A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 36
Capítulo 35 - S.O.S.


Notas iniciais do capítulo

Bem, não sei se tenho muito o que falar... AH, sim! Esse capítulo é dedicado a Aléssia/Less/Luali, pela ajuda que ela me deu. Tivemos juntas a ideia do caminhoneiro e Tuim realmente existiu (foi o porco da mãe dela e.e') Apesar de eu ter achado o capítulo um pouco retardado, eu ri bastante e espero que se divirtam também ;) Capítulo dedicado também a Miss Melliart Montgomery, pela recomendação! Ficou linda e espero que isso incentive a vir mais alguma ♥



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A Herdeira de Hécate

I've been stranded here and I'm miles away
Making signals hoping they'd save me
I lock myself inside these walls
'cuz out there I'm always wrong

Capítulo 35 - S.O.S. (Good Charlotte)

– E agora, como faremos? - perguntou Paige, assim que nos vimos fora da floresta.

– Não tenho a menor ideia. - eu respondi, mas mesmo assim eu peguei o mapa que estava na minha mochila. - Hagerstown fica ainda a alguns quilômetros daqui. Podemos ir a pé ou esperar alguma carona. - sugeri, mesmo achando que eles poderiam não aceitar.

Travis, porém, deu de ombros. - Podemos ir andando e pedindo carona, se alguém parar é lucro.

– Todos de acordo? - perguntou Nico, e eu e Paige assentimos em concordância.

Seguimos andando pelo acostamento. Não se passaram horas como na floresta. Sempre que algum veículo passava, seja carro, seja caminhão ou seja ônibus, fazíamos sinal em busca de uma alma gentil nesse mundo. Mas ninguém se dignava a parar para nós. Eu ao menos dei graças aos deuses que não havia poças nas pistas e um carro passasse e jogasse lama em nós como nos filmes americanos de drama. Em certa altura da manhã, uma caminhonete finalmente nos parou.

Mas infelizmente não era nosso dia de sorte.

A caminhonete era velha, quase caindo aos pedaços. Da caçamba de madeira, ouvíamos ruídos suínos, o que não me alegrou nada. A cabine azul estava desgastada e quando a janela se abriu para um cara musculoso e estranho, eu quis sair correndo. Mas carona era carona e eu não podia conjurar um carro inteiro.

– O que as gatinhas fazem perdidas por aí? - ele perguntou, com sotaque caipira, mostrando dentes sujos.

Respirei fundo para evitar de fazer uma careta.

– Ele não viu a gente aqui, não? - perguntou Travis, parecendo indignado, e Paige soltou uma risada nasalada.

– Estamos indo para Hagerstown. - respondeu ela ao caminhoneiro.

– Vocês aceitam a carona de um humilde caminhoneiro? - ele se dirigiu a mim e a Paige e lançou-nos um sorriso malicioso que me fez engolir em seco.

Olhei para os garotos. Nico tinha os olhos semicerrados fixos no homem, seus punhos cerrados e os ombros tensos. Parecia intimidador em todo o seu esplendor de filho de Hades. Já Travis tinha um olhar levemente travesso como todo filho de Hermes. Mas os braços cruzados e a sobrancelha arqueadas indicava que não estava gostando a postura do caminhoneiro e que poderia entrar numa briga de vale tudo a qualquer instante.

Me senti compelida a recusar, mas não tínhamos outro meio de seguir viagem e tínhamos menos de um mês para chegar em Wichita.

– Nós até aceitamos, mas tem que levar esses dois marmanjos aqui também. - eu disse, apontando para os garotos.

O caminhoneiro pareceu finalmente notar os dois ali ao nosso lado. Olhou-os de cima a baixo, e fez uma expressão que indicava não gostar nada do que viu.

– Os pirralhos podem ir, mas vão na caçamba. - ele disse definitivamente.

Olhei para eles, esperando que me implorassem para que desistíssemos dessa ideia e continuássemos à pé mesmo, mas tudo o que vi foi um Nico revirando os olhos, mas inclinado a aceitar, e um Travis revoltado e indignado.

– Pirralho? - ele resmungava, enquanto subia na caçamba e arrumava um lugar entre as jaulas dos porcos e a janela traseira da cabine. - Pirralho? Ele tem ideia de que posso ter mais pelo no peito que ele?!

