A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 48
Capítulo 47 - Alone Together


Notas iniciais do capítulo

Ah, gente, eu sei que to atrasada e to cansada de sempre falar o porque. Bem, como vocês já sabem, eu não vou nem repetir, aí está o capítulo. Não é muita coisa pra falar, só que a fic já está em reta final. Uns dez capítulos faltantes, mais ou menos. Não gostei muito desse capítulo, mas eu já estava a tempo demais sem postar. Espero que as opiniões de vocês sejam diferentes da minha.



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A Herdeira de Hécate

I don't know where you're going
But do you got room for one more troubled soul
I don't know where I'm going
But I don't think I'm coming home and I said
I'll check in tomorrow if I don't wake up dead

Capítulo 47 – Alone Together (Fall Out Boy)

No dia seguinte, eu estava caindo de sono na estação de trem, mesmo tendo dormido quase sete horas na noite anterior, mais do que eu estava me acostumando a dormir naquela missão. Mas de repente eu sentia todo o cansaço que aquela missão estava me trazendo. Às vezes tudo o que eu queria era me sentir normal por ao menos um dia. Ser uma adolescente normal talvez não fosse tão ruim. Mas eu sabia que não poderia.

– Cris, está tudo bem? – perguntou Nico, aparecendo de repente do meu lado.

– Não me assuste desse jeito! – exclamei, rindo levemente com a mão sobre o peito.

Nico abriu um sorriso pequeno nos lábios enquanto se sentava ao meu lado no banco da estação.

– E então, vai me contar o que aconteceu? – ele me perguntou de novo.

Suspirei, sabendo que dele eu não poderia escapar.

– Eu não sei. Às vezes eu só me pergunto se nossas vidas não seriam mais fáceis caso fôssemos normais. – eu disse, deitando minha cabeça no ombro dele e me aconchegando melhor.

Foi a vez de Nico suspirar e, logo depois, ele envolveu meus ombros com seu braço.

– Sabe, eu já me fiz essa mesma pergunta durante muito tempo. Na verdade, desde que descobri meu parentesco divino. – Nico começou a dizer, me apertando mais em seus braços e apoiando seu queixo no alto da minha cabeça. – Mas então depois que eu conheci certa garota parei de pensar nos pontos negativos e passei a perceber que muitas coisas boas na minha vida não teriam acontecido caso não fôssemos assim.

Parei para pensar no que ele disse.

Talvez ele tivesse razão.

– Você acha isso? – perguntou, levantando minha cabeça para olhar em seus olhos sem conseguir esconder o sorriso.

– Tenho certeza. – ele disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Meus olhos tomaram uma cor rosada, expressando minha timidez. – E essa garota muitas vezes parece não ver que me salvou tanto quanto eu a salvei no dia que ela iria desistir de tudo.

Eu estava completamente sem palavras depois daquela declaração. Tudo o que eu fiz foi deitar novamente em seu ombro e abraçá-lo.

Talvez Nico estivesse certo.

Muita coisa mudou depois daquele dia.

E eu não iria ficar me lamentando.

~*~

– Pombinhos?! – chamou Paige, e eu abri os olhos, percebendo que havia dormido no ombro de Nico. – Vamos logo, o nosso trem está chegando!

Levantei a cabeça e me espreguicei, ouvindo leves estalos nos meus ombros. Nico também se espreguiçou antes de nos levantarmos e pegarmos nossas mochilas.

– Desculpa ter te deixado um pouco desconfortável. – eu disse timidamente.

Nico abriu um sorriso lindo que seria capaz de curar o câncer e trazer a paz mundial.

– Não se preocupe com isso, Anjo. Aliás, você ainda precisa descansar mais um pouco. – ele disse, abraçando minha cintura e me conduzindo para dentro do trem depois que os passageiros desceram.

Não demoramos muito para encontrar a cabine designada a nós. Estava mais próxima do final do trem do que eu imaginava. No último vagão, para ser mais exata. Mas não me importei tanto com isso. Não seria problema, talvez até fosse melhor para nos dar certa privacidade. Sentei de um lado da cabine com Nico ao meu lado e Paige e Travis à minha frente. Peguei um iPod anti rastreador que Annabeth havia conseguido para mim e coloquei em uma das primeiras músicas da minha lista de reprodução preferida.

