Peeta -

Pensei e repensei no meu dia de hoje, rolei na cama por alguns segundos, indo de um lado ao outro e me esquecendo de que minha cama não era de casal e caindo no chão. Não me importei com o barulho que fiz ja que ainda eram 22:16 e minha mãe estava na casa da minha avó ao lado que havia acabado de chegar de viagem, e meu pai no escritório não se incomodava com barulhos que não fossem minha mãe chamando-o ou armas.
Fiquei estendido ali no chão ate meu queixo começar a bater de frio, voltando a minha cama e vendo o relógio no criado ao lado, ainda eram 22:20.
Bufei, me levantando da cama apenas de cueca e abrindo o guarda-roupas. Precisava conversar com minha avó, estava com saudades dela. Peguei uma calça de moletom cinza e um casaco groso preto, calçei os chinelos e desci as escadas.
– Onde vai menino? - Perguntou Maria, minha baba de quando era pequeno, mas continuou conosco até hoje. Graças a ela, falo um pouco de espanhol, ja que ela era mexicana. Maria também tinha uma filha chamada Rosalinda, ou apenas Rosa, tinha o cabelo da mãe, um escuro ondulado, mas a pele alva e olhos verdes eram do pai, um alemão o qual não lembro o nome.
– Vou ver minha avó - Beijei suas bochechas gordinhas e fui saindo.
– Rosa vem aqui amanhã te ver, ela diz que esta com saudade - Maria gritou quando eu estava na porta.
Nem respondi, sabendo que Rosa era apaixonada em mim desde pequena,mas eu a achava enjoada e mimada.
Entrei sem bater, afinal, casa da avó é nossa também né?
Encontrei minha mãe olhando fixamente para o jogo de xadrez de vidro que dei a minha avó quando era pequeno. Eu gostava de jogar com ela, era meu passatempo preferido.
– Não vai ganhar dela mãe - Ri, beijando sua testa e sentando ao seu lado.
– Eu vou conseguir um dia - Disse ela ainda com a testa franzida.
– Mãe, estou com fome... - Comentei
– Em casa tem arroz, feijão e um ensopado que Maria fez agora de noite - Respondeu ela sem tirar os olhos do jogo.
Nisso minha avó apareceu trazendo uma sacola - Peet! Que saudades de você meu menino.
– Também estava vozinha - Apertei-a em um abraço de urso. Eu amava aquela coroa, como minha segunda mãe - Como foi a Austrália?
– Maravilhosa. Trouxe uma camisa pra você.
Me entregou a sacola que trazia quando entrou na sala, dentro havia uma camisa polo listrada de branco e verde claro.
– Sempre com bom gosto! - Falei, ate por que era realmente verdade.
– Está com fome Peet? - Perguntou minha avó.
– Morto de fome!
Levei um tapa de minha mãe, sabendo que reclamei com ela a pouco.
– Tem pudim na geladeira, fiz uns biscoitinhos agora pouco, um pacote de doritos que eu sei que você adora e aquela nutella que você ama.
Gente, como eu amo essa velha! Abraçei minha avó e fui para a cozinha comer tudo o que ela citou para meu cardápio.
Não demorei e voltei com um copo de suco de laranja e alguns cookies feitos por minha avó.
– Onde está minha mãe? - Perguntei me sentando na poltrona marrom escura no canto da sala.
– Ela estava cansada - Disse vovó rindo, obviamente minha mãe não venceu o jogo.
– Vó, preciso conversar...
Minha avó era como uma psicologa pra mim. Eu assumia tudo a ela, ate mesmo minha primeira vez eu contei a ela. Vovó era uma raridade e eu preservo muito isso nela, principalmente o fato dela entender a mente jovem.
– Conta querido, estou a sua disposição. - Disse ela, guardando o jogo e se sentando no sofa florido.
Contei a ela do shopping com meus amigos e Rue, as bebidas na casa de Cato, o pequeno acidente de moto que me causou uma infecção na perna, minhas aulas com Katniss, a discussão com ela, as pazes...
– Como ela é? De aparencia? - Perguntou vovó.
