Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Recapitulando de novo, ficou claro o gênero FANTASIA, né? hahahahahah

Vamos ver o que Sherlock pensa sobre o assunto... Antes que vocês me matem... u.u



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– Sherlock

– Onde está, Molly?

– Sherlock deite-se, por favor.

Quem era Mycroft para me mandar deitar? Eu só não tinha saído da cama porque fios me ligavam a um monte de máquinas. Estava desesperado. Precisava saber de Molly, pelo amor de Deus!

– Sherlock, seja razoável. Você vai arrebentar os fios.

Agora era John. Eu mereço! Idiota!

Eu paro por alguns instantes, porque percebo que provavelmente não vou conseguir nada sendo resistente e estou sem forças para matá-los, então me recosto na cama novamente.

– Ok, já estou deitado. Agora vocês podem me dizer onde está Molly ou está muito difícil?

Minha garganta dói com o esforço para falar, mas não estou ligando. Eu só quero respostas. E se me obrigassem a sair dessa cama, mataria os dois de qualquer jeito. Por fim, é John quem me responde.

– Ela está em outro quarto, mas está bem. Mary está com ela. Escute, Sherlock, sei que você se sente culpado pelo o que aconteceu...

– Culpado? Pelo o que?

Os dois se entreolham e eu começo a me perguntar se fiz a pergunta correta. Mycroft me olha como se estivesse com dó de mim. A que pontos chegamos.

– O acidente, Sherlock.

Ah, o acidente de avião.

– Vocês foram atropelados porque vocês estavam brigando, não consegue se lembrar?

Atropelados? Eu encaro Mycroft por alguns segundos até que sou tomado por lembranças dolorosas e descubro porque enquanto me afogava me lembrei das mãos de Molly se soltando da minha. Meu mundo perde o chão enquanto as lembranças vêm sem que eu queira. Quero afastá-las, mas não consigo. É como se eu fosse atingido por um raio.

–-- --- ---

Eu corro atrás dela pelo St. Barts. Não sei exatamente porque estou fazendo isso e porque estou preocupado, mas não posso deixar as coisas como estão.

Tento chamá-la, mas ela não me dá bola e passa pela porta indo em direção à rua. Sigo-a porta afora e seguro seu braço quando a encontro na calçada. Ela está chorando. Isso mexe comigo, em alguma parte profunda do meu ser.

Quero que ela me escute. É só o que eu quero. Sei que eu posso me explicar. Mas ela não faz isso. Molly nunca faz o que eu espero. Ela se solta de mim mão e avança para a rua. Eu a sigo novamente. Seguro sua mão, e então ela se vira pra mim.

Tudo parece parar, mas eu me lembro do som da derrapagem. Da cor vermelha do ônibus. Tudo passa em câmera lenta pela minha cabeça. Eu vejo os olhos de Molly, ainda com lágrimas. Aqueles olhos desesperados que me pedem tantas coisas. O que será que os meus refletem para ela agora? Será que também refletem meu medo?

E, antes que o impacto nos atinja, tudo que tenho tempo para pensar é "não, por favor, não". Nós somos lançados, e eu sei de alguma forma, que ela bateu a cabeça no chão. Nossas mãos continuam ligadas. Eu me mantenho semiconsciente o tempo todo. Ela não. Eu sinto cheiro de sangue. Ouço vozes em volta, mas não consigo ver ninguém. Pessoas aparecem, percebo pelo som de passos, provavelmente vindas do hospital. Ouço gritos, sinto mãos em meu corpo. Então a mão de Molly é retirada da minha, seus dedos escorregam dos meus. Me sinto vazio nesse momento. E o último desejo que passa por mim antes que eu perca a consciência é que eu tenha uma única chance de me acertar com Molly. Uma única oportunidade de fazê-la sorrir.

–-- --- ---

Volto à realidade para encontrar Mycroft e John me olhando como se eu tivesse maluco. Meus olhos voltam a se focar neles.

– Você está bem? Achamos que você se lembrasse...

Eu encaro John. Eu sinto raiva, muita raiva. Quero que eles saiam. Quero que todos eles sumam. Quero voltar à minha vida com Molly...

Uma vida que não existiu.

Esse pensamento me traz ainda mais fúria.

– Saiam.

– Mas o que...

– SAIAM!

John me olhou assustado e Mycroft o empurrou para fora. Às vezes meu irmão compreendia as coisas sem que eu precisasse verbalizar. Nessas horas eu até gostava mais dele. Eu olhei para a enfermeira que estava verificando alguma coisa em meio a tantas máquinas.

– Você. Saia também.

– Mas, Sr. Holmes eu...

– AGORA!

Ela me olhou com medo e então saiu. Precisava ficar sozinho. Meus olhos estavam embargados de lágrimas. Eu me lembrava da voz de Molly tão nítida como se estivesse falando comigo agora.

“E nós levaremos um punhado de areia daqui para que quando tudo pareça ter sido um sonho, a gente se lembre de que foi real.”

Não tinha sido real. Nada. Nós nunca teríamos uma vida em Londres, como planejamos. Nós nem sequer nos conhecíamos direito. Tudo não passou da minha imaginação. Não consigo segurar as lágrimas e elas começam a sair de meus olhos, traçando um caminho pelo meu rosto.

Eu me lembro do sorriso dela para mim. Dos olhos apaixonados com os quais ela me olhava. De como ela me provocava quase me levando a loucura. As mãos dela passando por meu corpo. Os beijos... Os infinitos beijos.

Preciso de Molly em meus braços. Não sei como consertar as coisas. Não sabia o que fazer. Não posso entrar no quarto dela e dizer: Oi, sonhei com você e acordei apaixonado.

Eu nem ao menos sabia se a Molly que eu idealizei existia. Tudo tinha sido minha imaginação. Deus, eu estava tão confuso. Eu precisava vê-la. Queria saber se ainda havia a mínima possibilidade de algo se tornar real.

Amava alguém que não existia. Esse pensamento me fez querer voltar a dormir. Pelo menos eu não sentiria minha dor, mesmo que não voltasse para a ilha. A ilha. Era meu lar agora. Um lar que tampouco existia também. Nada parecia ser concreto agora, nem eu mesmo. Não sabia mais quem eu era sem Molly ao meu lado.

Afundei minha cabeça no travesseiro. Lágrimas ainda rolavam quando vi a enfermeira voltar, ainda com medo, e injetar alguma coisa em meu soro. Não demorou para que eu entrasse em um sono profundo. Dessa vez, infelizmente, sem sonhos.


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Notas finais do capítulo

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh falem que eu não sou legal!
Agora é só juntar, gente! :D