Say yeah, let's be alone together
We could stay young forever
Scream it from the top of your lungs

Percebi que havia uma voz a mais cantando naquele trecho e olhei para o lado, levemente surpresa. Nico sorriu brincalhão para mim, apontando para o fone que imaginei ter deixado pendurado. Sorri para ele, cantarolando os próximos versos da música e deitando sobre o vidro. Observando a paisagem passando rapidamente lá fora, eu fechei os olhos, na intenção apenas de descansar a vista.

~*~

Acordei não muito tempo depois. Estava com fome, ainda mais que não havia comido nada desde o café da manhã – e já estava anoitecendo. Tentei me levantar, mas percebi que Nico dormia com a cabeça apoiada em meu colo enquanto eu encostava a minha na janela. Com extremo cuidado, eu consegui segurar a cabeça de Nico para sair. Tirei minha blusa de frio e a embolei um pouco até que parecia confortável o suficiente para ser considerada um travesseiro. Coloquei embaixo da cabeça de Nico sem acordá-lo e dei um beijo em sua testa antes de sair da cabine. Não sem antes ver que Travis e Paige dormiam abraçados.

Andei pelo vagão do trem, vendo algumas cabines com portas fechadas, outras com os passageiros dormindo sem nem se preocupar em fechar as suas portas e outras com pessoas conversando animadamente, sem se dar conta que o mundo inteiro poderia ir pelos ares em poucas semanas. Ou até mesmo dias, eu já quase perdi a noção do tempo.

Balancei a cabeça para esquecer tais pensamentos, até que finalmente cheguei onde queria. Balcão de atendimentos, com muitas bebidas e um ótimo cardápio de refeições.

– Olá, será que posso dar uma olhada no cardápio? – perguntei ao atendente assim que me sentei no banco alto que mal me dava pé.

– Aqui está, senhorita. – disse ele sem olhar em meus olhos, enquanto me entregava o cardápio.

Um pouco desconfiada de sua atitude, peguei lentamente o cardápio e observei o homem por cima dele. Àquela hora eu já havia perdido toda a fome. O homem suspeito não olhava para cima, para meu rosto e sua pele era estranha. Parecia levemente verde e seca, como se estivesse morrendo por desidratação ou estivesse passando mal. Franzi o cenho quando algo estranho e escamoso surgiu atrás dele quando foi pegar uma bebida para um jovem a algumas cadeiras de mim. Era impressão minha ou realmente tinha uma espécie de cauda?

Eu sabia que era monstro, mas não tive certeza de qual até que a cauda apareceu novamente e vi o reflexo de um rosto em sua ponta. Dos monstros que eu tinha conhecimento da existência, somente um teria dois rostos. Anfisbena.

Pulei da cadeira onde estava e fui discretamente até o garoto que estava não muito longe. Ele se assustou com minha presença ao seu lado, ainda mais do que eu lhe comuniquei.

– Sugiro que saia daqui imediatamente. – eu disse com a voz tão firme que mesmo que não entenderia nada acabaria acatando. – É para sua segurança, confie em mim.

– Mas o que... – ele começou a dizer, mas eu o puxei pela camisa para fora da cadeira.

– Não vou repetir, é melhor se mandar daqui se ainda quiser ficar vivo. – eu disse, começando a ficar irritada, e isso atingiu meus olhos de laranja.

Não era o que eu queria, mas ao menos serviu para o cara sair dali rapidamente em direção à sua cabine. Quando me virei, fui acertada diretamente no peito pela cauda. Voei alguns metros para trás e bati a cabeça na parede, o que me deixou levemente tonta. Quando me recuperei e percebi que a Anfisbena já estava em sua forma, o caos já estava instalado. Todos saíam de suas cabines para ver o que estava acontecendo e entravam em desespero após ver uma cobra com dois rostos gigantescas. Ou o que quer que eles conseguiam ver com a Névoa infiltrando em suas mentes.

