A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 45
Capítulo 44 - Collar Full


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, demorei bastante, mas é que além da falta de tempo, eu desanimei bastante. Mas fiz um esforço e trouxe esse capítulo para vocês. Espero que não tenha ficado tão ruim!



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A Herdeira de Hécate

Show me your love, your love
Before the world catches up

Capítulo 44 - Collar Full (Panic! At The Disco)

Depois que troquei minha roupa que usava desde o dia anterior, eu e Nico descemos para encontrar Paige e Travis rindo na cozinha. Quase pensei que entrei na cozinha errada ou que meus amigos foram sugados por aliens. Mas então eu me lembrei da noite anterior, quando chegamos e os vimos no maior clima em um dos quartos do segundo andar, e eu não poderia perder a oportunidade de caçoar com eles.

– E então, a noite ontem foi boa? – perguntei, brincando, enquanto pegava um pacote de salgadinhos em cima da mesa e me recostei na bancada.

Paige corou ao extremo enquanto Travis abria um sorriso feliz nos lábios.

– Be-bem, nós... – Paige tentou dizer, mas era claro o desconforto dela.

– Travis, porque não ajuda Nico a checar os suprimentos que trouxemos? – sugeri, arqueando a sobrancelha como se dissesse “saiam agora, isso não é conversa pra macho”.

– Ué, por quê temos que fazer isso se vocês separaram ontem? – perguntou Travis e eu quase dei um tapa em minha própria testa. – A não ser que tenham ficado ocupados com outras coisas que não seja separar a comida.

Instantaneamente e contra a minha vontade a imagem de Nico beijando-me e me colocando sobre a bancada da lanchonete invadiu minha mente. Corei, senão perceptivelmente ao menos o suficiente para me sentir desconfortável. Olhei para Nico e arqueei uma sobrancelha, pedindo ajuda. A compreensão logo tomou seu rosto e ele puxou Travis para fora da cozinha.

Ai, Nico, pra quê isso?! – ainda pude ouvi-lo reclamando.

– Ah, cale-se e vamos!

Esperei ouvir seus passos pelas escadas antes de me virar para Paige, que parecia mais desconfortável em si do que jamais a vi. Abri um sorriso malicioso para ela.

– Pode começar a me contar como isso – eu disse, apontando para ela e para a porta por onde Travis saiu – aconteceu. Tipo, agora!

Paige corou, mas eu vi um sorriso sutil se formando no canto de seus lábios. – Na-não aconteceu nada.

Revirei os olhos. Aproximei-me dela e me sentei à sua frente à mesa.

– Sou sua melhor amiga, Paige. – comecei. – Lhe contei o que acontecia comigo e com Nico. E não adianta negar, vi você e Travis se beijando no quarto ontem à noite.

Dessa vez, ela não corou, e eu sorri para lhe incentivar.

– Bem, depois que vocês saíram para arranjar alguns suprimentos, eu estava decidida a ignorá-lo até o fim da minha existência. – ela começou a narrar, e eu me ajeitei na cadeira. Sabia que quando Paige começava a contar algo, ela contava nos máximos detalhes. – Então tinha ido até o segundo andar, para ficar com um dos quartos. Não acendi nenhuma luz nem nada, já que não seria bom atrair nenhuma atenção de nenhum vizinho. Fiz a ronda no segundo andar e entrei no primeiro quarto que vi, e fiquei um bom tempo na cama me lembrando das palavras que você tinha me dito no dia que Travis havia me tratado mal depois que passei dias cuidando dele.

Ela suspirou e eu segurei sua mão por cima da mesa. Minha amiga precisava de apoio e eu o daria.

– Fiquei imaginando se você não estava certa e eu devesse dar alguma chance a ele. – ela admitiu e eu sorri levemente com tais palavras. Paige abriu um leve sorriso sonhador e eu percebi que ela estava se perdendo nas lembranças da noite anterior. – Então ele apareceu logo depois no quarto, pedindo para conversar comigo. Primeiro pensei em enxotá-lo com minha espada, mas depois pensei bem e deixei que ele entrasse. Travis pensou que eu tinha enlouquecido ou eu fosse um monstro tentando enganá-lo. – soltei uma risada e ela me acompanhou. – Ele pediu desculpas sobre aquele dia pelo menos umas dez mil vezes e eu estava começando a me irritar. Mas então eu comecei a reparar mais nele à medida que ele soltava as palavras. Aqueles olhos claros brilhantes e o jeito como ele gesticula as mãos quanto estava nervoso. O corte no lábio superior de uma das recentes lutas com monstros que já estava cicatrizando.

