A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 35
Capítulo 34 - Dance Little Liar


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, deixei muita gente puta da vida no capítulo passado, ainda mais que eu demorei pra postar agora. E me desculpem pelos últimas respostas, que saíram um pouco chochas, mas é que eu to morta de cansada. Praia não é fácil não, e to acordada até agora tentando finalizar o capítulo. Capítulo dedicado a Downpour, pela primeira recomendação da fic!! *u* Muito obrigada, fofa!! ♥♥



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A Herdeira de Hécate

I'm sure it's clear and plain to me
It`s not an alibi you need just yet
Oh no it's something for those beads of sweat
Yes that will get you back to normal

Capítulo 34 - Dance Little Liar (Arctic Monkeys)

– Como você pode não ter sido afetada? - perguntou Travis.

Suspirei.

Já estávamos no nosso acampamento improvisado. Travis e Nico colheram alguns galhos secos enquanto eu ajudava Paige a sair do encanto da serene e a se trocar. Desde que eu contara a ela o que acontecera, ela parecia um pouco aérea, como se não acreditasse que aquilo pudesse realmente ter acontecido. Os meninos ascenderam a fogueira e nós finalmente saímos das barracas para nos aquecermos. Sentara-me ao lado de Nico e ele me abraçou, completando o trabalho do fogo em me aquecer. Travis, mesmo sabendo que corria o risco de apanhar, se sentara junto com Paige e dividiu com ela o mesmo casaco grande com o símbolo do Acampamento Meio-Sangue. O que quase me assustou fora que ela nada dissera para se opôr.

– Isso tem a ver com minha mãe. - eu respondi, rezando para que eles não insistissem.

– Como assim? - perguntou Nico, me contrariando.

Suspirei novamente. - Ela tem o poder de encantar homens no mar, atraí-los e fazê-los se apaixonarem por ela. Eu ainda não sei se tenho o poder de fazer isso, mas parece que essa essência de atração que tenho da minha mãe anulou o da sirene.

– É um bom poder. - disse Nico, puxando-me mais para perto de si. - Obrigado por me salvar.

Eu sorri como se dissesse "não foi nada demais".

– Mas, Travis... - continuou Nico, olhando para Travis através do fogo. - Como conseguiu se livrar do feitiço?

Travis abaixou a cabeça, e eu pensei que estivesse envergonhado, mas depois de analisar suas feições, percebi que na verdade olhava para Paige, que estava encolhida em seus braços, ainda um pouco alienada.

– Melhor nós já irmos dormir. - sugeri. - Precisamos acordar ao nascer do sol para chegarmos a Hagerstown antes do meio-dia.

Vi que Travis pareceu um pouco aliviado quando o ajudei. Eu sabia que ele evitaria ao máximo responder sobre como se livrou do feitiço da sirene, mas eu sabia que tinha algo a ver com Paige. Nico concordou e logo seguiu com Travis para uma das barracas. Paige entrou em nossa barraca e se deitou sem uma única palavra, e isso começou a realmente me preocupar.

– Paige. - chamei sua atenção, sentando-me ao seu lado. Comecei a mexer em seus fios loiros quase inconscientemente, e pareceu não ligar. - Você está bem?

– Eu vi minha irmã, Cris. - ela soltou, sem eu precisar insistir muito.

Franzi o cenho. - Não sabia que tinha irmã. Pensei que fosse a única filha de Hebe.

Paige suspirou e se sentou, mas mantinha a cabeça baixa.

– E sou. - ela disse, e eu pude perceber sua voz ficando embargada pela emoção. - Mas Hayley era minha irmã apenas por parte de pai. Ela era tão novinha... Ela tinha uns oito anos quando aconteceu. Eu estava voltando da escola quando encontrei uma Benevolente no caminho. Mas acabei indo para casa enquanto fugia dela. - ela dizia, e já chorava em meus braços, enquanto eu a abraçava forte. - Hayley morreu porque não fui capaz de acabar com a Benevolente a tempo.

Um nó se formou em minha garganta. A história que Paige me contava se parecia tanto com a minha... É difícil expulsar da memória a imagem da dracaena esfaqueando meu pai na frente de meus olhos porque eu fui incompetente demais para me livrar dela antes de irmos para casa. E agora meu pai estava morto. Não o pai perfeito, mas o pai que estava fazendo de tudo para melhorar nossa relação familiar.

Senti uma enorme vontade de chorar, mas não chorei. Apenas abracei mais forte a minha amiga. Ela sempre esteve comigo quando precisei, quando eu me sentia mal, sempre me escutou e sempre me amparou. Agora era minha vez de retribuir seu ombro amigo.

~*~

Acordei com alguma coisa em minha bochecha. Era macia e levemente úmida. Logo se arrastou para meu queixo, demorando-se um pouco mais ali. Trilhou um caminho até meu pescoço e me encolhi minimamente, arrepiada.

