Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Será que Sherlock gostou? hahahaha



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– Sherlock

Estou quase certo de que morri. Nada mais justificaria o martírio que estou vivendo. Eu não deveria ter dedicado minha vida a resolver e crimes e até cometido alguns, devia ter me dedicado a fazer caridades. Assim, eu estaria no céu e não queimando no inferno.

Me achei muito esperto em negar uma roupa à Molly. Eu achei, de verdade, que ela pegaria minhas roupas de qualquer maneira e eu ainda ameaçaria arrancar dela a força, me fazendo rir. Ou no máximo que ela usasse um daqueles vestidos curtos. Mas nada, nada se comparava a maldita camisola que ela escolheu.

Perto daquele pedaço de pano, os vestidos que estavam no armário dela eram dignos para uma festa de gala.

Eu tentei, juro que tentei não olhar. Mas quando a vi meus olhos foram logo atraídos para seu corpo. Puta que o pariu! Se chovesse gnomos verdes com chapéu vermelho não me surpreenderia tanto.

Reuni todo o autocontrole que eu achava existir em mim. Toda aquela minha frieza habitual. Anos de prática tinham que servir para alguma coisa. Fechei os olhos. Por dois segundos. Novo recorde.

E a gostos... Digo, a Molly ficava andando para lá e para cá e eu sentia vontade de matá-la. Não era bem isso que eu estava com vontade de fazer, se for para ser sincero, mas vamos deixar as coisas como estão.

Tive que me cobrir. Naquele calor! Odiava meu corpo em alguns momentos inconvenientes como esse.

Ok. Ela iria deitar, apagar a luz e dormir. Então, minha respiração voltaria ao normal, eu me acalmaria e dormiria tranquilo como sempre. Mas claro que não foi o que ela fez. Além de me dar uma visão privilegiada da parte de trás do seu corpo, Molly ainda deixou a luz do abajur acessa e se negou a apagar.

Sabia que não devia ter matado Magnussen! Era tudo culpa dele eu estar pagando os pecados agora.

Alguns minutos se passaram, em que meus olhos pareciam ter vida própria, e Molly se virou para mim.

Quando encarei aqueles olhos amendoados, o quarto pareceu me sufocar. E agora não eram só meus olhos que pareciam ter vida própria. Todo meu corpo queria que eu me juntasse a ela. Alguém tinha ligado o ar condicionado em 40° e colocado imãs por dentro de nossos corpos, aposto. Não havia outra explicação para o que eu estava sentindo.

Mais um segundo e a puxaria para mim. Não podia fazer isso. Quanto tudo isso se complicaria se nós tivéssemos algo?

De novo tirei forças que nem sei da onde e quebrei nosso contato visual. Me levantei e sai daquele quarto. Ar. Precisava de ar.

E necessitava esfriar a cabeça. E outras coisas. Fui até o banheiro que ficava próximo a sala e abri a torneira. Deixei que água escorresse por meus pulsos e molhei a nuca. Minhas mãos se agarravam na pia. Droga, eu estava ferrado.

Voltei para a sala e me sentei. Pensei em dormir ali, cheguei até a me ajeitar. Então, lembrei da discussão que tive com Molly antes que viéssemos parar aqui nessa ilha da fantasia. Lembrei dos seus olhos cheio de lágrimas quando eu disse que não me importava. Não sei por que, mas agora lembrar do que aconteceu me fazia sentir algo estranho. Uma parte de mim começou a me repudiar por aquele dia. Desde quando eu tinha uma consciência?

Pensei que ela devia estar se sentindo rejeitada de novo agora, com essa minha atitude máscula de fugir do quarto. Não podia dizer o porquê de não querer ficar com ela. Aliás, nem eu sabia o porquê disso. Meus envolvimentos sempre foram só sexo e nada mais, e no fundo eu sabia que com ela não poderia ser assim. Já estou ficando confuso.

Não queria chateá-la de novo. Não fazia a mínima ideia de quando e como sairíamos dessa ilha, se quebrássemos a pequena relação que tínhamos não demoraria muito para um afogar o outro no mar.

Levantei e voltei para o quarto, com alguma voz dizendo no fundo da minha mente que eu estava voltando porque me importava com ela. Mas que droga de lugar!

–-- --- ---

Acordei no dia seguinte e ela já não estava mais no quarto. Não sei por que me senti um pouco contrariado. Levantei e fui para o banheiro. Por que minha escova de dentes estava molhada? Isso não foi algo difícil de deduzir. Molly.

Encontrei-a na cozinha, já com a mesa arrumada. Vi panquecas. Eu adorava panquecas. Como ela sabia?

Ela ficou um pouco corada quando perguntei sobre a escova de dentes. Não sei o que deu em mim, mas decidi ser gentil. Estávamos no mesmo barco, não estávamos? Isso a constrangeu mais ainda.

Nós comemos em silêncio e isso estava me incomodando. Eu tinha acostumado com a Molly sem papas na língua e agora sentia falta. Deixei-a arrumando as coisas e me retirei, minha gentileza não ia tão longe assim. Ainda.

Tive a brilhante dedução que talvez ela estivesse diferente porque eu estava tratando-a diferente. Ouvi o barulho da piscina e decidi voltar a ser o velho Sherlock de sempre e encher um pouco o saco dela.

E também por outra questão. Eu tinha planejado passar o dia na piscina. Por que Molly tinha que estar em todos os lugares que eu queria ficar?

Fui até o jardim e observei ela nadar por um tempo. Até que ela parou e me olhou. Tive que ser desagradável, para manter o padrão.

Curiosamente, ela sorriu. Por que eu gostei de vê-la sorrir?

– Se eu tivesse uma congestão, você se veria livre de mim. Não é uma boa ideia?

Ela estava de volta. Nossa estranha relação de... Amizade (?) estava inabalada.

– Não, daria muito trabalho para me livrar do corpo.

– Eu poderia ensinar algumas técnicas de cortes. É sempre útil saber.

– Sim, é sempre útil saber como picotar um corpo.

Quando vi estávamos rindo. Ela na água, eu em pé na borda da piscina. Sentia-me bem com Molly porque era a única mulher que eu conseguia ter esses diálogos esquisitos sem que ela me achasse louco. E ela entendia de venenos, substâncias corporais, mortes, corpos, etc.

Ela ficou me olhando, com um sorriso travesso em seus lábios.

– Você não vai entrar?

– Você quer q eu saia daqui?

– Não, idiota, estou perguntando se você não vai entrar na água.

Era minha intenção quando acordei. Mas agora, não sabia mais. Ela continuava aguardando por minha resposta. Que mal faria? Só havia uma piscina na casa e eu não conseguiria evitar todos os lugares em que Molly estivesse. Até porque, ficar sozinho nessa ilha era um saco. E para falar a verdade, eu não queria mesmo ficar sozinho.

Tirei minha camiseta e descalcei meus chinelos, ficando somente de bermuda, e pulei na água.


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Notas finais do capítulo

Já vou avisando que sem reviews não posto os próximos... kkkkkkkkkkkkkkkk