela respirou fundo e atravessou o escritório,  onde no sofá e cadeiras estavam Cruello, Scarlet, Yumie, Alfred e Valder. Igraine procurou caminhar com os olhos fixos na porta, tentando não olhar para a inusitada plateia. No quinto passo, o salto fez ela tropeçar, dobrar a perna e cair desajeitadamente no chão com um grito e um baque surdo.


— Ah, pelo amor Igraine! Nem deu sete passos sem esborrachar! – Cruello se lamentou.
— Ela parece uma lombriga com dor de barriga quando tentava andar... – comentou Alfred. – Acho que você apertou demais aquele espartilho.
— Apertei nada!  - ralhou Scarlet. – É esse estropício que não sabe desfilar!
—  Até onde sei a Igraine só usou salto na festa de formatura mas mal teve a colação ela já tirou o sapato e colocou um tênis. – Yumie colocou um pirulito na boca. – Não condeno, andar de salto é pra quem pode.
—  Na minhas humilde opinião, eu não acho que seja uma boa ideia a Igraine ir nesse desfile, podem fazer bullyng com ela. – Valder comentou. – E conhecendo o chefe ele é bem capaz de ser um dos bullyers!
— EI! Vocês vão ficar só me diminuindo e não vão me ajudar?!

     Valder se aproximou e ajudou a levantá-la. Igraine tentou se endireitar e andar, mas tropeçou na dobra do tapete e caiu sentada.

— Ah pelo amor! – Scarlet se levantou. – Não tem jeito! Não vamos conseguir transformá-la em uma socialite em menos de quinze dias! Deixe ela em casa que é mais seguro para não ter vexame!
— Mas a mídia vai me indagar se eu não estiver na companhia da minha namorada!
— E eu não vou deixar  você... – Igraine tentou se levantar, mas como o espartilho não deixava, ela foi engatinhando até Scarlet. – Você ficar perto do Cruello e tentar vendê-lo para o sheik!

     Scarlet chutou cuidadosamente Igraine, fazendo-a cair sentada mais uma vez sobre o tapete.
— Eu acho que se a Igraine conseguir pelo menos se manter em pé e conseguir andar de salto já vai dar pra disfarçar bem, não? – comentou Yumie. – Ela vai ser apenas acompanhante do Cruello então ao conhecer os magnatas só vai precisar sorrir e fingir que está prestando atenção ao que eles dizem.
— Andar de salto não é fácil! – a garota resmungou. – Eu acho que se continuar andando com, isso vou acabar torcendo o meu pé.
— Ah que saco!

    Cruello pegou Igraine e a colocou sentada no sofá ao lado de Scarlet. se levantou, indo na direção do closet e logo todos puderam ouvir uma barulheira de caixas sendo mexidas.

— SCARLET! – ele gritou. – Onde estão os calçados que aquela modelo trans vai usar no desfile?!
— ...na segunda prateleira da esquerda para a direita...porquê?

  Sem resposta, apenas o barulho de coisas sendo mexidas. Alfred ofereceu um pouco de suco de laranja para Igraine, que aceitou.
— Scarlet...pode afrouxar um pouco o espar...
— Não! Aprenda a aguentar, isso modela a cintura, valoriza os seios e corrige a postura, coisa que você está precisando!
— Mas dói!!
— Quer continuar sendo motivo de piada da mídia e dos fãs do Cruello?! – ralhou Scarlet. – Não, né? Então trate de se esforçar para sambar na cara do recalque! E principalmente não fazer com que o Cruello e eu passemos vexame por sua causa!
 - Madame Scarlet dá medo... – sussurrou Valder  para Alfred.
— Isso porque você nunca respondeu para ela nos dias de TPM... – Alfred suspira, mostrando que tem péssimas lembranças do ocorrido.
—  Eu, hein? Tenho amor á minha vida.
— Ah , minha santa Lady Gaga... – murmurou Yumie. – Eu não estou crendo no que eu estou vendo!

    Cruello surgira na porta do closet, com ambas mãos na cintura e a camisa social parcialmente aberta, ele calçava um par de botas de vinil cano longo de salto agulha 10 centímetros. Diante daquilo, cada um dos presentes teve uma reação. Scarlet cobriu o rosto com as mãos por vergonha; Valder arregalou os olhos aturdido, Yumie tampou a boca para sufocar uma risada e Igraine observou com um misto de incredulidade e decepção. Mas foi Alfred quem se manifestou.

— Mas que porra é essa, Cruello?!
— Cale-se, Alfred!  Estão aturdidos por quê?! Eu sei muito bem andar de salto agulha! – ele voltou-se para Igraine, dedo em riste. – Vou te mostrar como é fácil andar de salto alto corretamente e com estilo! Veja e aprenda!

    Ele atravessou a sala com imponência e charme. As pernas bem esticadas, o andar seguro de quem sabia como usar sapatos de salto fino, o charme e o estilo de quem sabia muito bem como ser sensual ao andar.
— Ele não anda, ele desfila...ele é top, capa de revista... – cantarolou Yumie para em seguida cobrir a boca com a mão.

     Cruello atravessou a sala com passos firmes, chegando mesmo a parar, fazer uma pose e voltar pelo caminho de onde viera. Em nenhum momento tropeçou ou pisou em falso, mostrando que sabia mesmo como andar com salto agulha.

— Olhe bem, é assim que se usa sapatos de salto fino! – ele parou diante de Igraine. – Não é difícil, basta ter prática e manter uma postura ereta e altiva! Ande com charme e elegância, mostre que é segura de si e que sabe seduzir!

    Igraine encarou o rapaz boquiaberta. Na verdade não sabia o que pensar. Ainda estava em choque por ver Cruello Devil, seu namorado, calçando botas de cano longo e salto agulha e pior: andando com uma facilidade, desenvoltura e charme que ela jamais conseguiria fazer igual.

