The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Decidi escrever porque não consegui controlar meu ímpeto...eu precisava escrever, não saía da minha cabeça e as pessoas para quem mencionei disseram para eu o fazê-lo. Tudo começou quando vi o belíssimo fan art da talentosa Sakimi chan que presenteou os fãs da Disney com belíssimas versões masculinas de personagens Disney originalmente femininas. E uma das imagens que me encantou (tá, eu confesso...fiquei louca!) foi essa que está na capa.Sim..eu irei fazer cosplay dele, só para avisar.



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“Esta história começa em Londres, nos dias atuais e há bem pouco tempo atrás.”

O relógio na mesa de canto marcava 8:15. Na penumbra daquele quarto, a porta deslizou suavemente e nele entrou um cão da raça dálmata em passos lentos e decididos. Circundando a cama, ele foi até onde havia uma pessoa enrolada em cobertas, que dormia profundamente.
O cão sentou-se observou o suave ressoar da pessoa adormecida. E, sem aviso prévio, emitiu uma forte sequência de latidos que ecoou no quarto.

– AUAUAUAUAUAUAUAAUAUAUAUAUAUAAUAUAUAU!
– Minha nossa senhora, puta que pariu!

A garota levantou-se de supetão da cama, aturdida e assustada, sem conseguir enxergar direito. Tropeçou no próprio chinelo ao lado da cama, deu um tapa no abajur e dominada pela tontura de ter se levantado muito rápido, caiu novamente na cama procurando se concentrar.

O dálmata continuava sentado, olhando-a fixamente e abanando a cauda. Ela remexeu-se na cama, piscou algumas vezes para aguçar a visão e murmurou, enquanto o cão se aproximava com a intenção de subir na cama.

– Dois Tons, você tem que fazer isso todos os dias...? Ah na-na-na! Na cama você não sobe, volta pro chão, garota!! E ainda são oito e quinze de domingo!

Puxou novamente a coberta sobre a cabeça o que induziu o dálmata a latir mais uma vez.
– AUAUAUAUAUAUAUAAUAUAUAUAUAUAAUAUAUAU!
– Ah, tá bom tá bom! Já estou levantando! Onde já se viu, eu sendo mandada por um cachorro!

~*~

Igraine Radcliffe morava em um pequeno e singelo bangalô perto do Rigerst Park, em uma rua de residências simples e que ainda conservavam uma forte arquitetura antiga. Não tão antiga como determinadas construções londrinas, mas ainda sim conservavam a aparência de elegantes bangalôs, de casas estreitas, coladas umas ás outras, desprovidas de quintal e portão. Possuíam apenas um pequeno lance de degraus até a porta e um minúsculo jardim na lateral.

Todo o bairro era composto por construções semelhantes, que davam ao local uma atmosfera antiquada,porém agradável. Embora fosse situada na cidade londrina, era um local calmo, com ruas limpas e arborizadas. Os moradores estavam, inclusive, acostumados com turistas que passavam por ali para admirar a arquitetura da época.

A residência de Igraine era um sobrado que outrora pertencera a seus avós nos primeiros meses do casamento. Logo depois eles haviam comprado uma fazendo no interior, onde puderam criar calmamente sua quantidade absurda de cães da raça dálmata. Assim, o pequeno sobrado ficou durante muitos anos sendo alugado até que Igraine, libertando-se daquela vida inteira passada no campo, arranjara um emprego em Londres.

Como o custo de aluguéis seria muito alto para uma jovem recém-formada, seus avós concederam em lhe ceder a casa pelo tempo que ela precisasse para trabalhar e se habituar em viver por sua própria conta.

O que, obviamente, não estava se mostrando tão fácil e esplendoroso como muitos diziam.

Após tomar um banho e trocar de roupa, Igraine olhou-se diante do espelho, procurando tentar dar um jeito em seus cabelos castanhos. Fazer aquelas mechas loiras nele não deu muito certo e seu cabelo estava mais rebelde do que o habitual. E a cabeleireira errou de novo no corte, melhor procurar outro salão na próxima vez. Optou por amarrá-lo em um rabo de cavalo baixo e, ao notar o típico dia londrino, com seu ar úmido de suave garoa e nuvens cinzentas, se limitou a colocar uma calça de moletom e a camiseta com Greenpace estampada. Tratou também de passar uma maquiagem leve para esconder um pouco a palidez e olheiras de mais uma madrugada varada na internet em busca de informações sobre comércio ilegal de peles animais , coisa que ela abominava totalmente.

