The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Notas
Como sempre, demorei para atualizar a fanfic mas finalmente o novo capítulo está aqui. Confesso que esse capítulo, embora eu tivesse as ideias gerais em mente, se mostrou bem complicado de se escrever. Precisei resumir várias coisas, caso contrário o capítulo ficaria grande demais e eu não conseguiria abordar o que é realmente importante para a trama.Espero que o capítulo tenha ficado pelo menos razoável u_u Ultimamente minha criatividade está no fundo do poço, tanto que abri mão de uma vez por todas em desenvolver uma obra original. Realmente não dá. A fanfic manterei por causa de vocês, leitores e amigos.
Agradçeo imensamente á minha amiga Hime por me ajudar,cobrar, incentivar e muitas outras coisas, para que eu continue com a fanfic e a atualize dentro do prazo hehehe.
Bom, chega de papo e vamos á fanfic! Não deixem de comentar ao terminarem de ler!
Aproveitando, farei novamente propaganda da fan Page EXCLUSIVA do Cruello Devil! Lá poderão encontrar fotos originais do Cruello Devil bem como de outros personagens! Acessem, curtam, compartilhem!
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Boa leitura!



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THE CRUEL BEAUTY

Capítulo 12

~*~

Fazia muito tempo que Igraine não passeava em um parque. E o dia estava ótimo. O sol brilhando no céu, fazendo as frondosas árvores oferecerem sombras sobre a grama verde e bem aparada. Sentada ali em um pano que estendera e com uma cesta de piquenique do lado, ela observava o grande lago á frente. O parque estava bem calmo e ela suspirou, sentindo a brisa suave.

Uma lata gelada de refrigerante tocou em sua bochecha, fazendo-a soltar um gritinho e recuar. Uma risada seguida pela sombra a lhe tampar a visão, fez Igraine forçar os olhos para conseguir discernir quem era.

– Estava em qual órbita dessa vez?
– ...você me assustou!
– Sossega, raposinha! Está muito agitada.

A pessoa sentou-se ao seu lado divertido e Igraine o observou colocar a sacola com cuidado e abrir as latas de refrigerante.
Dev’s era realmente lindo. Apesar daquele moicano gigantesco que ele fazia questão de deixar em pé mesmo demorando horas, não diminuía seu charme natural. Até enaltecia. Ele usava camisa de uma banda que ela não conhecia, os jeans surrados e as botas de combate. De fato, ele estava longe de ser um “partido perfeito” mas não poderia ter um partido melhor.

Arrepiou-se quando o braço dele passou por seus ombros, trazendo-a para um beijo. A forma como ele a envolvia era sempre carinhosa e Igraine se viu segurando a lapela da jaqueta de couro, como se não quisesse soltá-lo.

– Ei...calma, eu não vou fugir de você.
Igraine o abraçou ao ouvir. Aquilo parecia um sonho.
– Você fugiu no passado.
– Mas eu disse que iríamos nos encontrar de novo. E agora estou aqui. É inevitável, sempre voltamos a nos encontrar.
– ...foi nosso pacto?
– É! – ele riu. – Nosso pacto. Agora...o que acha de comermos? Esse hot-dog que eu comprei ali no trailler é uma delícia!
– Devs.
– O quê?
– ...isso tudo é real?
– Estamos aqui juntos...por que não seria?

Igraine apertou o lábio. Não sabia. Devs não havia mudado nada mas...como havia ido parar ali, com ele? Devs se aproximou e Igraine se deixou envolver novamente no abraço seguido pelo beijo longo.

– Mas você é mesmo uma ordinária!

Igraine desfez o beijo assustada e sentiu todo o calor do seu corpo se esvair ao ver a pessoa parada á frente. Com suas elegantes roupas e sua presença incomparável, estava Cruello Devil.

– ..o..o...
– Ordinária! Safada! Como ousa fazer uma coisa dessas?!
– Cruello...eu...eu...
– Me trocando por esse...esse...essa cacatua?!
– Hey! Quem pensa que é pra falar assim comigo seu...seu enrustido!
– QUEM É ENRUSTIDO, SEU RIDÍCULO?!
– Como ousa xingar minha namorada? - Devs já havia se colocado em pé.
– Sua namorada?! -os olhos de Cruello faiscaram. – Ela está saindo comigo! Estou pegando ela á mais de mês!
– Isso é verdade, Igraine? Você está me traindo?!
– Contente-se em ser corno.

