A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 28
Capítulo 27 - Carry On My Wayward Son


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, estou atrasada! Mas como disse a algumas leitoras, eu saí com minha mãe e minha tia para fazer compras (numa cidade há umas três horas daqui) e quando cheguei meu amigo ainda me arrastou pra fora de casa. Então só tive tempo de entrar agora e a internet não está cooperando. Então deem um desconto, por favor, porque estou morrendo de sono (não é fácil ir dormir às três da manhã para acordar às seis) e lutando pro site carregar. Mas aqui está, ainda bem que deixei boa parte dele pronta ontem!! Espero que gostem! ;) Tentarei postar terça, que é daqui três dias, mesmo estando correndo de um lado pro outro aqui na cidade, mas vou tentar! XDD
Bem, acho que é isso, aproveitem o capítulo, a missão está para começar!! o//



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A Herdeira de Hécate

Carry on my wayward son
There'll be peace when you are done
Lay your weary head to rest
Don't you cry no more

Capítulo 27 - Carry On My Wayward Son (Kansas)

Na manhã de dois dias depois, eu não queria levantar de maneira alguma. Sério, parece que quando você está quase entrando numa missão suicida, você fica com uma vontade eterna de continuar na cama. Eu não havia nem aberto os olhos ainda, e já havia me lembrado de que eu estava cada vez mais perto da morte nos próximos trinta dias.

Droga de vida.

Girei novamente entre as cobertas, enrolando ao máximo para não levantar. Será que eu não poderia continuar aqui não?! Muito melhor continuar dormindo ou me lembrando do dia que passei com Nico ontem. Sério, não me faça levantar às cinco horas da manhã, não. Minhas coisas já estavam prontas, ao lado da porta, mas por mim continuaria ali.

Uma pena que não era por mim.

Anda logo, ruivinha, a gente tem que ir!– reconheci a voz de Travis, enquanto ele batia na porta para me fazer levantar.

Resmunguei qualquer coisa incompreensível, mas não fiz qualquer outro movimento além de enfiar minha cara novamente no travesseiro na tentativa de voltar a dormir. Tentativa fracassada, diga-se de passagem, porque minutos depois minha porta quase foi arrombada. Algum ser acéfalo que não preza pela própria vida começou a bater na porta. Levantei a coberta até acima da cabeça, tentando inutilmente manter aquele som fora da minha bolha de sono e sedentarismo.

A batida parou e eu estava prestes a dar graças aos deuses quando senti minhas cobertas serem arrancadas de cima de mim. Abri um olho, me encolhendo em mim mesma para espantar o frio repentino, e vi Nico sentado na ponta da cama, rindo. Ah, claro, pra quê quase arrancar a porta das dobradiças se você pode simplesmente aparecer no meio do quarto pelas sombras?! Fechei os olhos com força, balbuciando uma praga qualquer pra cima dele, e virei pro outro lado.

– Não mesmo, você não vai ficar dormindo na sua primeira missão! - Nico disse, passando o braço ao redor da minha cintura e me virando para ele.

Senti uma energia atravessando todo o meu corpo a partir de onde me tocou, me acordando completamente.

– Missão suicida, diga-se de passagem. - eu resmunguei com a voz ainda rouca de sono.

Nico parou e me encarou, provavelmente sentindo o meu medo exalando de cada poro.

– Eu não vou deixar nada acontecer com você, Anjo, prometo. - ele disse, tirando uma mecha ruiva e colocando atrás da minha orelha.

– Eu sei disso. - falei, levantando minha mão e colocando sobre a dele, que havia permanecido em meu rosto. - Mas eu não tenho medo por mim, Nico.

– Vai dar tudo certo. - ele disse, mas eu podia ver a angústia em seus olhos. Será que era relacionado ao verso que ele não me falara? - Eu prometo.

Ele se inclinou para me beijar, mas então lembrei que eu acabara de acordar e rapidamente coloquei a mão sobre meus lábios, fazendo-o beijar meus dedos. Nico se afastou um pouco e me olhou confuso.

– Acabei de acordar e você não vai querer me beijar com bafo matinal. - eu disse, com os dedos ainda sobre a boca, fazendo o som sair mais abafado.

Nico riu, afastando minha mão da minha boca. - Não me importo. - e se aproximou.

– Mas eu me importo! - eu disse, virando o rosto e sentindo seus lábios beijando minha bochecha.

Nico bufou. - Tudo bem, então vá logo escovar os dentes antes que eu dê meu jeito de te agarrar.

Dessa vez, eu ri. Pode-se dizer que não é todo dia que se vê um filho de Hades dizendo que vai arranjar um modo de te agarrar. Mas até que eu gostei disso.

– É pra já! - eu disse, levantando-me rapidamente e indo em direção ao banheiro. Mas parei na porta. - Espera, minha roupa!

