Capítulo 20 – Um Anjo?

Longe dalí, longe da casa de Sasuke, em uma grande mansão ocorria uma temida movimentação.

- Pelo que sei, Aleera não poderia nascer sem o pai.

- Senti uma forte energia. – Madara estava sentado no sofá e conversava com uma vampira – Uma energia que somente Aleera poderia usar.

- Então isso significa que ela está viva?

- Ainda não tenho certeza. Por isso que estou aqui Myuke.

- Está aqui para me pedir...? – a mulher sorriu

- Irei te pedir que seja uma espiã.

- Espionar quem?

- Sasuke Uchiha. – Madara olhou friamente para a vampira que estava a sua frente.

- Madara, ele é do seu clã. – ela olhou-o intrigada – Porque iria espionar alguém do seu clã?

- Sasuke está saindo de seu objetivo. Está desviando de nossas metas. E você irá saber o por que.

- Não gosto de me meter nesses lances de família.

- Você me deve muita coisa Myuke.

- Eu não lhe pedi para salvar minha vida e minha família. – ela se levantou – Seria bem melhor se eles tivessem desaparecido.

- O clã Hunumi é muito forte. Você sabe tão bem quanto eu, que Uchiha e Hunumi são os mais fortes clãs da nossa raça.

- São apenas clãs idiotas.

- Você sabe que posso matá-la. – Madara jogou-a na parede – Faça o que eu estou mandando.

- Não irei receber ordens de um cretino. – Seus olhos já estavam tomando um tom rubro – Saia de minha casa!

- Myuke, Myuke... Você sabe que precisa de mim, não ouse me desafiar.

- Não me ameace. Não ouse machucar...

- Ela está se recuperando não é? – ele se aproximou dela e acariciou seu rosto – Seria algo bastante triste se ela morresse.

- Você não faria tal coisa. Ela é uma das anciãs.

- Ela atrapalha meus objetivos. Deveria ter morrido aquela noite. – Madara saiu de perto dela – Faça o que eu mando e eu não chego perto de Tsunade.

- Droga!

- É sempre bom negociar com você, Myuke.

- Saia de minha casa! – ordenou

Aquela garota chamada Myuke tinha um trabalho sujo em suas mãos.

Seus métodos sempre foram eficazes, por isso Madara sempre dava trabalhos complicados para ela fazer.

Seu belo corpo, um corpo bem cuidado, um corpo bem formado. Uma pele pálida devido à falta de sol, seus longos cabelos negros que a envolviam docemente. Seus olhos azuis, leves e chamativos. Lábios vermelhos que qualquer um desejaria ter. Myuke, uma mulher linda, espetacular. Um anjo? Poderia ser, se não se considerasse um monstro e não aceitasse trabalhos sujos.

A noite caiu rápido. Myuke olhou para a janela e deu um suspiro cansado.

- Madara não quer que eu vigie Sasuke por achar que ele sabe de alguma coisa sobre Aleera e sim por que ele acha que Sasuke está fugindo de seu destino. Madara não conseguiu segurá-lo.

- Você acha que se Sasuke realmente tiver fugindo da missão destinada a ele, Madara possa matá-lo? – uma outra vampira se aproximou de Myuke. Os curtos cabelos castanhos e os grandes olhos negros deixavam aquela mulher doce e delicada.

- Ele é muito precioso para Madara. – sorriu – No fundo, ele teme que Sasuke esteja reunindo tropas para matar Orochimaru e ele.

- Você irá obedecer novamente às ordens dele?

- Tsunade ainda precisa se recuperar. Se eu não fizer isso ele irá matá-la. – Myuke suspirou – Nós precisamos de Tsunade. É o meu ultimo trabalho com ele. Além disso, posso até me divertir um pouco, soube que os Uchiha são lindos...

- Então é melhor você ir logo.

- Irei trocar de roupa. Fez minhas malas?

- Sim senhora.

Myuke abriu seu armário de roupas e pegou um vestido branco. Não era longo... Era um vestido magnífico. Envolvia seu corpo, um pano leve que caia bem sobre seu corpo. Deixou seus cabelos soltos. Um cabelo que realçava seus olhos, que dava mais vida a sua pele branca e fria.

Ela pegou suas coisas e se dirigiu para a porta.

- Cuide dela. – ordenou a sua criada

- Ela está em ótimas mãos senhora.

Myuke deu um sorriso de canto e saiu em direção a casa de Sasuke. Não iria pegar transporte nenhum, iria andando... Se pegasse algum transporte iria demorar muito.

Passados sete minutos, ela chegou à frente daquela mansão. Estava com fome, cansada. Mostrava isso em seus olhos. Mostrava solidão, ódio e sede.