Ouviu um barulho vindo do andar de baixo e desceu as escadas, indo em direção á cozinha. Encontrou-a ocupada por três pessoas as quais estava habituada em ver. Nanny, a diarista que vinha ajeitar a casa duas vezes por semana, sua amiga Yukie e seu amigo-irmão Valder.

– Mas o que está havendo aqui?
– AHHHH!!
Se o grito de susto dos três tivesse sido ensaiado, não sairia tão perfeito.

– Igraine! O que faz aqui? – indagou Yumie, que era uma japonesinha miúda e uma tiara com orelhinhas de gato.
– Eu moro aqui.
– Ma-mas é que...que...
– Estávamos preparando as coisas para sua festa de aniversário. – falou Nanny tirando uma bandeja do forno com o delicioso aroma de empadinhas.
– Gente, não precisa disso! – falou Igraine sem graça. – É só um aniversário em casa, chamei vocês para ficar de boas aqui, não precisa fazer nada. A gente pede uma pizza depois.
– Ah, mas de jeito nenhum! – falou Nanny. – Festa de aniversário tem que ter bolo, chocolate, sanduíches e salgadinhos!
– E presentes! – emendou Valder sorrindo alegre. – Deixamos seus presentes encimado sofá!
– No...sofá...?

Como se percebessem a razão do medo estampado no rosto de Igraine, todos correram para a sala (Valder ainda segurava a tigela na qual batia a massa do bolo) e, viram no sofá, um amontoado de papéis picados e, no meio deles um alegre vira-lata castanho de grandes olhos gentis.

– Furacão! Você fez de novo?!

Sabendo que havia aprontado, o cão murchou e saiu rapidamente do sofá. O gato preto, deitado no parapeito da janela, apenas balançou a cauda.

– Bom..pelo menos ele te livrou do trabalho de abrir os presentes...

~*~

No fim das contas, apesar da bagunça de Furacão, nenhum presente sofreu danos de seu instinto de destruição de objetos. O restante do dia se passou sem maiores surpresas, com Igraine e seus amigos na sala conversando e rindo acerca de banalidades e ela recebendo vez ou outra alguma ligação de parentes que se lembraram de seu aniversário.

A tarde já estava acabando e Igraine começou a lamentar mentalmente o fato de amanhã ter de levantar cedo para mais um dia exaustivo de trabalho. E ainda por cima, pelo clima de hoje, amanhã estaria chovendo. O que era algo bem típico de Londres e ela já deveria ter se acostumado.

– Bom, vamos indo gente. – falou Valder se levantando do sofá. – Preciso descansar um pouco porque amanhã a coisa vai pegar fogo na empresa.
– Ah, falando nisso..como está indo as coisas na grande empresa Devil? – ironizou Yukie.
– Um verdadeiro inferno! – desabafou o rapaz.
– Também, o que você esperava de uma empresa com o nome DeVil?
– Eu não entendo como eles podem colocar esse nome numa linha de roupas! – exclamou Nanny, que era uma pessoa devotadamente católica, embora gostasse de usar palavras de baixo calão em uma briga. – E onde já se viu uma família ter esse nome!
– Ás vezes eles são de uma linhagem antiga, que fazia parte de seitas satânicas...
– Credo em cruz! – exclamou Nanny se benzendo diante do comentário de Igraine.
. – A famosa Cruella Cruel mais parecia um travesti...
– Eu ainda acho que ela era transexual. – falou Yumie.
– Uma vez eu pesquisei sobre a família DeVil porque sei que eles sempre estiveram envolvidos no comércio de peles de animais. – falou Igraine. – Aquela Cruella desfilava com casacos de pele e até tentou fazer um casaco com pele de dálmata! Sem falar de outras atrocidades sem tamanho contra os direitos dos animais!Não sei como não conseguiram afundar aquela empresa que certamente faz testes em animais inocentes!
– Falam realmente muitas coisas mas...até agora, o tempo que estou lá nunca vi algo concreto. – relatou Valder. – Mas admito que rola umas outras coisas muito estranhas naquela empresa.
– De que tipo?
– É confidencial, não posso falar. Normas da empresa, desculpa gen...
Valder foi atingido por uma almofada na cara atirada por Igraine.
– Você deveria ser um espião para nós, que amamos e protegemos os animais! Tem que saber se essa empresa está fazendo crueldades!
– Eu to lá há pouco tempo e além disso fico na parte de Contabilidade! – respondeu ele lançando outra almofada.