Fiquei desnorteada ao ver os tecidos sendo jogados no meu rosto. Livrei minha cara das roupas que Nico me tacou com sua extrema delicadeza e mandei língua para ele. Ele riu e me mandou um beijo no ar, enquanto eu fechava a porta do banheiro. Fiz minha higiene matinal rapidamente e coloquei minha roupa - um short desfiado, uma blusa preta de manga comprida que puxei até quase o cotovelo e all stars preto de cano médio. Saí do banheiro com meu pijama/ camisa GG do lanterna verde e flagrei Nico jogado na minha cama, com a cabeça descansando sobre os braços cruzados.

– Por quê garotos são todos tão folgados? - brinquei, pegando minha mochila ao lado da porta e levei até a minha cama.

Cutuquei Nico até que ele se sentou decentemente e me deu o espaço que eu precisava. Coloquei a camisa do lanterna verde na mochila e fui até estante.

– Talvez seja um dom. - respondeu-me Nico.

Ele ficou em silêncio, me observando enquanto eu procurava pelos livros certos.

– O que foi? - perguntei, um pouco sem graça com a atenção que seus olhos estavam me dando.

– Gostava do seu pijama, mas essa roupa tem lá suas vantagens. - ele disse, com um sorriso meio cafajeste no rosto.

Mandei-lhe o dedo do meio, mas tentando esconder um sorriso pequeno.

– Delicada como um elefante! - Nico riu.

Virei meu rosto lentamente, arqueando a sobrancelha em desafio e em ameaça, mas fui surpreendida por um selinho, ficando surpresa por não ter percebido sua aproximação. Geralmente meu coração reage a qualquer aproximação de Nico, mas ele pareceu esperar até que Nico estivesse bem ao meu lado, rodeando minha cintura com seus braços.

– Sai, seu bobo! - reclamei, afastando-o de perto de mim para conseguir pegar os livros que eu precisava.

Uma pena eles estarem tão no alto.

Droga de estatura mediana.

– Uma vez baixinha, sempre baixinha. - brincou Nico, pegando os livros sem qualquer problema.

Droga de garoto mais alto que eu.

– Não tem a menor graça. - resmunguei, meio emburrada, pegando os livros de sua mão e levando-os até a mochila. Deixei-os na cama, enquanto pegava a varinha embaixo do travesseiro e murmurava um feitiço, apontando-a para a mochila. - توسعه، توسعه، جلوگیری از هر گونه عوارض. *

Coloquei a montanha livros dentro da mochila sem qualquer problema, fechei-a e a pendurei sobre meu ombro direito, satisfeita com seu peso mínimo, como se fosse feita de pena. Ainda sorrindo, virei-me para Nico e vi seus olhos arregalados e sua expressão surpresa e confusa. Ri.

– Feitiço de extensão. - disse, dando de ombros.

– Acho que vou precisar de um desses. - ele resmungou, seguindo-me até a porta.

Mas, antes mesmo de eu abri-la, senti-o segurando meu braço e me virando de frente para ele. Vi uma chama em seus olhos, fazendo-me arrepiar de cima a baixo. Acho que Nico não tinha a menor noção do efeito que ele causava em mim.

– Acho que está me devendo um beijo. - ele disse, abrindo um sorriso malicioso que eu tanto gostava.

Eu ri baixinho, enquanto ficava na ponta dos pés e envolvia meus braços em seu pescoço. E, um segundo após seus braços envolverem minha cintura, senti seus lábios pressionando os meus, encaixando-se perfeitamente aos meus. Entreabri meus lábios no convite claro que ele precisava e agradeci aos céus por ele estar sustentando meu peso quando senti sua língua se chocando com a minha - já não sentia mais que minhas pernas eram capazes de me sustentar. Gemi baixinho e enterrei meus dedos em seus fios negros, sentindo-o se arrepiar sob meu toque. Sorri em meio ao beijo, satisfeita em saber que o efeito que eu tinha sobre ele era tão intenso quanto o que ele tinha sobre mim. Nico mordeu meu lábio inferior de leve e finalizou o beijo com um selinho, antes de se afastar minimamente, com o mesmo sorriso malicioso nos lábios.

– Sabe, se esse for sempre meu prêmio, acho que vou ser seu despertador de agora em diante.

Eu revirei os olhos amarelados - cor meio estranha para a felicidade - e dei-lhe um tapa leve no ombro.

– Vamos logo, Caveirinha! - eu disse, saindo pela porta e arrastando-o comigo em direção ao Pavilhão do Refeitório.

– Não, não! - disse Nico, fazendo-me parar. - Vamos direto para o Pinheiro de Thalia.

– Mas e o meu café? - perguntei, franzindo o cenho.