Devs avançou para cima de Cruello e ambos se atracaram. Quando um tencionou puxar o cabelo do outro, ambos gritaram em uníssono.

– Não ouse tocar no meu cabelo, filho da puta!
– PAREM COM ISSO VOCÊS DOIS!

Igraine se aproximou, tentando afastá-los, mas eles a empurraram de forma que ela caiu sentada na grama.

– Fica calada, sua ordinária! – rosnou Cruello. – Fica fazendo drama para me fazer acreditar que é uma mulher decente e fica aí se esfregando com esse vadio!
– ...antes vadio do que uma bicha enrustida!
– Você me respeite sua, cacatua reumática! Vou calar a tua boca!
– Tenta para ver o que te acontece, gambá burguês!
– Teu recalque não me atinge. Sou muito melhor do que você. Aceita que dói menos!
– ...como pôde me trair com essa coisa?! – ralhou Devs indignado virando-se para ela..
– Vai se explicar agora, Igraine! – rosnou Cruello. – Quem você realmente quer?!

Igraine olhou de um para o outro, aturdida. Eles eram tão lindos e com os mesmos olhos azuis hipnotizantes...mas aquilo não poderia estar acontecendo! Não podia!

– E-eu...
– Quer saber? Pra mim chega! Cansei de você! Adeus.

Cruello saiu caminhando enfezado e Devs, após olhar uma última vez para Igraine, fez o mesmo.
– Não...esperem...voltem...eu...não...

~*~

O alarme do relógio soou por todo o quarto, fazendo Igraine despertar abestalhadamente. Rolou na cama, forçando os olhos para que abrissem, sentindo lágrimas neles. O que havia sido tudo aquilo?

O despertador ainda tocava e ela derrubou algumas coisas na mesa de cabeceira até encontrá-lo e desativar o alarme. Suspirou pesarosamente, olhando para o teto. Sua cabeça latejava. A noite mal dormida e ainda por cima aquele sonho só piorava as coisas. Esfregou o rosto, jogando as cobertas para o lado.

“ Sou uma tonta mesmo! Fiquei pensando tanto no Cruello e no Devs ontem que acabou dando nisso. Droga, droga! Se um dia eles se encontrarem daria uma confusão mesmo eu não preciso de um sonho para ficar me dando mais certeza ainda disso!”

Emburrada, se levantou, admitindo que era melhor acordar com os latidos de DoisTons a ter que acordar pelo barulho irritante do despertador. Não podia se atrasar, hoje teria muita coisa a ser feita na ONG.

~*~

Ao chegar na ONG Bicho Alegre, Igraine surpreendeu-se com uma certa agitação no local, mais precisamente nos fundos. Os funcionários estavam próximo ao alambrado, observando alguma coisa no último canil dos fundos. Os demais animais que estavam nos canis laterais observavam intrigados e curiosos.

– O que está havendo? – perguntou ela para um dos funcionários.
– A raposa! Deu a louca na raposa!
– Como é?
– Aeeeieeeee!!!

Yumie e mais dois ajudantes saíram correndo do canil, fechando a porta de alambrado com força. Igraine se aproximou, notando que no alambrado estava a raposa recém resgatada. Ela estava com a barriga inteiramente enfaixada devido á cirurgia recente e andava com dificuldade. Se olhasse mais de perto, era possível notar que o curativo já estava manchado de sangue. Mas seus pêlos estavam eriçados e ela rosnava furiosamente, trêmula.

– Yumie, o que está havendo?
– A raposinha! Eu preciso medicá-la e trocar o curativo, acho que alguns pontos abriram mas não conseguimos nos aproximar dela!
– Tentaram tranquilizá-la?
– Já tentamos de tudo...tentei colocar um sonífero na comida, mas ela nem tocou. Não conseguimos chegar perto para segurar e aplicar o tranquilizante...o Juvêncio foi mordido no processo e teve que ir correndo pro posto médico. E se não a pegarmos, ela pode acabar contraindo uma infecção!
– Ela está assustada. É um animal selvagem e provavelmente sofreu maus tratos.
– Sim...mas não seio que podemos fazer!
– Poderíamos usar um rifle com dardo tranquilizante!

