Brincadeira escrita por Ceres
Notas iniciais do capítulo
Ahoy! Espero que tenham uma boa leitura. Como disse, é minha estréia neste fandom, com o meu OTP -- mesmo que ninguém se importe muito com esse casal... -- e com muito carinho, porque só eu sei o quando eu chorei quando ela morreu HAHAHAHA (estou rindo mas chorando por dentro).
Por favor, ao ler, poderiam comentar o que acharam da história? Me ajudaria muito a crescer como escritora!
Ciao~
O cabo encarou a mulher ruiva com uma estranha frieza em seu olhar.
Ela fitava o céu com uma expressão vazia, completamente diferente da que estava acostumado o rapaz a vê-la.
E em seus lábios e nariz, líquido vermelho.
Desceu da árvore e pousou ao lado da moça.
— Petra — chamou.
Não houve resposta.
Ele fechou os olhos e respirou profundamente. Contou até três e chamou mais uma vez. Novamente, a moça nada disse. Aquilo estava começando a irritar o homem. Uma brincadeira àquela hora?
— Petra, vamos — disse com a voz autoritária. A árvore estava com uma pequena mancha vermelha perto de onde o queixo da moça estava. — Eren corre perigo. A humanidade corre, na verdade.
Mais uma vez, houve o silêncio. E, mais uma vez, Levi suspirou.
Ela não podia estar morta.
Sentou-se ao lado dela como fazia todos os dias no horário do almoço. Daria um fim àquela brincadeira ali mesmo.
— Você se lembra, Petra, de quando eu estava andando pelo corredor do quartel e cruzei com você? Pela primeira vez? — perguntou.
Como esperava, o silêncio se fez. Apenas o vento lhe respondeu, sacudindo as copas das árvores e levando consigo algumas folhas. Não olhou para a jovem, mantendo seu olhar reto para a floresta. Talvez em alerta caso algum titã surgisse, mas ele mesmo não tinha tanta certeza. As lembranças que começavam a surgir em sua mente o divertiam, apesar do rapaz não demonstrar.
— Você parecia tão animada — falou casualmente, recostando as costas na árvore e cruzando as pernas. — Tão... — Sua mão girava no ar com leveza, em busca da palavra certa que a descrevesse.
O sorriso doce de Petra surgiu em sua memória. Ele fechou os olhos, lembrando-se das incontáveis vezes que cruzara em seu caminho e a jovem parecia estar até mesmo cantarolante. Mesmo em meio àquele desespero, aquele inferno que viviam todos os dias, a incerteza de voltarem para casa...
— Tão radiante — o cabo completou.
O silêncio se instaurou mais uma vez. Levi já não mais tinha tanta certeza de que ela podia lhe escutar. O cheiro acobreado que ignorara com facilidade agora tornava-se mais forte e, aos poucos, começava a irritar o olfato do rapaz. Sentiu um pouco de repulsa e estranhou. Era Petra quem estava ali, não restos de carne.
— Você finge-se de morta muito bem — comentou Levi. Afastou algumas moscas que se aproximavam com movimentos rápidos da palma. — Entretanto já disse, precisamos lutar. A humanidade precisa lutar. Eu sei que estás exausta, mas...
O rapaz escutou o som do vento mais uma vez, ainda sem fitar a moça. Ao fundo, o grito de um titã irrompeu o lugar, espantando alguns pássaros que voaram assustados com o som.
— Você me disse, uma vez, que estava muito ansiosa para se casar — Levi lembrou. — Imagino que sabes o que acontecerá com você e seu hipotético marido caso não lute.
Mais uma vez, sem resposta. O rapaz manteve sua expressão constante, mas suas mãos formaram punhos. A ideia de que Petra estava, de fato, falecida, surgia cada vez mais forte em sua mente. Suas unhas, mesmo que curtas, fizeram feridas em sua palma tamanha a força que estava aplicando. Sua mente gritava de ódio, de saudades e de tristeza.
Porém, o máximo de movimentação que seu rosto fazia era o piscar natural.
Ele levantou-se. Enfim, fitou a moça. Petra ainda não movera um único centímetro.
— Você não tá brincando, né?
Silêncio.
— O que foi? Deixou aquela fêmea te derrubar?
O coração de Levi acelerou e sua mente gritou mais uma vez.
— Sua morte não foi em vão — murmurou. Sua mão tremeu quando afastou os fios laranjas do rosto da moça.
Curvou seu corpo e beijou-lhe.
E foi quando Levi percebeu que nunca nem descera da árvore, em primeiro lugar. O sangue ainda brilhava no rosto dela.
Sacudiu a cabeça. Não tinha tempo para baboseiras sentimentais. A humanidade corria perigo.
"Descanse em paz", sussurrou em sua mente, antes de ativar seu DMT e partir.
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