The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, tudo bom?
Finalmente trago o novo capítulo da fanfic! Peço mais uma vez (ainda que já seja tradição) desculpas pela demora em atualizar mas Julho é um mês megacorrido pra mim por conta de eventos grandes..e até o final do ano vai ficar meio corrido também porque é nesse último semestre que sempre rola mais eventos, enfim...
Esse capítulo foi um pouco trabalhoso de se fazer mas as idéias foram surgindo á medida que eu ia escrevendo. Agradeço claro, á minha amiga Hime que me ajudou em algumas partes, principalmente em como posicionar a Igraine. Algumas partes eu já tinha em mente o que ia ocorrer, outras foram surgindo aos poucos.
Enfim, não vou me estender muito aqui então espero que gostem do capítulo pois tentei fazer o melhor possível nele. Deixem seus comentários e continuem acompanhando a Page (HTTP://www.facebook.com/cruellocruel) que sempre rola novidades por lá!
Chega de papo e vamos ao capítulo!



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Capítulo 22

  Charlene massageou o membro de Cruello com destreza. Já sabia como proceder para deixá-lo excitado mesmo que ele não tivesse consciência disso. Á bem da verdade, dopá-lo com o clássico “boa noite Cinderella” não era uma tática que ela apreciava mas nos últimos meses era a única opção que lhe restava para que pudesse ter alguma coisa com Cruello.

~* Flash-Back *~

  Charlene olhou-se novamente no espelho, optando por abrir mais um botão da blusa e expor ainda mais os seios volumosos. Já fazia algumas semanas que Cruello Devil não aparecia no SPA para a sessão costumeira de relaxamento massagem e “algo a mais”. E isso fazia o seu relógio biológico apitar.
  A porta foi aberta e Cruello Devil entrou no local, retirando a jaqueta e a jogando sobre uma poltrona enquanto afrouxava a gravata.

— Vamos logo com isso, Charlene. Eu  estou prestes á explodir e preciso relaxar!
— Oh, Cruello! Irei fazê-lo relaxar daquele jeito que você tanto gosta.

   Ele sentou-se na cama de massagem e fechou os olhos após suspirar pesadamente. Charlene observou as costas despidas do rapaz, o tanto que eram largas, com braços fortes. Como adorava arranhar aquelas costas!

— O que deseja fazer primeiro? – ela  falou enquanto passava um óleo nas mãos. – Reservei a tarde inteira para nós.
— Não poderei ficar á tarde toda. Só me faça uma massagem básica e depois irei para o ofurô.
— Huuum...então acho que temos que aproveitar o máximo possível, não? – ronronou Charlene sentando no colo dele. – Você sumiu nesses últimos tempos...senti sua falta, sabia? Claro que sabia afinal...”todos sentem falta de Cruello Devil”, não é?

  Ele não respondeu e, quando Charlene aproximou seus lábios aos dele, Cruello virou o rosto. Ela tentou outra vez e ele evitou o contato.

— ...precisamos conversar.
— Conversamos depois, meu alfa... – ela murmurou alisando o peito dele e mordiscando seu pescoço. – Hum...todo meu corpo estava sofrendo de carência por você.
—...não, Charlene...
— Hum....diga meu querido...eu sei que você quer... – ela colou seu corpo ao dele e levou a mão esquerda do rapaz para debaixo de sua saia. – Olha como eu já estou só de ficar perto de você. Eu sou sua ordinária, todinha sua.
— Pare, Charlene!

  Cruello afastou a mulher de si e levantou-se.
— Precisamos parar com isso.
— ...bom, sei que namorarmos aqui é um pouco desconfortável então se quiser podemos ir para a minha sala naquele sofá que já tem tantas histórias nossas...
— Não, Charlene.
— Então vamos ficar aqui ou podemos ir para um hotel. Eu consigo sair mais cedo afinal sou a dona disso aqui... – ele enroscou os braços em volta do pescoço do rapaz. – Oh como eu te quero dentro de mim!
— Pare com isso, Charlene! Eu não quero mais!

  Ele afastou a mulher com certa rudeza e a loira o encarou confusa.