Todos olharam para Juvêncio, que se aproximava com a mão enfaixada.
– Não podemos usar um rifle com tranquilizante em uma raposa!
– ...então uma zarabatana?

Igraine e Yumie reviraram os olhos. Enquanto os demais funcionários voltavam á seus afazeres, ambos observaram a raposa caminhar com dificuldade até o canto do canil, cansada e abatida.

– Me dê o tranquilizante. Eu vou tentar.
– Mas...
– Apenas me dê.

Yumie lhe entregou uma pequena seringa e Igraine colocou-a com cuidado em um compartimento externo da bolsa. Respirou fundo e entrou no canil, fechando o portãozinho atrás de si. Ao vê-la, a raposa encolheu-se no canto, rosnando e tremendo.

– Calma...eu não vou te machucar. – falou Igraine, mansa. – Eu quero te ajudar.

A raposa arregaçou os dentes, agitando a cauda. Mesmo sendo pequena, ela parecia ameaçadora mas Igraine sabia que por dentro animal estava com dor e medo. Igraine sentou-se no chão perto dela e continuou, com a voz calma e sem demonstrar qualquer medo diante das ameaças do animal.

– Não se preocupe. Sei que parecemos ameaçadores mas queremos te ajudar. Você está machucada e precisa cuidar desse ferimento. Não precisa ter medo. Me dê uma chance para mostrar que quero te ajudar, por favor.

Enquanto Igraine conversava baixinho com a raposa como se esta fosse uma pessoa, Yumie observou com atenção. Uma das qualidades de Igraine era sua habilidade anormal para com os animais. Era algo difícil de explicar mas os animais pareciam realmente entender as coisas que Igraine falava para eles. Por isso mesmo não ficou surpresa ao ver que aos poucos, a agressividade da raposa foi diminuindo ao ponto de Igraine tocar-lhe a cabecinha. O carinho fez a raposa tremer mas logo ela se acalmou.

E para surpresa tanto dela quanto de Igraine, de súbito a raposa pousou as duas patas dianteiras e a cabeça no colo da jovem. As duas amigas trocaram um olhar de surpresa e Igraine voltou a conversar baixinho com a raposa, acariciando seu pêlo macio. Delicadamente pegou a pequena seringa da bolsa. A raposinha tremia e Igraine sabia que agora era pela dor que sentia.

– Eu vou ajudar você. Mas preciso que confie em mim. Vai doer só um pouquinho agora mas eu te prometo...prometo que você ficará boa. Eu juro.

Com cuidado, Igraine aplicou a injeção na raposa, que apenas ganiu baixinho. Yumie observou admirada. Igraine nem precisara segurar o animal ou render-lhe o focinho. Não demorou para que a raposa adormecesse, com cuidado Igraine a pegou no colo, levando-a para fora do canil.

– Fenomenal. – falou Yumie. – Você realmente tem o dom de conquistar os animais! Fico pasma com isso. É fantástico! Essa raposa estava indomável e você conseguiu acalmá-la! Como?

– E-eu não sei...só falei com ela...fui sincera....
– Heh, mesmo assim. É incrível! Posso dizer que você tem um dom especial!
– ...bom.. – Igraine sorriu sem jeito. – Posso não ser boa em entender as pessoas mas com os animais...acho que eles entendem que eu me preocupo com eles e que estou sendo sincera...
– Leve a raposa para a sala de cirurgia, vamos aproveitar o sedativo e fazer os curativos necessários antes que ela acorde.

~*~

Já era final de tarde e Valder suspirou satisfeito. Olhou para o sol que se punha através da grande janela do escritório e espreguiçou-se, sentindo os músculos estalarem. Finalmente hoje iria embora para casa dentro do horário. Sem as infindáveis horas extras. Claro que fazer hora extra tinha seus pontos positivos: o saldo bancário no final do mês era motivador e Valder tinha certeza que mais alguns meses e conseguiria dar entrada em seu próprio apartamento, abandonando a vida de viver em um kitnet.

Tendo um apartamento, poderia então fazer uma proposta á Ela. Não era justo que uma pessoa tão incrível vivesse naquela choupana caindo aos pedaços. Nesse ponto, Cruello Devil tinha razão.

“Não! Não posso pensar no Cruello! Se pensar, ele vai aparecer aqui e na certa serei obrigado a fazer hora extra de novo! Esqueça, esqueça!”

