Passado, Presente, Futuro 20 escrita por Ann G, Karllinha


Capítulo 34
32 - Amigável Encontro




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Capítulo 32 – Amigável Encontro

O ar estava pesado, sentia isso. Desde que havia acordado e escutado a conversa que os vampiros estavam tendo. Tinha escutado tudo, desde o inicio. Não escutou por inconveniência, mas por pura curiosidade. Era a vida dela que estava em jogo, a vida dela e de todos que amava.

O vento entrava pela janela e Sasuke a fechou logo que entrou no quarto. Ele ficou lá, parado, olhando para fora como se não soubesse por onde começar. Estava observando os habitantes daquela cidade viverem. Vendo-os sorrir sem ter preocupações para pensar, sem ter um mundo para salvar. Sem saber que amanhã eles poderiam estar ou não todos mortos. Suspirou pesadamente

Sakura se sentou na cama e apertou as mãos em seu colo. Sua mente estava lotada de coisas que não queria pensar, não agora. Amaldiçoou-se por tudo que estava acontecendo. Amaldiçoou-se por ter concordado com Naruto, por ter conhecido Sasuke e feito uma festa de aniversário para ele. Amaldiçoou-se por ter se apaixonado por alguém que deixaria seu mundo de cabeça para baixo e completamente negro.

Era curioso concluir que jamais hesitou, teve medo ou achou que estava louca por ter conhecido um mundo totalmente alheio ao mundo que ela vivia. Em uma parte de si sabia que tinha um conhecimento do estranho, que já havia convivido com aquilo no passado. E talvez tenha sido por isso que aceitou as coisas estranhas e novas serem jogadas sem hesitação nas suas costas, na sua vida.

Desde o inicio, quando o conheceu e teve a primeira troca de olhares entre eles, sabia que algo dentro de si havia mudado. E por isso agora ela conseguia entender. Eles tinham que se conhecer. Era inevitável. Não foi por causa dos negócios que os fizeram se conhecer, mas sim por causa da magia de Aleera. Era inevitável sua vida perfeita ter se tornado tão complicada.

- Sakura, – ele começou sem tirar os olhos da janela – há coisas que precisamos discutir. Preciso que me escute atentamente.

- Eu escutei toda a conversa Sasuke.

Ela esperou que ele se virasse e quando ele o fez ela se encolheu pelo olhar dele. Medo, fúria, tristeza. Emoções negativas se acumulavam naquela imensidão negra e isso a deixou receosa, com medo. Ele se virou novamente para a janela e a indiferença atingiu-a.

Algo dentro dela se agitou. Seu estômago se contraiu e sentiu uma pontada furiosa em sua cabeça. Latejava. Tudo latejava e dentro dela tudo se agitava. Cerrou os dentes para evitar que o gemido de dor saísse. Tentou evitar de fazer uma careta de dor, secou suas mãos que suavam no lençol da cama e disfarçadamente passou a mão pela testa para secar os resquícios de suor.

- Então sabe o que eu tenho que fazer.

Havia escutado-o e tinha ficado perplexa pela decisão que ele tomou sem antes perguntar o que ela queria. Não o confrontou, não porque não quis, mas porque seus olhos se fecharam por causa da dor que envolvia todo seu corpo. Ela não conseguia mais se segurar na realidade e se deixou cair. Deixou ser puxada por mãos invisíveis.

Abriu os olhos lentamente. Não estava no quarto de Sasuke, não estava sentada na cama e certamente não estava sentindo mais dor. Sentou-se hesitante. A grama abaixo dela estava verde, o céu limpo e completamente azul. A brisa que era soprada era doce, suave e gostosa. Estava em um lugar desconhecido e que parecia ter saído de algum quadro ou até de um livro de conto de fadas. Seu cabelo comprido voava pelo vento e quando se levantou, percebeu que estava vestindo um longo vestido branco. O qual também seguiu a dança do vento.

Descalça, começou a andar pela paisagem surreal. As folhas das árvores balançavam-se suavemente, ritmadas, criando versos de músicas naturais. Ela sorriu. Nunca havia se sentido tão bem, tão em paz em toda a sua vida. Não conhecia o lugar qual foi trazida, mas agradeceu mentalmente por isso.