— ...o...o que está querendo dizer?
— Não dá mais , Charlene. É melhor colocarmos um ponto final em nosso caso.
— Que brincadeira é essa?
— Não é brincadeira, Charlene. Não dá mais. É por isso que vim aqui hoje também. Achei que deveria lhe falar para concluirmos isso de modo a não deixar pontas soltas. Não podemos mais mantermos esse tipo de relacionamento.
— Nós iremos oficializar? Eu posso chamar a mídia para que...
— Não vamos oficializar nada! – rosnou ele, irritado com a necessidade de atenção que Charlene demonstrava. – Nós temos que acabar e á partir de agora nosso relacionamento será apenas profissional.
— O quê? Como assim? Eu notei que você sumiu, na certa está ocupado com muito trabalho. – Charlene tornou a se aproximar. – Precisa relaxar, eu vou cuidar de você.
— Já disse que não! Não dá mais, Charlene! Eu... – ele passou a mão pelo rosto. – Desculpa mas não posso mais.

  Silêncio. Charlene franziu o cenho, lembrando-se na manchete estampada na página inicial do site sensacionalista de Patrick Star, no qual Cruello estava atracado com uma garota qualquer. Mas não era a primeira vez que isso acontecia. Mas eram todos casos rápidos diferente do caso com ela. Ele sempre voltava.

— Claro que pode. – ela tentou mais uma vez. – Nós somos destinados a ficarmos sempre desse jeito. É cômodo para nós dois. Vamos, Cruello. Você não vai se recusar a me dar prazer, vai?

  Cruello encarou a loira á sua frente. Charlene era linda, com todas aquelas curvas e charme e tinha de admitir que havia tido ótimos momentos com ela mas...
   Momentos? Os momentos de ambos se limitavam entre quatro paredes fossem as daquela sala, dos escritórios ou de hotéis. Charlene proporcionava um relacionamento libertário de cunho quase que puramente sexual e durante um bom tempo aquilo era mais do que suficiente para satisfazê-lo. Sexo casual com uma bela e ativa mulher, sem compromisso sério e com total discrição.

   Só que as coisas haviam mudado. E por alguma razão Cruello Devil não conseguia mais manter aquilo pois sua mente, mais forte que os desejos de seu corpo, estavam pedindo por outra pessoa. Aquilo era inusitado; quando se relacionava tinha o hábito de ser com mais de uma pessoa ao mesmo tempo e sem preocupar-se com algo sério mas de repente...

— Ora, pare com isso Cruello.  Sabe que eu não ligo de ter que dividir você de vez em quando... – ela enroscou-se ao corpo dele. – Desde que eu fique com a maior e melhor parte.
— Já disse para parar, Charlene! – ele se afastou e colocou-se de pé. – Não podemos mais, eu...eu ...
— Você o quê? – a mulher começou a se irritar. – Vai assumir que é gay?
— NÃO! Eu não sou gay! – ralhou Cruello com voz esganiçada. – Só que...eu estou me envolvendo com outra pessoa e...bom, acho que...tenho a intenção de... – ele abaixou a voz. – Ficar apenas com ela.
— Ficou maluco?! Que besteira é essa? Pare com isso, nem parece você! Assim como eu, você não nasceu para ser monogâmico!
— ...talvez as coisas mudem...
— Por que isso tão de repente?
— ...não sei. Só sei que será assim á partir de agora!
— Isso não faz o menor sentido!
— É, eu sei! Mas é assim que vai ser! Continuarei frequentando o SpaChar mas apenas como cliente á partir de hoje. Espero que seja capaz de entender.
— Eu não entendo! Isso não tem sentido! Cruello, você está precisando transar e acabar com essa paranoia! Venha cá.
— Pare, Charlene! Eu disse não!- ele a afastou com uma certa rudeza. – Vamos manter apenas a amizade e o profissionalismo.
— ...não me diga...que você está gostando daquele garota com quem foi flagrado no beco?

  Sem resposta, ele apenas desviou o olhar e começou a vestir a camisa. Mas aquilo foi o suficiente para Charlene. Ela sabia que estava perdendo Cruello, pior talvez já o estivesse perdido. Porque ele nunca a recusara e agora estava fazendo isso por causa daquela garotinha simplória. Era impossível que aquela menina tivesse algo que ela não tinha!

   Mas Charlene Charutis era uma mulher esperta e experiente. Não iria perder as estribeiras em um momento delicado com aquele movida pelas emoções. Até porque duvidava totalmente que Cruello pudesse engatar em um relacionamento, ainda mais com uma pessoa tão comum. Fora que ele normalmente era insuportável para se conviver no dia á dia. Isso logo iria passar portanto, ela não perderia a chance. Melhor agir como se estivesse tudo bem até que tudo voltasse á normalidade.
   Respirou profundamente e o encarou, o rosto suavizado.