Valder puxou os cabelos, fazendo-os ficarem mais armados e então ouviu o discreto alarme soar, anunciando que o expediente de trabalho se encerrava para aqueles poucos que estavam livres de fazer hora extra.

Rapidamente Valder se levantou da cadeira, colocando desajeitadamente o paletó. Saindo mais cedo, poderia passar na casa de Igraine e fazer uma visita. Gostaria de saber como a amiga estava: conversas no face não eram a mesma coisa do que falar pessoalmente. Fora que Nanny estaria lá e era certeza que haveria uma janta deliciosa.

Desligou o computador e estava colocando o celular no bolso da calça quando a porta do escritório foi aberta e Cruello Devil surgiu. Embora parecesse visivelmente cansado, ainda mantinha sua postura altiva e opressora, que fazia os outros recuarem. Ele caminhou com passos apressados e quando passou por Valder, disse, apontando em sua direção mas se nem sequer olhar para o funcionário.

– Valder, você fica hoje. Temos muito trabalho a fazer e preciso conversar com você!
– ...m-mas...chefe...
– Depois. Fique ai que logo te chamo!

Assim que Cruello sumiu em direção á sua sala, Valder murmurou um palavreado deveras pejorativo e sentou-se irritado de volta á sua cadeira. Isso já era demais. Por mais que o salário fosse bom, estava ficando intolerável. Ele era um ser humano e não um robô! Faria Cruello Devil ouvir umas verdades. Criaria coragem para tal.

Ontem o dia de trabalho, embora cansativo, havia sido bom. Porque Cruello Devil passara o dia todo fora da Devil’s sem dar sinal de vida. E, embora Scarlet estivesse possessa com a situação, ela não era do tipo que descontava nos funcionários. Apenas pegava os objetos e os atirava contra as paredes ou pisava sobre eles até que ficassem em pedaços.
Completamente normal diante do padrão de pessoas ricas e estranhas que estava convivendo em seu ambiente de trabalho.

Quando abriu a porta do escritório, Cruello o encontrou vazio. Irritado, foi até o escritório de Scarlet, para encontrá-lo também vazio. Esfregou os olhos com força, querendo se livrar daquele súbito sono que sentia. Como era possível sendo que acabara de voltar de um longo e terapêutico relaxamento?

– Scarlet! Onde você está? SCARLET!!! Ora essa...Valder! Venha já aqui! VALDER!
– Cha-chamou, chefe?
– Onde está aquela perua saliente? – resmungou Cruello abrindo a boca em um bocejo.
– ..quem?
– Scarlet, óbvio! Era para ela estar aqui!
– A senhorita Scarlet está no ateliê desde cedo...ela estava reunida com os estilistas e...
– Como ela ousa – bocejo – Fazer uma reunião com os estilistas se mim?! Vamos, pegue seu tablet e me siga, rápido! Temos muito o que fazer!
– ...chefe eu gostaria de conversar sobre...
– Depois Valder! Tenho prioridades! Siga-me!

Á contragosto, Valder obedeceu. Amaldiçoando a si próprio por fazer aquilo sem conseguir contestar.
Após pegarem o elevador, ambos atravessaram o vasto salão onde os funcionários dedicavam-se a desenhar os esboços dos novos modelitos da Devil’s e verificar os modelos prontos para que pudessem ser postos em produção. A presença de Cruello Devil por ali era cotidiana, mas Valder sempre notava a atenção que os funcionários prestavam ao chefe toda vez que ele surgia. Havia algum tipo de magnetismo em Cruello Devil e isso era um fato incontestável. Uma coisa que deixava Valder incomodado já que ele nunca apreciou ser alvo de atenções ou olhares. Mas Cruello parecia encarar tudo aquilo com naturalidade, como se sequer tivesse conhecimento do poder que sua aparência atraía.
Cruello abriu a grande porta que dava acesso ao ateliê com brusquidão .

– COMO OUSAM FAZER UMA REUNIÃO SEM A MINHA PRESENÇA?!
– Alô, alô criatura! Segura seu forninho que eu não estou com tempo e paciência para seus ataques de boiolagem hoje! Se estou fazendo uma reunião com todos os estilistas aqui é por culpa sua!
– Minha culpa?! Como assim “minha culpa?!”

