A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 51
Capítulo 50 - Bucket List


Notas iniciais do capítulo

A maioria dos comentários diminuíram bastante, mas vou tentar não desanimar, ainda mais que o Enem finalmente acabou! o// Já não aguentava mais e.e Infelizmente estamos quase na reta final, mas tentarei não deixar minhas fics do Nico morrer com HH XDD



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A Herdeira de Hécate

Livin' life like a bucket list
Livin' like I never miss

Capítulo 50 – Bucket List (Jack and Jack feat. Wesley Stromberg)

Descemos do caminhão cegonha na entrada de Wichita o mais silenciosamente que conseguíamos, o que não era muita coisa. Olhando ao redor, tudo o que víamos era a entrada da cidade e algumas colinas à nossa volta. Não era muita coisa e agora que tínhamos chegado não tínhamos ideia de como prosseguir.

– O que devemos fazer agora? – perguntou Travis, a ninguém em particular.

– Cris. – Paige chamou minha atenção. – Talvez devesse usar um daqueles seus feitiços loucos mais uma vez. Vai que funciona.

Um lampejo surgiu em minha mente e eu me recordei de um mapa que eu havia feito dias ou semanas antes, assim que um ônibus havia nos deixado em frente a uma floresta nos arredores de Harrisburg. Tirei a mochila das costas, atraindo olhares curiosos dos três, e me agachei ao chão com ela à minha frente. Enfiei o braço dentro da mochila, sem me importar o quão estranho pareceria, e tirei dali o mapa amassado dos Estados Unidos que eu havia enfeitiçado.

– O que está fazendo? – perguntou Nico, em pé ao meu lado.

– Você vai ver. – eu disse, pendurando a mochila novamente em meu ombro e indicando que saíssemos do acostamento da estrada.

Andamos um pouco adentro no matagal à direita da estrada de asfalto, apenas o suficiente para a nossa segurança. Agachei-me novamente em uma área mais reta da grama e estendi o mapa no chão enquanto os três me rodeavam. Peguei a varinha da bota e fechei os olhos para me concentrar no feitiço que devia ser feito.

Dichter, dichter bij blijven.* - murmurei, apontando para a folha.

Como num filme, um zoom extraordinário foi feito no papel e logo podíamos ver toda a região de Wichita do alto.

– Uau! – exclamou Travis, parecendo impressionado.

– Sabe onde devemos ir? – perguntou Paige, com o cenho franzido, mas com uma esperança no olhar.

– Sei. – eu disse, logo antes de apontar para um local vazio entre duas colinas. Na escala real, elas ficavam à nossa direita. – Há um vazio suspeito aqui, acredito que seja aqui que a fonte esteja escondida, com muita Névoa protegendo.

– Como consegue fazer isso parecer tão fácil?! – Nico exclamou, parecendo perplexo. Acredito que eu também estaria na situação dele.

Apenas dei de ombros. – Eu simplesmente sei. Acho que faz parte do feitiço.

– Deve fazer. – concordou Paige.

– Preciso de um feitiço desse para roubar alguns itens da lojinha do Acampamento. – comentou Travis, olhando sonhadoramente para o mapa à minha frente. – Ai! – resmungou quando Paige deu-lhe um soco no braço. – Agressiva.

Paige revirou os olhos, sem dar muita atenção.

– Melhor seguirmos de uma vez. – sugeriu Nico, pegando o mapa em mãos e se levantando. – Não podemos perder muito tempo.

– Ele tem razão. – eu disse, levantando-me e tirando a sujeira do joelho do jeans. Coloquei a varinha de volta na minha bota.

Seguimos andando em direção à colina. O mato batendo em nossa canela parecia nos retardar, mas não tanto quanto o terreno irregular. Não era longe, mas as dificuldades de se chegar às colinas me fizeram pensar que talvez fosse isso que mantinha os mortais afastados. Com alguns minutos a mais gastos apenas na travessia, finalmente atravessamos as colinas e nos deparamos com um imenso e vazio vale à nossa frente. Não havia nada.

– Não pode ser! – Paige expressou claramente meus pensamentos. – Mas tem que ter alguma coisa aqui!

– E tem. – eu disse com convicção. Eu conseguia sentir a magia do lugar.

Peguei minha varinha de novo e fiz um movimento diagonal com ela à minha frente. Apesar de exigir um pouco mais de energia, aquele Névoa fora fácil de dissipar, afinal, magia era coisa de Hécate. Naquele vale havia um monumento gigantesco e feito completamente de mármore. Era um templo, como aqueles que eu via nos livros de histórias sobre alguma acrópole. Apesar de um pouco decrépito, ainda era lindo, com as colunas de mármore parecendo se erguer a vários e vários metros de altura e com o nome Ήβη (Hebe) entalhado no topo.

– Isso me parece fácil. – murmurou Nico ao meu lado, com o cenho franzido em desconfiança. – Fácil até demais.

– Não fode, Nico. – resmungou Travis, revirando os olhos. – Estava indo tão bem até agora.

– É que parece suspeito demais que somente aqueles monstros que derrotamos que eram os obstáculos impostos pelo deus que seja que tenha roubado a pollos. – respondeu Nico, olhando mais atentamente para ver se não eram seus olhos que o enganavam.

Olhei novamente para o templo de Hebe. Parecia vazio e sem qualquer proteção.

