A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 17
Capítulo 16 - Savin' Me


Notas iniciais do capítulo

Hey gente!! Vim mais cedo porque amanhã não terei tempo. Escola de manhã, teste a tarde e festa a noite. Mas não iria deixar vocês na mão >.



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A Herdeira de Hécate

Say it for me
Say it to me
And I'll leave this life behind me
Say it if it's worth saving me

Capítulo 16 - Savin' Me (Nickelback)

Eu não entendia tudo aquilo. Ele não era filho de Hades, por quê estaria lutando contra sombras como se realmente estivesse sendo atacado? E eu só consegui ficar ali parada, durante alguns segundos, enquanto ele lutava contra as sombras que o cercavam. Uma delas tinha minha espada em mãos e eu percebi uma forma se agregando a ela. Ela era... Parecida comigo?

Olhei em volta, finalmente saindo do transe e desesperada por ajuda, enquanto a sombra parecida comigo atacava Nico com os mesmos golpes que eu tentara. O que estava acontecendo ali, afinal? Até que eu percebi algo que até o momento não tinha me vindo à mente. Minha sombra! Olhei para meus pés, e não vi a sombra que deveria estar ali. O que estava acontecendo? Por quê sombras estavam atacando Nico? Isso não era normal!

Foi quando vi a minha sombra desarmar e fazer um corte superficial na bochecha de Nico, estando prestes a matá-lo, que finalmente tive coragem de fazer algo a mais do que apenas observar e me desesperar, pensando em alguma solução.

– Não! - gritei sonoramente, jogando-me contra Nico na esperança vã de ser atingida em seu lugar.

Devido ao susto, ele se desequilibrou e só houve tempo de me cercar com seus braços antes de cairmos no chão da Arena, eu sobre seu peito arfante. Fechei os olhos com força, esperando o ataque final, e senti Nico me apertando mais contra seu peito e enterrar o rosto em meus cabelos, também receoso. Mas nada veio. Eu ainda tinha medo de abrir os olhos e ver que, mesmo meu corpo estando sobre o de Nico - pausa rápida para eu corar como um pimentão - minha sombra tenha conseguido acertá-lo.

– C-Cristal... - chamou Nico, sua voz tão fraca que eu nem consegui reconhecer o sentimento com a qual estava carregada. Seria surpresa?

Eu nada disse, apenas levantei meu rosto e olhei para trás. Para as sombras que ainda pairavam acima de nós, paralisadas a poucos centímetros da minha pele, como se esperassem apenas por uma ordem. Virei novamente meu rosto, enterrando-o na camisa de Nico, ainda atordoada com tudo aquilo.

– Cristal, eu acho que... - Nico disse, acariciando a pele levemente exposta do meu quadril, e eu finalmente percebi a posição que nos encontrávamos.

Sentei-me rapidamente ao seu lado, evitando olhar diretamente para sombras que de alguma maneira eu sentia atrás de mim. Mas Nico ainda tinha um braço ao redor da minha cintura de modo protetor e eu senti parte do peso em meu peito se dissolvendo.

– Você está bem? - perguntei, disfarçando as bochechas avermelhadas.

– Estou. - disse ele, ainda observando desconfiadamente para as sombras que ainda nos cercavam.

– O que está acontecendo, afinal? - perguntei, dando voz aos pensamentos turbulentos que tomavam minha mente.

– Acho que é você.

Arregalei os olhos, descrente e assustada. Olhei novamente para as sombras, percebendo o quanto a minha sombra mantinha uma posição defensiva, apontando a espada para Nico. Até mesmo a tensão corporal - se é que sombras tinham isso - se assemelhavam a mim. Estreitei os olhos, pedindo silenciosamente que, se fosse realmente eu que estivesse controlando aqui, que acabasse.

E realmente aconteceu.

Cada pedaço de sombra agregado um à outro, cada escuridão unida para enfrentar Nico, se desfez de maneira rápida - tão rápida quanto surgiu. Minha própria sombra retornou ao chão, voltando a ser tudo o que não devia deixar de ser; apenas uma sombra. Sombra de animais, objetos, pequenas plantas da Arena, pilastras, e até mesmo dos semideuses que congelaram seus treinos para observar aquela esquisitice. Tudo voltou ao seu devido lugar.

