Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A partir daqui, os capítulos serão narrados em primeira pessoa. A ideia é de que haja um revezamento entre Molly e Sherlock. ;)



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– Molly

Meus pensamentos vão e vem. Sinto como se estivesse tentando acordar de um sonho. Parece que estou molhada, gelada. Sinto como se algo quisesse me levar para longe. Ouço um barulho diferente. O que são esses sons que parecem distante? Gaivotas? Com o que estou sonhando? Que cheiro é esse?

Tento me agarrar em algo firme, quero me segurar e minhas mãos se fecham. Fecham-se sobre o que? Isso é areia? Oh sim, o som é o barulho das ondas do mar. Agora posso até sentir o gosto salgado, o calor do sol sobre minha pele e o cheiro da maresia. De repente abro os olhos. Sei que estarei segura em minha cama, enrolada em meu edredom e encararei o teto branco. Mas não estou. E encaro um lindo céu azul.

Sento-me num pulo e avisto o mar. Uma onda vem e bate em minhas pernas, tentando me levar. Caramba, eu podia ter morrido afogada. Aliás, onde estou? Massageio minha cabeça que está dolorida em um dos lados, parece que bati com ela em algum lugar. Não consigo me lembrar de como vim parar aqui e começo a sentir um pânico crescente. Será que fui sequestrada?

Tudo que vejo é a vastidão do mar. Olho em volta a procura de algum sinal que indique... Sei lá, qualquer coisa.

Vejo uma casa, uma enorme casa. Está difícil concatenar as ideias. Será que alguém mora ali? Poderia pedir ajuda. Olho para o outro lado da ilha, eu deduzo que aqui seja uma ilha já que vejo mar por todo lado. Torço para que não seja verdade e tenha uma saída para terra firme pelos fundos. Enfim, vejo um amontoado de panos não muito longe de onde estou.

Com dificuldades me levanto, percebendo que estou sem sapatos, e caminho até lá. Pode ser alguém precisando de ajuda. Ou um corpo. Esse pensamento me causa arrepios. Não é porque sou uma médica legista que tenho que gostar de encontrar corpos por todos os lados.

Me aproximo receosa. E quando chego perto o suficiente o monte de roupa se mexe. Dou um grito e ando para trás, me atrapalhando com alguns galhos e caindo sentada. É claro que eu tinha que cair, minha vida já estava bem fácil. Quando olho de volta para o monte, me vi encarando um Sherlock tão confuso quanto eu. Sherlock! S-H-E-R-L-O-C-K! O que Sherlock estava fazendo aqui? Ai meu Deus.

Eu me levantei com o máximo de dignidade que consegui reunir. Já não bastava estar sabe-se lá aonde e ainda ia ter Sherlock como companhia? Meu coração queria saltar do peito, fiquei com raiva de mim mesmo por isso e quis afogar Sherlock no mar. Claro, não iria querer afogar a mim, mesmo que a culpada por deixar que essas reações me dominassem fosse eu.

Vi ele se levantar e olhar para os lados, assim como eu fiz. E então me olhou com uma expressão de interrogação estampada em sua face.

– Onde estamos?

Ahá! Como se eu soubesse. Não era ele o super inteligente?

– Deduza você.

Uma sobrancelha dele se ergueu. Provavelmente ele estava pensando se eu ainda estava com raiva dele. Sim, estava.

– Parece uma ilha. – Descoberta do século.

– Agora diga alguma coisa que eu não sei.

– O seu vestido está totalmente transparente.

Puta que o pariu! Senti meu rosto ficar mais vermelho que a bolinha da bandeira do Japão. Olhei para baixo e vi que realmente, meu vestido branco estava mostrando muito mais do que devia. Onde tinha arrumado um vestido branco? Bem que eu tentei esconder alguma coisa, mas como só tenho duas mãos logo vi que não daria certo. Dane-se, quer olhar olhe.

Tentei me recompor e o idiota do Sherlock estava rindo. Decidi mudar de assunto.

