Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Estou tão empolgada com essa fic! Espero que vocês também!



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– Molly

Será que eu merecia isso? Além de todos os problemas elencados anteriormente, ainda tinha que aguentar Sherlock secando minhas pernas? Não tinha a menor ideia de como lidar com essa situação bizarra, então corri para a cozinha.

Sentia-me bem melhor agora que tinha tomado banho, escovado os dentes e vestido uma roupa limpa. Quero ver a reação de Sherlock quando descobrir que usei a escova de dentes dele. Fazer o que? Não encontrei outra.

Comecei a revirar os armários da gigantesca cozinha. Tinha comida aqui por pelo menos meio ano. Mesmo que os perecíveis da geladeira estragassem, ainda teriam muitas opções até que alguém viesse nos resgatar. O freezer também continha uma enorme variedade de alimentos congelados. De fome não morreríamos, e pelo visto de sede também não. Pelo menos não tão logo.

Consegui reunir todos os ingredientes para um bolo de chocolate, então me dediquei à tarefa. Precisava ocupar minha mente. Não via nenhuma solução de como sair dessa ilha. Não tínhamos telefone, não tínhamos um barco, nada. E a ideia de como paramos aqui não tinha me convencido ainda. Precisávamos ir embora, mas sinto muito, eu não daria uma de náufrago e construiria uma jangada para me arriscar em mar aberto. Pelo menos não até que o desespero me dominasse.

A casa parecia estar preparada (muito preparada) para nos receber e isso me deixou mais tranquila. Todo esse aparato deve ter sido pago por um período, certo? Se passássemos da data certa, alguém nos buscaria pelo pescoço, não é? E do jeito que as coisas por aqui são românticas duvido muito que encarassem um sinal de fumaça como se deve, e não como uma fogueira para assar marshmallows.

Não sabia onde estava Sherlock, mas deduzi que ele ainda estivesse na sala. Tentei não pensar nele enquanto preparava meu bolo.

Que horas seriam? O sol ainda raiava lá fora. Percebi que não tinha visto nenhum relógio pela casa. Ótimo, mais uma coisa que ficaria sem saber.

O que dera em Sherlock para ficar olhando para minhas pernas? Pronto, já estou pensando nele novamente. Raiva daquele closet que só tinha roupas minúsculas. E aquele monte de lingerie? Só achei coisas com renda, tule e cetim! Qual o problema desse lugar com calcinhas de algodão? Também não entendi para que eu usaria meia calça num lugar como esse. Ok, eu entendi, mas fingiremos que não.

Claro que me distrai de novo pensando naquele idiota. Tirei meu bolo do forno, colocando-o sobre o fogão. E então, não sei dizer bem como, tive a capacidade de encostar meu braço na forma. Gritei um palavrão. Como isso ardia! Olhei para a enorme, não tão enorme assim, queimadura logo abaixo do meu pulso. Vi Sherlock aparecer na cozinha correndo e seus olhos pareceram preocupados ao olhar para o meu braço. Talvez ele tivesse pensado que eu queria me matar, não sei. Mas então ele olhou para a forma do bolo e de novo para meu braço, e acho que assimilou a informação.

Um pouco bruscamente demais, eu diria, ele puxou meu braço e o colou debaixo da água corrente, esfriando o local. Sherlock estava cuidando de mim? Não estava entendendo bem essa parte da história.

Enfim, ele me colocou sentada na grande mesa que ficava no meio da cozinha e foi até a geladeira. O observei por alguns momentos, a roupa praiana não combinava muito bem com ele, mas também não o deixava menos atraente. Fui surpreendida quando ele virou-se com um ovo em suas mãos. Sherlock faria uma omelete AGORA?

Me assustei quando ele partiu o ovo, colocando o recheio em um recipiente e veio em minha direção. Puxou meu braço novamente e delicadamente passou uma camada de clara de ovo por cima da minha queimadura. Ok, me senti bem idiota. Afinal, eu sou médica e não tinha pensado nisso, mas Sherlock tinha. Sherlock, que não sabia nem que a Terra girava em torno do Sol. Acho que eu realmente bati forte com a cabeça.

Eu devia estar fazendo uma cara bem esquisita, porque ele me olhou e riu de canto.

– Melhor?

– Sim, bastante.

Para falar a verdade, eu nem me lembrava mais que estava doendo. Só me concentrava em seus dedos passando suavemente por meu braço. Fiquei até chateada quando ele me soltou. Ele podia me segurar pra sempre. Já estou voando alto de novo.

Vi-o esticar o braço para alcançar um pano, e tentei avisá-lo sobre a forma. Tarde demais. Ele soltou o mesmo palavrão que eu e tive que rir. Agora era a minha vez de prestar socorros médicos.

Ele tentou se desvencilhar das minhas mãos, mas eu o segurei firmemente enquanto esfriava sua queimadura e retribuía o favor com a clara de ovo. Não acham que eu perderia a chance, né? Passei os dedos vagarosamente por seu machucado, que não estava tão feio quanto o meu. Percebi que ele retraiu alguns músculos com esse gesto. Deve ter sido só imaginação de minha parte.

Levantei os olhos de seu braço e o flagrei me encarando. Sorri.

– Cicatrizes gêmeas. - Se em algum momento entre nossa discussão e a aparição nessa ilha tivemos um relacionamento, não usamos alianças. Mas agora, compartilhávamos uma marca.

Ele torceu os lábios, mas não resistiu e sorriu.

– Agora podemos acabar com esse bolo assassino.

–-- --- ---

Improvisei uma calda de chocolate o mais rápido que pude. Desenformei o bolo, cortei, coloquei em um grande prato e levei para a varanda, onde Sherlock já me esperava. Havia uma agradável mesa ali. O sol começava a se por, e pude sentir uma leve brisa.

Coloquei o bolo sobre a mesa e sentei-me em frente a Sherlock. Ele parecia uma criança olhando para o bolo agora. Eu sorri para a cena que se apresentava à minha frente.

Ele trouxera da geladeira uma garrafa de refrigerante e serviu em dois copos. Estranhei essa atitude, mas acho que estávamos em uma espécie de trégua depois de passarmos por queimaduras juntos. E talvez ele estivesse grato pelo bolo de chocolate também.

Gesticulei para que ele se servisse. Se estivesse ruim, ele seria o primeiro a provar. Brincadeira, eu sabia que não estava. Sempre fazia essa receita. Os olhos dele brilharam ainda mais após a primeira mordida. Sherlock não comia bolo de chocolate, não? Ninguém cozinhava pra esse homem?

Peguei um pedaço também. E como sempre acontecia, a calda escorreu pelos meus dedos. Fazer o que, tive que lamber. Estava distraída livrando meus dedos do chocolate quando ergui os olhos e vi Sherlock feito uma estátua me encarando. Ou melhor, encarando minha boca em meus dedos. Nem preciso mencionar o quanto fiquei constrangida. Disfarcei, peguei meu copo e tomei um gole do meu refrigerante. Devia ter alguma droga no ar dessa ilha ou chocolate causava efeitos estranhos em Sherlock.


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Notas finais do capítulo

Gostaram???