Evolução- Interativa escrita por dark dame


Capítulo 3
Pirulitos de Cereja


Notas iniciais do capítulo

I'm back sweeties!
Eu demorei bastante para fazer esse capítulo, então espero que gostem.
Kissus
—D



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Ingleterra,

Amelia andava pelo vagão do metrô de Londres, hora do almoço, o vagão estava lotado. Ela se espremia entre os passageiros seguindo até a porta de cabeça baixa, observando tudo atentamente, puxou rapidamente a carteira de um homem de seu bolso e antes que ele pudesse perceber ela já tinha sumido, pegou o celular da bolsa de uma mulher que estava meio aberta, um relógio meio largo do braço de um garoto que se segurava numa barra no corredor, a bolsa de uma mulher que estava entre suas pernas enquanto ela arrumava o cabelo e finalmente achou um lugar para sentar. Naquele dia, por algum motivo as pessoas estavam mais distraídas, já conseguira roubar treze carteiras, nove celulares, quatro relógios e uma bolsa. Pegou um dos celulares, incrivelmente não tinha senha, e ligou uma música em seu fone de ouvido.

O trem já estava próximo à estação, que ficava perto de sua casa. Ela fechou os olhos e então ouviu um estrondo. Todos no trem haviam ouvido, as luzes piscavam, o metrô seguiu balançando mais do que o normal e ela ouvia um barulho como se estivessem jogando pedrinhas sobre o teto do trem. Todos os passageiros estavam exaltados tentando andar de um lado para o outro, o que era impossível no vagão lotado, e se espremendo contra as janelas para ver o que acontecia, o que também se mostrou impossível, visto que todos já estavam espremidos ao máximo. As pessoas não conseguiam perceber a impossibilidade de se mover no local lotado e continuavam se debatendo.

Quando o movimento parou e as portas se abriram todos se apertavam para sair, Amy ouviu algumas pessoas gritando, mas as outras continuavam à se empurrar para a saída. O vagão ficou vazio e ela decidiu sair na próxima estação, as portas se fecharam e o metrô voltou à andar, pelo menos nos primeiros trinta metros. O movimento parou subitamente jogando Amy para o início do vagão. Ela olhou pela janelinha que mostrava a cabine de comando automática, estava toda amassada, um outro trem tinha tombado logo à frente e ela suspeitou que alguns dos vagões de trás também tinham tombado.

Tirou um pirulito de cereja do bolso de trás dos jeans e colocou na boca, sempre tinha um à mão. O vagão estava na escuridão total, embora as luzes da estação não estarem muito atrás. Ela foi até a porta, era impossível de abrir e ainda havia um pedaço do trem em que havia batido bloqueando o outro lado da porta, tentou a janela, estava em perfeito estado. Deu um chute bem forte no vidro que só serviu para fazer seu pé doer. Era nessas hora que ela gostaria de estar usando um salto alto, ou de ser o Hulk. Ela deu outro chute. Nada. Então lembrou da arma que tinha na parte ele trás da calça, por precaução. Apontou a arma para a janela e engatilhou.

— Hulk Smash! — ela gritou quando apertou o gatilho.

Os cacos de vidro se espalharam pelo chão quando a janela se estilhaçou e ela deu um pequeno sorriso com o canto da boca. Amy esgueirou-se para fora, encolhendo a barriga para poder ir até a estação.

Quando chegou lá o caos reinava, alguns corpos estavam na linha de trem, uns cortados ao meio, uns decepados e outros amputados e mortos ou moribundos. Na própria estação algumas pessoas estavam soterradas por grandes pedaços do teto que caiu, a entrada para os banheiros estava totalmente soterrada por quilos de terra, outras pessoas estavam caídas em crateras que tinham aberto no chão, algumas tinham sido atravessadas por encanações que tinham se partido e as outras gritavam por socorro.

O ar da estação estava diferente, denso, rarefeito, Amy não conseguia respirar direito, o ar que chegava ao seu pulmão à queimava por dentro e sua pele já começara a formar bolhas por causa do contato com aquele ar, ela se sentia sufocada, como todas as outras pessoas ainda vivas naquela estação, colocou as mãos em volta do pescoço quase sufocando com o ar daquele lugar.

Se sentou encostada na parede, a cabeça doía e o lugar girava em frente aos seus olhos. Cerca de quinze minutos depois as únicas pessoas vivas eram Amy e um garoto que estava com a perna presa em baixo de um monte de entulho, com o braço direito marcado por um corte profundo e gritando pela mãe que tinha acabado de morrer asfixiada. O corpo de Amy estava coberto de bolhas e qualquer mínimo movimento doía, mesmo assim ela se obrigou à se levantar. Não estava tão difícil de respirar então ela foi ajudar o garoto.

Tinha que pensar em cada movimento que ia fazer, dando ordens simples à si mesma: Amy, ande até ali, Amy, não pare de respirar, Amy, passe o pirulito para o outro lado da boca. Ela desabou ao lado do menino, se encostando na pilha de entulho, a mãe do menino estava ao seu lado, e puxando o lenço de seu pescoço ela se virou para ele.

— Oi, — começou com uma gentileza que não era característica dela— eu sou Amy, qual é seu nome?

— Eu sou James.— James soluçava entre as palavras, engolindo o choro agora que Amy estava ao seu lado— Meu braço está doendo.

— Eu sei, eu vou tentar ajudar.

Ela começou à enrolar o lenço da mãe do garoto em seu braço, parando toda vez que ele reclamava e dando um nó apertado no final. Então começou à retirar o entulho de cima de sua perna, quando terminou ele se arrastou para frente enrugando a testa toda vez que sua perna fazia o menor movimento, estava quebrada, ela podia ver mesmo que o garoto não reclamasse.