– É, realmente parece suspeito. – concordei por fim. – O que sugerem que façamos?

– Acho que apenas ir. – respondeu Paige, antes mesmo que parássemos para pensar em algum plano melhor. Qualquer um. – Não é como se pudéssemos realmente evitar isso.

Ela tinha razão.

– Tudo bem. – concordei. – Mas permaneçam atentos. – avisei, girando minha varinha com o pulso e a transformando rapidamente em uma espada de ferro estígio. Na minha espada.

Descemos o outro lado da colina, atentos a qualquer coisa além do normal. Atentos a qualquer monstro prestes a nos atacar e tentar nos devorar, o que não parecia muito difícil de acontecer. A cada passo que nos aproximávamos do templo eu conseguia sentir que estávamos um passo mais perto de encontrar os objetos da minha mãe. Eu sentia isso em minha pele, em meus poros. Estávamos extremamente perto de completar a missão e isso me preocupava. Tinha que ter alguma armadilha, não deveria ser assim tão fácil conseguir. Todos aqueles monstros que derrotamos... Não podiam ser os únicos que enfrentaríamos.

Levantei meu olhar quando subimos as escadas do templo. De baixo, ele parecia ainda maior do que eu havia imaginado. Era tudo lindo e esplêndido, eu não sabia nem como reagir. Várias colunas de sustentação, aguentando todo o peso do teto e perdurando durante séculos. Era algo que eu jamais imaginaria que aconteceria.

– Cris, cuidado! – gritou Travis, e eu abaixei o olhar no mesmo instante, encontra dois monstros à nossa frente, guardando a entrada e nos impedindo de passar.

Eu sabia que estava fácil demais, resmunguei em meus próprios pensamentos.

Analisei os monstros, tentando reconhecê-los para conseguir enfrentá-los. Um deles era uma mulher, com a parte de baixo do corpo substituída por uma cauda de serpente. Facilmente confundida com uma dracaena, mas depois de ver meu pai sendo morto por uma, eu saberia diferenciar rapidamente. O outro monstro era um homem feito completamente de bronze, parecendo indestrutível. Não eram tão fáceis de se confundir. Eram Lâmia e Talos.

Olá, semideuses... – sibilou a Lâmia, com os olhos sem piscar e com a ironia pingando como veneno por entre seus dentes.

– Anjo, vá! – disse Nico quando Paige e Travis já partiam para o ataque.

– Mas, Nico... – eu comecei a dizer, quase entrando em desespero com a possibilidade de deixá-los ali.

– Mas nada. – disse firmemente, olhando diretamente para meu olhos roxos e inseguros. – Nós vamos distraí-los enquanto você pega os instrumentos. Logo te alcançamos.

Nico selou meus lábios rapidamente e partiu também para o ataque, auxiliando Paige e Travis. Perdi alguns segundos tentando raciocinar, até que me decidi que seria de mais ajuda se eu logo fosse resgatar a pollos e o livro de magias da minha mãe. Para alguma coisa eu tinha que ser útil, afinal. Era minha missão.

Corri pelo templo, dando volta ao redor da luta que acontecia entre meus amigos e os monstros, tomando cuidado para passar o mais despercebida possível. O que eu imaginava ser difícil. Ali, no fim do templo e bem no centro da última fileira de pilastras, estava uma bacia de mármore sobre uma pilastra rachada e quebrada. Aproximei-me passo a passo, tentando ignorar o som da luta e prestar atenção em qualquer coisa que estivesse ao meu redor imediato. Mas tudo fora em vão quando eu me encantei pela água transparente da bacia de mármore. Era uma bacia grande, e de alguma forma eu senti que aquela água era infinita e era realmente a fonte da juventude. Estava finalmente ali. Nós a achamos.

Arregalei os olhos quando analisei melhor a bacia e percebi que a pollos da minha mãe estava bem ali ao lado, apoiada num pequeno pedaço da pilastra. Segurei-a com incrível cuidado, como se a qualquer toque pudesse se quebrar. Era simples, mas irradiava um poder incrível que nem mesmo eu tinha palavras para descrever. Era dali que vinha meu poder, era dali que vinha o poder da minha mãe. Era dali que vinha o poder que regia o equilíbrio do Universo. Bem ali em minhas mãos.

Mas algo parecia estar faltando...

Onde estaria o livro de magia?

Acho que está procurando por algo, boneca. – ouvi uma voz familiar que me fez arrepiar de horror.

Por favor, ele não..., pedi silenciosamente aos deuses enquanto me virava e alguns flashes passavam por minha mente.

– Ora, a bonequinha implorou...

– Quem você pensa que é pra me impedir?!

– Quer dizer então que o namoradinho da boneca vai protegê-la até aqui?

Virei-me em direção à voz, ainda pedindo aos deuses que não fosse quem eu pensava que era. Mas era.

Era Kyle Rodrigéz, o imbecil que quase apanhara de Nico quando ele aparecera no colégio.

E ele tinha o livro de magia da minha mãe em mãos.


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Notas finais do capítulo

* “Mais perto, mais perto para continuar.” – em holandês.

Eu revisei, mas posso ter deixado passar algo em branco, então desculpe os erros. Queria ter feito mais detalhado, mas acabei não conseguindo, então saiu isso mesmo. E quem não lembra do Kyle, ele era o fdp que o Nico teve que salvar a Cristal na escola no início da fanfic.