A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 40
Capítulo 39 - Miss You Love


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, muita gente quis me matar pelo capítulo passado. Mas acalmem os ânimos, o Travis não vai ir agora! Eu tinha realmente planejado matar alguém, mas não era o Travis, era ou a Paige ou a Cristal, mas então lembrei do prólogo e dos meus planos para o epílogo, então não rola de alguém morrer. Acho que já tá bom ter só matado o Pablo, o pai da Cris. XDD
Bem, já vou avisando que minhas aulas voltam amanhã. Terei aula o dia inteiro, então mal vou ter tempo pra respirar, quanto mais para escrever. Terceiro ano não é fácil e eu sei que algumas aqui devem já saber como é isso. Vou me dedicar bastante para o Enem no final do ano e minha única folga será no fim de semana, quando eu puder escrever. Então é provável que só saia algum capítulo em cada duas semanas, por isso postei tanto nas férias, era para compensar. Mas eu sei que não são poucas pessoas que leem a fic, então por isso, no fim de uma semana depois de cada postagem, se tiverem mais do que os poucos comentários que geralmente recebo, eu faço um esforço para escrever no tempo livre. Então cabe a vocês decidirem se posto a cada uma ou duas semanas ;)
Ps: não matei o Travis, mas espero que não me matem no fim desse capítulo, ainda não será agora que Traige acontecerá! XDD Será quando vocês menos imaginarem ;) Vejo vocês em duas semanas! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/491260/chapter/40

A Herdeira de Hécate

It's gonna hurt
And I love the pain
A breeding ground for hate but

Capítulo 39 - Miss You Love (Silverchair)

– Olha, Anjo, andar de um lado para o outro não irá ajudar em nada. - disse Nico, possivelmente pela centésima vez só naquela hora.

Mas eu não me importava. Talvez ficar andando de um lado para o outro realmente não ajudasse Travis na sua recuperação que já levava quatro dias, mas ao menos me deixaria menos estressada e frustrada comigo mesma. Eu era a culpada por ele estar há quatro dias dentro de uma barraca desconfortável de acampamento, entre a vida e a morte. Eu era a culpada por Paige estar chorando a cada segundo do dia - e da noite. Eu era a culpada por Nico parecer estar com raiva. Eu era a culpada pela missão estar sendo um fracasso. Eu era a culpada por tê-los arrastado comigo para essa droga de missão.

– Droga! - eu gritei, antes de me jogar no chão ao lado de Nico, irritada mais comigo mesma do que com toda aquela situação frustrante.

Eu me sentia mais inútil e incompetente do que nunca.

– Não fique assim, Cristal, eu já disse que não era culpa sua. - ele tentou me consolar ao envolver meus ombros com o braço e me puxar para mais perto.

– Não, é minha sim. - insisti. Uma coisa que eu não permitiria era que ele me iludisse quando a culpa era claramente minha. Clara e unicamente minha. - Se eu não tivesse sugerido que ele usasse aquele galho, aquela droga de galho, ele não estaria à beira da morte.

Nico me apertou mais forte contra si, como se tivesse desistido de me consolar com palavras e com apenas aquele gesto pudesse sugar todo o meu sofrimento. E, em qualquer outra situação, esse teria sido o melhor consolo. Mas não era. Eu estava prestes a perder meu melhor amigo, meu irmão. Aquele que me apoiou desde o momento em que pisei no Chalé de Hermes e, apesar de não tê-lo conhecido há mais de um dia, ele me consolou quando pensei que Nico não queria mais olhar na minha cara. Foi com ele que eu dividi meus maiores receios quando os assuntos tratados não poderiam envolver Nico.

E agora, eu o perderia por pura incompetência minha para me livrar de um gigante.

A dor em meu peito ao pensar nisso era grande demais e eu era egoísta o suficiente para não querê-la para mim.

Eu rezava para que Hades não o levasse e para que Apolo o curasse.

– É tudo culpa minha. - murmurei ao esconder meu rosto em minhas mãos e deixar minha dor se externar em forma de lágrimas. - Eu não mereço ser a líder dessa missão.

– Não diga isso, Anjo. - disse Nico, dando um beijo em minha têmpora e sussurrando o apelido com tanto carinho que meu coração se encheu levemente de um sentimento puro de alívio. - O Oráculo jamais teria escolhido você se pensasse que não era capaz.

Suspirei e, possivelmente pela primeira vez nos quatro dias que passamos naquele acampamento no meio da floresta da Virgínia Ocidental, eu não tinha argumentos para contradizê-lo. Eu estava simplesmente exausta; não como ficara após a luta com Gerião, mas me sentia exausta emocionalmente.

