Cinco Anos e Um Mês Depois...

Olho para a capa do filme que acabei de colocar A Profecia.Sentei no sofá e coloco a capa ao meu lado.Esse filme eu assistia direto antigamente,lembro que foi meu irmão que me deu esse filme...Na verdade ele me deu um box que continha os cinco DVDs da quadrilogia A Profecia.

O primeiro é o que eu mais gosto que A Profecia - 1976 conta sobre um diplomata americano preocupado em não chocar a esposa,em virtude da morte do seu filho ao nascer,lhe oculta o fato e adota um recém-nascido de origem desconhecida.Mortes misteriosas começam a cercar a família do homem,que sem saber,pode estar criando o AntiCristo em pessoa.

O segundo filme é o Damien:A Profecia 2 esse já é um pouco mais leve do que os outros,a historia conta sobre o adolescente Damien Thorn (Jonathan Scott-Taylor) toma consciência de que é o Anticristo e,após o choque inicial,passa a usar seus satânicos poderes para matar qualquer um que suspeite da sua herança demoníaca.

O Terceiro filme se chama A Profecia 3:O Conflito Final e esse já da o fechamento do filme,conta sobre o homem que Ocupando um lugar de destaque em uma poderosa multinacional Damien Thorn (Sam Neill),o Anticristo,planeja ser presidente dos Estados Unidos e matar Cristo,que está para renascer.Para isto ele planeja matar todas as crianças nascidas em uma determinada data, mas alguns monges planejam impedi-lo.

O quarto filme é o A Profecia 4:O Despertar é o ultimo que na minha opinião é uma bosta total,fala sobre um casal de advogados adota,em virtude dos conselhos de duas religiosas,uma menina que revela ser dotada de terríveis poderes sobrenaturais.

E teve um remake do primeiro filme que é o A Profecia -2006 e que conta a mesma historia.E esse filme veio também no box,eu guardo os cinco filmes no box no fundo do meu guarda-roupa.São um dos filmes que mais gosto.

Quando o filme já esta pela metade,levanto para atender o meu celular que insiste em tocar.Corro ate meu quarto e o pego,olho a tela que pisca freneticamente,o identificador é desconhecido.

– Alô?

– Katniss... – fala um voz um pouquinho grossa.

– Oi...Desculpe mas...

– É você mesmo?... – a pessoa me interrompe.

– Sou mas...Quem é você? Acho que ligou errado...

– Não desligue,Kat! – me interrompe. – Sou eu,o seu irmão...

Olho para o aparelho paralisada.Tem cinco anos que não nos falamos e não foi por falta de tentativa.Meu irmão só tinha me ligado seis vez dês que cheguei aqui,ele me disse que não podia ligar por conta de nossos pais,o vigiavam o tempo todo e assim não era seguro arriscar.Haymitch e Effie,para explicar o por que eu tinha desaparecido,comunicaram em rede nacional e internacional que eu tinha ido para um internato por vontade própria e que não diria para onde eu fui,e os pais de Peeta disseram que ele foi estudar numa escola integral na Alemanha e que não iria seu comunicado a escola para qual ele foi.A imprensa foi a Alemanha e procuram mas é claro que não o encontrar e também me procuram e deu no mesmo resultado.Os meus pais e os pais de Peeta disseram que nos estávamos usando codinomes para manter nossa privacidade,fizeram varias perguntas mas sempre eles conseguiram driblar a mídia,e ao longo do tempo a mídia foi perdendo o interesse por nos,pelo menos foi isso o que meu irmão disse.Meu irmão disse que sentia muito por não poder ligar mais,e depois nunca mais sobe dele.

– Katniss... – Finnick quebra o silencio.

– Desculpe é que...Tem tanto tempo que...

– Eu sei...Só agora que as coisas se acalmaram...

– Você esta bem? Você e a Annie ainda estão juntos? – pergunto já me recuperando do choque.

– Sim,estamos juntos. – fala suspirando. – E vocês estão bem?

– Sim. – respondo rapidamente. – Vocês ainda moraram em New York?

– Sim. – responde e aos poucos a tensão vai desaparecendo. – Sinto sua falta,irmãzinha!

Sorriu.

– Eu também sinto! – falo rindo.

– O que esta fazendo? – ele pergunta relaxado.

– Por coincidência! Estou assistindo o Box de filmes que você me deu! Lembra?! – pergunto sorrindo.

– Como não me lembrar?!

Nos rimos.

