Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 25
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo!



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– Sherlock

Nunca tinha sido tão difícil voltar a Baker Street. Nunca tinha sido tão difícil ficar sozinho. Eu pensava em Molly o tempo todo, curiosamente tudo me lembrava ela mesmo que nós nunca estivéssemos estado juntos aqui. Me lembro que nunca estivemos juntos em lugar algum e isso faz com que eu tenha vontade de quebrar todo esse apartamento.

Todos me culpavam pelo o que tinha acontecido. E eu também. Principalmente agora, com o que eu sentia por Molly. Senti a necessidade de me desculpar. Novamente. Como se fosse uma espécie de replay. E fiquei paralisado, quase em um transe quando ela me deu exatamente a mesma resposta. As mesmas palavras. Os mesmos olhos castanhos brilhando pelo amor que sentia por mim. Os imãs devem ter vindo de dentro dos meus sonhos, porque senti um impulso incontrolável de tocá-la. Quase o fiz. As lembranças me tomaram de um modo tão profundo que quase parecia que estávamos apenas em uma continuação do meu sonho.

Ela parecia sentir dor, provavelmente por toda a confusão que eu tinha causado e quase matando a nós dois. A vi fechar os olhos pela segunda vez e deduzi que ela não queria me ver. Isso me machucou. Muito. Resisti ao impulso de segurar sua mão e sai do quarto.

Eu preciso fazer alguma coisa. Poderia esquecê-la. Sim, eu poderia. Depois que eu morrer, quem sabe.

Excluindo essa possibilidade, só vinha à minha mente ideias cada vez mais malucas que acho que só fariam Molly correr de mim achando que eu tivesse perdido massa encefálica no acidente. Começava a achar que talvez eu tivesse mesmo. Olho para a pequena, quase apagada, cicatriz em meu braço. Algum maldito tinha me queimado naquele hospital, mas eu gostaria que não tivesse sido assim. Preferia a versão inventada em minha cabeça.

Então eu tenho, num rompante, a ideia mais anormal de todas. Mas eu preciso tentar algo, mesmo que Molly fuja de mim para sempre.

–-- --- ---

Algumas semanas se passaram e sei que Molly saiu do hospital já faz alguns dias.

Eu quase não tenho dormido e quase não fico em Baker Street, muito menos me alimento como deveria. Tudo me lembra Molly. Sinto-me cansado e minha aparência não deve ser das melhores. Ainda não tive coragem suficiente para por meu plano em prática. Ele soava absurdo até para mim.

Passo pela Sra. Hudson ao chegar ao 221B e ela está sorrindo como se tivesse ganhado um prêmio. Nunca vou entender essa mulher.

– Ela está lá em cima, Sherlock! Está te esperando há horas!

Ela comemora batendo palmas, como se fosse uma criança.

– Pare um momento, Sra. Hudson. Quem? Quem está me esperando?

– Oh Sherlock. - Ela faz uma expressão de impaciência para mim. - Molly. Molly Hooper!

Congelo por alguns instantes. Só por alguns segundos, e então corro escada acima. O mais rápido que posso, com meu coração querendo sair do meu peito.

Tento me acalmar quando chego à porta, não quero assustá-la. Abro-a devagar e a vejo sentada no sofá, com as mãos sobre o colo e a cabeça jogada para trás. Seus olhos estão fechados, mas ela logo os abre ao me ouvir entrar. Sento-me ao seu lado. Não sei o que dizer. Nem sequer digo "oi, você estava me esperando?" ou "oi, como você está?". Eu só me sento e aguardo. Ela desencosta do sofá, apoia os cotovelos nas pernas e a cabeça sobre as mãos, esfregando os olhos. É possível ver que ela também não dorme bem há dias, suas olheiras mostram isso. E se eu sonhei certo com o corpo dela, também perdeu peso. Estou ficando tenso. Temo pelo o que ela vai me dizer. Algo do tipo "Você acabou com a minha vida." ou "Não consigo mais dormir porque sonho com um ônibus me atropelando e isso é sua culpa.". Nenhuma me parece agradável e nenhuma me preparou para o que ela diria. Molly ainda esconde o rosto entre as mãos quando começa a falar. Sua voz sai surpreendentemente clara, como se ela estivesse pensando no que dizer há muito tempo.

– Já estão querendo me internar e talvez você acabe fazendo. Mas eu não me importo mais, talvez seja até um consolo já que eu não durmo, só tenho pesadelos, não como, não saio de casa e não faço mais nada. Nada além de pensar em você.

