Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 15
Capítulo 14




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– Sherlock

Minha vida estava oficialmente de pernas para o ar e curiosamente só assim eu sentia que tudo estava em seu devido lugar.

Aproximei-me de Molly sabendo o que faria. O desespero que sentia em ficar perto dela era além de qualquer coisa que eu pudesse pensar. Parecia que agora minha vida fora daqui era um segundo plano. Apesar de eu tentar me segurar por não saber como seria quando voltássemos a Londres, eu não conseguia.

Pedi que ela não falasse nada, porque tinha medo que qualquer palavra me fizesse recuar. E eu não queria recuar.

Droga. Olhei em seus olhos quando acariciei seu rosto. Eu estava perdido. Irremediavelmente perdido.

Eu a queria pra mim como nunca quis alguma coisa antes. Não existiam mais crimes, nem tédio, nem falta de sentimentos. Só existia Molly. Eu só enxergava ela.

A única coisa que eu pensava enquanto a beijava era: Por que não fiz isso antes?

Eu poderia estar beijando-a há muito tempo se tivesse percebido, ainda em Londres, que toda aquela mania de provocá-la era só para chamar sua atenção e não porque eu não me importava e queria me divertir. Se tivesse assumido que quando me preocupava era porque eu gostava dela nós estaríamos juntos há muito tempo.

Precisei estar sozinho com ela, abandonados em um lugar qualquer sem que nos lembrássemos de nada, para que eu finalmente pudesse enxergá-la além da médica da legista que burlava muitas regras para me ajudar. Sou mesmo um idiota.

Molly mexe em meus cabelos quando estou deitado em cima dela na areia. Eu gosto disso. Muito. Ela não para de sorrir. A felicidade está estampada em seu rosto e eu espero que o meu esteja transparecendo como me sinto. Quero que ela saiba.

Nos arrastamos de volta para o sofá em nossa tenda. Ficamos um longo período ali, colocando em dia nossos beijos não dados. Terminamos de tomar o vinho que tinha sobrado. Estava horrível, mas não queremos voltar à cozinha agora.

Eu não percebo o tempo passar. Nos assustamos quando o dia começou a clarear. Temos uma visão privilegiada do nascer do sol. Onde eu estava minha vida toda que não via nada disso?

Molly boceja abraçada a mim. Seus lábios estão inchados e eu rio ao perceber que a culpa é minha. A pego no colo para levar até a casa e colocá-la na cama.

– Você não precisa fazer isso. Eu posso andar.

– Sim, eu preciso. E não, você não pode.

Ela resmunga algo que soa como "você é insuportável" contra meu peito, suas mãos segurando em meu pescoço. E eu sorrio. Porque é só o que faço nessa minha nova vida.

Coloca-a na cama o mais suavemente que consigo e deito-me ao seu lado. Ainda nos olhamos por um tempo antes que ela se enrosque em mim e durma. Não resisto muito tempo acordado e a acompanho.

Acordo antes dela e a observo. Eu sinto medo agora. Medo de sair dessa ilha. Medo de que quando voltarmos para nossas vidas, nós não sejamos mais os mesmos que somos aqui. Afasto esse sentimento. Nada mudaria o que está acontecendo entre nós dois.

Nós ultrapassamos a barreira dos beijos com louvor. Agora parecíamos dois adolescentes nos descobrindo. Eu torcia para que tivéssemos muito tempo aqui nessa ilha para isso.

Estava gostando da minha fase de adolescente apaixonado.

...

...

...

Eu disse apaixonado? É... Talvez eu tenha descoberto a minha doença que começa com a letra A.

O que? Eu disse que estava cansado de esconder as coisas.

Me desvencilho de Molly com cuidado para não acordá-la. Com certeza ela acharia que eu me arrependi e a deixei. Sorri com esse pensamento. Não perderia a oportunidade de provocá-la.

Fui para a cozinha. Já é quase noite, mas decido preparar um café da manhã. Como se faz isso? Molly era muito melhor nessa parte do que eu. Preparei um chá que não sei não... A cor ficou meio esquisita. Espero não matar Molly envenenada.

Não temos pão, mas temos torradas que pelo menos estão prontas. É óbvio que não sei fazer bolo. Arrumo a mesma da melhor forma que consigo. Será que Molly gosta de frutas? Não me lembro bem se ela comia frutas no café da manhã. De qualquer forma, pego algumas e começo a cortá-las. Entende-se por “cortá-las” que eu estava triturando-as e elas quase viraram um purê. O que sairia disso aqui? Não sei.

Estava tão concentrado em minha missão quase concluída com sucesso que não percebi Molly encostada na porta da cozinha. Por quanto tempo ela estava ali? Fiquei um pouco sem jeito. Esperava surpreendê-la e fora ela quem me surpreendeu. Como sempre.

Ela ria. Os braços cruzados em frente a seu corpo. Parei o que estava fazendo só para olhá-la. Não vestia mais o vestido da noite anterior. Aquela era uma camiseta minha? Como ela conseguia ficar sexy com uma camiseta branca? Droga. Já esqueci até o que eu estava fazendo. Faltava pouco para eu começar a babar se continuasse desse jeito.

Molly se aproxima e para a poucos centímetros de mim. Meu coração pararia de acelerar em algum momento durante a estadia nessa ilha? Provavelmente não.

Ela pega um pedaço (não sei se posso considerar pedaço) da fruta triturada e leva aos lábios. Porra! Que alguém me ajude a não arrancar as roupas dela aqui mesmo e tomá-la sobre a mesa, junto com nosso café da manhã.

Percebo que ela tem total consciência do que está fazendo comigo. Vejo-a lamber os dedos, limpando-os. Isso já me desmontou uma vez e está acontecendo de novo. Meus olhos estão fixos nos dela. Ela quer me levar à loucura e sabe que vai conseguir. Passo a mão pelos cabelos. Estou desesperado.

Os olhos dela vão para baixo. É, aí mesmo. Caramba, eu não vou aguentar. Ela ri, divertida, e senta-se na mesa.

– O que temos para comer, Sherlock?

Encaro-a, fuzilando com os olhos. E ela continua rindo. Não vou responder o que eu pensei. Chego perto dela e enrosco minhas mãos em seus cabelos, puxando-os para que ela incline a cabeça para mim. Beijo-a com voracidade, mordendo seus lábios. Ela não vai sair ilesa disso. Afasto-me do mesmo modo brusco com que a beijei. E vejo ela me olhar estupefata. Vitória.

– Temos chá, torradas e frutas. – Digo com inocência.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é só, pessoal! :D