Durante todo o seu despertar o vento não havia cessado, até agora...

- Devo confessar que é muito difícil fazê-la vir até esse lugar Sakura.

Sakura virou-se para trás rapidamente e deu de cara com uma figura sorridente. Os longos cabelos negros faziam com que a pele branca daquele ser se tornasse ainda mais branca, como porcelana que poderia se quebrar em milhões de pedaços com apenas um toque. O longo vestido que ela estava usando, vermelho como o sangue, descia delicadamente pelo o corpo. Os olhos negros fitavam os verdes sem nenhuma hesitação. Sakura deveria ter medo, deveria correr o mais longe daquela mulher, mas não podia. Não conseguiria. Aquela mulher era parte dela.

- Aleera. – concluiu simplesmente

E ela mais uma vez sorriu. Começou a andar, lentamente e sensualmente. O movimento que o vestido fazia em seu corpo era terrivelmente sensual. Como um gato que se preparava para dar o bote em uma caçada. Aleera tocou o rosto de Sakura e suspirou.

- Eu sou você e você sou eu. Não acha isso intrigante?

- O que você quer? – Sakura se afastou daquela mulher. A influência que ela exercia era enorme, tentadora. E permitiu concordar, era intrigante – Porque me trouxe aqui? O que é esse lugar?

Ela cruzou as mãos e sorriu ternamente. Aleera não parecia ameaçadora como aparentava fora do mundo dos sonhos, fora das histórias.

- Estamos no lugar mais calmo de sua mente. Um lugar que permiti criar para poder vagar e esperar até a hora certa para conseguir acordar. – Aleera andou até um campo de flores que pareciam flutuar com a suave brisa – Eu tentei te trazer aqui há muito tempo, mas sua mente é certamente muito forte. – sorriu – Não te trouxe aqui para fazer mal, nunca quis lhe fazer mal. – ela se virou novamente para encarar os olhos ferozes de Sakura – Mesmo quando você se machucava cruelmente, eu lhe curava. Permitia que meus poderes atravessassem o abismo profundo e pudessem te curar.

- Está dizendo que...

- Nunca quis lhe fazer mal. – repetiu suavemente

- Porque me trouxe aqui? – Sakura perguntou hesitante. Um lampejo de diversão passou nos olhos negros de Aleera

- Conversar. Quero conversar com você desde o dia que atingiu a maturidade.

- Conversar sobre o que? – frustrada, começou a andar em círculos e quando finalmente parou, apertou suas mãos em punhos e bufou irritada – Quem diabos é você realmente? Tem algum distúrbio de personalidade? Você é má! E agora me aparece com esse sorriso inocente na cara dizendo que nunca quis me fazer mal? Aparecendo igual um anjo? O que está tramando Aleera?

- Acha que sou má? Porque acha que sou má, Sakura? – perguntou calmamente

- Porque eu sou você. – suspirou – Eu vi você machucando quem eu amo.

- Você ama vampiros, não acha que a malvada aqui é você?

- Eu...

- Se somos a mesma pessoa sabe o que eles fizeram comigo. Eu sei, – levantou a mão ao ver que Sakura iria interrompê-la – sei que nem todos são iguais, que alguns têm uma essência boa. Acha que não senti o que você e Sasuke possuem? Mas Sakura, entenda que não posso ignorar um sentimento horrível que eles martelaram em minha alma. – Aleera arrancou uma flor do campo e aspirou seu perfume antes de continuar – Fui torturada, mal julgada, me machucaram emocionalmente e fisicamente. Drenaram meu sangue e me fizeram implorar por misericórdia.

Sakura sentiu a dor que Aleera estava sentindo. Teve pena. Continuou olhando esperando que ela continuasse. Sabia que tinha muito mais e para conseguir entendê-la, tinha que fazê-la falar tudo. Liberar tudo que estava sentindo. Foi por isso que Aleera a trouxe até o lugar mais calmo da mente...