Imaginei toda a cena em minha mente e sorri. Só não desejei tê-la presenciado para não tirar o encanto de tudo. O sorriso em seus lábios se alargou ainda mais e eu vi um movimento atrás dela. Levei rapidamente meu olhar para o portal da cozinha e vi Travis encostado no portal prestes a abri a boca para dizer algo. Lancei um olhar cortante e ele se calou, começando a prestar atenção no discurso de Paige.

– De repente eu segurei o rosto dele e o beijei. Já beijei vários garotos antes e eu posso te dizer que nenhum outro beijo é como o de Travis. – Paige soltou uma leve risada, alheia ao sorriso que abria nos lábios de Travis. – Não era exatamente quente, era confortador. Depois disso eu não consegui mais desgrudar dele. E foi isso. – ela finalizou, corando, e eu percebi que não era tudo. Talvez ele realmente seguiram meu conselho/piada e terminaram a noite com sexo selvagem, mas graças aos deuses eu dormi feito pedra.

– Não vai dizer nada? – perguntei Paige, parecendo receosa, e eu abri um sorriso maroto.

– Não sou eu quem tenho que dizer algo. – eu disse ao ver Travis se aproximando pelas costas de Paige.

Ela soltou um gritinho e deu um pulo na cadeira quando sentiu os braços dele envolvendo sua cintura. Travis soltou sua típica gargalhada extravagante e a encheu de beijos por todo o rosto. E, antes que tudo se tornasse mais quente ali, eu saí de fininho para a sala. Eu não precisava ver algo assim a essa hora da manhã. Nico estava sentado no sofá e se virou para mim antes mesmo que eu fizesse qualquer barulho, como se pressentisse minha presença. Sentei-me ao seu lado, jogando minhas pernas sobre as suas e deitando minha cabeça em seus ombro.

– Fico feliz que eles tenham se resolvido. – ele disse, envolvendo minha cintura com um braço e brincando com meus dedos com a mão livre.

– Eu também. – admiti, suspirando. – Ambos são meus amigos e eu odiava vê-los brigando, principalmente quando dava para ver que se amavam.

– Fica tão claro assim quando se ama alguém? – Nico perguntou e eu franzi o cenho.

Levantei meu olhar até encontrar seus olhos negros analisando cada centímetro do meu rosto, como se quisesse decorar cada detalhe dele ou descobrir outros ainda desconhecidos.

– O que quer dizer? – perguntei.

Seus lábios formaram uma linha fina. – Bem, eu... Eu queria saber se meus sentimentos sempre foram tão claros.

Nico abaixou seu olhar para nossas mãos, claramente tímido e envergonhado. Era engraçado como tinha horas que ele se tornava o garoto tímido que Paige me descrevera e como outras vezes ele se tornava desinibido e mais confiante de si. Segurei firmemente sua mão na minha e levantei minha mão livre para seu rosto, obrigando-o a olhar diretamente para mim.

– Paige uma vez me disse que você se tornou diferente quando voltou ao Acampamento comigo. – comecei. – Não sei até onde isso é verdade, mas o importante é que estamos aqui e agora. Não sei quando seus sentimentos ficaram claros, mas o que posso dizer é que me sinto honrada em ter feito parte disso. Se você algum dia foi fechado por qualquer que seja o motivo, é bom saber que te ajudei a passar por isso.

Nico sorriu, aquele sorriso torto que abria uma covinha em sua bochecha. Aquela covinha que eu sempre amava.

– Foi pela morte da minha irmã mais velha. – ele engoliu em seco e seus olhos ganharam um brilho triste. Apertei levemente sua mão, como se dissesse que estava ali com ele e ele abriu um sorriso para mim. Um sorriso sincero. – Eu realmente me fechei depois daquilo e me perdi do mundo, trancando qualquer sentimento que florescesse. Eu tinha me perdido, mas você me salvou da escuridão. Você me mostrou o amor e me deu motivos para não desistir de mim mesmo.

Eu sorri com suas palavras e o beijei com intensidade, transmitindo-lhe todos os sentimentos que palavra nenhuma conseguiria. Todo o carinho, todo o amor que ele merecia e eu estava disposta a dar-lhe. Todo o desejo que estar ao seu lado e de tê-lo ao meu lado. Nico apertou meu quadril, como se dissesse que também retribuía cada uma dessas palavras não ditas. E eu sabia. Cada momento que passei em minha vida, cada dia pior que o outro, cada escolha que eu havia feito, cada decisão certa e errada. Cada segundo da minha vida miserável que eu tinha antes me levara até ele. Até aquele momento, eu pensei estávamos juntos para ele me salvar do destino e das minhas escolhas. Mas o destino nos juntara para que eu também o salvasse.


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Notas finais do capítulo

Vou deixar aqui o link pra minha fic de Maze Runner, deem uma olhada ;)
http://fanfiction.com.br/historia/600752/The_Glue/