A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 1
Prólogo - Jailbreak


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente, essa minha segunda fic de PJO com o Nico, e resolvi postar antes de acabar a outra pra não deixar meus leitores sem nada. Pra quem não acompanha A Filha de Poseidon e o Filho de Hades, tá a aqui o link. Vcs vão gostar ;)


http://fanfiction.com.br/historia/317889/A_Filha_de_Poseidon_e_o_Filho_de_Hades/



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A Herdeira de Hécate

He said "I ain't spending my life here
I ain't living alone
Ain't breaking no rocks on the chain gang
I'm breakin' out and headin' home

Prólogo - Jailbreak (AC/DC)

Eu andava de um lado para o outro nervosamente. Nada poderia me acalmar naquele momento, somente ele entrando finalmente pela porta do nosso apartamento.

– Acalme-se, mamãe, você está muito nervosa. - disse Chad, revirando os olhos.

Ele já vestia sua camiseta alaranjada do Acampamento Meio-Sangue, assim como eu, e estava encostado sobre nossas três mochilas - a minha, a dele, e a do pai dele. Meu cordão de contas estava meio pesado em meu pescoço, com os cerca de dez contas bem alojadas de forma estratégica. A de Chad tinham somente oito. Eu e o pai dele resolvemos ir ao Acampamento apenas nos verões, depois que recebemos o exame positivo de gravidez. Eu eele, com nossos dezoito anos, já tínhamos meu ateliê próprio e ele um contrato fixo com uma gravadora. Apesar de dois semideuses e um garoto de oito anos com um quarto de sangue divino, vivíamos bem.

Mas não que os ataques de monstros pararam apenas porque já tínhamos vinte e seis.

Pelo contrário, ficaram um pouco frequentes demais e resolvemos passar uns meses no Acampamento.

Mas, como eu disse, os ataques agora eram frequentes.

Como hoje.

– Mamãe, papai vai estar bem, ele é bom nisso! - insistia Chad, jogado preguiçosamente ao sofá e ainda esmagando nossas mochilas. - Se continuar a andar assim, vai fazer um buraco no chão!

Aliviei meu nervosismo apenas o suficiente para soltar uma pequena risada. Não que eu não soubesse que ele era bom. Na verdade, ele era um dos melhores que eu havia conhecido. Tudo sobre a luta corpo a corpo que eu sabia, havia aprendido com ele. Não que eu precisasse disso com quando tinha minha varinha madeira maciça vermelha*, com um cristal no topo, que era bem útil em vários dos feitiços que eram obrigatórios para uma filha de Hécate. Mas quando minha varinha tomava a forma de uma espada de bronze celestial, eu que me equiparava a ele.

Finalmente eu me rendi e me sentei ao lado de Chad no sofá.

– Eu sei, filho, que ele é muito bom em tudo o que faz... - eu comecei. - Mas eu não deixo de me preocupar. Nunca.

Fico comovido com isso, Anjo. - uma voz, extremamente conhecida por mim, chamou-me a atenção e eu me virei para a porta quase instantaneamente.

Nico entrou pelo batente e fechou a porta. Cabelos desarrumados, roupas típicas negras levemente rasgadas, rosto arranhado e cansaço aparente. Apesar de tudo isso, meu peito explodiu em alegria, pois ele estava ali. Ele estava vivo.

– Caveirinha! - gritei seu apelido, contente, e corri até ele.

Pulei em seus braços e mesmo tendo certa dificuldade, Nico conseguiu me manter em seu colo, rindo. Eu estava apoiada em seu quadril, minhas pernas circundando sua cintura, e eu distribuí beijos por toda sua face, enquanto ele ria e eu ouvia Chad fazendo barulhos de nojo. Mesmo sendo um moleque pentelha e viver dizendo que "éramos pais que nos agarrávamos demais", ele gostava de ver que éramos unidos. Uma verdadeira família, que nem eu e nem Nico tivemos.

Eu finalmente parei de distribuir beijos por seu rosto e Nico parara de rir, mas não me deixara sair de seu colo. Ele logo soltou a espada negra de ferro estígio de sua mão, deixando-a esquecida em algum lugar aos seus pés. Nico me olhava com a mesma ternura com a qual eu estava acostumada tinha dez anos. Apesar das mudanças do tempo terem feito seus efeitos em ambos - e devo dizer que o físico de Nico estava cada vez mais caprichado -, ele continuava com a mesma personalidade de antes.