— Está bem, Cruello. Desculpe é que foi meio súbito. Mas...eu entendo muito sua situação, já passei por isso também. Somos ambos adultos e mesmo que eu goste muito de você , respeito sua decisão. Poderá contar comigo sempre que precisar. Desculpe se me excedi.
— ...tudo bem. Eu...deveria ter comentado isso com você antes mas eu estava tentando evitar que a notícia viesse á público por conta do alarde que iria gerar mas aquele maldito Patrick Star ferrou meu planejamento! Enfim, obrigado por entender minha decisão, Charlene.
— Eu só quero que você esteja bem.

~* fim do Flash-Back *~


— Mas eu quero que esteja bem só se for do meu lado, seu idiota!

   O tal “caso” de Cruello com aquela sonsa havia tomado um rumo pior do que imaginava. Cruello Devil havia assumido o relacionamento sério com ela. Pela primeira vez Cruello firmava um compromisso do tipo e isso era inadmissível!
 
   Se lembrava bem do dia que vira a manchete nos tabloides. Aquela garota de nome estranho era bonita e de aparência gentil mas jamais poderia chegar aos seus pés. Não, não tinha como. Cruello só poderia estar enfeitiçado! Não o entregaria para nenhuma outra mulher, ainda mais para uma garota estúpida como aquela!
  Decidida, Charlene aprumou-se. Iria dar um jeito de acabar com aquele namoro ridículo e voltar a ter Cruello Devil para si.

~*~

   A Mercedes vermelha seguia em alta velocidade pelas ruas da cidade. Igraine estava sentada dura no banco do carona, uma das mãos sobre a porta e a outra no banco. Mesmo com o cinto de segurança, temia que em uma freada brusca saísse literalmente voando contra o vidro. Scarlet acionou novamente um contato do seu celular e, ao receber o ligado do encaminhamento á caixa postal, jogou o aparelho com violência contra o vidro blindado., O celular quicou e caiu no aparador do painel.

— Maldição! – ralhou a morena, mãos apertadas enquanto manobrava o volante. – Isso vai dar merda, eu vou acabar com aquela puta!
—De-de quem V-você está falando? Pelo amor da deusa, pode ir mais devagar!  -Igraine despejou assustada.
— Se eu ir devagar pode ser tarde demais e o Cruello corre o risco de se condenar para a vida toda e criar um vínculo com aquela aspirante á namorada sinistra! É isso que você quer?

  Igraine encarou a outra assustada.

— Namorada Sinistra?! Me conta essa história direito!
— Cruello não te falou nada?! Típico daquele cafageste! – Scarlet trocou a marcha do carro e continuou. – O nome dela é Charlene Charruti e é proprietária de um SPA de luxo, herdado de seu falecido marido. É uma interesseira que mantinha um relacionamento ordinário com o Cruello embora ele negue e diga que só tem interesse profissional por ela. Até parece! Se fosse só algo profissional, aquela maluca não o perseguiria como cachorro no cio!
—O-o que?? Ele não me disse nada!! A-aquele ordinário, cachorro!!! Ele não disse para ela que estava me namorando?
— Não é preciso dizer. O relacionamento de vocês está na boca do povo graças á Patrick Star e a impulsividade do Cruello! Lógico que Charlene saberia afinal a movimentação na página do fã-clube do Cruello no facebook é o assunto que está causando maior repercussão desde a vez em que aquele paspalho se deixou fotografar só de sunga na piscina do hotel em Bangladesh! Enfim...na certa ela não vai perder a chance de tentar algo imoral para tirar proveito dele antes que seja tarde!
—MAS QUE VACA!!! Já foi uma dificuldade conseguir ter um tempo com Cruello e agora essa piranha quer roubar ele de mim... Eu vou dar na cara dela! Scarlet! Acelera isso aí, estou com um mau pressentimento!
— Madame Scarlet para você! Mas é assim que se fala!

~*~

   Charlene observou o rapaz semi adormecido na cama. Cruello Devil era tão bonito, isso era impossível de se negar. Era absurdo que ele se tornasse unicamente daquela garotinha com quem ele assumira o relacionamento. A notícia não arrasou Charlene; a deixou furiosa.
   Ela não o entregaria assim. Ah, não mesmo. Aquela garota não sabia fazer o que ela sabia e só Charlene era capaz de enxergar TUDO que Cruello Devil pudesse lhe proporcionar. O status de ter Cruello Devil era algo que apenas os melhores podiam manter para si. E Charlene sabia que era a melhor.
— Vamos lá. – ela falou para si. – É o momento de selar para sempre nossa ligação.

