Peeta -

– Sua perna parece estar melhorando - Comentou Katniss levando seu bolinho de arroz a boca.
Depois de fazermos as pazes, nos juntamos com Delly na cozinha para comermos os bolinhos feitos pela ruiva.
– Sim, ja não dói tanto e posso subir as escadas mais tranquilamente. - Observei, realmente ja estava com a aparencia melhor.
Era estranho estar ali com ela, tratando-a como se fosse alguém que eu conhecia a vida toda -e conhecia -, mas foi de uma hora para outra. Katniss era uma pessoa agradavel de se falar, fácil de se entender e boa com conselhos, era mais esperta do que aparentava. Seu rosto angelical a fazia parecer mansa e meio bobinha, como um carneiro ao qual se da ordens e ele obedece, mas era bem pelo contrário, ela era mais para o cão pastor, que ditava as ordens e audaz. Sem falar em sua risada fofinha e contagiante...
Blaine passou correndo pela cozinha, arrumado para o trabalho, roubou alguns bolinhos e beijou Katniss.
– Lembra que vamos visitar o papai amanha cedo - a morena gritou
– Não se preocupe, estarei la - Ele respondeu passando pela porta.
– Então, o que faremos na durante a tarde? - Delly perguntou mastigando.
– Eu devo duas aulas a Katniss ainda. - falei, girando o banco que eu estava sentado em direção a ela.
– Não precisa se incomodar com isso - Ela falou corando levemente enquanto tomava o suco.
– Não é incomodo - E de fato não era. Percebi durante as poucas horas em que estivemos juntos naquela semana, por mais que ela me desprezasse, era uma companhia muito agradavel.
– Eu vou assistir Percy - Falou a ruiva se servindo de mais suco.
– É a terceira vez só hoje...
– Katniss, agradeça por eu ser viciada em semideuses gatos ao invés de drogas.
Precisei rir, Delly era uma comédia.
– Okay. Peeta, vai me dar a aula então? - Katniss me perguntou.
– Peeta? Nada de Mellark? - Falei em um tom zombeteiro, fazendo-a corar mais.
– Desculpe Mellark. Vai ou não?
–Sim, vou sim - sorri - No seu quarto ou aqui na sala?
– No quarto, não quero ficar ouvindo aulas, ja chega de escola por hoje - Delly declarou, deitando no sofá e colocando os pés para cima.
– Okay. Vamos no meu quarto então - Katniss por fim falou rindo.
Ajudei-a a recolher a mesa e lavar a louça. Eu não costumava fazer isso em casa, mas sou muito educado para deixa-la fazer sozinha aqui.
Subimos deixando a ruiva vendo seu precioso filme na sala, confortavelmente jogada no sofá como uma criança.
Não que eu fosse safado - talvez pouco - , mas acho que algumas mulheres tem um campo gravitacional que puxam nossos olhos para sua bunda. Por que meu Deus, o que era aquilo... Katniss foi na frente subindo as escadas com aquele shortinho rosa claro, curto e rebolando.
Controle-se Peeta! - Repreendi-me mentalmente, agradecendo a Deus por aquela enorme escada finalmente ter acabado.
Acho que ela percebeu minha perturbação interna e perguntou se eu estava bem.
– Sim, estou - Sorri, tentando não parecer um tarado que a pouco estava admirando seus dotes, sem querer querendo.
Ela não pareceu se importar e entramos em seu quarto.
– Prefere a cadeira ou o banco? - disse ela puxando uma espécie de puf com pés de cor azul clara com flores brancas.
– Fico com a cadeira - Falei meio sem jeito.
A vi pegar os cadernos e livros em um armario perto da mesa, colocando-os todos na minha frente.
Peguei a folha de exercícios que o professor passou na sala e começei a explica-los.
Para a sorte de nós dois, a materia de história complementava a de geografia, assim, era fácil de entender.
Katniss prestava total atenção em tudo o que eu dizia. Vez ou outra, quando ela tentava resolver os exercícios eu olhava aqueles olhos azuis que me fascinavam. Estavam azuis safira, mas outras vezes ficavam verdes claros, ou um azul quase cinza.
Ela começou a rever as respostas e eu fiquei puxando um dos cachos na ponta de seu cabelo, fazendo-o esticar e enrolar como uma mola.
– Esta divertido ai Mellark? - Ela riu, referindo-se a minha brincadeira com seu cabelo.
– Bastante - Falei com um sorriso maroto no rosto, mas sem parar de puxar aquele cacho.
Não demorou muito e eu ja havia explicado as duas matérias a ela. Devo admitir que Katniss pegava fácil as coisas, entendia rapido e era agradavel ensina-la.
– São cinco da tarde ainda... Quer ficar mais? - Ofereceu ela quando guardou os livros.
– Gostaria muito, mas acho que minha mãe ja deve ter chegado em casa.
– Okay. Te levo ate a porta.
Fomos descendo pela escada, ela na frente, pernitindo-me ver seu decote por cima de seu ombro, que, naquele angulo, ficava incrivel!
"Tenho que começar a descer e subir escadas na frente dela...
Entrei em uma discussão entre a razão e meu lado abusado, procurando parar de olhar tanto o corpo de Katniss, mas não adiantou muita coisa.
Passamos pela sala e vimos Delly apagada no sofá toda encolhida e enrolada numa coberta grossa roxa. Ja havia colocado outro filme, e ela resmungava algo que não compreendi.
Katniss me levou ate a porta da casa
– Quando volta pra escola? - Perguntou ela colocando as mãos no bolso do short, o qual nem percebi.
– Ainda faltam quatro dias. Provavelmente terça ja estou na escola.
– Okay. Segunda começam as provas de recuperação e segunda chamada, mas as suas provas são de terça à sexta.
Agradeci, afinal, eu nem estava mais me lembrando de prova ou escola.
Conversamos mais uns minutos a respeito do que estava acontecendo na escola, principalmente sobre o grupo de lideres de torcida que Effie queria começar para os jogos de futebol.
Para variar, por culpa de minha perversão sem fundo, pensei em Katniss exibindo aquele corpo num uniforme de lider de torcida. Mini saia... Blusinha curta e justa... Peeta babando ...
Merda Peeta! - Repreendi-me mentalmente, torcendo para que ela não percebesse.
O assunto acabou e Katniss foi me dar um abraço de despedida. Vi aqueles intensos olhos azuis safira se aproximando, o cheiro suave que sua pele exalava ficava mais concentrado e senti que seu corpo se encaixava perfeitamente ao meu no abraço. Como se meu corpo tivesse sido projetado para ela e vice-e-versa.
Porra Peeta! Para! Para! Para! - Outra vez eu me repreendia mentalmente. Mas o que estava acontecendo comigo? Talvez fosse culpa dos antibióticos que estava usando para sarar a perna, mas tentei ignorar isso.
Soltamo-nos do abraço e virei as costas, seguindo para o portão e depois ao carro.