— Mas tu é uma bixa mesmo hein, Cruello?! – resmungou Scarlet.
— Tá incomodada por quê, fofa? – ele colocou ambas mãos na cintura. -  Eu posso tudo e todos aqui sabem que se eu quiser atravesso a passarela com mais estilo do que qualquer modelo daqui! Sou quase uma Giselle Bundchen! Se eu fosse mulher, é claro.
— Ah, menos Cruello! Menos! Você sabe andar com salto agulha isso não dá pra negar mas se controla! Já basta aquela vez que você dançou pole dance no meio da...
— QUIETA, SCARLET!
— Vem calar se for homem o suficiente!
— Parem com isso vocês dois... – resmungou Alfred.

     Nisso o celular de Scarlet tocou e ela prontamente atendeu.
— Sim...o quê? Despachem para...quem?! Merda! Já estou indo aí! – ela desligou o telefone e se levantou, nervosa.
— O que houve?
— Imprevisto...vou lá verificar. – respondeu diante da pergunta de Cruello. – Valder e Alfred, venham comigo!

     Assim que eles saíram, reinou o silêncio na sala.
— Bom... – Yumie se levantou. – Eu não vou ficar aqui de vela, então vou sair para deixar vocês se catarem em paz.
— Yu-Yumie..onde você vai?
— No banheiro, na lanchonete, qualquer lugar aí. Boa curtição!

      Quando ela saiu, fechando a porta atrás de si, Cruello avançou pra cima de Igraine, deitando-a no sofá.
— Enfim sós...
  Começou a  beijá-la com desejo mas logo notou que a garota não retribuía e mal se mexia.
— O que foi?
— Ar....ar...não...
— O quê?
— Ar..respirar..não...con...sigo....corset...

     Rapidamente Cruello a sentou no sofá e com destreza abriu o corset. A garota soltou um suspiro de alívio quando o ar voltou a entrar em grande  quantidade nos seus pulmões.

— Obri..obrigada... – ela esperou alguns segundos antes de continuar. – Usar isso é um horror! Eu poderia morrer se tivesse que ficar com isso por horas!
— É questão de hábito, deixa de frescura. Agora...onde estávamos?

     Cruello se levantou diante de Igraine, colocando uma das pernas no meio das pernas da garota que estremeceu. Aquela  bota cano longo de vinil e salto fino era escandalosamente sexy mas sendo Cruello que vestia, não conseguia pensar com clareza.

— O que foi? – indagou ele levando ambas mãos na cintura. – Vai me dizer que não está sentindo uma certa excitação? E em como eu sou capaz de te  dar prazer de muita formas...

     Ele deslizou  a ponta do calçado pelas pernas da garota que tremeu e escondeu o rosto com as mãos.
— Pare com isso, Cruello! Gira essas botas, por favor! Não é justo eu ficar achando que meu namorado está sexy usando bota de cano longo e salto fino!

     Ele riu e se afastou. Com alívio Igraine o viu se livrar das botas e voltar a colocar os próprios sapatos. Ela aproveitou para se livrar dos seus e suspirou aliviada quando seus pés se viram livres daquelas terríveis botas. Como Scarlet e Cruello conseguiam usar aquilo?

— Vou te falar algo sério agora, Igraine. – ele começou. – Você precisará se acostumar a usar salto, corset e se maquiar. Não estou aqui querendo suprimir sua identidade mas minha posição na sociedade exige que alguns padrões sejam mantidos. Além do que..eu sei que quando você se acostumar, vai gostar. E vai ficar muito mais bela do que já é.
— Bom...eu...eu prometo que vou tentar.
— Esteja aqui novamente na segunda-feira..se bem que nesse fim de semana é bom que vá para minha casa. Irei te ajudar com maquiagem, penteado e roupas. Quem melhor do que Cruello Devil para ditar moda?
— Mas Cruello..esse fim de semana temos que ir para a fazenda dos meus avós.
— Quê?!
— Você se esqueceu? Lembra que combinamos que eu iria aceitar que você me arrumasse do jeito que acha que deve mas em troca você deveria ir comigo esse fim de semana na fazenda dos meus avós.
— Não lembro de nada disso.
— Não se faça de sonso! Você sabe muito bem do que estou falando e você prometeu!
— Ah Igraine. Não temos tempo pra isso.! Prioridades devem vir em primeiro lugar!
  Igraine fechou os punhos com raiva. Se achava que Cruello iria se omitir, estava enganado.
— Você tem que ir comigo! Já confirmei com meus avós que iríamos para a fazenda nesse final de semana!
— Igraine, você sabe que fazenda e eu são coisas que não combinam! Lá tem mato, animais, ar puro, barro...não é um lugar para uma pessoa como eu!
— Mas..!
— Sinto muito mas eu não vou.
  Aquilo já era demais! Quando percebeu, Igraine já havia gritado.

— Você prometeu e agora vai cumprir. Ouviu bem, Christian Devil !!

~*~

 


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Notas finais do capítulo

Aeee laia!!!!
Agora Igraine está começando a mostrar que tem fibra! E que surpresa hein, Cruello?
Bom, gente embora eu tenha atrasado para postar a fanfic no fim, á medida que eu escrevia acabou que o capítulo ficou mais longo do que pensei então serviu como uma compensação em conta da demora de atualizar XD.
Espero que tenham gostado e por favor, não desistam de mim mesmo eu demorando pra atualizar! O apoio de vocês é muito importante!
Nos vemos no próximo capitulo (mas quem quiser pode conversar comigo pelo facebook! o/ Estou lá como Tsu Keehl!



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