~*~

— ONDE ELE ESTÁ?

  Scarlet entrou no SpaChar caminhando de forma elegante mas olhando para todos os lados. Atrás dela, Igraine seguia receosa mas logo ficou parada na recepção, olhando embasbacada pelo requinte e luxo do local. Elas logo foram recepcionados por uma jovem negra de sorriso simpático.

— Boa tarde. Bem-vindas ao SpaChar e..
— Onde está Charlene Charutis?!
— Hãn...quem gostaria de falar com ela?
— Não importa! Só me diga onde ela está! Tenho de vê-la AGORA!
— Desculpa, senhora...
— SENHORITA!
— S-sim, senhorita...a madame Charutis se encontra ocupada no momento com um cliente.
— ...e posso saber quem é esse cliente?!
—...o SpaChar prioriza a confidencialidade...
— Confidencialidade é o carralho! Ela está com o Cruello, não é?
— ....sim. Na última sala do terceiro andar.
— É hoje que eu pego! Venha, Igraine! Pare de ficar olhando tudo como se estivesse no País das Maravilhas! Ou quer que seu macho seja levado por outra? Tudo bem que o Cruello não é um exemplo de masculinidade mas ainda assim é um absurdo você deixar que outra mulher se esfregue nele!

  Aturdida, Igraine seguiu a mulher em direção aos elevadores. A recepcionista assistiu tudo com interesse, até que uma outra funcionária se aproximou dela.

— Liza, como você pôde contar á ela onde está madame Charlene?
—...a moça pediu uma informação e eu dei.
— Mas aquela é Scarlet Medusa! – a outra baixou o tom de voz. – Ela é a arquinimiga de nossa patroa!
— ...eu sei. Por isso mesmo eu falei onde ela estava com o senhor Devil. Vai me dizer que você não quer ver barraco?
  As duas funcionárias se encararam e então riram.


   Chegando ao andar indicado, Scarlet encontrou o corredor vazio. Não se preocupou com as câmeras de vigilância e caminhou decidida até a porta ao final do corredor, seguida por Igraine. Não bateu na porta; em vez disso encostou o ouvido na mesma, atenta aos barulhos que viam de dentro.- ...está ouvindo alguma coisa?

— Calada! Deixa eu escutar...
   Igraine amuou. O que estava acontecendo afinal? Tinha uma sensação ruim ao olhar para aquela porta. E se Cruello estivesse com outra? Outra que fosse mais bela, charmosa e elegante, alguém do nível dele.
  Perdida em seus pensamentos, só percebeu que a situação ficaria séria quando Scarlet se afastou da porta e foi até a parede onde havia uma caixa de emergências com um machado. Scarlet tirou seu sapato de salto fino e bateu o salto do mesmo violentamente contra o vidro de emergência, o quebrando.

— O..o que você está fa-fazendo?!
— Estou resolvendo um problema! – rosnou Scarlet pegando o machado e indo em direção á porta.

~*~

    Charlene sentou-se encima de Cruello, erguendo a saia até a cintura. Ele gemeu quando sentiu algo esfregar-se em sua virilha mas o peso em sua cabeça era tamanho que não conseguia abrir os olhos. Mãos deslizavam por seu corpo e ele tentou se mexer mas era como se toda a sua força houvesse sido sugada. Gemeu novamente quando Charlene começou a se movimentar sobre ele.

— Pare...
— Parar por quê? – ronronou a loira lambendo seu pescoço. – Estou só começando...
— ...huum...Scarlet...se souber...me matar...não...pare...isso...
— Foda-se, Scarlet!  Você não tem que dar satisfação alguma para ela, Cruello...só deve satisfações para mim... – ela esfregou o rosto no peito dele. – Senti tanto sua falta, meu querido...

  Cruello gemeu em um misto de conforto e confusão. Porque não conseguia abrir os olhos e tampouco pensar direito? Á cada segundo era como se sua mente fosse desligando aos poucos e algo dentro de si dizia que isso estava errado.

— ...Igraine...

