Capítulo 26 - Chantagem

Trancado no quarto, enfiado em lentes de aumento, Suigetsu estudava concentradamente tubos de ensaio que continham líquidos de variadas cores. Tentava de várias formas aprimorar seu maior avanço cientifico. Tentava aprimorar o soro contra os raios solares.
Sasuke entrou no quarto e ficou parado na porta observando seu amigo cometer vários deslizes enquanto trabalhava. Suigetsu nunca cometia deslizes.

- Se você não consegue prestar atenção no seu trabalho, vá relaxar.

- Argh. – olhou assustado para Sasuke – Eu estou bem.

- Seus olhos estão negros.

- Já faz um bom tempo que não vou caçar. – Suigetsu coçou a cabeça e deu um sorriso tímido – Tenho que aprimorar esse soro.

- Ele está perfeito Suigetsu. – Sasuke bufou – Vá caçar. Myuke dará noticias.

- Ele... Ele pode tê-la matado. ESPERA! – olhou surpreso para o moreno parado na soleira da porta. Havia falado demais. – Eu, não... Não estou preocupado com ela. Puff. Até parece. Eu? Preocupado com uma vampira? Nunca.

- Certo. – Sasuke falou engolindo o riso – Deixe isso e vá caçar.

Sasuke saiu sorrindo do cômodo e Suigetsu ficou se remoendo de raiva.

x-x-x

- Myuke... Acho que devemos conversar.

- Hm? – Myuke perguntou sem interesse

Sentada em uma poltrona e se divertindo com um livro que Jiraya havia deixado para que lesse, Myuke levantou o olhar para Madara e suspirou cansada.

- O que você quer? – ela insistiu

- Conversar. – o Uchiha sorriu abertamente – Algo amigável.

Ela fixou o olhar nos olhos de Madara e tentou sentir um ar de suspeita. Sem sucesso. Se Madara estava tentando enganá-la, estava tendo sucesso.

- Fale!

- Como vai Tsunade? – Madara se sentou em uma poltrona que estava à frente de Myuke – O ataque dos lobisomens a deixou apagada não é mesmo? Não houve mudanças?

- Você veio conversar sobre Tsunade? – perguntou com uma pontada de raiva saindo em sua voz – Poupe-me Madara... Não sou idiota.

- Claro que não é. – ele cruzou as mãos e a olhou – Você não cumpriu minhas ordens. Por sua desobediência, eu deveria destruir Tsunade... Mas eu tenho outra idéia.

- Estou ouvindo. – virou a página do livro sem entender o que estava escrito naquelas páginas. Madara conseguiu prender sua atenção.

- Eu sei como acordar Tsunade. E o farei, se você desistir dessa idiotice de candidatura e buscar Aleera de volta para mim.

Ela o olhou com os olhos fulminando de raiva. Que desgraçado, pensou. Quer me chantagear para conseguir a Sakura de volta. Imbecil.

Com raiva, Myuke jogou o livro na mesinha a sua frente e inclinou seu corpo em direção de Madara.

- Escute bem Uchiha! – sorriu – Você não terá Sakura. Não obedecerei você e não é necessário que você traga Tsunade de volta. Eu ocuparei o lugar dela...

- Myuke, Myuke... – Madara passou a mão nos fios de cabelo que caíam como cascata a sua frente – Sempre tão confiante. Angelique lhe treinou bem.

- Você não está sendo confiante não acha? – perguntou sarcasticamente – Está me chantageando para desistir de tudo isso... Não confia no seu taco Madara?

- Onde você está aprendendo essas coisas? – raiva transbordou em sua expressão. A mão que passava delicadamente pelo cabelo de Myuke fechou como algemas e puxou as mechas com força para perto dele – Escute bem! Estou sendo amigável com você. Sempre gostei de você Myuke. Nossas noites juntos foram divertidas... Mas cansei de brincar. Está me escutando? – puxou-a ainda mais

- Solte meu cabelo agora! – Myuke gemeu com raiva

- Ainda está me escutando não é? – Madara passou a outra mão nos lábios de Myuke – Te dei uma chance de trazer Tsunade, de salvá-la. Você não quis. Você teria lugar privilegiado ao meu lado quando o mundo se ajoelhar perante a mim. Mas querida, você não quis. Portanto, cansei de ser bonzinho.

- Tire as mãos de mim!

Madara sorriu. Ele soltou Myuke e ela se retraiu na poltrona. Os olhos, vermelhos de raiva. Ela queria matá-lo... Ótimo! Assim ficaria mais fácil de manipulá-la, ele pensou.
Ele se levantou e olhou para Myuke.

- Você fez novos amigos não foi? – Madara gargalhou ao ver a expressão que a mulher a sua frente fez. Uma expressão de medo. – Fique com medo querida. Divirta-se.

Ela ficou para atônita. Sem reação. Não sabia o que fazer...
Levantou-se rapidamente e saiu em busca de algum jeito de avisar Sasuke. De lhe informar sobre o que estava acontecendo.

x-x-x

Na cabana, longe de todos os problemas, Sakura acordava de um sono tranqüilo. Apalpou a cama a procura de companhia. Mas só achou solidão. Só achou o vazio.
Levantou da cama, esfregou os olhos e andou em direção a porta. Escutou vozes.
Uma voz masculina, grossa e cansada. E a outra, feminina. Doce como o chocolate que comia com Ino quando não tinha o que fazer. Suave como o canto dos passarinhos de manhã. Soava como sinos em sua mente.
Olhou cuidadosamente pela fresta aberta na entrada e pôde ver os donos das vozes. Um homem com uma parte do rosto tampada com uma máscara. Uma cicatriz cortava seu olho esquerdo e descia, até desaparecer na máscara. Ele estava lendo e conversando. A outra silhueta, era uma mulher. Loira, com o cabelo curto e tinha um corpo muito bonito por sinal. Sakura não conseguia ver a face da mulher, pois ela estava de costas para o quarto. Mas a rosada, sentia que a conhecia. Algo dentro do seu coração a avisava. Sakura se sentia em casa e podia se sentir assim, por causa da presença daquela mulher.

Procurou por outra silhueta. Procurou por aquele que tanto ansiava ver. Procurava por Sasuke. Não o achou... Permaneceu silêncio. Queria escutar o assunto da conversa que aqueles dois a sua frente estavam discutindo.

- Ela está acordada. – a loira falou. E pelo tom de voz, parecia que estava sorrindo. – E está no observando.

O homem olhou para a porta e por baixo da máscara sorriu. Sakura desviou o olhar rapidamente dele e tentou achar a mulher que há poucos segundos estava ali. Não a encontrou.

- Não é educado escutar conversas atrás da porta, Sakura.

Sakura olhou para trás rapidamente e a encontrou. Era terrível, encantadora, perfeitamente linda. Aquela mulher a sua frente, era um anjo. O anjo sorriu para ela e Sakura, sorriu em retribuição. Conhecia aquela mulher. Há muito tempo... Sim, tinha certeza que a conhecia. Lembrou-se das histórias que Juugo lhe contou. Enfim, tinha certeza agora. Estava em casa e segura.