- Vou querer uma bela dose de vodka ao entrar nessa casa.

Jogou as malas no chão e elevou sua mão para bater na porta.

Toc Toc Toc

36 segundos foi seu tempo de espera. Ela contou cada segundo, deduzia o perfil do dono da mansão apenas pelos 36 segundos. Myuke detestava esperar.

- Sim? – uma mulher morena e olhos perolados abriu a porta sorrindo. – Deseja algo?

Myuke levantou seu olhar para Hinata. Analisou cada pedaço daquele corpo que estava a sua frente. Não gostava daquele olhos perolados que mostrava felicidade, que estava repletos de amor. Não gostou daquela gentileza.
Deduziu várias teorias, no começo acabou achando que Hinata poderia ser uma namorada de Sasuke. Mas ela não tinha tanta personalidade. Myuke havia ouvido falar sobre o famoso Sasuke Uchiha, era grosso, arrogante. Ele não escolheria alguém tão sem graça para ser sua parceira.

- Eu desejo entrar. Essa será minha futura casa.

- Desculpe-me mas aqui não é um hotel, nem uma pousada. – olhou-a curiosa – Aqui é uma casa de família.

- É a casa de Sasuke Uchiha. Você deve ter sentido meu aroma e sabe que não sou humana. Diga ao Uchiha que o estarei esperando na sala.

- Mas...

Nem esperou Hinata terminar de falar. Myuke adentrou naquela imensa casa sem nem ao menos dizer-lhe seu nome.

- Minhas malas estão lá fora. Onde fica a sala?

- Siga em frente. – Hinata bufou com raiva

- Ah querida, depois de pegar minhas malas e chamar Sasuke, traga-me um copo de vodka.

- Você é amiga do senhor Uchiha?

Myuke sorriu ao escutar aquela palavra. Agora percebeu que Hinata era apenas uma simples domestica.

- Serei. Apenas diga-lhe que estou aqui para falar sobre Uchiha Madara.

Suigetsu ao ouvir tanto barulho, saiu de seu local de trabalho e foi matar sua curiosidade.
Chegando perto da sala, ele pôde exalar um perfume encantador, um doce aroma que o deixava petrificado.

Ao adentrar na imensa sala, pôde ver uma mulher em pé, de costas analisando os quadros que havia naquele cômodo.
Os olhos lilás acompanharam todos os movimentos que aquela mulher desconhecida para ele fazia, enquanto seu coração gelado parecia bater rapidamente, parecia que seu coração estava vivo.
De tanto analisar, enxergou a pele clara e brilhante. Observou as mãos pequenas, com dedos delicados e unhas pintadas com uma cor que ele conhecia muito bem. Vermelho.  Subiu os olhos devagar querendo enxergar através do tecido, aquele tecido que cobria suavemente aquele corpo, um tecido quase transparente. Pôde ver um quadril largo junto com uma cintura fina. O corpo era esbelto. O pescoço era mediano, não pôde ver muito daquele delicado pescoço. O cabelo o envolvia elegantemente.
Subiu os olhos ainda receosos. Desejava poder ver seu rosto. Queria ver seu rosto.

Seu pedido foi atendido. Myuke virou-se lentamente e viu aquela silhueta masculina parada perante sua presença.

Suigetsu podia jurar que estava em frente a um anjo por tamanha beleza de seu magnífico rosto. Os lábios eram finos, rosados, chamativos. Um pouco abertos devido a língua que os limpava devido a gole daquela bebida que havia tomado. As maçãs eram pálidas como sua pele, não mostravam vida, não mostrava reações, sentimentos. O nariz pequeno e proporcional. Os seios proporcionais.

Tamanha era sua vontade de ter aquela mulher. Myuke o olhou, pôde fazer sua rápida dedução sobre ele.
“Ele não é Sasuke Uchiha, porém, é uma gracinha.”
Os olhos dos dois se encontraram. O coração de Suigetsu pareceu acelerar ao encontrá-los, seus orbes lilás brilhavam. Perdia-se em uma imensidão azul profunda. Azul como o mar, cristalino como o mais puro diamante. Um sorriso de canto ela fez, tirando-lhe a cara séria. Mudando-a para um tranqüilo e imenso sorriso tão magnífico.

Ela o fitou atentamente de cima dos pés a cabeça. Sem tirar o sorriso de canto que parecia crescer ainda mais. O encarou dentro dos olhos... Seus lábios curvaram-se, ela iria lhe falar algo!

- Me chamo Myuke Hunumi. E você?

Os olhos dele pousaram nela. Não conseguia mover nenhum músculo.

- Ei... Lhe fiz uma pergunta. – sorriu – Relaxa, eu não irei lhe morder.