  Charlene encarou o rapaz, séria, sentando-se sobre ele. O efeito da droga já estava fazendo efeito quase completo e Cruello ainda tinha alguma noção das coisas? Pior, estava pensando naquela garota ralé em vez de pensar nela? Sentiu que a ereção dele já diminuía por conta os efeitos da droga e soube que precisa agir rápido.

  Se levantou e retirou a própria calcinha antes de sentar novamente encima do rapaz semi adormecido. Calculara minuciosamente seu ciclo menstrual e hoje o destino trouxera Cruello até sua presença.

— É hoje que eu vou engravidar de você, Cruello! E assim teremos uma ligação pelo resto da sua vida!

  Charlene movimentou-se sobre o jovem contendo o próprio gemido e então surgiu um estrondo e a porta começou a ser destruída com uma violência assustadora. Charlene gritou, quase caindo da cama enquanto via, horrorizada  a imensa lâmina de um machado batendo contra a porta, estilhaçando a madeira pedaços por pedaços seguida por um grito de ódio.  Com o susto, Charlene ficou imóvel encima de Cruello e viu quando, entre a abertura  feita pela lâmina do machado surgiu a cara repleta de ódio de Scarlet Medusa. Ela tinha um brilho desvairado nos olhos e um sorriso demoníaco digno de Jack Nicholson em Iluminado.

— CHARLEEEENE!!!!!
— HAAAAAAAAAA! Vade reto, satanás!

  Scarlet continuou lançando o machado contra a porta, conseguindo finalmente  acertar a maçaneta e abri-la. O que aconteceu a seguir foi rápido demais para Igraine fazer qualquer coisa exceto assistir. Charlene tentou sair de cima de Cruello mas Scarlet foi mais rápida correndo mesmo com saltos finos e literalmente puxando Charlene pelos cabelos.

— Eu vou acabar com você!

   A loira gritou quando foi praticamente arrancada para longe de Cruello. O puxão no cabelo e a violência com que Scarlet fizera aquilo fez com que não só elas, mas a cama de massagem contendo Cruello fosse ao chão, provocando um grande estrondo.
— Sua vadia! Despudorada!
— Me larga sua piranha! HÁAAAAAAAA!!

  Igraine observou horrorizada, da porta destruída, Scarlet agarrar Charlene pelos cabelos, a arrastando no chão. Charlene levantou-se com brusquidão e, por Scarlet estar lhe puxando os cabelos, subitamente um imenso chumaço de cabelo soltou-se da loira, fazendo Scarlet se desequilibrar e cair sentada no chão.

— Haaaa! Que nojo!!! – Scarlet largou o chumaço de cabelos no chão mas ao olhar melhor, gritou. – É um aplique!!!!!! Além de ser uma loira fabricada ainda usa aplique!!!!
— Haaaaa!! Olha o que você fez com o meu cabelo! – rosnou Charlene pegando o aplique das mãos da outra e levando uma mão á própria nuca. – Sua piranha siliconada!
— Posso ser siliconada mas a única piranha que eu estou vendo aqui é você! VOCÊ ESTÁ TREPANDO COM ELE?!
— TREPO MESMO! – Charlene conseguiu se desvencilhar de Scarlet e colocou-se de pé. – Eu e ele estamos há anos tendo um caso mas de uns meses para cá ele está me negando! Ele não tem esse direito! Ele vai trepar comigo SIM!
— Você é uma ninfomaníaca! Cruello, seu filho da puta lazarento! – Scarlet puxou o rapaz que  não ofereceu resistência. – Como ousa enfiar a boca e outras coisas mais dentro dessa vadia?! Você é mesmo um imprestá...Cruello? Ei, Cruello! Você está legal?! EI!

   Silêncio. O rosto de Scarlet foi dominado por um ódio supremo ao perceber o estado real do rapaz.

— Sua vadia maluca!! Você dopou ele!
— Saiam da minha sala!
— Não se faça de desentendida!! COMO OUSA DOPAR CRUELLO DEVIL?!  Você estava violentando ele!
— Eu não estava fazendo nada que ele não quisesse!!
— Como ele pode ter responsabilidades para discernir se quer ou não quer alguma coisa estando igual á um zumbi?!
— Lógico que ele ia me querer! Não tem motivo algum para ele me recusar!

   Enquanto as duas mulheres gritavam uma com a outra, Igraine adentrou na sala e se ajoelhou ao lado de Cruello, que gemia de dor e confusão, incapaz de reagir ou ter consciência do que estava acontecendo. Nesse momento, alguma coisa pareceu despertar em Igraine.
   Cruello estava ali, vulnerável claramente vítima de abuso por aquela mulher. Igraine não podia acreditar que uma pessoa chegasse á esse ponto. Ainda mais com Cruello Devil.