– Se tentar me acordar assim novamente, eu não respondo por meus atos. - eu disse, a voz ainda rouca pelo sono e o ar arranhando minha garganta seca.

Essa é minha intenção, Anjo. - ele disse, próximo ao meu ouvido e sua respiração em contato com minha pele me fez arrepiar por inteira.

Encolhi-me no colchão de ar da barraca, mas não impedi que o sorriso se formasse em meus lábios. Virei-me e vi Nico com um sorriso leve e fofo para mim. Ele se inclinou sobre mim e tentou me beijar, mas eu desviei e seus lábios encostaram-se a minha bochecha.

– Ah, isso não vale... - ele resmungou, seus lábios se arrastando por minha bochecha.

– Bafo matinal, Nico, já devia saber. - eu disse, tentando me desvencilhar dele, mas ele não permitiu.

Segurou meus pulsos e levantou meus braços, prendendo os pulsos acima da minha cabeça. Inclinou-se mais sobre mim, cada parte de seu corpo encostado no meu, mas sem deixar que seu peso me esmagasse.

– E eu já disse que não me importo. - ele sussurrou ao meu ouvido, fazendo-me arrepiar novamente, e tomou meus lábios nos seus.

Seu beijo era calmo, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Sua língua explorava cada canto da minha boca, como te tentasse comprovar que realmente não se importava com o gosto que sentiria. Nico manteve o mesmo ritmo calmo, porém intenso, mesmo quando soltou um dos meus pulsos para levar sua mão até minha cintura e apertar meu quadril com seus dedos gelados. Levei minha mão livre até sua nuca e puxei-o mais para mim, aprofundando ainda mais o beijo. Minha outra mão foi entrelaçada à sua outra e eu senti meu coração ameaçando avançar para fora da caixa torácica. E, se não fosse a falta de ar, eu poderia encapsular esse momento pelo resto da minha vida.

– Continua... Continua com o mesmo gosto de chocolate. - ele disse, sorrindo meio marotamente, mas ainda assim ofegante. Tão ofegante quanto eu. Isso me lembrou da deliciosa barra de chocolate que eu tinha comido com Paige logo antes de dormir.

– Ah, agora entendi porque gosta tanto de me beijar! - brinquei, dando um tapa leve em seu braço.

– Talvez. - ele entrou na brincadeira, rindo. - Ou talvez eu apenas aprecie o fato de você ser uma chocólatra de carteirinha.

Puxou meu quadril contra o seu e me beijou novamente. Dessa vez o beijo foi mais rápido e mais intenso. Arranhei a nuca de Nico, e sorri sobre o beijo quando o senti se arrepiar sobre meus dedos. Nico, como se para se vingar, largou minha boca e desceu seus beijos para meu pescoço. Comecei a sentir-me quente, mas tinha também a sensação de que o contato de nossos corpos não era o suficiente. E eu já sabia no que aquilo poderia dar.

– Nico... - chamei-lhe, ofegante, e o empurrei um pouco para longe de mim. - Melhor pararmos por aqui antes que esqueçamos que estamos numa missão.

– Tem razão... - ele disse, tão ofegante quanto eu.

Ele se afastou e eu consegui respirar mais normalmente. Tive que me concentrar bastante em não pular novamente para seus braços e agarrá-lo outra vez, mas era um pouco difícil, já que minha linha de raciocínio sempre sumia quando eu estava de Nico. Ele era como uma droga, e eu me sentia em êxtase com ele.

– Onde está Paige? - perguntei, finalmente me dando conta de que ela não estava dentro da barraca.

– Ela tinha saído antes de entrar, e está ajudando Travis a preparar alguma coisa para comermos. - respondeu Nico, ajeitando seu cabelo na parte de trás, que eu possivelmente atrapalhei.

Arregalei os olhos. - Travis e Paige? Juntos? Preparando comida?

Nico assentiu, um pouco confuso com minha reação.

– Não acha que isso daria em alguma merda, não?! - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

Nico arregalou os olhos.

– Tem razão! Melhor eu ir ver se nada explodiu ainda! - ele disse já se adiantando até a entrada da barraca.

Mas no último segundo ele voltou, dando-me um beijo surpresa. Meu reflexo não foi instantâneo, mas assim que me dei conta do que acontecia, permiti que ele aprofundasse o beijo - que infelizmente não durou tanto quanto eu gostaria que durasse.

– Hum... - resmungou Nico, parecendo aprovar, enquanto lambia os lábios vermelhos. Ele então me olhou e me lançou um sorriso malicioso. - Vou te encher de chocolate sempre que puder.

– Isso é uma desculpa pra me beijar? - perguntei, rindo.

– Talvez. - ele disse, rindo, e me deu um selinho antes de sair da barraca.


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