A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 47
Capítulo 46 - Afire Love


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu sei que demorei MUITO, mas acho que a maioria já está cansada de saber os motivos. Arranjei um tempinho antes da minha semana de provas pra enviar esse capítulo pra vocês. Ficou uma verdadeira merda, e espero que o próximo não esteja pior, já que o bloquei criativo está grande. Mas, de qualquer maneira, espero que gostem! ♥

Ah, vocês viram que voltou a categoria de Bandas? Se 5 Seconds of Summer entrar, eu vou postar minha fic aqui, que no momento está apenas no Spirit. Fiz o pedido no suporte, mas vamos ver como vai ser... Me desejem sorte! XDD



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A Herdeira de Hécate

Put your open lips on mine and slowly let them shut

For they're designed to be together oh
With your body next to mine our hearts will beat as one
And we set alight, we're afire love

Capítulo 46 - Afire Love (Ed Sheeran)

Nico e Travis se opuseram quase completamente à ideia. Não que eles estivessem errados. Geralmente quando ideias assim vinham de Paige quase nunca acabavam em algo necessariamente bom. Eu mesma teria me recusado a participar de algo assim se eu estivesse em plena consciência. Mas o fato de eu ainda não me sentir preparada para tudo o que estava vivendo indicava que eu não estava sã. Talvez fosse isso. Talvez eu me sentisse tão presa na sensação de ser uma futura perdedora que terá o peso do mundo nas costas que mal pensei quando aceitei ir naquela balada e ainda ajudei Paige a convencer Travis e Nico a nos acompanharem.

E agora estávamos aqui, entrando numa balada lotada, com uma loira saltitante, um emo e um trapaceiro emburrados e uma ruiva entediada. E eu sabia que Paige havia mexido com a Névoa para que pudéssemos entrar.

– Tínhamos mesmo que estar aqui? – perguntou Travis, gritando por cima do volume alto.

– Tínhamos! – respondeu Paige no mesmo tom de voz. – Agora vamos logo nos divertir, Stoll! – e pegou-o pela mão, puxando-o por entre as pessoas que tinha ali, sumindo de nossas vistas.

Fiquei olhando em volta, vendo todas aquelas pessoas animadas dançando, se mexendo e se agarrando. Os efeitos quase me cegavam e o calor era grande, mas ver todo aquele movimento me fez ter vontade de sair correndo. Eu não pertencia àquele tipo de lugar. Eu não gostava daquilo e não adiantaria eu me forçar. Quando eu já estava prestes a dar as costas para sair daquele lugar, senti uma mão segurando a minha. Quando vi Nico ao meu lado, segurando minha mão enquanto olhava ao redor, percebi que ao menos não estava sozinha. Ele estaria ali comigo. Mas percebi que ele também não se sentia confortável naquele ambiente. Éramos filhos de deuses sombrios, excluídos e isolados. Não éramos baladeiros como os filhos de Apolo ou Dionísio. Por isso apertei meus dedos nos seus, tentando passar o conforto que nós dois precisávamos.

Nico olhou para nossas mãos entrelaçadas e sorriu para mim, parecendo relaxar. Aproximou seu corpo de mim e sussurrou por cima do som eletrônico da boate em meu ouvido.

– Quer beber alguma coisa? – perguntou.

Olhei em volta, percebendo que não poderia fugir dali. Então assenti, para depois ele me puxar em direção ao bar que tinha não muito longe dali. Eu segurava fortemente sua mão para sumir naquela multidão que me empurrava a cada passo. Quando chegamos inteiros ao balcão, me sentei no banco que tinha ali e Nico se sentou ao meu lado.

– O que quer? – ele perguntou.

Pensei em todas as opções de álcool que Travis e Connor me obrigaram a conhecer e decidi que algo mais leve no momento seria o ideal.

– Acho que coca com vodka. – respondi.

