A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 38
Capítulo 37 - Hold On


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à minha xará, Beatriz, pela linda recomendação! :3 Lembrando que ID nos EUA, é como RG aqui no Brasil. Essa parte meio que foi baseada numa conversa sem pé nem cabeça entre eu, minha irmã e duas primas nossas. Acho que não tenho muito o que falar. Minhas aulas começam dia dois, e eu vou ter aula de manhã e a tarde e curso à noite, não terei muito tempo para escrever, então é capaz de só postar uma vez por semana ou a cada duas semanas :/ Mas espero que não me abandonem! ♥



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A Herdeira de Hécate

When all that you wanted
And all that you have
Don't seem so much
For you to hold on to

Capítulo 37 - Hold On (Jet)

– Como não?! - perguntei, exasperada.

Era só o que me faltava! Enfrentar duas horas de caminhada pela cidade até chegar a uma rodoviária, morrendo de fome, cansada, de mau-humor, correndo contra o tempo, para chegar aqui e a incompetente da balconista dar em cima do Nico e ainda nos dizer que não haviam mais passagens.

– Sinto muito, senhorita, mas parece que há mais passagens para até daqui três dias. - a loira depravada respondeu, mas não tirava seu olhar de Nico.

Raios, por quê eu não trouxe Travis junto comigo para comprar as passagens?!

– Nenhuma? Nem no próximo ônibus? Nem que seja num ônibus para a próxima cidade? - insisti assim mesmo.

– Parece que não. - ela disse, sem nem checar a grade de passagens.

Lançou uma piscadela para Nico, e essa foi a minha gota d'água.

– Olha aqui, sua... - eu comecei, mas logo senti algo tapando minha boca e olhei de soslaio para Nico, que segurava minha boca.

Arranquei a mão dele dali e dei as costas para a balconista, sem nem me importar com o que a mulher pensaria, e sai dali. Nico que ficasse por lá coma loira peituda. Não me importava se ele satisfizesse os desejosos eróticos dela, nem que desistisse da missão pra enfiar a cara no decote dela. Quer saber? Foda-se tudo, foda-se o mundo!

– Cris? Cris, espera! - Nico pediu, vindo atrás de mim.

Não aumentei o ritmo dos passos, mas ignorei-o completamente.

– Cristal, espera! - ele veio até meu lado e segurou meu pulso, obrigando-me a parar no meio da rua e quase trombar em uma homem que passava.

– Que é?! - perguntei rudemente, franzindo o cenho irritadamente.

– Eu que pergunto. - ele respondeu.

Eu bufei, perguntando-me até quando ele testaria minha paciência.

– Quer saber? Esquece que eu tenho coisa melhor pra fazer. - eu disse, soltando meu braço de seu aperto e caminhando até a cafeteria onde Paige e Travis nos esperavam com nossas mochilas.

Mas Nico segurou meu braço novamente.

– Esquece nada. - ele disse, virando-me de frente para ele e fazendo-me encarar a escuridão que eram seus olhos negros. - Me diz, o que eu fiz de errado?

Bufei novamente, mas contei. - Aquela vadia siliconada com uma enorme placa na testa dizendo "me coma".

Nico ainda pareceu um pouco confuso, mas eu vi o exato momento em que seus olhos negros ganharam o brilho de entendimento e seus lábios se elevaram num sorriso maroto.

– Isso é ciúme? - ele perguntou, e eu bufei pela terceira vez, prestes a me soltar novamente, mas ele me puxou de modo que bati contra seu peitoral e ele cercou minha cintura com os braços. - Sabe que não precisa ficar com ciúmes.

– Eu sei? - perguntei, brincando com o colarinho de sua camisa preta.

Nico segurou embaixo do meu queixo e levantou minha cabeça, obrigando-me a encarar seus olhos. O sorriso em seus lábios não era mais maroto, mas um sorriso genuíno de uma criança que acabara de ganhar seu doce predileto.

– Eu te amo, Anjo. Não se esqueça disso.

Meu coração se encheu de alegria, e tudo pelo que passamos desde que nos conhecemos simplesmente pareceu sumir da minha mente. Naquele momento só existia eu e Nico. Nico e eu. Apenas nós dois em nossa bolha particular de perfeição. Era incrível o efeito que uma frase ou um apelido surtia em mim, mas isso não teria importância se não fosse pronunciado por ele.

Eu sorri, tentando transmitir toda a minha emoção, e o puxei colarinho que brincava para mais perto de mim, enquanto tomava seus lábios nos meus. A sensação daqueles lábios macios e finos contra os meus sempre seriam como da primeira em que nos beijos. Seja a primeira de todas, no meu quarto no Brooklyn, seja no meu quarto no Chalé de Hécate. Ou em todas as outras vezes. Porque cada uma delas parecia uma nova experiência e eu me sentia como uma garotinha de seis anos que estava para aprender a andar de bicicleta. Era a mesma adrenalina de uma primeira pedalada e era a mesma frequência cardíaca de um primeiro beijo. E eu tenho medo que meu coração saia pulando pela calçada sempre que nos beijamos.

Nico apertou seu abraço em minha cintura e eu me coloquei na ponta dos pés, para aprofundar ainda mais o beijo. Enterrei meus dedos nos fios de seu cabelo e sua reação direta foi levar uma de duas mãos até minha nuca. Senti-o sorrir sobre meus lábios quando eu arrepiei sobre seu toque, mas finalizei o beijo com uma mordida em seu lábio inferior e sorri vitoriosa.