Scarlet levantou-se irritada da mesa, que já era composta por cerca de 11 estilistas e figurinistas das Devil’s , um querendo aparecer mais do que o outro em seus excêntricos estilos estéticos. Ao perceber que uma nova discussão se iniciaria, eles apenas trocaram olhares entre si, parecendo entediados (alguns até reviraram os olhos).

– Você não me aparece na empresa por praticamente dois dias logo depois de termos feito o contrato para o desfile que irá alavancar á Devil’s para o mercado do Oriente Médio porque está com suas frescuras e queria que eu fizesse o quê?! Esperasse até sua boa vontade de aparecer aqui ?! Me poupe! Eu consegui esse desfile e não vou correr o risco de perdê-lo! Tem muita coisa em jogo nele!
– Sei...eu sei o que está em jogo...
– Não ouse falar o que eu acho que está pensando!
– Você não sabe o que estou pensando!
– Posso não saber em detalhes mas sei o que está pensando para insinuar isso! Pelo menos se eu tenho tal intenção é algo que tem dinheiro e não com algo ripongo e simplório!
– O que está insinuando?!
– Eu acessei o Portal das Celebridades.
O rosto de Cruello ficou lívido.
– Depois falaremos sobre trivialidades, Scarlet! E antes que venha dizer que eu não honro meus compromissos, aqui está! Vai calar a boca agora!

Ele jogou, irritado sobre a mesa, uma pasta que carregava. Com o impacto, ela se abriu e um bolo de folhas desenhadas se espalharam pela mesa. Todos ali notaram uma quantidade notável de modelos que iam do elegante máximo ao casual elegante. Cada desenho retratava uma vestimenta com alguma temática animal e os detalhes de joias eram desenhados ao lado, com pequenas anotações. Além de ser estilista, Cruello também era designer de joias.

– Talvez seja necessário algumas modificações, mas desejo que a essência seja mantida. Alterem o mínimo possível para facilitar a confecção. Estas pertencerão ao desfile que levará o nome da Devil’s em sua essência original. Lhes dou liberdade para criarem os demais modelos que pertencerão não apenas no desfile mas também nas peças que iremos confeccionar para a venda. O tema: elegância no reino animal. Nosso público busca isso, são pessoas requintadas e conservadoras, porém ousadas.

Enquanto explicava, Cruello caminhava pela sala observando o interesse dos presentes em estudarem seus desenhos.

– É fato de que não temos muito tempo, mas garanto-lhes que, se conseguirmos realizar com sucesso esse desfile, o retorno será gratificante para cada um de nós. Quanto mais cedo conseguirmos dar prosseguimento na criação do material para o desfile, mais tempo para a confecção do material. Pois alguns que estão aí eu garanto, não será muito fácil de conseguir. – ele riu de forma cruel. – Mas se conseguirmos...as encomendas serão inevitáveis.
– Tenho uma pergunta... – começou Scarlet observando alguns desenhos nas folhas que segurava. - Onde estavam esses desenhos que eu nunca vi?Quando fui na sua casa para verificarmos seu acervo, não vi nenhum desses!
– Claro que não viu. Porque eles não estavam lá. E, aliás, não estavam em lugar algum?
– ...o quê?
– Eu os fiz entre ontem e hoje. São modelos novos e originais.
–...você criou tudo isso em praticamente um dia?

A resposta de Cruello foi apenas o típico sorriso que ele sempre dava quando estava satisfeito com alguma coisa. Ele atravessou a sala e aproximou-se de Valder.

– Vá até minha sala e pegue minha prancheta de desenhos e o estojo de lápis. Rápido! Alguns modelos ainda precisam ser feitos! E vocês – ele apontou para os estilistas e figurinistas. – Podem ir começando a trabalhar! Quer ver pelo menos três modelos –:incluindo roupa, sapato e acessórios, criado por cada uma de vocês até as vinte horas. Vamos, vamos!

Todos obedeceram de prontidão. Valder seguiu cansado para o escritório mas em compensação os estilistas e figurinistas pareciam empolgados em começarem a criar as novas peças.
Vendo que os funcionários começavam a trabalhar, Cruello foi até uma das salas onde ficavam guardados os incontáveis modelos de desfiles anteriores da Devil’s. Scarlet o seguiu e, tendo certeza de que estavam sozinhos, ela se aproximou.