– Isso foi... - começou Nico, sem saber o que falar.

E eu muito menos, diante daqueles inúmeros olhares assustados, receosos e surpresos. Como se tivessem medo de mim.

– Nico, me tira daqui. - pedi, num tom implorante, ao sentir que lágrimas ameaçavam derramar a qualquer instante.

Nico voltou seus olhos para mim, percebendo o quão debilitada emocionalmente eu estava. Assentiu em concordância e se levantou comigo nos braços, apesar da relutância em ser carregada. Por fim, cheguei à conclusão que depois de tudo aquilo, não acabaria conseguindo me manter em pé sozinha. Enlacei o pescoço de Nico com meus braços, para evitar uma queda desnecessária, e enterrei meu rosto em seu ombro.

– Imagino que não adiantará de nada perguntar se está bem. - ele comentou, assim que o primeiro soluço irrompeu pela minha garganta, à medida que sentia-o avançar.

Resmunguei uma negação, segurando as lágrimas e mordendo o lábio inferior para evitar outro soluço.

– Saia da frente. - disse Nico de repente, estancando e com a voz rude. Eu não levantei o rosto para saber quem era, apesar de me perguntar com quem Nico estava extravasando a raiva reprimida.

– Não até me dizer o que está fazendo carregando ela. - ouvi uma voz irritante e minha cabeça doeu como ladainha. Por quê, deuses, de todas as pessoas que podiam me aparecer, tinha ser justamente a Drew?

– Já lhe disse várias vezes que não lhe devo satisfação, Tanaka. - respondeu Nico, desviando-se dela e voltando a andar.

Levantei meu rosto a ponto de ver Travis abrindo rapidamente a porta do chalé de Hermes. Parecia prestes a sair, mas assim que viu nossa situação, sua fisionomia se tornou preocupada. O que era um pouco contraditório para um filho de Hermes.

– O que houve com a ruivinha? - ele perguntou, dando espaço para que Nico entrasse.

Revirei os olhos, mas deixei que Nico respondesse, enquanto me ajeitava sobre minha cama, indicada por Travis.

– Estávamos treinando, mas quando ela estava vindo embora... Coisas estranhas aconteceram. - acrescentou, sentando-se no chão ao lado da minha cabeceira.

– Coisas estranhas sempre acontecem com semideuses. - disse Travis, sentando-se na beirada da cama. - Quais coisas estranhas dessa vez?

Eu e Nico nos entreolhamos, apesar de não saber o que essa troca de olhares queria dizer.

– E-eu... - eu gaguejei, antes de finalmente conseguir dizer. - Eu controlei algumas sombras e, sem querer mesmo, elas acabaram atacando o Nico.

Até mesmo Travis pareceu assustando. - Tem certeza que pode não ser filha de Hades? Não penso em nenhum outro deus que possa controlar as sombras.

Neguei veementemente, perguntando-me até quando poderia fazer isso.

– Meu pai era um mortal que podia ver através da Névoa. - repeti, pela milionésima vez.

Nico se levantou depois de alguns segundos de silêncio.

– Melhor descansar, Anjo, hoje temos Capture a Bandeira.

– O que é Capture a Bandeira? - perguntei aos dois.

Eles trocaram um sorriso cúmplice.

– Um jogo comum por aqui. - explicou Travis. - O time vermelho e o azul, com armas e armadilhas, atravessam os campos inimigos atrás da bandeira e quem retornar com a bandeira inimiga primeiro, ganha.

– Parece fácil. - comentei baixinho.

– Não muito quando se tem armas de verdade nisso. - disse Nico dando um beijo em minha testa e se afastando. - Sorte que Hades e Hermes tem aliança com Atena.

E saiu, deixando-me sozinha no chalé com Travis.

Que exibia o sorriso mais malicioso que eu já vi em toda a minha vida.

– O que foi, Stoll? - perguntei de uma vez, constrangida, e abracei o travesseiro.

O sorriso dele aumentou mais. - Vocês ainda vão se casar.

Adeus, travesseiro, espero que aproveite sua estadia constante na cara de Travis Stoll!


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