Mas todos esses pensamentos se esvaíram da minha mente no momento em que seus lábios tomaram os meus em um beijo intenso, apaixonado, e feroz. Sua língua explorava cada canto da minha boca com a mesma voracidade de sempre, enquanto eu me deleitava com as sensações prazerosas que seu toque em meus quadris por baixo da blusa provocava. Mas sempre tinha alguém - vulgo, meu filho pentelha de oito anos - para atrapalhar.

– Que nojo! Vamos embora logo, não quero um irmão tão cedo!

Separei-me de Nico e pulei de volta para o chão, rindo, enquanto as bochechas alvas do meu marido coravam. Isso acontecia bastante também.

– Nisso é que dá nunca ter contado a historinha das cegonhas para esse menino! - reclamei, rindo, e indo pegar minha mochila e de Chad.

Nico bufou, recolhendo a sua própria e guardando a espada, mas eu sabia que ele mais se divertia do que se irritava com a situação.

– Você também fez parte disso, bruxinha!

Bem, ser filha de Hécate também tinha suas desvantagens.

– Mãe, pai! - reclamou Chad, já correndo até a porta. - Eu quero ver a Lindsay e o Clark logo!

Virei-me para Nico e ergui uma sobrancelha. - Não sei porque ainda tentamos, ele adora aquele lugar!

Nico abriu um sorriso malandro, enquanto trancava a porta do apartamento. - Não tem como não gostar do Acampamento!

– Até alguns anos, você não pensava assim.

Nico riu.

– Tem razão. Mas depois que nos casamos, não teve nenhuma regra que me impediu de colocar o Chad no Chalé do meu pai e eu ficar com você no seu. Afinal, você também é filha única.

Revirei os olhos. - O que, exatamente, você quer dizer com isso, di Angelo?!

– Podemos dar um irmão para Chad, mesmo ele não querendo. O que acha?! - ele perguntou, mandando-me uma piscadinha.

– Qual o sinônimo para safado? - perguntei, rindo e dando um tapa leve em seu braço, vendo Chad de olho nos marcadores que indicava por qual andar o elevador passava enquanto descíamos.

– Não sei, mas quando descobrir, eu te aviso.

Rimos e, a esse ponto, já estávamos saindo do prédio e dando de cara com uma imensa fila de táxis em frente ao prédio. Nova York e suas vantagens.

– Táxi comum ou o Táxi da Danação Eterna? - perguntou Nico, arqueando a sobrancelha, implorando para que fosse a primeira opção. Pelo menos, ao que eu sabia, ele nunca mais queria entrar naquele táxi demoníaco novamente. Foi uma péssima viagem, experiência própria.

– Leva horas. - respondi, em tom de desculpas. - E eu preciso cuidar dos seus ferimentos.

– Foi só um Minotauro, acabei com ele num minuto. - insistiu Nico. - Não está tão grave, Anjo.

– Mas eu fiquei preocupada quando a ligação caiu e você não retornou! - resmunguei. - Precisamos ir logo, ficaremos mais seguros no Acampamento.

– Mas eu quero ouvir uma história. - pronunciou Chad.

Eu e Nico nos entreolhamos, e olhamos nosso filho como se não fosse nosso filho.

– Você nunca quis ouvir uma história. - argumentei.

– Mas queria saber como vocês se conheceram. - ele disse, meio envergonhado.

E a única coisa que eu fiz foi rir. - Chad, meu filho, isso pode ser uma história e tanto! Acha que a viagem daqui a Long Island é suficiente?

– Por favor! - ele pediu com uma cara fofa e e dando ênfase exagerada ao "o" de favor.

Suspirei e olhei para Nico. Ele deu de ombros. - O início não é muito bom. É trágico, na verdade. Quer ouvir mesmo assim.

– Sim! Sim! - Chad pulou, feliz. - Mas por quê é trágico?

– Conheci sua mãe quando ela estava tentando se matar. - disse Nico, de modo tão natural que eu achei que Chad teria um infarto. Mas foi quase isso.

– O QUÊ?!

Ri, minha mente se enchendo com o rio de lembranças que corria ali.

– Entre no táxi. - disse ao menino. - Será a melhor história que você ouvirá em toda a sua vida!


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Notas finais do capítulo

Personagens na capa do captulo: Travis, Paige, Cristal e Nico.


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