Amy, se levante, e ela se levantou. Olhou em volta e não acreditou na sorte que tinha. Amy, ande até aquelas muletas, e pegando as muletas do chão ela se virou para James.

— Olha que sorte a nossa!

— Obrigado.

Amy podia ver que ele estava tentando ser forte, não queria demonstrar fraqueza na sua frente. Ele se apoiou nas muletas, eram um pouco pequenas para ele, que era incrivelmente alto para a idade que ela imaginava que ele tinha ( oito, dez anos no máximo).

Na escada que levava até a superfície o teto tinha desabado, fazendo com que os dois tivesse que se espremer em uma abertura no entulho, o que fez com que metade das bolhas sobre a pele de Amy estourassem, o que desencadeou uma dor ainda mais forte à cada movimento.

Do lado de fora a situação estava pior, o ar estava mais sufocante e fez com que novas bolhas se formassem no local onde as antigas haviam estado. Era como se tivesse sofrido uma queimadura que cobrisse todo o corpo.

James também percebeu a diferença no ar estava respirando mais fundo e mais alto do que antes. A nuvem de poeira que cobria a cidade se dissipava lentamente e eles puderam ver a situação do que antes fora Londres, a cidade estava destruída, não havia uma construção em pé. Em um lugar não muito longe da saída do metrô viram uma coisa parecida com uma cratera, deve ter sido ali que a explosão começou! Amy pensou e trocou o pirulito de lado na boca mais uma vez.

***

Alexandra esperava o elevador descer impaciente, não queria ficar em casa, não fazer nada estava irritando-a. A música do elevador, que à lembrava vagamente de uma canção que tinha ouvido em uma propaganda de pasta de dentes ou algo assim, também à fazia ficar irritada. O botão do subsolo estava aceso e piscou, as luzes do elevador também piscaram, mas ele continuou seu caminho normalmente.

As portas se abriram, o estacionamento estava vazio e com metade das luzes queimadas, como sempre. Ela caminhava rapidamente, como se temendo alguma coisa, mas não sabia o quê. O cachecol de pele de urso batia contra sua jaqueta no ritmo de seus passos. O luxuoso carro prateado esperava-a perto do portão da garagem, ela apertou a chave do automóvel para que este se abrisse e viu os faróis piscarem. Mas em vez dos habituais bips, o que ela ouviu foi um estrondo alto, como uma explosão.

Alexandra parou de andar e olhou para o teto, uma longa rachadura tinha surgido logo acima de sua cabeça. A rachadura se expandia cada vez mais e para todos os lados, mas a garota abaixo dela não tinha coragem suficiente para se mover.

Um barulho ecoou por todo o estacionamento, como vidro se quebrando, só que bem mais forte e alto. Alexandra saiu correndo em direção de qualquer tipo de abrigo possível. O teto atrás dela desabava à medida que ela corria.

O carro estava perto, mas não perto o suficiente, ela talvez conseguiria chegar no carro, mas entrar dentro dele, liga-lo e sair daquele lugar era impossível. Ela pegou o controle da garagem que estava junto à chave do carro e apertou o primeiro botão. Antes que o portão começasse à se abrir ele desabou, ela estava à menos de dez metros do portão e a nuvem de poeira cobriu tudo.

Em menos de um segundo tudo tinha caído.

A poeira tinha começado à abaixar, Alexandra sentia seu braço esmagado, provavelmente por que era assim mesmo que ele estava, esmagado e preso em baixo de um pedaço de concreto. Ela gemia com a dor, estava em um tipo de "bolha" no meio dos destroços do prédio, o entulho se acumulava ao seu redor ameaçando esmaga-la à qualquer hora, uma pequena abertura pouco maior que sua cabeça deixava a luz entrar e dava passagem para o ar. O ar novo que entrava em sua pequena bolha era, "diferente", por falta de palavra melhor, denso, ela se sentia como se estivesse tentando respirar um tipo de líquido gosmento, doía os pulmões à cada inspiração e ela se sentia meio zonza, mas talvez isso fosse a dor e não o ar.

— Socorro!— ela gritou para qualquer um que pudesse ouvir, a voz saia diferente por causa do ar estranho e era possível perceber um leve sotaque russo em sua voz— Socorro! Socorro! Socorro!

Os gritos fizeram com que ela tivesse um ataque de tosse, que, combinado com a dor, quase fez com que ela desmaiasse. Ela tinha que respirar pela boca, pois sentia que a quantidade de ar puxada pelo nariz não era suficiente, mesmo assim não estava muito distante de sufocar.

A garota ficou lá, simplesmente tentando respirar por bastante tempo, ela não poderia dizer quanto, mas quando o ar melhorou, ou ela se acostumou, voltou à gritar.

— Socorro! Socorro!

Quando, finalmente cansou de gritar, ela não sentia mais seu braço, era como se tivesse perdido o membro. Ouviu um murmurar do lado de fora, tão baixo que pensou que talvez estivesse alucinando. Poucos minutos depois voltou à ouvir o murmurar, mais alto dessa vez e então algo bloqueou o sol e a bolha ficou totalmente escura. Levou alguns minutos para ver o que era: um rosto, uma garota de pele clara, olhos azuis, o cabelo loiro caia pela pequena passagem e ela tinha um pirulito na boca.

A visão do pirulito fez sua barriga roncar tão alto que parecia ter ecoado nas paredes da bolha, fazendo o som aumentar mais ainda. A garota se afastou então voltou com uma mão esticada para dentro da bolha, a mão segurava um pirulito vermelho cereja.

— Quer?— a garota ofereceu e Alexandra puxou o pirulito com a mão livre.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, se sim comentem, favoritem, recomendem; se não, façam a mesma coisa do "se sim".
Kissus
—D



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