Nos segundos seguintes se sucedeu uma guerra de almofadadas e de alguma forma a sala foi divida em equipe de Valder e Nanny contra Igraine e Yumie. Furacão ficava pulando de um lado para o outro tentando pegar as almofadas enquanto a dálmata Dois Tons latia com a cauda abanando e o gato Mimo apenas observava.

– Chega..chega! – pediu Igraine entre risos. – Sério, lembrei de uma coisa aqui. Ouvi dizer que os DeVils são pessoas estranhas, digo no sentido físico da coisa. Rola boatos de que todos os membros da família são feios como a Peste.
– Mas quase ninguém viu algum outro DeVil que não seja a famosa Cruella! – retorquiu Yumie
– Eu já procurei no Google sobre a família DeVil mas só tem foto da Cruella. – continuou Igraine. – Ás vezes penso que eles se reproduzem por mitose. Bom, mas o Valder trabalha na empresa DeVil e tem contato com a chefia! Como é seu chefe DeVil? Tão feio e traveco quanto a Cruella era?
– Bom...o dono da empresa agora é o Cruello Cruel...DeVil.
– HUAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!! – gargalhou Igraine. – Que raios de nome é esse?! Parece nome de travesti que trabalha na South Kensignton! AHSASHASHASHASH ai minha barriga! Como você pode trabalhar numa empresa de marca de roupas envolvida em maracutaias e tendo um chefe com esse nome?!

– É que o salário compensa! Tô até surpreso que hoje o meu chefe não me ligou e me mandou fazer alguma coisa!
– Tô até imaginando aqui a criatura bizarra e hilária que ele deve ser!

– BiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiBiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!

Mal Igraine disse tais palavras, todos ouviram o som estridente de uma buzina, pneus derrapando no asfalto e um rock do Rammstein tocando no último volume. O gato preto de nome Mimo que estava deitado no parapeito da janela, deu um salto e foi se esconder atrás da cesta de revistas, a dálmata Dois Tons sumiu em direção á cozinha e apenas Furacão ficou no meio do tapete, roendo sua bolinha tão ferozmente como se sua vida dependesse disso.

Antes que algum dos presentes pudesse saber o que estava havendo, a campainha soou e a porta começou a ser batida várias vezes.

– Mas que diabos....? – Igraine já estava se levantando.
– Deixa que eu atendo. – pediu Nanny indo para aporta, na qual alguém tocava a campainha e batia freneticamente. – Peguem alguma coisa que sirva como arma, afinal nunca se sabe!

Mal Nanny havia girado a chave da fechadura, a porta abriu-se com violência e ele surgiu.

Divino.

Essa foi a primeira palavra na mente de Igraine quando ele surgiu na porta de sua casa. Porque era isso mesmo que parecia. Era a personificação física de um ideal do sexo oposto que ela pensava, desde a infância.

Alto, robusto, imponente. Com rosto digno de uma pintura de Carravagio, com grandes olhos azuis, expressão firme, traços bem delineados e, ela tinha de admitir...com muito estilo. Usava uma calça e colete sociais, com uma camisa de linho branco por baixo, luvas vermelhas, uma cigarreira (daquelas muito usadas na década de 30) e um casaco bege volumoso. Mas o que realmente chamava atenção era seu cabelo. Cortado curto e com fios que caíam sobre os olhos, era metade branco e metade preto. Um estilo tradicional da família...DeVil.

– Finalmente te encontrei!

A voz dele fazia jus á todo o conjunto físico restante Igraine estremeceu. Ele a estava procurando???
Mas o rapaz passou por ela e foi até Valder, que se encolheu no sofá.

– Te procurei hoje o dia inteiro!

Igraine virou lentamente para ver...não é possível! Será que ele era...