O sorriso magnífico de Myuke se transformou em um irônico... Os olhos azuis lhe encaravam serenos. Estava curiosa. Detestava ficar curiosa. Odiava ter sentimentos humanos, ter sensações humanas, ter desejos...

- Suigetsu Hozuki.

O transe que o havia pegado terminou finalmente. Ele agora podia se mexer.

- Hm... Prazer.

Suigetsu estava encantado. A voz de Myuke era serena, leve. Era uma voz doce. O deixava perdido a cada letra que ela falava.

- Você mora aqui? – ela lhe perguntou fitando-o intensamente

- Moro e trabalho. Sou muito amigo do dono desta casa.

- É uma casa muito linda.

- Obrigado. – Sasuke apareceu na porta com uma cara de poucos amigos – Agora eu gostaria que me dissesse o porquê da invasão.

- Pela grosseria e pela beleza devo afirmar que você é Sasuke Uchiha. – Myuke bebeu mais um gole da bebida que estava na sua mão – Você honra os comentários. Já me disseram que os Uchiha são uma perdição. Eu acabo de concordar.

- Hmpf! Ainda não falou o motivo da invasão.

- Devo me apresentar primeiro, não acha? Myuke Hunumi.

- Hunumi? Esse clã...

- Sim, sim. Como os Uchiha, os Hunumi também são bem prestigiados. É o segundo clã mais forte de nossa raça.

- O que a traz aqui? – Sasuke lhe perguntou friamente

- Eu apenas vim para te divertir.

- Não precisa. – Sakura apareceu do lado de Sasuke e olhou-a mortalmente – Ele já tem alguém para diverti-lo.

Myuke olhou para Sakura e sentiu uma energia estranha. Uma sensação que ela não podia identificar. Olhava para aquela garota ao lado de Sasuke e não conseguia deduzir seu perfil. Nunca Myuke ficou tão confusa.

- O que uma humana está fazendo aqui? É uma humana mesmo?

- Ela está morando aqui. – Suigetsu falou – E sim, é uma humana.

- Ela me confunde. – franziu o nariz – Humanos não podem se relacionar com vampiros.

- Quem decide isso sou eu, não acha?

Sakura olhou para Sasuke e deu um sorriso largo. Um sorriso que era capaz de iluminar todo local. Aquilo fez com que Myuke perdesse o controle.
Seus olhos tomaram um tom rubro forte. Os caninos apareceram e ela se preparou para atacar. Ela queria aquele sangue, ela queria matar Sakura.

Sasuke e Suigetsu ao perceber a atitude de Myuke, se puseram lado a lado e fizeram uma barreira para a proteção de Sakura.

- Em minha casa, siga minhas regras. – Sasuke rosnou.

- Lamento lhe informar, mas estou com sede.

- Sakura vá para cima.

- É melhor você pensar em alguma coisa Sasuke. – Suigetsu olhou-o temeroso – Sei que o clã Hunumi é muito forte.

- Teremos que enfrentá-la Suigetsu.

- Nós dois não iremos machucá-la. Não mesmo.

-Então o que iremos fazer, idiota?

- Parecem dois velhos brigando. – Myuke sorriu

PAF!!

- Essa garota abusada já estava me chateando. – Hinata largou a bandeja de metal no chão – Agora precisaremos comprar outra bandeja.

- Obrigado Hinata. 

- Você ficou louca? – Suigetsu se aproximou rapidamente da silhueta adormecida no chão – Bater na cabeça de um anjo...

- Pelo menos ela desmaiou.

- Eu estou me sentindo estranha. – Sakura colocou as mãos no coração – Por um momento achei que ela estava na minha mente.

- Eu também tive essa sensação. Essa garota é perigosa. Jogue-a na rua Suigetsu.

- O que? Ela pode ser vitima de muitos seres imbecis.

- Ela veio dizendo que desejaria falar com você sobre Madara. – Hinata olhou para Sasuke

- Então, arrume um quarto para ela. – suspirou – Sakura mantenha muita distancia desta garota.

- Certo. 

- Vocês dois estão de rolo? – Suigetsu olhou para os dois. Sakura corou rapidamente

- Ainda não é definitivo.

- Não é algo definitivo? – a rosada olhou para o moreno – Você acha que me entreguei a você porque eu não estava achando que tínhamos algo?

- Sakura entenda que...

- Entender uma ova. Pensei que você fosse diferente dos outros homens, mas você é a mesma coisa. Homem é tudo igual, seja vampiro ou não.

- Vamos conversar lá encima. – Sasuke respirou fundo – Há coisas que eu preciso lhe dizer.

- Agora eu estou sem paciência.

Sakura deu as costas para todos e saiu em direção da porta.