Nico repassou o pedido ao barman, pedindo uma coca com vodka para ele também. Fiquei observando minhas unhas, um pouco nervosa com aquela música alta me deixando com dor de cabeça e todas aquelas pessoas em volta. Inicialmente eu até quis realmente vir, somente para parecer uma garota normal, mas eu acabara esquecendo que eu nunca seria. Semideuses jamais serão normais.

De repente, senti uma mão na minha coxa. Quase dei um pulo do banco enquanto levantava meu olhar, mas vi que era apenas Nico, que estava em pé agora logo à minha frente. Franzi o cenho, procurando seus olhos, mas ele não olhava para mim. Olhava diretamente para alguém que parecia estar ao lado da pista de dança. Não segui seu olhar, mas analisei suas indicações corporais. Seu corpo estava tenso e seu cenho também franzido. Se eu fosse realmente boa em biologia ou em decifrar a mente humana, eu diria que ele estava tomando cuidado de suas posses e seu território. Ele estava com ciúmes?

– Nico? Nico, o que aconteceu? – perguntei a ele, colocando a mão sobre a sua que estava sobre minha coxa.

Nico pareceu sair de um transe quando olhou em minha direção. Balançou levemente a cabeça antes de responder.

– Um idiota olhando para cá. – ele disse a contragosto e eu arqueei a sobrancelha. – Tá, tudo bem, olhando para você. – resmungou, formando um leve bico em seus lábios que me deu vontade morder.

Sorri para ele e me aproximei para dar-lhe um selinho nos lábios, que gerou um sorriso leve nele. Nossas bebidas não demoraram a chegar.

– Não se preocupe, Nico, já disse que sou sua. – sussurrei em seu ouvido antes de me afastar como se nada tivesse acontecido e bebericar a coca com vodka.

Alguns olhares em volta e identifiquei Paige não muito longe dali, dançando animadamente. Sozinha. Quando fui procurar por Travis, ele apareceu na minha frente.

– O que está fazendo longe da Paige? – perguntei, enquanto ele se inclinava sobre o balcão do meu outro lado.

– Uma Ice, por favor. – ele pediu ao barman, antes de se virar para mim. – Ela me pediu para vir pegar uma bebida para ela.

– Entendi. – respondi, logo antes de uma ideia vir em minha mente. – Acho que vou fazer companhia para ela. – disse-lhe, e virei-me para Nico. – Vou dançar um pouco, está bem?

Ele assentiu. – Pode ir, vou estar aqui.

Sorri, dando-lhe um beijo rápido antes de dar mais um gole na minha bebida e pular do banco. Fui passando pelas pessoas que estavam entre mim e Paige. Eu era baixinha, e isso dificultava um pouco minha passagem, então não me importei de dar algumas cotoveladas aqui e ali. Quando finalmente estava perto de Paige, uma música que eu reconhecia estava passando.

– Cristal! – exclamou Paige, animada, enquanto segurava meus pulsos e os balançava para o alto. – Dance comigo, sei que ama essa música!

Sorri, reconhecendo os primeiros versos de um remix eletrônico de Afire Love.

Things were all good yesterday

And then the devil took your memory

And if you fell to your death today

Apesar de preferir a versão calma e original de Ed Sheeran, Zedd fizera um ótimo trabalho. Posso ser semideusa, mas eu ainda estava inteirada no mundo mortal. E música era importante para mim, quase tanto quanto a pintura. Ela me ligava à minha realidade e na maioria das vezes trazia um significado equiparado de algo que acontecia comigo. Então, à menção da palavra “morte”, eu sorri, pois sabia que Nico não estava muito longe de mim. Fechei os olhos, deixando a letra e a batida entrar por meus ouvidos e penetrar em meus ossos. Meu corpo começou a se mexer sem qualquer comando meu. Era instintivo. Era uma dança natural.

Darlin' hold me in your arms the way you did last night

And we'll lie inside for a little while here oh

I could look into your eyes until the sun comes up

And we're wrapped In light and life and love

– É isso aí, garota! – exclamou Paige, rindo ao me ver fazendo alguns passos mais sensuais.

