A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 50
Capítulo 49 - Imagination


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo deve estar horrível, porque nem tive tempo de revisar como gosto para acrescentar o que for preciso, mas eu não poderia demorar mais. Já estava enrolando todo mundo há mais de semana. Nem tenho muito o que falar, mas minha vida está uma correria, por isso está cada vez mais difícil escrever. Mas espero tão ansiosamente quanto vocês para que isso acabe logo, e está quase! Bem, aproveitem o capítulo, porque muitas emoções ainda vê por aí! XDD



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A Herdeira de Hécate

Or is that just me
And my imagination?

Capítulo 49 – Imagination (Shawn Mendes)

Abrindo os olhos devagar, a primeira coisa que senti foram os braços de Nico ao meu redor. Eu nem ao menos precisava olhar para saber que era ele. Sua respiração irregular batia contra minha nuca – e essa fora a única indicação que eu tive de que ele não estava dormindo.

– Está acordado há quanto tempo? – perguntei baixinho, sem nem me dar o trabalho de me mexer.

– Não muito. – ele respondeu com a voz rouca que me fez estremecer. Acredito que ele não sabia o poder que tinha sobre mim.

– Temos que nos levantar logo, mas eu não estou com a menor vontade. – murmurei, virando-me de frente para Nico e enterrando meu rosto na curvatura de seu ombro.

Seus braços se estreitaram ao meu redor. – Acredite, nem eu.

Permanecemos algum tempo ainda em silêncio, apenas aproveitando a presença um do outro. No calor dos braços de Nico, eu não queria ter que sair daquela barraca e enfrentar o mundo lá fora. Era um mundo mais duro do que eu jamais havia imaginado, e ter todo o peso do futuro dele em minhas costas parecia demais para uma garota de dezesseis anos aguentar. Na maioria do tempo eu sentia que poderia explodir, mas era apenas sentir os braços de Nico me isolando de tudo que eu me sentia bem. Era como se enquanto eu estivesse com ele, nada poderia me atingir.

– Não podemos enrolar muito mais, não é? – ele sussurrou tão baixo que eu quase não pude escutar.

Apoiei-me sobre um único cotovelo, de frente para ele. Observei seu rosto pálido, seus cabelos bagunçados e seus olhos negros.

– Infelizmente não. – eu disse, alisando levemente sua bochecha antes de depositar um selinho em seus lábios e me arrastar para fora da barraca.

Olhando em volta, percebi certas coisas fora de cenário. A outra barraca estava desmontada, e Paige parecia dispersa no lugar onde escolhemos para o vigia passar seu tempo.

– Onde está Travis? – perguntei a ela quando me aproximei, ajeitando os cabelos com os dedos.

Paige teve um susto rápido, mas pareceu logo se recuperar.

– Ah, bom dia, Cristal. – Paige respondeu ironicamente.

Revirei os olhos. – Bom dia.

– Ele foi andando, para ver se a estrada asfaltada está muito longe.

Arregalei os olhos.

– E ele foi sozinho?! – eu exclamei, perplexa. Paige deu de ombros. – E você deixou?!

– Na verdade, ele já tinha ido quando acordei para o meu turno, já estava amanhecendo. – ela respondeu. – Tinha deixado apenas um bilhete.

– E como consegue estar tão relaxada?!

– Anjo, acalme-se. – Nico pediu, aparecendo logo atrás de mim e pousando as mãos em meus ombros. – Travis com certeza estava armado e sabia o que estava fazendo.

– Eu sei, mas... – comecei, mas me calei assim que ele deu a volta por mim e parou à minha frente, com o cenho franzido.

– Mas nada, Cristal. – ele disse firmemente. – Você está se preocupando demais. Não precisa ficar com todo o peso da missão em suas costas.

– Nico tem razão. – disse Paige, colocando a mão sobre meu ombro para me passar conforto. Eu nem ao menos havia visto quando ela se aproximara. – Está cobrando demais de si mesma.

Fechei os olhos e respirei fundo várias vezes, tentando me acalmar. Ficar nervosa por qualquer coisa não adiantaria de nada, eu estava apenas deixando as preocupações acerca da missão tomarem toda a minha mente. Aliás, se Paige quase não se importou, eu não precisaria me preocupar tanto Travis. Certo?

– Ah, bom dia, casal.

Abri os olhos instantaneamente e vi Travis se aproximando de onde estávamos. Suspirei de alívio e foi como se um peso enorme tivesse saído das minhas costas. Eu não me perdoaria se algo acontecesse com ele. Ele era como meu irmão mais velho, mas nem por isso eu me sentia menos responsável por ele – ou por qualquer um envolvido nessa missão.

– Achou a estrada? – perguntou Paige.

Travis sorriu travesso. – Acho que encontrei uma carona também.

~*~

– Corre, Paige! – gritei mais uma vez, minha voz atravessando o vento forte e indo até ela.