– Qual a última coisa que você lembra?

Ele pensou por alguns instantes antes de me responder.

– Estava analisando a rigidez da mão de um corpo que fora envenenado, então, após alguns resultados inconclusivos, fui dormir. E pelo jeito, acordei aqui. E você?

Era engraçado como ele parecia perdido quando não podia encontrar uma explicação para o que estava acontecendo.

– Passei o dia em casa, sem fazer nada em especial. Então, também fui dormir.

Não quis citar que me lembrava de nossa discussão naquele dia mais cedo. Ele também se lembrava, pude ler na sua expressão. Não era o momento para falar disso, mas não deixaria escapar a chance quando ela aparecesse.

– Vamos caminhar. Ver se encontramos algo.

Andamos pela areia. Nem preciso dizer que não demoramos nem meia hora para dar a volta na minúscula ilha que estávamos. Encontramos um lindo lago, uma paisagem perfeita, uma espécie de tenda que parecia ser feita para um luau romântico, uma pequena pista para pousos / decolagens e o que parecia ser parte da fuselagem de um avião. Isso nos deixou intrigados.

– Molly, você acha que é possível que...

– Não, não acho.

– Eu nem falei ainda.

– Mas eu já captei a mensagem. Nós não viajamos juntos para uma ilha deserta, Sherlock.

– E se nós viemos e alguma coisa aconteceu pouco antes de pousarmos?

– Ok. Supondo que eu ou você saibamos pilotar um avião. Uma hipótese absurda porque eu não me lembro de ter praticado, se bem que também não lembro como vim parar aqui. Por que viajaríamos juntos?

– De repente nós... Casamos!

Então eu tive que rir. E rir. E rir. E rir. Porque isso soou tão patético que não tive mais o que fazer.

– Você está louco.

Eu parei de rir (não totalmente) e comecei a caminhar em direção a casa. Era a única esperança de conseguir alguma coisa, alguma ajuda. Sei lá, nem sei o que eu esperava. Mas com certeza não o que eu encontrei.

Bati na porta e gritei várias vezes. Vi Sherlock se aproximando atrás de mim. Como ninguém me atendeu, tentei a maçaneta. Surpreendentemente, ou não, ela cedeu. Entrei caminhando lentamente, confesso que estava com um pouco de medo. A casa parecia extremamente limpa e conservada. Que estranho.

Andei pela sala e não vi nada que me parecesse anormal. Avistei flores lindas em uma mesa de jantar e percebi que eu estava sorrindo para elas. Caminhei até lá e vi que ao lado estava um pequeno envelope branco. Curiosa, retirei o cartão que havia dentro dele e fiquei lívida de terror.

“Sherlock Holmes e Molly Hooper,

Lovely Island deseja ao casal uma ótima estadia.

Esperamos que encontrem tudo que desejam.

Nós somos gratos pela preferência e confiança em nossos serviços.”

Eu vi que Sherlock lia o bilhete por sobre meu ombro e seu corpo ficou tão rígido quanto o meu. Mas que merda era essa que estava acontecendo?

Fiz a única coisa que podia fazer. Larguei o bilhete na mesa e fui explorar os outros cômodos. Olha que bom o que descobri. A casa era realmente enorme. Sala enorme, cozinha enorme, banheiros enormes, jardim enorme, piscina enorme, banheira enorme. Ah, esqueci de citar o quarto, certo? Era enorme também. O problema era um só, reparem na redundância: ele era um só. Na casa havia um único quarto. Estava ficando cada vez melhor.

Ok, vamos resumir. Não sabia onde eu estava, não lembrava como vim parar aqui, não entendi a porra do bilhete, a casa tinha só um quarto, meu vestido era BRANCO e estava transparente AINDA, vi em um espelho que meu cabelo parecia um ninho de passarinho e meu rímel estava borrado. Eu estava ferrada. E fazia menos de uma hora que estava nessa ilha.


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Notas finais do capítulo

Aguardo reviews para o próximo! :D