Eu ri de sua empolgação, fechando os olhos e levantando os braços para o alto. Deixei-me levar pela música, sem me importar com a missão, sem me importar com o destino, sem me importar com o mundo e muito menos que poderia haver algum monstro dentro daquela boate que poderia me matar. Naquele momento, eu não me importei com nada que não fosse os efeitos que a música fazia no meu.

Meu momento relaxante, porém, acabou-se tão rápido quanto se iniciou. Mãos rudes seguraram minha cintura e eu me virei assustada, vendo um menino loiro e com um sorriso sujo me olhando.

– Qual o nome da gatinha? – perguntou, e eu tentei me afastar de suas mãos, mas elas me seguraram mais forte.

– Desculpe, estou acompanhada. – tentei dar uma desculpa a sair, mas o garoto puxou minha cintura contra si.

Eu era forte, talvez mais forte que ele. Eu era semideusa, e poderia facilmente deixá-lo desacordado, mas, ao sentir o bafo de álcool que exalava aos montes de sua boca, um medo irracional invadiu meus sentidos.

– Ah, mas para mim não está. – ele disse um pouco embolado, e seu hálito me fez torcer o nariz. – Vamos nos divertir um pouco. – afirmou, jogando sua boca contra a minha.

Desesperei-me, tentando me livrar dele do melhor jeito que conseguia para pedir ajuda a Paige. Sua língua invadiu minha boca e eu aproveitei a oportunidade para mordê-la forte, sentindo o sangue escorrendo entre meus dentes.

– Sua vadia! – ele berrou, com uma mão na boca. Quando me virei para correr, seu braço cercou minha cintura e me puxou contra ele.

– Me larga! – berrei para ele, em pânico.

– Solte ela, seu filho da puta! – foi a única coisa que ouvi antes de sentir a liberdade novamente.

Mas essa liberdade veio com um preço, e ver Nico entrando em briga com o garoto bêbado não era o preço que eu esperava.

– Não, Nico, para! – implorei quando vi o garoto loiro revidando um soco certeiro no rosto de Nico.

As pessoas já haviam se afastado em um círculo e eu sabia que não demoraria muito para que seguranças viessem nos expulsar. Senti o alívio me invadindo quando Travis chegou com Paige e me ajudou a apartar a briga. Eu e Paige seguramos Nico e Travis tirou o garoto de perto de nós.

– Melhor irmos antes que chamemos ainda mais atenção. – sugeriu Travis quando voltou até nós.

Assenti, olhando pro chão e andando ao lado de Paige até ruas depois da boate. Não sabia se teria coragem de olhar para Nico depois do que acontecera.

– Cris?

Levantei meu rosto de supetão, vendo que Travis e Paige andavam juntos à nossa frente, deixando-nos propositalmente com um pouco mais de privacidade.

– Você está bem, Anjo? – perguntou Nico, e quando eu finalmente vi que seu cenho estava franzido em preocupação.

– Me desculpe. – pedi, sem conseguir me segurar.

Nico teve uma reação imediata ao parar de andar e me puxar para a segurança de seus braços. – Não precisa se desculpar. Não foi culpa sua.

– Mas eu sinto como se fosse. – admiti. Senti seus braços se estreitando ao meu redor e eu descansei minha cabeça em seu peito.

– Mas não foi. – ele sussurrou ao meu ouvido, fazendo-me acalmar instantaneamente apenas com sua voz. – O que importa é você estar bem.

Sorri brevemente, mesmo que ele não conseguisse ver. – E estou.

– Que bom. – ele disse, e eu podia sentir o sorriso em sua voz.

– Os pombinhos vão demorar muito?! – gritou Paige vários metros à nossa, cortando completamente o clima. Nico e eu nos afastamos um do outro, rindo. – Eu estou com sono, sabe, temos que voltar pro hotel!

Revirei os olhos, com o sorriso ainda nos lábios. – Essa menina não se decide não?!

Nico sorriu, abraçando meus ombros e me levando pelo caminho feito por Travis e Paige.

– Devia conhecer sua amiga. Paige Willians sempre será Paige Willians.


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