Paige apressou o passo, correndo o máximo que conseguia. Escorei-me em uma das pilastras de ferro do caminhão cegonha em que estávamos e torci para que Travis conseguisse ajudá-la. Eu havia subido com certa dificuldade, mas Nico pulou perfeitamente para dentro do caminhão aberto. Agora ele estava checando se todos os carros novos estavam abertos e com a barra limpa enquanto eu recuperava meu fôlego e Travis se equilibrava na ponta para ajudar Paige a subir também.

– Venha, Willians, segure minha mão! – exclamou Travis e, quando o caminhão pareceu acelerar um pouco mais a velocidade, Paige finalmente conseguiu segurar sua mão.

Travis alavancou-a diretamente para dentro do caminhão e ela quase caiu em cima de mim, tão ofegante quanto eu.

– Acho que meu pulmão só volta ao normal no ano que vem. – resmunguei, segurando-me mais firmemente na barra de ferro.

– Eu juro, Stoll, se você inventar algo assim novamente, eu juro que te mato. – resmungou Paige, respirando ruidosamente.

– A ideia tinha sido boa! – Travis defendeu-se, mas eu conseguia ver seu sorriso travesso ainda nos lábios.

– Hey, gente! – Nico chamou nossa atenção, aproximando-se enquanto tentava se equilibrar. – Os carros estão vazios, acho que podemos entrar em algum deles e esperar a próxima parada.

– Será em Wichita, está na placa do caminhão. – afirmou Travis, logo puxando Paige para uma BMW X6 não muito longe de onde estávamos.

Imaginei que eles queriam um momento mais a sós, então não fiz a menor questão de segui-los. Passando de carro em carro e analisando-os, eu achei uma raridade de coleção. Um Chevy Impala 69 preto e conservado, que já parecia ter destino concreto pela placa já pronta e pendurada. Abri um sorriso de lado e andei até ele, entrei pela porta do motorista e analisei cada centímetro do interior do interior do carro com uma fascinação inexplicável. Deitei a cabeça no volante largo e deixei meu corpo relaxar, fazendo o possível para espantar toda a tensão do meu corpo.

– Anjo. – assustei-me quando Nico colocou a mão sobre meu cabelo ruivo. Eu nem ao menos havia percebido ele entrando no Impala.

– Que susto! – exclamei, levantando a cabeça para olhar para seu rosto.

– Desculpe. – Nico disse, abrindo um torto sorriso tímido. – Está tudo bem?

Abri a boca para falar que sim, que estava tudo bem. Mas não estava. E eu não sou boa em mentir para ele, então apenas neguei com a cabeça. Nico virou-se, deixando minha mochila e a dele sobre o banco em que estava, e pulou para o banco de trás, deixando-me completamente confusa.

– Vem. – ele me chamou, segurando minha mão e me ajudando a ir para o banco de trás também. Ele se acomodou parcialmente deitado ali, com as costas apoiadas na porta, e me puxou para que eu me aconchegasse contra seu peito. – Você precisa relaxar um pouco. A missão está andando bem, não há porquê se preocupar.

Suspirei. – Eu sei, mas não é só a missão que me perturba.

– O que mais te deixa preocupada? – ele perguntou, acariciando meus cabelos suavemente.

– O que eu farei quando terminar a missão? – eu perguntei, mais para mim mesma do que para ele.

– Você também pinta? - perguntei, apontando para o pequeno ateliê.

– Não, aquilo é seu.

Arregalei os olhos, confusa e surpresa.

– Eu queria te fazer uma proposta, Cristal. - ela disse seriamente. - Agora que está reclamada, queria saber se você quer passar o ano inteiro aqui comigo na mansão e retornar ao Acampamento somente nas férias.

Minha mãe havia me oferecido um lugar junto a ela no Mundo Inferior, mas eu não sabia ainda como reagir a essa proposta. Eu não sabia ainda nem se era a hora certa para contar a Nico.

– Você tem o Acampamento. – murmurou Nico, parecendo perdido em seus próprios pensamentos. – Não precisa voltar para o seu apartamento no Brooklyn, o Acampamento aceita semideuses de ano inteiro.

Uma oportunidade pareceu se abrir em meu horizonte, e eu sorri com tal possibilidade. Aconcheguei-me melhor sobre o peito de Nico, sentindo seus batimentos cardíacos contra a minha bochecha. Suas pernas se entrelaçaram às minhas e seu braço que circundava minha cintura se apertou um pouco mais. Não era desconfortável – eu me sentia em casa.

– Se eu ficar o ano inteiro, você fica também? – perguntei baixinho, um pouco envergonhada.

Seus dedos em meus cabelos hesitaram, mas logo voltaram a acariciar meus fios ruivos.

– Você é um bom motivo para eu querer ficar o ano inteiro.


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