– Eu vou lá vê-lo. - eu disse, saindo dos braços de Nico e me encaminhando para a barraca onde Travis e Paige estavam.

Mas então eu percebi algo diferente. Não em mim ou no meu sentimento de culpa, mas em Nico. Ele não negara e não se pronunciara. Olhei para trás, buscando seus olhos negros que eram suas janelas para a alma, mas ele mantinha a cabeça abaixada. Não pensei duas vezes em me sentar à sua frente e levantar sua cabeça para olhar em seus olhos. Olhos opacos e feridos.

– O que foi, Nico? - perguntei, toda a culpa sendo substituída por preocupação.

– Não é nada. - ele respondeu, abaixando novamente a cabeça.

– Claro que é alguma coisa. - eu disse rapidamente. Ele não era de abaixar a cabeça a não ser que algo o estivesse incomodando. - O que te incomoda? - perguntei novamente.

– Sua preocupação com Travis. - ele sussurrou, tão baixo que eu quase não captara suas palavras.

– O que isso...? - comecei, mas eu mesma me interrompi quando uma lembrança me veio à mente.

.

Os olhos negros duros e firmes, como uma armadura. As sobrancelhas quase unidas sob a linha que marcava sua testa numa carranca. O nariz enrugado em sinal de desgosto e os lábios contraídos em uma linha fina. Eu não era muito acostumada com essa expressão, mas reconhecia-a de quando Percy pegava Annabeth conversando demais com algum filho de Apolo.

– Você está com ciúmes?

.

– Nico, já disse que Travis é somente meu amigo. Praticamente meu irmão. - eu disse, minha voz soando tão cansada quanto meu estado de espírito.

– Eu sei disso. - ele me respondeu, olhando em meus e eu vi toda a sinceridade de suas palavras sendo transmitida pelo seu. - Mas sou filho de Hades, Cristal. Sou inseguro por natureza, não é comum alguém gostar de mim pelo que eu sou e não é fácil pensar que você convive com um cara mil vezes mais bonito, simpático que eu me...

Eu o interrompi com um beijo. Pensei que ele iria resistir, pretendendo continuar com seu discurso de auto depreciação. Mas ele correspondeu quase instantaneamente, colocando suas mãos em minha cintura e me puxando para seu colo. Foi um beijo intenso e apaixonado e eu quase preferi morrer sem ar a me afastar dele. Ofegante, fiquei observando os olhos de Nico se abrirem e mergulhei naquela imensidão negra que era direcionada a mim. Somente a mim.

– Já disse para não se preocupar com isso. - sussurrei-lhe, passando a mão por sua franja e tirando-a da testa. Toquei nossas testas e quase enlouqueci ao sentir a respiração irregular de Nico contra meus lábios. Sem resistir, dei-lhe um selinho demorado, sentindo a textura de seus lábios macios contra os meus. - Eu te amo, Nico, como nunca amei ninguém antes.

Nico sorriu sobre meus lábios, e eu senti ali que ele finalmente acreditara em minhas palavras, por mais simples que fossem. Mas eu não queria apenas isso, queria demonstrar meu amor por ele. Mas não o beijei; eu o abracei. Um abraço reconfortante, acolhedor, carinhoso e amoroso. Um abraço que Maria Di Angelo daria se estivesse viva, um abraço que Bianca Di Angelo daria se não tivesse sido levada, um abraço que Hades daria se fosse um pai mortal. Era um abraço que eu estava lhe dando, substituindo todos aqueles faltantes e prometendo mais como aquele, sempre e sempre que o necessário.

E eu só esperava que ele compreendesse todos os sentimentos que eu tentava lhe transmitir com aquele abraço.

E compreendeu, pois logo senti algo úmido molhando minha camiseta.

Nico Di Angelo estava chorando. Pela primeira vez eu o via realmente chorando.

– Eu amo você, Anjo. - ele sussurrou, com a voz rouca, ao meu ouvido.

E tudo o que eu fiz foi abraçá-lo ainda mais forte.

~*~

– Vá vê-lo, Anjo. - Nico disse, alguns vários minutos depois, enquanto se soltava do meu abraço.

– Tem certeza? - perguntei, um pouco receosa ainda com sua reação.

– Eu sei que está preocupada com ele, então vai. - ele disse, soltando um sorriso de lado que exibia suas covinhas. - Enquanto isso eu preparo nosso jantar.