   Seus olhos encheram-se de lágrimas mas um ódio começou a emergir dentro de si.

— Como você pode ser tão escrota á ponto de dopar um homem para transar com ele?!  Tu deve fazer sexo mal pra caramba, hein? Acho que seu ex-marido velhote morreu de infarto na cama não por conta de um orgasmo mas por conta da tamanha decepção de alguém que na certa nem um oral deve saber fazer!
—  Abaixa a voz que eu não sou da sua laia! Sua meretriz vulgar!
— Melhor ser meretriz vulgar do que puta ralé que paga de rica só porque deu o golpe!

  As duas mulheres já haviam posicionado as mãos para começarem uma sessão de arranhadas uma contra , prestes á se atacarem.

  Igraine não teve tempo de pensar muito quando empurrou Scarlet e desferiu um tapa violento no rosto de Charlene, cujo estalo ecoou na sala. A boca de Scarlet se abriu em um “O” de espanto e logo passou para um sorriso. Charlene por sua vez, arregalou os olhos e levou uma das mãos ao rosto atingido, sentindo a ardência no local do tapa. Ela virou-se enfurecida para Igraine que estremeceu e cerrou os próprios punhos, decidida.

— Como ousa tocar em mim sua ridícula?!  

   Charlene encarou a jovem e então a reconheceu. Suavizou e então ela deu um sorriso de escárnio. Com ambas mãos na cintura ela moveu a cabeça para jogar seus longos cabelos loiros. Então lembrou que Scarlet arrancara seu aplique e deu um rosnado baixo.

— Ora, ora...- ela continuou. - Se não é aquela garotinha caipira e sonsa que aparece querendo ter um relacionamento com o Cruello! Pobrezinha, não sabe de nada!
— A única pobrezinha que temos aqui é você! Eu posso ser caipira e sonsa mas jamais doparia um homem para abusar dele! Isso é crime!
— Há! Além de caipira e sonsa ainda é metida a problematizadora de bons costumes?! Vou só te dizer uma coisa menininha.... – ela se aproximou, ameaçadora. – Cruello não te ama. Ele só está com você porque quer experimentar algo diferente, mas logo vai enjoar. Porque a verdade é que...é á mim que ele ama e deseja.
— ...mentira.
— Não é mentira. Sinto te desapontar..,.mas é a verdade. Eu e Cruello temos um caso há anos...e devo dizer que é um caso bem ardente.
— Pare de contar mentira, Charlene!  Ou essa garota vai acabar acreditando!
—Mentiras?! – ela voltou-se para Scarlet. -  Não é mentira! Eu e Cruello tínhamos...
— ...você disse bem..”tinhámos”....já era, perdeu sua vadia horrorosa!
— CALA A BOCA  que a conversa não é mais com você sua boneca inflável siliconada!
— Vem tentar calar sua piranha ninfomaníaca de boceta seca!
— CHEGA!

  Igraine se colocou entre as duas e empurrou uma para cada lado e, como ambas estavam de salto, se desequilibraram e caíram no chão.

— Scarlet, agora é a minha vez! - Igraine se virou para a loira que já se levantava. – O que você fez é imperdoável! Não tem o direito de tentar abusar do meu namorado!
— Ele não é seu namorado! Ele é meu! MEU! SÓ MEU!  - Charlene agora parecia uma louca. – Uma qualquer ridícula como você não tem qualquer motivo e sentido para ficar com ele!! CRUELLO TEM QUE FICAR COMIGO!

  Igraine desferiu mais um tapa em Charlene.
— O Cruello só fica com quem ele quiser! E é comigo que ele mesmo escolheu ficar!
— Ouse bater novamente em mim e...
  Mais um tapa, o que fez até Scarlet se surpreender.

— Ou o quê?! – rosnou Igraine. – Se quiser chamar a polícia saiba que temos uma prova cabal ali. – ela apontou para Cruello deitado no chão. – De que você o dopou para abusar sexualmente dele! Isso é um crime injustificável!
— Cale-se que você não sabe de nada sua ridícula!
— A ridícula aqui é você! É tão baixa que precisa dopar uma pessoa para conseguir algo dela! Não tem vergonha, não?
— Vergonha é  algo que você deveria ter! Onde já se viu uma garota tão simplória com você, pagando de virgem perfeitinha conseguir fazer com que o Cruello a assumisse?! O que você tem de mais?! NÃO TEM NADA!
—...lá vem o recalque... – murmurou Scarlet com ambas mãos na cintura.
— Não é recalque! É uma constatação óbvia! EU SOU MUITO MELHOR DO QUE ELA!
— ...igraine...