– Eu também te amo, Nico. - sussurrei sobre seus lábios, um pouco ofegante.

Senti Nico sorrir e me puxar para outro beijo. Apenas não o aprofundou porque fomos interrompidos. Na hora errada, se quer saber minha opinião.

Eu adoraria saber o que houve para o Nico aceitar se atracar com alguém em público. - disse uma voz conhecida próxima a nós.

Respirei fundo, tentando não voar no pescoço de Paige quando nos viramos para ela e a vimos com Travis em frente à cafeteria.

– Resumindo: nunca peça informações para uma platinada siliconada. - eu disse.

Paige fez uma careta e um som estranho com a boca. - Isso nunca é bom.

– Não mesmo. - concordei, fechando a expressão, mas ela logo relaxou quando Nico entrelaçou nossos dedos.

– Okay, pombinhos, agora que estão resolvidos e eu não vou precisar socar a cara do Nico, será que podemos ir? - perguntou Travis, entregando-nos nossas mochilas. - Não quero perder nossa carona.

– Que carona? - eu e Nico perguntamos.

– Aquela carona. - respondeu Travis, apontando para uma vã na esquina da cafeteria.

Mas não era uma vã qualquer. Era uma vã rosa choque, com flores na lateral que, sinceramente, me lembrava muito a vã de Scooby Doo. Na frente, para completar todo o cenário assustador, três homens e duas mulheres com roupas de época - calça boca de sino, regatas com o símbolo de paz e penteados longos. Verdadeiros hippies que acenaram para nós quando percebeu que Travis apontava para eles.

Meu queixo caiu. - Você só pode estar brincando!

~*~

– Por quê não podemos simplesmente descer aqui? - sussurrei a Nico, cerca de algumas horas depois.

Nico me apertou mais contra seu peitoral e lançou um olhar receoso para o outro lado da vã. - Por que eles vão nos levar direto até o Kansas.

Suspirei. Depois que Travis e Paige nos convenceram a realmente aceitarmos a carona dos hippies doidos, eu sabia que estava bom demais para ser verdade. A parte de trás da vã era aberta, sem bancos, e tivemos que nos sentar no chão. Ou melhor, no tapete vermelho e florido. Sentei-me o mais perto possível da porta, logo ao lado de Nico. Do outro lado estavam Paige e Travis, que pareceram se arrepender no segundo que um dos homens abriu a boca. Um tal de Fred e uma mulher chamada Carly estavam na frente. Atrás, conosco, estavam os outros dois homens, Sam e Jack, e a outra mulher, Jenny.

– Eles estão me assustando. - sussurrei para Nico, quando vi Sam fumando alguma coisa que me era impossível de identificar.

– Relaxa, eu estou aqui. - ele disse de volta, dando um beijo em minha têmpora.

Nico se ajeitou melhor e eu recostei-me contra seu peito, tentando achar uma posição um pouco mais confortável. Mas tudo o que eu podia pensar era que na primeira parada, eu daria no pé para nunca mais encontrar esses estranhos na minha frente. Nico acariciava meus cabelos suavemente, com a bochecha sobre meus cabelos ruivos. Com sua respiração regular sobre meus fios e seu coração batendo em ritmo constante sob minha orelha, eu quase consegui adormecer. Quase.

– Jack... - sussurrou Jenny, parecendo aérea, quando a inconsciência estava prestes a me levar. - Não deveríamos ter checado o ID desses meninos?

Jack piscou, como se estivesse tentando afastar o efeito da droga.

– O que é ID?

Eu revirei os olhos sem que eles vissem. Olhei de soslaio para Paige e Travis, que conversavam baixinho, e rezei para que estivessem tramando um plano para fugir.

– Estou no tédio. - eu disse, quase meia depois.

Nico soltou uma risadinha. - Imaginei. Também não consigo ficar para muito tempo.

– O que faremos quando chegarmos em Wichita? - perguntei.

Nico deu de ombros e ficou algum tempo em silêncio, perdido em pensamentos.

– Não tenho a menor ideia. - ele respondeu, por fim. - Mas acho que devemos primeiro nos preocupar em chegar lá.

Suspirei. Infelizmente, eu teria que concordar. Me mexi um pouco desconfortavelmente, e isso durou alguns minutos.

– Para quieta, garota. - reclamou Paige, próxima a nós, revirando os olhos.

– Tem alguma coisa me incomodando. - eu disse, com uma careta.

– É o fogo? - perguntou Sam, rindo.

Eu revirei os olhos, mas não respondi. Devia estar drogado, mas não parecia tão drogado quanto Jack e Jenny.

– Não, é... - nem terminei de responder, não sabia como os hippies drogados iriam lidar com isso. Possivelmente achariam que eu estava drogada também. Afastei-me um pouco de Nico, que ainda tentava entender meu desconforto, e apontei para sua espada. - Essa coisa pontuda está pinicando meu quadril, Caveirinha.

– O que é isso? - perguntou Jenny, estreitando os olhos para tentar enxergar.

– Não é nada. - respondeu Travis rapidamente.

Jack arregalou os olhos. - Isso é uma espada?!


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Notas finais do capítulo

Ps: a ideia dos hippies drogados foi da ~Luali Carter, assim como a do caminhoneiro tarado!