Nico balançou a cabeça, mas deu para perceber que escondia um sorriso. - Você dormiu demais, Anjo, já está na hora de irmos.

– M-mas...

– Não se preocupe. - ele disse, entrelaçando seus dedos nos meus e me levando em direção ao Pinheiro, onde eu podia ver Peleu, a bunda de cavalo de Quíron e mais três figuras à nossa espera. - Travis conseguiu roubar alguma coisa da cozinha pra você enquanto eu ia te acordar. - e piscou para mim, enquanto eu segurava o riso.

– Olha só quem resolveu dar as caras! - disse Paige, como se passasse um sermão, mas seu tom brincalhão demonstrava o contrário.

– A cama estava gostosa demais pra querer sair às cinco da manhã. - eu resmunguei, dando-lhe um abraço de bom dia.

– Me pergunto como Nico conseguiu a proeza de te tirar da cama, então. - ela disse, olhando sugestivamente para ele.

Eu corei, entendendo perfeitamente sua insinuação e rezando para que fosse a única. Mas não fui.

– Olha aqui, filhote de zumbi. - disse Travis em um tom meio paternal, envolvendo o pescoço de Nico de um modo meio ameaçador. - Quero você cuidando bem da minha maninha. É você quebrando o coração dela e eu quebrando sua cara na sequência.

Eu corei ainda mais, assim como Nico.

– O-okay. - gaguejou Nico, assustado pela primeira vez.

Arregalei os olhos, enquanto Travis ria, soltando Nico e vindo em minha direção.

– Você sabe que não precisava disso. - eu disse. - Sei me virar sozinha.

– Claro que sabe. Mas eu quis evitar você de ameaçá-lo arrancar as bolas dele com uma faca enferrujada.

Todos riram, e Travis envolveu minha cintura com os braços e me girou no ar, esmagando-me em uma abraço de urso.

– Me solta, seu ladrãozinho de meia tigela! - reclamei, batendo em seu ombro até que ele finalmente me deixasse segura no chão.

Travis se afastou, com seu sorriso maroto que fazia qualquer um querer checar seus bolsos. Annabeth, a terceira figura, aproximou-se de mim e me deu um abraço rápido, antes de me estender uma pequena pasta.

– O que é isso? - perguntei.

– Aí está tudo o que vocês precisarão na missão. - ela disse, sorrindo satisfeita com seu trabalho. - O pergaminho com a profecia que precisarão, um mapa de como chegar no local que está a fonte e algumas pesquisas sobre os monstros prováveis que podem encontrar, fora os mais comuns. É sempre bom prevenir.

– E onde fica a fonte?

– Segundo as pesquisas que consegui fazer nesses dois dias e nos contatos que consegui com minha mãe, a fonte está atualmente localizada em Wichita, no interior do Kansas.

– Obrigada, Annie, não sabe como isso irá nos ajudar. - eu disse, abraçando-a fortemente.

– Que isso, Cris, fico feliz em ajudar. - ela disse quando nos separamos. - Percy e Leo queriam estar aqui para se despedir, mas Percy está cuidando dos pégasos e Leo está ajudando seus irmãos com os pedidos de armas que chegaram recentemente.

– Não tem problema. - respondi, sorrindo verdadeiramente. Sabia que, se pudessem, eles estariam ali. - Mande um abraço pra eles.

– Pode deixar. - Annie disse, antes de se despedir dos outros e descer novamente a Colina.

Virei-me para Quíron, que vinha com uma mochila nas mãos.

– Connor também estaria se não estivesse trabalhando nas cozinhas, mandou isso. - e me entregou a mochila que, ao conferir, estava cheia de barrinhas de cereal, barras de chocolate e medicamentos para semideuses. - Não tenho ideia de como ele conseguiu isso, mas deixarei passar pois sei que será uma longa jornada para vocês.

– Obrigada, Quíron. - agradeceu Paige, enquanto eu abria minha mochila e enfiava a mochila de alimentos e medicamentos ali dentro.

Levantei-me novamente, sob o mesmo olhar surpreso e confuso que Nico havia me mandado antes.

– Que droga é essa? - perguntou Travis, com os olhos arregalados e um brilho travesso. Já vi que terei de arranjar uma dessas para ele.

– Acredite, você não vai querer saber. - disse Nico, vindo para meu lado.

– Enfim, obrigada, Quíron. - eu disse.

– De nada. E se cuidem, crianças.

Nico segurou minha mão, enquanto via Travis e Paige se juntando a nós e, juntos, descemos a Colina, deixando a segurança e tranquilidade do Acampamento Meio-Sangue.

Agora estávamos por conta própria.


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Notas finais do capítulo

* "Expansão, ampliação, evite qualquer complicação." - em persa.