  As mulheres se calaram e viraram-se na direção de Cruello que ainda estava no chão mas parecia despertar aos poucos, visivelmente confuso. Ao ouvir seu nome, a garota correu até ele, ajoelhando-se ao seu lado.

— ...Cruello! Céus, você está bem?
— Hum...onde... o que... – ele passou a mão no rosto, tendo dificuldade em manter os olhos abertos. - Igraine..o que você...faz aqui...? Scarlet...Charlene...o que está havendo?! E...porque eu estou quase pelado...?
— ...é que...calma, Cruello... – pediu Igraine. – Você...você...
— Elas invadiram a sala durante sua sessão de massagem! Eu não sei o motivo mas sua amiga aqui DESTRUIU minha porta e essa MALUCA me agrediu! Veja, veja! – ela apontou para o rosto vermelho e seus olhos se encheram de lágrimas. – Ela me bateu, Cruello! Eu não sei o motivo, estava só fazendo meu trabalho!
— Seu trabalho?! – ralhou Scarlet. –Só se o seu trabalho for abusar sexualmente de homens dopados!
— Cala a boca que a conversa não é com você!
— Vem calar se tiver coragem!

  As duas mulheres se atracaram com violência, urrando e puxando os cabelos uma da outra. Cruello observou a cena horrorizado, ainda com a visão um pouco turva pelo efeito do medicamento. A barulheira das duas mulheres se degladiando começou a irritá-lo pois, se não bastasse a sensação torpe e confusa que sentia ainda estava com a cabeça latejando. Tombou contra o peito de Igraine, que o abraçou, como se tentasse protegê-lo.

— Por que...vocês estão brigando..?
— É que..é que...calma, Cruello....é que...
— Fala logo! – ele esfregou os olhos com força e se forçou a ficar acordado. – Que droga é como se eu tivesse sido dopado e...

   Ele encarou Igraine, que estava com os olhos marejados  ao tocar o rosto dele com cuidado, como se quisesse prepará-lo para uma notícia ruim. Ele observou Scarlet e Charlene agredindo uma a outra através de empurrões como se fossem duas lutadoras de sumo. Logo elas se afastaram e voltaram a enxurrada de ofensas.

—  Rela a mão em mim de novo que eu vou furar esses seus peitos de borracha!
— Eu não posso aceitar ser trocada por uma caipira sem graça que fede á esterco e tem pêlo de cachorro na roupa!
— Hey! O que você está falando sobre mim?! – Igraine largou Cruello e se aproximou da mulher. – Quer levar outro tapa nessa sua cara de abusadora hipócrita e boca suja?!
— Se ousar relar a mão em mim de novo eu vou acabar fisicamente e moralmente com você á ponto de fazê-la voltar chorando para o chiqueiro de onde veio!
— Eu não tenho intenção alguma de ir para a sua casa!
— Charlene  é tão porca que dá pra cinco sem camisinha e nem lava a...
—  Quem é você para falar alguma coisa sua boqueteira de...
— Como você pode ser tão nojenta?! Por que não vai embora daqui!
— Eu sou a proprietária deste lugar! São vocês duas que devem ir pra fora!
— Nunca que vou deixar você sozinha com o Cruello! Nunca mais!
— Scarlet você é tão obcecada por ele que chega a ser doentio! Na certa me inveja porque eu consigo com ele coisas que você, mesmo com todos os anos de convívio com ele, nunca conseguiu!
— Doentio é o que você tá fazendo com ele sua vadia horrorosa! E eu lá quero ter aquela bixa enrustida na  minha cama? Aloka, criatura!
— O Cruello não é uma mercadoria para decidirem com quem ele deve ficar! Se ele escolheu ficar comigo, ele tem...
— Ele não escolheu ficar com você!- ralhou Charlene empurrando Igraine. – Você que o enfeitiçou! Aposto que usou a artimanha da virgem do campo! É virgem na frente mas por trás é toda arrombada!