– Você passou a noite toda desenhando?
– ...não é a primeira vez que faço isso.
– Que houve com seu pulso?
– Está dolorido. – murmurou o rapaz quando ela viu seu pulso esquerdo enfaixado. – Não é nada, já estou tomando anti inflamatório.
– Você sabe que não pode abusar.
– Eu tinha de fazer isso! Temos pouco tempo e não vou atrasar com as minhas obrigações!

Scarlet tinha de admitir que, por mais que provocasse e discutisse com Cruello, sabia o quanto ele era dedicado e responsável no ambiente de trabalho. Não era fácil para ele, com menos de 30 anos, assumir todo o império deixado por Cruella Devil. Mesmo que o ajudasse no que podia, a maior parte das decisões finais e formas de manter a empresa em alta, sempre partiam das decisões Dele.
Cruello livrou-se da echarpe e uma marca em seu pescoço arroxeada, com um vermelhidão envolta atraiu a atenção de Scarlet.

– O que diabos é isso no teu pescoço?!
– ..o quê?
– Esse hematoma! Quem te deu um chupão desses? Cruello, você está se metendo com fãs obcecados de novo?!
– Que chupão?
– Como não viu isso, criatura?! - rosnou ela puxando um espelho. – Tá horrível isso aí!

Cruello observou, com uma careta. De fato a aparência era bem evidente. Colocara a echarpe justamente para isso mas o jeito seria apelar para a maquiagem.

– Se eu souber que você está saindo com alguma puta qualquer em um momento importante como este, juro que vou estrangulá-lo até você gritar feito uma bicha transformista!
– Eu nem sei como diabos isso apareceu! Ontem notei que estava ruim mas hoje parece que piorou! Preciso de maquiagem.
– Quem foi a vadia ou vadio que...
– Eu não fiquei com ninguém, Scarlet! Ontem fui apenas para o SPA á fim de relaxar! - ele bocejou. – Mas não acho que deu tanto resultado...
– Eu já falei para você parar de ir no SPA daquela piranha vermelha! Ela te olha como se você fosse um pedaço de filé mignon! Na verdade aquela mulher parece estar obcecada por você! Tenho medo de que você fique sozinho com ela!
– Que absurdo, Scarlet! A Sharlene é uma profissional, nunca me tratou de forma – bocejo – diferente! Agora chega de papo! Temos muito trabalho á fazer!

~*~

Igraine caminhava com Dois Tons em direção á sua casa, satisfeita. O dia de trabalho fora ótimo. Ajudar a raposinha havia conseguido animá-la e poder trazer DoisTons para casa era melhor ainda. A dálmata estava incrivelmente bem, só um pouco enjoada para comer, mas Igraine tinha certeza que isso era por conta dos dias que passara no canil.

Terminado o expediente e se despedido de Yumie, Igraine havia passado no mercado e comprado todos os ingredientes para fazer os muffins que Nanny adorava. Não que Igraine soubesse cozinhar, mas conseguira uma receita pela internet visivelmente fácil. Seria uma forma de pedir desculpas á Nanny pela forma como agira no dia anterior, defendendo Cruello.

Claro que muffins não era um pedido eficaz de desculpas, mas eles com certeza ajudariam a amenizar aquele clima pesado e silencioso. Não queria viver aquilo com uma das pessoas que mais amava. Mesmo que se não falasse nada tudo voltaria ao normal em poucos dias, ainda assim Igraine via a necessidade de conversar com Nanny.
Estava quase chegando em casa quando uma pessoa esbarrou em seus ombros, por pouco não fazendo-a soltar a sacola que segurava.

– Oh, me desculpe senhorita!Eu estava distraído. Tudo bem com você?
– Sim, não se preocupe, eu só...

Igraine parou no meio da frase. Ali, com um sorriso simpático, estava ninguém menos do que Patrick Star. A garota pensou em como deveria reagir, mas Patrick já ia dizendo.

– Então, me desculpe eu estava distraído Por acaso a senhorita viu o empresário Cruello Devil passando por aqui?
– E-eu...
– Oh, acaso não viu a notícia do Portal das Celebridades? – ele puxou um cartão do bolso. – Eu sou Patrick Star, jornalista e redator. Ontem mesmo publiquei uma notícia sobre o escândalo ocorrido aqui neste bairro. O empresário Cruello Devil, que se vangloria tanto de ser uma pessoa da alta sociedade estava se envolvendo com uma garota simplória e comum, para os padrões preconceituosos dele, é claro. Eu vi com meus próprios olhos! Cruello Devil foi enxotado de uma casa aqui nas proximidades feito um cachorro, á base de vassouradas! Isso porque abusou de uma garota!