– Cadê o Peeta?

– Esta trabalhando. – respondo me recostando no sofá. – Daqui a pouco ele chega.

– Serio?! – pergunta surpreso. – Pra mim,vocês ainda são aquelas crianças fugindo de casa!

– Agora não estou mais tão nova sim irmãozinho!

– Você deve ter uns...

– 19 anos? – pergunto o interrompendo. – Quando anos tem agora?

– 23.To velho ne? – fala debochado.

– Eu também estou!

– Pra mim,você vai ser sempre minha irmãzinha!

– E você meu irmãozinho chato! – falo rindo. – Me conta! O que tem feito?

– Bom,eu... – quando ele começa a falar sinto um dor muito forte.

– Desculpe mas...Você poderia ligar depois? – o interrompo. – É que eu tenho que fazer um coisa...

– Claro! Você esta bem?

– Sim! É que eu preciso fazer um coisa.

– Ok.Te ligo depois. – fala num tom compreensível. – Foi bom falar com você.

– Com você também! Tchau irmãozinho!

– Tchau irmãzinha!

Desligo e deito no sofá afastando a capa do DVD para o lado.Começo a sentir as pontadas fortes,fico uns cinco minutos deitada e elas não passam,me levanto e ando ate a cozinha,pego um copo de água e tomo bem devagar.Só não ligo para Peeta por que daqui a alguns minutos ele chega.As dores vão cada vez ficando piores.Vou para o meu quarto e deito lá.Grito quando começa a ficar impossível de agüentar,começo a suar frio.Tenho que ligar para Peeta!

Vou ate a sala onde esta meu celular,com dificuldade me sento,disco o numero de Peeta.

– Oi Kat! – fala ele.

– Peeta! – falo com a voz estrangulada. – Você já saiu do trabalho?

– Aconteceu alguma coisa? – pergunta ele com preocupação.

– Eu acho que...

– Meu filho vai nascer?! – pergunta em pânico.

Grito com toda força de meus pulmões.Como um mulher consegue ter mais de quatro filhos? Essa dor é insuportável!

– Não se mexa já estou chegando ai!

Ele desliga e eu me deito no sofá,olho para o filme que passa,começo assistir.Esta na minha parte favorita que é o fim,quando o pai do AntiCristo esta levando ele a igreja para matá-lo.Grito quando fica bem mais forte,pego a almofada e mordo ela.Depois a jogo no chão com força quando a dor aumenta.Passo o dedo na aliança de casamento em meu dedo e depois levo aos lábios.

Eu e Peeta nos casamos faz um ano,foi tudo em cartório,tivemos muito cuidado quando fomos escolher o cartório,não podia ser um conhecido.Depois disso,Peeta começou a trabalhar vendendo os seus próprios quadros,só que como ele não pode se expor muito ele usa o Castor para vender seus quadros,quando Castor vai vende-los,ele diz que o pintor quer se manter anônimo.Todos gostam da pintura de Peeta,ele ganha muito dinheiro,e a metade vai para o Trash para pagar os anos em que vivíamos de graça,pois quem pagava a água,o imposto,a energia,os alimentos e todo o resto era ele,não podíamos pagar por que não trabalhávamos,pois éramos muito novos,obviamente ele não queria que Peeta desse todo esse dinheiro a ele,ele diz que estava fazendo o que todo amigo faria.Mas não teve jeito.Hoje a divida esta quase toda paga.Peeta vende 10 quadros por semana.Agora continuamos na mesma casa que compramos de Castor,mas a diferença é que pagamos tudo com o nosso próprio dinheiro,não dependemos mais de Castor.

Passo a mão na minha barriga enorme,por um bom tempo.Sinto um liquido estranho descendo pela minhas pernas.

Ligo para a ambulância.

Dez minutos depois,ouço a porta batendo,atendo e são os médicos.

Quando já estou deitada na maca,olho para um dos médicos que esta mexendo em uma maquina.

– Poderia ligar para o meu marido? – peço.

– Qual é o numero dele. – fala pegando um telefone.

Digo a ele que liga.

– Senhor... – ele olha para mim esperando que eu diga.

– Mellark. – completo.

– Sr.Mellark,sua esposa vai entrar em trabalho de parto...Estamos indo para o hospital...Sim,é esse hospital...Claro...Sim,ela esta bem...O bebe também...De nada... – ele fala desliga e coloca no gancho.

– Seu marido esta a caminho do hospital também.

– Obrigado. – agradeço.