Tentei evitar rir. Nico deu-me um selinho antes de seguir Travis. Imaginei que podia ser para mostrar ao caminhoneiro que eu já tinha dono, mas preferia não pensar tão sonhadoramente. Paige entrou e se sentou ao lado do homem. Entrei logo atrás e pensei se o medo de janela de Paige valeria a pena.

– Preparem-se para a melhor viagem das suas vidas, gatinhas.

O homem piscou escrotamente para nós e eu dei graças aos deuses por eu estar na janela.

Poderia vomitar à vontade.

~*~

Foram longos minutos de piadas nojentas e indícios de vômitos por parte minha. Até que chegou uma hora em que o homem passava marcha e aproveitava para esfregar as costas da mão na coxa de Paige. Ela apertou forte a minha mão para não socar ele, mas Travis não deixaria por isso mesmo.

– Paige, querida, você não quer passar aqui pra trás?! - ele perguntou, enfiando a cabeça para dentro pela janela traseira da cabine.

– Travis, querido, você está com ciúmes? - ela perguntou, rindo, mas tirou a perna de perto da marcha.

– Ciúmes de você?! - ele perguntou, e o fato de sua voz aumentar uma oitava confirmou por ele.

– É o que está parecendo. - ela comentou.

– É ruim! - ele negou, indignado. - Vou ficar aqui com o Tuim, que ele pelo menos não fica insinuando besteiras.

– Tuim? - eu e Paige perguntamos, confusas.

Sentei-me ereta no banco e olhei pela janela traseira. Travis e Nico brincavam com o porco que estava mais próximo deles.

– É, fizemos amizade com o porco, estávamos no tédio. - disse Nico, rindo.

Eu não consegui segurar e ri enquanto me ajeitava novamente no banco. Arregalei os olhos, assustada, quando senti uma mão desconhecida mexendo em uma mecha do meu cabelo. Olhei pelo canto dos olhos prateados e vi que o caminhoneiro cercou os ombros de Paige para poder brincar com meu cabelo.

– E você, ruivinha, é toda tímida assim ou se solta entre quatro paredes? - ele insinuou, e eu me encolhi para longe de seus dedos, que já trilhavam um caminho pela pele do meu pescoço.

– Então, né... Agora você pode parar de mexer com o cabelo da minha namorada?! - disse Nico, irritado, tirando o braço do homem dos ombros de Paige.

Respirei fundo, tentando querendo controlar as batidas do meu coração ao ouvir as palavras minha namorada. Esse menino queria o quê? Deixar-me ainda mais confusa?

– Mas, oras, eu não sou ciumento. - disse o homem, e meu estômago se revirou.

– Bem que poderia aparecer um monstro só para podermos nos livrar desse otário. - resmungou Travis.

Era incrível a sorte que semideuses tinham. Longe na estrada, apareceu um enorme cão, que eu tinha certeza de que o caminhoneiro não havia percebido. Ele era imenso, tão imenso quanto a Sra. O'Leary, e eu até pensaria que era um cão infernal, mas de certo modo não tinha as mesmas características que um cão infernal. Diferente deles, este parecia ter pelos, e seus pelos brilhavam em um vermelho sangrento que era visível de onde estávamos.

– Travis... Ainda bem que sua boca é santa. - disse Nico. - Pode parar aqui mesmo, moço.

– Nem pensar, pirralho, vou levar as damas até a cidade. - insistiu o homem, olhando raivoso para Nico pelo retrovisor.

Paige não parecia ter tanta paciência. Ela aproveitou que estava em uma boa posição, e puxou o freio de mão tão repentinamente que pensei que a caminhonete poderia capotar - mas foi por pouco. O som de pneu cantando o asfalto foi ouvido e paramos com um tranco que quase me jogou contra o para-brisa.

– Obrigada pela carona, tchau e até nunca mais. - ela disse, se inclinando sobre mim para destravar a porta. - Desce logo, D'Cleir.

Ela não precisou falar uma segunda vez. Pulei para fora da cabine, já encontrando os garotos pegando as armas. Peguei minha varinha e logo a transformei em uma espada de bronze celestial.

– Alguma ideia do que é? - perguntei, vendo o cão se aproximando de nós.

– Laelaps. - respondeu Travis, ficando em posição de combate.

– O que é isso? - perguntou Paige, confusa.

– O cão que sempre arpoa sua caça. - respondeu Nico, franzindo o cenho.

– Resumindo... - eu disse. - Estamos ferrados.


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