- Eles sabiam que eu iria me curar, então esperavam que eu estivesse curada e novamente me torturavam. – lembrou amargamente – Os primeiros vampiros, os criadores dessa raça imunda souberam que eu era um perigo. Uma humana com um poder capaz de destruir. Eles me temiam e por isso foram cruéis. Claro que quando pensaram que estariam livres de mim, vendo-me morrer, suspiraram aliviados. – um sorriso cruel estampou a face angelical de Aleera – Graças ao meu poder, digamos que lancei uma maldição e a cada situação pecaminosa a lei dos vampiros, eu renasceria. E ter ajuda de uma bruxa sempre facilitou para meu lado. Durante anos fiz com que os vampiros temessem meu nascimento.

Ela se aproximou de Sakura e hesitou quando ela se afastou. Sorriu calorosamente.

- Não tenha medo.

- Como não ter? – Sakura limpou as lágrimas que tinham escorrido por seus olhos – Você soltar sua fúria em todos os vampiros que existe não é o meio certo de se vingar. Usar o amor puro para libertar sua raiva, ódio... Que tipo de pessoa faria isso?

- Sasuke quer te transformar apenas para que eu não me liberte. Que tipo de pessoa transformaria aquela que ama apenas para não ser destruído?

Ela olhou para Aleera em choque. Por mais que não quisesse acreditar ela tinha certa razão. Sasuke iria transformá-la e não lhe deixou nenhuma outra opção. Droga...

No que diabos estava pensando? Estava deixando Aleera criar um conflito em sua cabeça e em seu coração! Sasuke a amava, tinha certeza disso. Não iria deixar uma dúvida, incerteza fazê-la odiar tudo e todos. Aleera poderia ter sofrido, mas não era sensata.

- Acho que está errada. – Sakura olhou aqueles olhos negros confusos. Mostrava certeza, confiança em seus orbes esverdeados e isso fez Aleera fraquejar. – Sasuke pode estar querendo me transformar, só que não irei deixar. Amor Aleera, amor é um sentimento forte, mais forte que ódio ou qualquer coisa. Você só conheceu o ódio, não sabe o que é confiar, ser feliz, amar. E é por isso que sei que ele não conseguirá me transformar. Ele me ama.

Aleera deu passos falsos para trás. Sua mão pousou em seu seio esquerdo, sentindo a força que seu coração estava batendo. Em choque olhou para Sakura que esboçava um sorriso amigável e levantava seu braço, estendendo sua mão em um gesto de confiança.

- Eu sou você Aleera. Agora é a sua vez de ser eu, vamos. Segure minha mão e conheça sentimentos bonitos e muito melhores que o ódio.

Aleera olhou-a receosa. Sabia quais eram os sentimentos que Sakura queria lhe mostrar. Tinha visto, sentido tudo por Sakura. Aquele turbilhão de sensações que havia atravessado o grande abismo que era a mente da sua portadora. Havia atravessado e chegado no lugar onde havia criado para esperar. Não tinha entendido o que era aquilo. Aquela mudança repentina em todo o corpo de Sakura que também conseguia afetá-la. E quando tomou a consciência, permanecendo às escuras, apenas observando e sentindo, conseguiu perceber que aquele turbilhão de sensações eram causados por Sasuke. Um vampiro.

Tinha sentido sua magia dentro de Sasuke desde o primeiro momento que Sakura havia visto-o. E soube que ele era aquele que poderia destruí-la. Sasuke Uchiha poderia destruí-la para sempre e nenhuma magia antiga conseguiria trazê-la de volta novamente. Temeu-o. Odiou-o. E amou-o.

Sim. Ironicamente havia começado a amar Sasuke, um vampiro. O jeito como ele a olhava, a tocava, o sentimento em seus olhos. Ele era capaz de dar sua vida por ela... Não, não por ela. Por Sakura.

Sasuke não a amava, amava Sakura. E tudo que Aleera presenciara, não era para ela.

Já havia presenciado esses sentimentos. O mais puro dos sentimentos, quando foi concebida. Sophie e Raphael. Eles se amaram intensamente e graças a esse amor ela foi capaz de nascer.

Olhou novamente para Sakura. Haviam vivido, presenciado muitas coisas juntas e aquela sinceridade que estava em seus olhos, conseguiu fazê-la repensar seus atos.

Suspirou pesadamente e sorriu, sincera.