Hmmm... Acho que não ouvi direito.

– Não me interrompa, ok? E você ouviu certo.

Ela me olha de canto, provavelmente observando a expressão q eu fiz e recosta-se no sofá novamente.

– Alguma coisa aconteceu enquanto eu dormia. Alguma coisa muito estranha. Eu sonhei com você. E foi como se eu tivesse vivido... E agora não consigo mais me desligar daquilo tudo. – Ela faz uma pausa e perde-se em pensamentos. - Nossa, o que eu estou falando aqui? Estou ficando louca...

Molly encosta a cabeça no sofá e tampa os olhos com um dos braços. Quem não está acreditando sou eu. Ela estava me dizendo o que eu achava que ela estava dizendo?

– Você se lembra?

As palavras escapam baixinho de minha boca. Quase pensei que ela não tivesse ouvido, se não fosse pela rapidez com que se virou para mim.

– Do que você está falando?

Eu me levanto e vou até minha mesa. Procuro, em meio a minha bagunça, os papéis que estive separando. Minhas mãos tremem e tenho dificuldades em achá-los. Quando finalmente os encontro, estendo-os para ela e vejo seus olhos se arregalarem e sei que sim, ela se lembra.

– Não encontrei nossa ilha. E nenhuma para alugar que não fosse necessário roubar o cartão de crédito de Mycroft. Mas, - eu me abaixo próximo a ela - se você aceitar ir comigo até esse lugar, eu prometo que nós consertaremos tudo. (imagem 1, imagem 2, imagem 3)

Eu seguro uma das mãos dela e delicadamente subo a manga de sua blusa. Meus olhos ficam embaçados quando a vejo. Ali está. A gêmea da minha cicatriz.

Ela abre o punho da minha camisa e lágrimas rolam por seu rosto quando ela passa um dedo sobre minha cicatriz. Tudo parece real agora.

– Eu não quero pressionar você. Nós podemos ficar em quartos separados e começar tudo de novo. Podemos nos conhecer aos poucos, nós podemos sair juntos e ver se realmente gostamos um do outro. Faço qualquer coisa. Eu... Eu acordei apaixonado por você, Molly.

Acho que de qualquer forma a deixei em choque. Ela aperta minha mão e está começando a doer. Mas então vejo, em meio a lágrimas um sorriso se formar. Molly me puxa e eu sento ao seu lado.

– É isso que você quer? Começar de novo?

Paraliso. Ela não vai negar, não é? Fiquei um pouco cauteloso, apesar de ela estar sorrindo.

– Você não quer?

– Só estou pensando se devemos começar da parte que meu vestido fica transparente, de quando eu te afundo na piscina ou se podemos pular para a parte que você me beijar e tudo fica resolvido. Se for a parte da piscina, podemos usar sua pia.

Nós rimos um para o outro.

– Acho que podemos pular essa parte por enquanto.

Ela assente.

– Sherlock. Nós acordamos no mesmo dia, quase no mesmo momento. Eu tive acesso aos nossos prontuários. Eu descobri que eu tive uma parada respiratória... Dias antes de você ter uma forte febre.

– Você acha que...

Ela chacoalha a cabeça.

– Nunca saberemos se eu voltei porque você me acordou ou por algo que os médicos fizeram. Também não saberemos se o que te curou foram os banhos ou as medicações. – Ela ri tímida. E eu quero agarrá-la. Nada disso faz sentido. Não existe nenhuma lógica e vai contra tudo que eu sempre acreditei. Mas... Eu não me importo.

Eu nunca tinha esperado tanto por um momento quanto agora. Limpo algumas lágrimas do rosto dela. Novamente ela me olha transmitindo todo o amor que sente por mim. Agora eu sei por que ela não conseguia me olhar no hospital. Nós dividíamos o mesmo sofrimento sem saber.

Meus dedos correm por seu rosto. As marcas dos dias difíceis estão ali, assim como sei que estão nos meus. Nós parecemos mais velhos agora. Ela se agarra em minha camisa. Nos olhamos por um instante e quando estou a apenas um centímetro de beijá-la, me afasto.

– Espere. – Eu finjo uma confusão. - Eu nunca te beijei antes, agora que parei para pensar e...

– Sherlock, cale a boca.

Então ela me puxa e eu sorrio. A Molly é real. E agora nosso beijo também.


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Notas finais do capítulo

Amanhã volto com o último! :)

Ah! As fotos são do Nannai Resort, e não, eu nunca visitei... hahahaha
http://www.nannai.com.br/2013/