   As três mulheres trocavam ofensas á base dos gritos em meio a ameaças de agressão física.  Assistindo á isso tudo com notável confusão, estava Cruello. Aquelas três mulheres histéricas falavam tão rápido e em um volume tão alto que pareciam gralhas e isso só fazia a dor em sua cabeça aumentar.  Levou ambas mãos ao rosto, desejando que aquela sensação de entorpecimento e confusão passasse logo. E á medida que se concentrava para isso, imagens enevoadas dos últimos momentos começavam a lhe vir á mente.
   E então, uma constatação real e aterradora começou a se instaurar á medida em que sua mente clareava e uma raiva imensa tomou conta de seu ser.

— Háa! Calem-se, calem-se! Que vocês me deixam loucoooo!!!

   Silêncio. As três mulheres encararam Cruello, que se levantava com dificuldade ainda com resquícios do efeito do remédio. Ao vê-lo ali, com seus 1,85, cabelos despenteados, sem camisa, calça deslizante com a braguilha aberta e olhar furioso que faziam os olhos azuis cintilarem, ele era realmente, uma visão e tanto. Igraine sentiu seu rosto esquentar enquanto o media de cima á baixo; Charlene passou a língua nos lábios com olhos cobiçosos e até Scarlet ergueu as sobrancelhas avaliativa.
   Vendo que a atenção estava totalmente sobre si, Cruello se recompôs, olhando ameaçador.

— O que... – ele rosnou, a voz perigosamente baixa e letal. – O que...fizeram...realmente comigo...?
— ...han...Cruello. – murmurou Igraine sem saber como começar. – Se acalme...é que...
— Cruello! Essas duas malucas estão tentando me difamar inventando absurdos! Sou inocente, sabe o quanto me importo com você!
— Mentirosa! – ralhou Igraine. – Não vou permitir que saia impune depois do que você fez á ele!
— Eu não fiz nada! Eu e Cruello temos um relacionamento há tempos! Surgiu agora na vida dele só para atrapalhar  mas logo serádescartada!
— Não pode tentar ter alguém fazendo uso de métodos escusos para isso!
— Métodos escusos uma ova! Eu não fiz nada que ele não quisesse!
— Ele estava indefeso! Estava dopado! Ele jamais pediria algo assim!
— Parem de brigar e me deem atenção! – ordenou Cruello.
— Ficam aí brigando entre si sobre algo relacionado á mim! Me digam o que é!
— ...é...é...
— Vamos, falem!
— VOCÊ FOI ABUSADO! -  Scarlet tomou a frente.
— ..o...quê...?
— Scarlet, isso deveria ser dito com mais deli...
— Ah não tenho paciência pra isso! Esse imbecil ficou de caso com essa vadia e agora sofreu as consequências!
— Não me chame de vadia!
— Quer que eu te chame do quê? De puta? Acho que combina melhor! Puta que dopa os caras ricos para abusar dele! Aposto que você estava tentando dar o golpe do baú não é? Fez isso uma vez e vai tentar fazer de novo!
— Ora sua...!!
— ..a...abusado... – Cruello levou uma mão ao peito, chocado. – O meu corpo...eu fui dopado e abusado...? Abusaram do meu lindo corpo sem meu consentimento?!  Eu sei que sou irresistível mas como puderam chegar á esse ponto?! Eu odeio todas vocês!!!


~*~


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim de mais um capítulo!
Confesso que esse capítulo foi difícil de escrever inclusive porque tentei impor um “deadline” nele para não atrasar ainda mais a atualização. Eu confesso que não fazia a menor idéia de como esse capítulo ia transcorrer...ele foi surgindo á medida que eu ia escrevendo. Não sei se ficou bom, mas procurei fazer o melhor possível nele. Peço desculpas pelos palavrões usados nas discussões mas é impossível Scarlet e Charlene brigarem sem partir para ofensa de baixo calão porque as duas são muito barraqueiras heheh.
Essa Charlene é uma personagem insana e muito ordinária mesmo (pra não dizer outras coisas) e levando em conta o jeito dela é bem capaz que ela não aceitará a derrota assim tão facilmente. Mas pelo menos agora a Igraine finalmente tomou atitude e não vai deixar o boy magia monocromático dela correr mais riscos não!
Só que..o Cruello está em choque e na certa isso vai dar problema...o que será que ele vai fazer?
Enfim..quero agradecer á todos que estão sempre apoiando a fanfic e que não desistiram de acompanhá-la mesmo eu demorando para atualizar. Obrigada, gente!