- Está certa disso?

- Certa do que? – Sakura perguntou

- De que existem vampiros que valem à pena?

Sakura esboçou surpresa e felicidade. Lembrou de todos seus amigos, seus dias que havia morado na casa de Sasuke e todas as situações que viveu. Sorriu abertamente para Aleera e continuou com a mão esticada.

- Sim. Tenho certeza.

- Vou estar de acordo com sua opinião. Não irei despertar e impor minha ira, vou confiar em você Sakura. – segurou a mão dela e apertou em sinal de confiança – Mas ficarei observando.

- Aleera, isso...

- Creio que seja necessário eu ficar observando e te ajudando. – sorriu – Há vampiros malvados que você precisa derrotar e é por isso que estarei lhe dando suporte. Lutaremos juntas sem que eu tome o controle.

- Obrigada.

- Agora é melhor você voltar. Sasuke deve estar preocupado.

- Aleera, - suspirou – quando eu quiser conversar novamente com você, como farei?

- Concentre-se, respire fundo e se deixe vagar para o lugar mais profundo da sua mente.

- E vou sentir aquela dor antes de desmaiar?

- Não. – gargalhou divertidamente – Você só sentiu dor essa vez, porque foi o primeiro contato. – o semblante divertido de Aleera se tornou sério – Agora feche os olhos, vou te levar de volta.

Sakura assentiu e fechou os olhos. Sua respiração estava calma e sentiu o cheiro das flores quando o vento soprou fortemente perto dela. Novamente se sentiu flutuar, nadar pela imensidão negra. Soube que estava indo embora da paisagem calma, sentiu ser empurrada por mãos invisíveis e quando as mãos invisíveis começaram a se tornar sólidas sabia que havia voltado para a realidade.

Abriu os olhos devagar e piscou algumas vezes. Suas pálpebras estavam pesadas e o cansaço lhe abateu assim que os abriu completamente. Sasuke estava olhando-a apreensivo, a expressão preocupada dando lugar a uma aliviada. Sakura afastou as mãos masculinas que a amparavam e se sentou no chão, onde estava deitada por ter caído da cama enquanto entrava no subconsciente.

- Você desmaiou.

- Sim senhor óbvio, eu desmaiei. – bufou irritada – Eu estou bem, não se preocupe.

- Não me preocupar? – ele perguntou friamente – Te vi caindo no chão se contorcendo de dor e não é para me preocupar?

- Estava conversando com Aleera.

Sakura viu os olhos de Sasuke mudarem de furiosos para confusos e logo para aqueles olhos frios e neutros que ela tanto conhecia.

- Não deixarei você me transformar. – rapidamente colocou o dedo nos lábios masculinos quando percebeu que ele iria interrompê-la. – Não quero me tornar vampira.

Aquilo em certo ponto o atingiu. Ele não queria transformá-la, não queria fazê-la sofrer o que sofreu. Mas também queria. Um lado egoísta a queria do seu lado para sempre e isso só poderia acontecer se ela se transformasse. Sakura não queria o para sempre ao seu lado.

- Ser transformada em vampira apenas por causa de uma guerra? Não. Não é o que eu quero. – ela se levantou e esperou que ele também se levantasse para continuar – Aleera vai nos ajudar.

- O que disse? – perguntou intrigado

- Aleera está do nosso lado.


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Notas finais do capítulo

Meu senhor! Mais de 1 ano sem postar ushaushuaha
Desculpem, de verdade. Não vou usar desculpas de que estava sem tempo, tinha muitas coisas etc. Estava sem criatividade mesmo, sem nem saber como começar o capítulo. Mas aí, ontem tive um surto e fui escrever. Consegui fazer um capítulo inteiro hahahaha Atualizar antes do final do ano, que meigo xD
Espero que agora eu não tenha mais impedimentos criativos, inspirativos etc. e consiga terminar logo essa fic. Ta na hora já de finalmente finalizá-la.
Me desculpem mesmo pela demora, de verdade.
Espero que gostem desse capítulo, agora as coisas estão começando a andar pro final :)
Espero que não sejam malvados. Postem reviews kkkkk
Beijos
twitter: @Annagonc



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