Me recosto,acho que essa é a pior dor do mundo.Chegando ao hospital e Peeta ainda não estava lá,eles me levam para a sala.Sinto a agulha sendo me perfurando,gemo com resposta.Cinco minutos se passam e Peeta chega na sala,seu olhar é indecifrável.

– O senhor é o pai? – pergunta o medico ao meu lado.

– Sim.

– Tudo bem. – fala ele.

Peeta vem ate mim e pega minha mão,sinto sua pele gelada.Acho que ele esta mais nervoso do que eu,beijo sua mão.

– Da pra acreditar? – pergunta ele.

Sorriu.

– Não. – falo sorrindo.

Peeta se abaixa no chão ficando ajoelhado,deita a cabeça no colchão e ficando de frente para mim.Passo a mão em seu rosto alisando sua pele,ele esta muito gelado e tremendo.

– Calma meu loiro.Esse é só o primeiro ainda. – digo alisando seu cabelo louro.

Ele me beija e depois levanta segurando minha mão.Olho para todos os médicos que estão atentos ao que fazem,suspiro e depois de alguns minutos...Ouço um choro fraco,e vejo os médicos colocando um bebe no colo,lágrimas descem de meu rosto.

Observo eles limpando o bebe depois que cortam o cordão umbilical.Seco minhas lágrimas que não pararam de cair.Um dos médicos olha para mim e sorriem.Peeta solta minha mão e finalmente olho para seu rosto,seus olhos estão inchados e vermelhos de chorar.O homem entrega a bebe ao Peeta que olha fixamente para o bebe que chora insistentemente.Peeta beija a testa do bebe.

– Eu amo você garotão. – fala olha para a criança.

Peeta olha para mim com um carinho indescritível,ele me entrega o bebe com cuidado que nunca vi ele ter com ninguém.

Pego o corpo pequeno e frágil do meu filho.Não consigo para de olhar para ele,seu cabelo é negro como o meu e seus olhos são azuis como o do pai.Um sentimento desconhecido me faz querer olhar para o bebe mais e mais.Aos poucos ele vai parando de chorar.Me emociono mais ainda quando ele olha para mim.

– Quer escolher o nome dele,amor? – fala Peeta ao meu lado.

– Ele é perfeito. – falo acariciando seu cabelo. – Como o pai.

Peeta sorri para mim e se abaixa novamente,ele olha para e limpa minhas lágrimas.

– Eu amo você. – fala e me beija rapidamente.

– Damien Thorn Everdeen Mellark. – falo por fim.

O médico pede para que lhe entregue o bebe e assim Peeta o faz,suspiro quando vejo o menininho se afastar.

– Meu filho... – falo parece que ainda não caiu a ficha ainda.

– Não,nosso filho.

Peeta fica comigo o tempo inteiro e ate que acabo dormindo.Acordo e olho para o lado procurando Peeta,mas ele não esta lá.O procuro com os olhos e vejo a porta entre aberta,na brecha consigo ver ele,olhando para o berçário.Fico uns três minutos olhando Peeta,ate que ele volta e fecha a porta.

– Oi. – fala quando percebe que estou acordada. – Eu não sabia que estava acordada.

– Não,eu acabei de acordar. – eu falo e bocejo.

– Como Damien esta?

– Dormindo. – responde sorrindo.

– Tem muito tempo que estou dormindo? – pergunto olhando para a janela vendo o escuro que se habita.

– Tem umas quatro horas.

Dormi de mais! Deve ser por causa do remedio.Respiro fundo.

Olho para Peeta,ele vai ser um bom pai.Nunca vi ele daquele jeito quando pegou o Damien,era um olhar de carinho misturado com amor e emoção.Nunca o vi daquela forma,nunca! É estranho me imaginar cuidando de um criança,lembro que quem cuidava de mim quando eu era menor,era o Finnick.

Nunca vou esquecer quando vi a carinha de Damien pela primeira vez,os olhos azuis que me lembro o Peeta,e o corpinho todo vermelho,as bochechas vermelhas como os lábios.Ele parece muito com o Peeta.Não consigo para de pensar em cada detalhe do seu rostinho.

– Eu amo vocês. – fala Peeta olhando em meus olhos.

– Eu amo vocês. – falo pegando a mão dele.

Peeta me abraça com carinho e cuidado.

– Esse é um começo de um nova vida amor. – fala Peeta. – Vou me esforçar para essa vida ser a melhor possível.Para você e o nosso filho.