– Droga. – resmunguei quando me levantei para correr.

Quanta inteligência eu tinha! Como eu pretendia lutar sozinha com um monstro quando eu não estava com minha varinha?!

Corri o quanto eu conseguia, retornando todos os vagões pelos quais havia passado para chegar ao balcão. A Anfisbena estava bem atrás de mim, quase me prendendo entre seus dentes enquanto atropelava quem quer que fosse e fazia um grande estrago nas cabines do trem. Eu estava quase chegando na minha cabine quando senti algo se enroscando em minha perna e me derrubando diretamente para o chão. Encolhi-me contra mim mesma, apenas esperando pelo golpe que eu sabia que seria fatal.

Este, porém, não veio e eu levantei meu rosto para encontrar Travis e Nico atacando o monstro. Eles haviam me salvado.

– Cris! – ouvi Paige me gritando e quando olhei para trás eu a vi vindo até mim. – Você está bem? – ela me perguntou, enquanto me ajudava a levantar do chão.

– Acho que sim. – respondi, um pouco tonta ainda pela pancada na cabeça.

– Sua varinha. Não a esqueça mais. – ela pediu, entregando-me a varinha de madeira maciça.

Olhei em volta, vendo o desespero das pessoas ao ver os garotos lutarem com algo fora da compreensão delas. Isso não podia continuar.

– Temos que evitar que as pessoas se machuquem. – eu disse, olhando em volta, procurando por algo que poderia ajudar num bom plano.

– O que sugere? – ela perguntou no mesmo momento que eu vi que nosso vagão era o último e levava apenas para fora do trem.

Não era um bom plano, mas era o que tínhamos.

– Você e Travis levam as pessoas para os outros vagões. – eu disse, vendo que Travis e Nico tinham certa dificuldade de conter o monstro. – Eu dou meu jeito.

– Tem certeza?! – ela perguntou, preocupada.

– Tenho, agora vai! – apressei-a. – Hey, sua víbora duas bocas! – tentei chamar a atenção da Anfisbena bem quando vi que ela atacaria Nico.

Não era um bom xingamento, mas ao menos fizera efeito para afastá-la de Nico. A cobra gigante logo deixou os dois de lado e veio atrás de mim. Não pensei duas vezes antes de dar as costas e correr para a porta traseira, abrindo-a num solavanco e me segurando nela quando o vento que passava pelo trem quase me arrancou para fora dele. Dei um olhava para checar se o monstro ainda me seguia – ele estava bem atrás de mim. Com certeza dificuldade de me manter de pé eu consegui chegar até a grade e evitei olhar para baixo, para os trilhos que poderiam significar minha morte.

Me equilibrei na grade e me pendurei no teto. Com um pouco mais de dificuldade, consegui subir no telhado do vagão, vendo todas as árvores passando numa velocidade incrível. A Anfisbena me seguiu e quase mordeu minha perna, mas consegui desviar e me equilibrar. Qualquer passo em falso e eu caía para a morte. Eu já não sabia mais o que tinha em mente quando pensei em atraí-la para o telhado, eu não tinha um plano concreto e muito menos bom, eu só não queria que as pessoas se machucassem. Me vi encurralada entre uma cobra gigante e a paisagem assassina. A escolhas não eram tão boas.

Senti uma mão em meu ombro e assustei-me quando vi que era Nico. Viagens das sombras, claro.

– Tive uma ideia. – ele disse. – Já está escurecendo. – ele disse, apontando para o lado do trem que havia bastante sombras.

Entendi seu plano. Não era tão ruim quanto o meu.

Olhei para a Anfisbena, que se preparava para atacar, e segurei a mão de Nico enquanto caminhávamos para a beirada.

– “Say yeah, let's be alone together”. – ele cantarolou, e eu abri um sorriso ao reconhecer a música que tínhamos cantado quando entramos no trem.

Ele entrelaçou forte nossos dedos e finalmente pulamos para a escuridão, sentindo a Anfisbena nos seguindo.


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