– Obrigada, Nico. - eu disse, sorrindo de volta e dando-lhe um selinho demorado antes de sair de seu colo e ir até a barraca.

Mas pouco antes de eu entrar, Paige saiu. Parecia bastante furiosa enquanto andava a esmo pela floresta. Olhei-a se afastar, confusa. Abri a entrada da barraca, encontrando Travis ali dentro, acordado. Aparentava cansaço e sua pele estava pálida, com olheiras sob os olhos claros e os cabelos loiros pareciam sem vida. Apesar de tudo isso, eles estava acordado. Então não pensei duas vezes antes de jogar em um abraço, um pouco desconfortável devido ao seu ferimento recente.

– Ai. Bruxinha, isso dói. - ele reclamou, e eu me afastei um pouco.

– Desculpe. - pedi, mas logo dei um tapa em seu braço que logo o fez reclamar de novo.

– Agressiva como sempre. - ele murmurou para si mesmo, e eu fingi não ter percebido.

– Você nos deu um susto e tanto! - reclamei, e ele sorriu levemente, tentando se sentar. Mas eu logo o impedi. - Nem pensar! Está fraco demais ainda!

– Nah! - ele dispensou a informação com um aceno de mão. - Eu estou bem.

– Ótimo, agora que está bem, pode me dizer porque raios que a única vez que Paige saiu daqui de dentro, ela parecia cuspir fogo?

– Única vez? - perguntou ele, e eu vi seu atordoamento em seu olhar.

– É, a única. - respondi-lhe. - Ela que cuidou dos seus ferimentos e ficou aqui dia e noite esperando que você acordasse. E vou te falar, teve vez que eu até a ouvi chorando.

– Ela chorou? - ele perguntou, e então eu percebi o mesmo sentimento que senti durante esses quatro dias presente em seu olhar.

Culpa.

– Travis. - eu disse, e dei uma pausa para respirar fundo. - O que aconteceu para ela sair daquele jeito?

Travis engoliu em seco antes de responder, e eu soube que nada bom poderia ser.

– Tive uma briga com ela. - narrou. - Eu abri os olhos e perguntei o que tinha acontecido, e ela me contou que fiquei desmaiado por quatro dias. Perguntei o que ela fazia aqui, e ela só respondeu que estava cuidando de mim. Nem passou pela minha mente que ela estivesse realmente cuidando de mim.

– E você foi estúpido com ela? - perguntei, já adivinhando.

– Fui. - ele respondeu, abaixando seus olhos azuis para suas mãos que repousavam em seu colo. - Disse para ela que não precisava ser mais hipócrita e falsa do que já era, que eu não precisava da ajuda dela, ainda mais se fosse de má vontade. E ela só disse para mim "você não tem ideia do acabou de dizer e do quanto soa mais ridículo do que já é" e saiu.

Suspirei, sentindo-me ainda mais cansada.

– Você tem ideia do que acabou de fazer? - perguntei, e ele me olhou confuso. - Acaba de deixar sua chance de felicidade escapar para fora da barraca.

Ele abaixou a cabeça novamente, tristonho. - Eu sei.

– Ela te ama, Travis. - soltei, e ele levantou a cabeça rapidamente, e eu vi esperança em seu olhar. - Ela te ama, mesmo que não admita ou não demonstre, mas ela deixou as barreiras caírem no momento em que viu aquele galho cruzando seu abdómen. Paige te ama tanto quanto você a ama.

– Como você...? - perguntou, assustado com minha última frase.

– Eu simplesmente sei, Travis. Percebo isso no olhar que lançam um ao outro toda vez que o outro não percebe. Quando eu brincava que o que vocês tinham era amor reprimido, eu não estava cem por cento brincando.

Eu não esperava aquela reação de Travis ao ouvir tais palavras, mas assim que eu as pronunciei, ele tentou se levantar novamente.

– Fique aí! - eu insisti, empurrando-o de volta para se deitar.

– Mas eu preciso ir atrás dela! - ele insistiu.

– Não, eu vou. - eu disse, decidida. - Não adianta você morrer no meio do caminho até ela. Vou atrás dela e tentar conversar com ela.

Virei-me, prestes a ir, mas Travis segurou meu braço. Vi em seus olhos uma súplica que eu nunca vira antes, tão desesperada e verdadeira que me deu ainda mais força de vontade de ir até Paige.

– Traga-a de volta, por favor. - ele implorou.

Sorri-lhe, tentando passar confiança. - Eu prometo, Travis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!