Enquanto Patrick desatava a falar, Igraine pensou no que fazer. Era possível que ele não a reconhecesse? Como? Seria porque ela estava usando roupas e o cabelo preso? Talvez...afinal no dia anterior ela aparecera na porta toda descabelada e seminua.
Ao lembrar-se disso, Igraine corou. Precisava sair dali logo antes que Patrick descobrisse quem era ela. Caso contrário estaria encrencada...tanto com ele quanto com Cruello.

– Eu...eu acesso o site depois, preciso ir estou atrasada!
– Calma que estou quase terminando! Então , o Cruello...
– Desculpe senhor, eu realmente preciso ir! Vamos DoisTons!
–...ei! Eu não te conheço?
– Creio que não senhor. – falou Igraine andando apressada pela calçada. – Nem moro por aqui!
– Mas eu vivo em diversos lugares de Londres e...
– Definitivamente não...estou na cidade só á passagem tenha uma boa semana!

Igraine apressou o passo, deixando Patrick Star estático. Ele colocou ambas mãos na cintura. Aquilo era suspeito...muito suspeito.

– Minha memória nunca falha...- murmurou ele. – Se eu digo que já a vi antes, é porque eu vi! Eu vou me lembrar, ah se vou!

~*~

Quando finalmente chegou em casa satisfeita por não estar sendo seguida por Patrick, Igraine foi recebida com latidos e pulos calorosos de Furacão. Como era de hábito, o gato Mimo enroscava-se em suas pernas enquanto ela caminhava em direção á cozinha. Dois Tons, alegre por estar de volta ao lar, correu em direção á sua tigela de comida, esperando animada, a refeição.

– Calma. Furacão, deixa eu colocar as compras na mesa! Pronto! Agora....venham aqui com a mamãe!

Ao dizer isso e se ajoelhar no chão, todos os bichos vieram ao seu encontro, pulando alegres. Até Golias, sempre mais recatado, pulou no colo de Igraine, rosnando toda vez que Furacão se aproximava para tentar lamber o rosto da dona.

– Dois Tons, feliz por estar em casa hein, minha menina? – ela apertou carinhosamente a cabeça da cachorra em suas mãos e a cadela balançou o rabo, sacudindo-se toda na processo. – Hey Furacão, calma! Vou fazer carinho em todos vocês!

Igraine passou um tempo ali, acariciando seus mascotes e brincando com eles. Era incrível como aqueles animais – todos eles resgatados de um destino de abandono e maus-tratos pudessem lhe trazer tanto conforto e afastar as preocupações. Sempre se perguntava como era possível existir pessoas que não gostassem de animais. Eles eram seres tão amorosos e perfeitos...pensou na raposinha que conseguira ajudar hoje. Tê-la no colo, permitindo ser acariciada e medicada, deu uma sensação tão boa, que Igraine não sabia explicar. Como seria bom se as pessoas pudessem ter um pouco da pureza dos animais.

– Bom, chega de enrolação, tenho trabalho á fazer! Vocês todos vão pra sala! – disse ela se levantando e batendo palmas. - Tenho que fazer os muffins antes que a Nanny chegue!

Igraine então pôs-se a trabalhar com afinco. Não tinha muita habilidade na cozinha e a verdade é que detestava cozinhar. Mas para pedir desculpas para Nanny, faria um esforço. Não gostava de brigar com ela, que era uma das pessoas mais importantes da sua vida. Alguém que sempre esteve ao seu lado, coisa que seus pais quase nunca estiveram.
Decidida, começou a preparar os muffins seguindo uma receita que encontrara na internet. Não parecia difícil e após fazer a massa, levou-os ao forno.

– Ótimo! Agora é só esperar assarem!

Satisfeita, Igraine foi até a sala, jogando-se no sofá. Iria descansar um pouco até que os muffins assassem. Mandou uma mensagem para Nanny. Mesmo que ela não respondesse, sabia que voltaria para casa. E assim ambas poderiam conversar. Igraine estava decidida a contar tudo que sentia a respeito de Cruello.
Sentiu o Golias subir no sofá e aconchegar-se em seu colo. DoisTons deitara no tapete junto com Furacão, enquanto o gato Mimo empoleirava-se no sofá. Igraine fechou os olhos e acabou dormindo.