– Bem, na escola ela parecia uma nerd, esquisitinha, com calças largas, uma boina feia, de suéter e coque frouxo. Mas quando ela estava la em casa era diferente, estava mais atraente, e la na casa dela também. - Começei a me empolgar com o assunto - Vó ela tem um corpo que toda mulher sonha em ter, e tem umas pernas que meu Deus... -Suspirei
– Ela parece ser linda, e você é um safado.
Eu ri, afinal, era verdade.
– Vó, eu queria que a conhecesse...
– Traga ela aqui. Pede a ela que lhe de aulas aqui em casa.
– Posso mesmo?
Minha avó apenas sorriu, aquele sorriso doce que ela tinha que me tranquilizava. Acho que minha avó é um anjo que Deus colocou na minha vida, só pode.
Resolvi dormir na minha avó quando olhei no relógio, e este marcava 23:45. Haviam quatro quartos na casa, sendo tres suítes, uma dela, uma minha e uma de hospedes.
Roubei alguns biscoitos do pote e os coloquei em uma tigela, peguei um copo de leite gelado e fui para meu quarto.
Entrei naquele ambiente azul com decorações de marinheiro, coisa que eu amava quando menor. Coloquei a tigela e o leite no criado enquanto ligava a tv um tanto antiga a qual nem tinha mais controle, então eu passava os canais manualmente mesmo. Deixei em um filme qualquer que passava, afinal, eu sabia que não assistiria ele todo.
Me joguei na cama em forma de barco, me aconchegando entre as cobertas grossas e sentindo algo vibrar na minha barriga. Só então lembrei que meu celular estava no bolso desse casaco, e na tela, a foto da minha mãe piscava, não demorando a parar. Não sei se ja falei, provavelmente ja, mas minha mãe ama mensagens.
Alguns segundos se passaram e recebi uma mensagem, avisando-me que ela e meu pai iriam numa viagem de negócios por dois dias e meu primo viria ficar na minha avó.
Respondi e avisei que eu também ficaria com vovó nesses dois dias, para fazer companhia ao meu primo.
Assim que enviei, Cato me ligou.
– Fala boiola - atendi brincando com ele.
– Cara - disse meu amigo com uma falsa voz chorosa - eu to com saudade amiga..
Gargalhei - Seu gay, vem me ver ué. Estou na minha avó.
– Vózinha ja chegou? Passo ai depois da escola.
Cato adorava minha avó, assim como metade do mundo.
– Thresh também vai okay?
– Tudo bem. Vamos jogar, traz os jogos.
– Ta bom. Então... falou com Katniss?
Eu sabia que uma hora ele iria perguntar dela - Sim, falei. Fizemos as pazes ja.
– Eu sabia! - Exclamou Cato, um pouco alegrinho de mais - Kat não é má pessoa, eu sabia que ela o perdoaria.
Rimos e conversamos uns minutos mais, falamos da escola, me fazendo lembrar das minhas provas. Se eu não tirasse logo notas boas, eu começaria a trabalhar!
Quando desligamos, o relógio marcava 00:17, mas sem me importar, mandei mensagem para Katniss. Quem sabe ela não estaria acordada ne?

"Boa noite Everdeen - Mellark"

Se passaram segundos, minutos, mais segundos e quando havia se passado 10 minutos, constatei que ela estaria dormindo.
Algumas mensagens haviam chegado, mas eram de Glimmer falando que estava com saudades e viria me visitar pela manhã, porém não me dei ao trabalho de responder, afinal, eu ficaria esses dois dias na casa da minha avó com meu primo.
Finnick Mellark Odair, meu querido primo gêmeo, como minha avó dizia, pois nascemos no mesmo dia e no mesmo ano, dando diferença em apenas alguns minutos, os quais ele se gaba por ser mais velho. Não via ele desde um ou dois anos atrás, apenas nos falamos poucas vezes por telefone, quando minha mãe estava mal e minha tia, mãe dele, queria saber como ela estava. Lembro-me que ele era magricela enquanto eu era gordinho, mas tinhamos a mesma altura.
Como ja havia se passado de meia noite, era oficialmente sabado. Eu tinha que ir a escola na próxima semana para fazer as provas de recuperação e me livrar do trabalho! Imagina, passar a vida toda sem trabalhar, apenas sendo sustentado pelo pai? Doce sonho...
Não sei em qual parte do filme eu dormi, apenas sei que peguei em um sono profundo.