- Aonde você vai?

- Estou com fome. Ainda sou uma rélis mortal Uchiha. Prazeres humanos me sufocam. Preciso de batatas fritas.

- Espere um pouco e Hinata faz a você.

- Não quero comer aqui dentro. Estou sufocada, sem ar. 

- Você não deve sair, é perigoso. – o moreno exaltou o tom de voz

- Perigoso? Acha que aquela tal de Karin viria tentar me matar para ter você?

-Karin é só um dos perigos.

- Não se preocupe. – sorriu – Ela não precisará me matar para ter você, eu lhe entrego de bandeja. Não é definitivo.

- Droga Sakura. – gritou – Largue de ser uma garota irritante e me escute. Não é apenas isso, eles podem descobrir que você é... Aleera.

A última palavra de Sasuke saiu num sussurro. Apenas os que tinham uma audição aguçada entenderam. Sakura já havia saído.

- Hinata siga-a! – Sasuke ordenou – Traga-a antes de amanhecer. Se ela não quiser vir por bem, traga por mal.

- Aleera Hãn? – a convidada intrusa se sentou no chão

Myuke que permanecera desacordada até àquela hora, olhou para Sasuke com um olhar curioso.

- Por isso que não consegui saber nada de sua alma, por isso que o sangue dela é tão chamativo, mas ao mesmo tempo nos repele. Agora entendi. Sakura é da nossa raça, mas também é humana.

- Creio que agora, mesmo não a conhecendo, devo lhe contar,

Sasuke se sentou e esperou que Myuke fizesse o mesmo. Ela encarou docemente Suigetsu e ele lhe retribuiu com um largo sorriso.

- Desejaria uma vodka. Aquela garotinha me fez ter dor de cabeça.

- Já irei lhe trazer. – Suigetsu lhe deu um sorriso bobo e saiu da sala

Não muito longe dalí...

- Eu sabia que aquela escuta que coloquei em Myuke nos seria útil. Eu sabia que aquela cretina iria nos trair, tive que nos precaver.

-E agora Madara, o que irá fazer? – Dizia um cara pálido enquanto penteava os longos cabelos.

- Está obvio Orochimaru. Irei atrás de Aleera. Ainda não conhecemos sua fisionomia. Mas, ao ouvi-la dizer sobre Karin... Parece-me que Karin a conhece.

- Karin venha aqui. – Orochimaru ordenou  

Em passos largos a ruiva chegou a sala onde haviam lhe chamado.

- O que houve?

- Madara tem um serviço para você. Obedeça-o.

- O que deseja? – ela o olhou curiosa

- Você por acaso conhece uma garota que está sendo companheira de Sasuke? Uma humana? Está hospedada em sua casa, se não me engano seu nome é Sakura.

- Sei muito bem de quem o senhor está falando. Tenho certeza que aquela garota está de cama. Devo ter deixado vários machucados naquele corpinho frágil. – sorriu

- Traga-a para mim.

- Trazê-la? Para quê?

- Apenas obedeça. – Orochimaru lhe avisou

- Argh... Está bem pai!

- Não a machuque. Leve Juugo com você, ela não está sem proteção. E tome cuidados para não chamar atenção dos humanos.

- Hinata não parece perigosa. – o vampiro de cabelo longo se levantou

- Aquela Hyuuga não mostra sua força, não devemos subestimá-la. Ela irá se controlar na frente de qualquer humano...

- Sakura está em qual hospital? – Karin perguntou  

- Ela está na rua, indo para uma lanchonete.  

- Impossível! Um humano não se recuperaria de um impacto tão forte como aquele.

- Vai ver você não usou tanta força.

- Não desejo saber. – Madara se sentou – Leve Juugo e vá agora.

- Não preciso de ninguém para me ajudar. Posso sozinha.

- Ninguém pode algo sozinho.

x-x-x-x

- Eu já sei que você está atrás de mim Hinata. – Sakura sorriu

- Desculpe-me...  

- Sasuke te mandou para me proteger. Tudo bem. Não brigarei com você.

- Sasuke é muito protetor. Há séculos que ele não gosta de alguém. Com você ele é totalmente diferente... – sorriu – Sasuke sempre teve suas diversões, mas você...

- Vai ver seja por que eu fui à única humana que cruzou seu caminho.

- Não, Não. Sasuke teve muitas diversões com humanas. Mas você foi a única que ele teve um sentimento grande. Ele a ama. Posso ver em seus olhos.

- Então por que ele disse que não era algo definitivo? – a rosada perguntou

- Sasuke apenas tem medo. Há coisas que você ainda não sabe... – Hinata parou de andar ao sentir cheiro de vampiros se aproximando

- E coisas que ela nunca saberá...