~*~

Tudo estava mais silencioso do que o normal. Igraine abriu os olhos com dificuldade, procurando se situar onde estava e que horas eram. A sala estava na penumbra e percebeu que nenhum de seus mascotes estava ali. Mas ela não estava sozinha.

Sentado no sofá ao seu lado, estava Cruello Devil.
Igraine tencionou abrir a boca, mas Cruello colocou dois dedos sobre seus lábios. E para surpresa dele, em vez de Igraine ficar envergonhada, ela beijou-lhe os dedos, passando a língua por eles em seguida. Cruello sorriu.

– ..ordinária.
– Por você eu sou ordinária.

Ele debruçou-se sobre ela no sofá e ambos se uniram em um beijo intenso. Igraine cruzou as pernas sobre a cintura de Cruello, que enroscou os braços em suas costas e puxou com delicadeza os cabelos longos, fazendo-a gemer.

– Penso que devemos terminar o que começamos, não acha?
– ...com certeza.
Os beijos e as carícias tornaram-se mais intensos e nada mais parecia importar.
– Promete que ficará comigo, Cruello?
– ...sim. É o nosso pacto.

O som de um telefone tocando, que parecia distante, tornou-se mais intenso, preenchendo todo o ambiente. Cruello abriu o os olhos de sobressalto, percebendo que estava sentado na em uma mesa improvisada na sala onde ficavam as vestes das antigas coleções da Devil’s. Ao seu lado, pilhas de roupas e acessórios espalhados.

Após ordenar os trabalhos para os estilistas e despachar Scarlet para que entrasse em contato com os melhores buffets , ele havia se trancado na sala para concluir os últimos desenhos. Queria terminá-los logo pois a confecção de um em especial, era, além de demorado, arriscado. Mas indispensável para o sucesso do desfile.

Porém, o cansaço súbito da noite em claro havia dominado e acabara cochilando...para sonhar com Igraine.
Levantou-se irritado, jogando com violência a caneca de porcelana chinesa que estava sob a mesa. O objeto espatifou-se e ele passou a mão pelos cabelos.

“ O que diabos foi isso?! Que sonho estúpido! Desde quando ela está ocupando meus pensamentos dessa forma?! Eu sou Cruello Devil e não um garoto idiota para ficar tendo sonhos desse tipo! Já se passaram anos! “

Sentou-se novamente na cadeira. Por mais que se recusasse, tinha de admitir que o sonho o deixara excitado. Pelo menos, agora já tinha a completa certeza que Igraine estava apaixonada por ele. Isso era bom, mas temia que poderia se tornar um problema.

“ Um problema por quê? Não era isso que eu queria? Ela nunca deixou de gostar de mim, apenas não percebeu isso por ser tonta demais. E no final das contas, eu também...”

Cruello impediu seu próprio pensamento. Pegou a piteira e acendeu um cigarro. Deu uma longa tragada, procurando afastar o raciocínio odiosamente lógico que pairava em sua mente.
Talvez acabara de se meter em uma encrenca dos diabos. Mas naquela época distante, isso nunca lhe passou pela cabeça. Era somente um momento ilusório de uma realidade impossível para a vida que se seguiria.

A sombra de um sorriso passou em seus lábios e ele deu outra tragada. Encrenca dos diabos...até que combinava com ele, afinal. Igraine era uma encrenca dos diabos...digna para um Devil.

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Notas finais do capítulo

Ufa! Finalmente temrinei esse capítulo! Aleluia Irmãos! Gorifica de pé, igreja! o/
Brincadeiras á parte, espero que este capítulo tenha ficado ao menos razoável. Me esforcei demais nele mas ás vezes, mesmo me esforçando pode ocorrer de não conseguir atingir o resultado esperado. Por isso, a opinião de vocês, leitores, é muito importante!
Não deixem de comentar!
Posso lhes dar a certeza que o próximo capítulo será atualizado mais rapido pois já tenho uma parte dele pronta.
Enfim, só não me crucifiquem! Estou sempre tentando melhorar, mas ainda preciso melhorar muito!
Até mais!