– Como ousa se tornar incomunicável, Valder?! Você é um analista contábil da DeVil's! Precisa ficar acessível 24 horas por dia, incluindo finais de semana! A bolsa de valores e as vendas não páram!
– E-eu...
– Te mandei e-mail, mensagens no facebook,mandei outros funcionários te deixarem recado e te procurarem...cheguei a ir na sua casa para te procurar, pedi informação aos vizinhos, fui aos lugares que você costuma frequentar...e nem sei quantas vezes tentei te ligar! Está proibido de deixar seu celular desligado! Nova regra! E depois de tudo isso finalmente encontro, tendo que conversar com um bêbado...que você estava na casa de uma amiga de nome estranho que eu precisei pesquisar no Google e refinar um monte de resultados para finalmente descobrir o endereço desta choupana!

“Choupana?” – Igraine estreitou os olhos.
– Desculpa senhor Cruello eu prometo que...
– É bom mesmo! Venha! Vamos para a empresa! Notei uma diferença de valores no fechamento do mês e exijo que você me explique a razão disso! Até por...AH!! Mas que diabos é isso?!

Surgindo do nada, um cachorro Chiuhauha grudou na perna do homem fazendo movimentos deveras suspeitos.

– Tirem esse cachorro tarado de cima da minha perna!
– Oh, o Golias finalmente apareceu...- falou Nanny. – Eu procurei ele a manhã toda!
– Ele deveria estar embaixo da minha cama, como sempre faz. – murmurou Igraine. – Ontem ele estava tremendo todo por causa dos trovões, tadinho.
– Há mas ele está bem e esbanjando vitalidade! – disse Yumie.
– PAREM DE JOGAR CONVERSA FORA E TIREM ESSA MINIATURA DE CAPIROTO DA MINHA PERNA!

Ele já estava balançando a perna com força o que só motivou mais ainda o cachorro a grudar. Quando estava prestes a meter a cigarreira no focinho do animal, Igraine interveio.

– Não ouse machucar ele!

Rapidamente ela se aproximou do homem (que ainda usava um perfume bom) e puxar Golias de sua canela, que se desprendeu relutante e tentando mordê-la. Assustada, Igraine soltou o cão que caiu no chão e sumiu em disparada para a cozinha.

– Como pode criar uma besta dessas?!
– Besta?! O senhor que é um besta! Como ousa tentar machucar um animal com cigarro! V-você...você não pode maltratar um animal indefeso!
– Indefeso?! Você viu o que aquele bicho estava fazendo! Ele estava trepando com a minha perna!
– Ele não sabia o que estava fazendo! Você iria queimá-lo com esse cigarro fedorento!
– Não toca na cigarreira! – rosnou ele afastando o objeto e fazendo uma fumaça cobrir o rosto de Igraine. – E é bom a senhorita abaixar essa crista quando for falar comigo!
– Ora essa o senhor está na minha casa! Não vem levantar a voz pra mim, não!
– Ah essa choupana é sua? – ele deu um sorriso torto. – Então se quer um conselho, é melhor aprender a limpar porque com todos esses bichos , essa casa fica fedendo!
– ...ora essa! – Igraine estava perdendo a compostura. – O que está fedendo é o seu cigarro! Invade a minha casa, quase agride um dos meus cachorros e ainda fica criticando?! Mesmo que você seja bonito, pode se por daqui pra fora, agora!
– Quem você pensa que é pra falar assim comigo, garota? Eu sou Cruello DeVil, senta e fica quieta porque eu não vim falar com você!
– AUAUAUAUAUAUAUAU!
– Cala a boca vira-lata! – gritou ele para a dálmata, que murchou as orelhas e pôs o rabo entre as pernas.
– Não dê ordens pra minha cachorra!
– Eu dou ordens para quem eu quiser...

Igraine estremeceu. Aqueles olhos azuis dele pareciam uma coisa de outro mundo.

– Valder, vamos embora desse canil! – rosnou Cruello puxando o outro rapaz pela gola da camisa. – Se eu continuar aqui é capaz de contrair sarna!

Assim que ambos saíram, batendo a porta atrás de si, o silêncio reinou na sala até que finalmente, Yumie murmurou.

– Cara..o que..foi..tudo...isso?
– Um furacão... – murmurou Igraine. – Um furacão chamado Cruello.

Ela não fazia idéia do estrago que esse furacão ainda ia causar na sua rotina.

~*~


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Notas finais do capítulo

Enfim...não sei quantos capítulos haverá...estou adaptando alguns elementos e criando outros para a obra ficar criativo mas também remeter á obra original. Se der certo e for aprovado pelos leitores, pretendo fazer fanfics originais com outras versões masculinas de personagens Disney...o que acham?