O Melhor Amigo da Noiva escrita por lubsfoot


Capítulo 8
Confissões


Notas iniciais do capítulo

Alerta de feels again!

Espero que gostem, e vejam as notas finais!



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POV Lily

Lily ainda sentia-se mal. Não havia nada no mundo que a chateasse mais do que brigar com James: sabia que em partes ele estava certo e que ela havia pegado pesado com ele. Era quarta de manhã e não haviam se falado muito desde que brigaram, mas quando chegou a tarde ele disse que viria para ajudá-la com a mudança, como havia prometido antes.

Ela saiu de casa sem a menor vontade de ir almoçar com Severus, mas com o dia do casamento chegando eles teriam pouco tempo para passar juntos, então sentiu-se na obrigação de ir ao encontro do noivo. Severus levou-a para comer num restaurante mexicano, embora ela preferisse comida italiana, entretanto estava decidida a manter-se de bem com ele.

— ... então poderíamos vender seu apartamento para aumentarmos mais uns cômodos da nossa nova casa, o que acha? – Severus dizia, e Lily ao menos prestava atenção enquanto brincava com a comida em seu prato – Lily?

— Oh, desculpe Sev, acho que me distraí. Sobre o que falava? – disse, ela saindo de seus devaneios.

— Nada importante, teremos tempo para tratar disso depois – respondeu parecendo desconsertado e esticando a mão para por sobre a dela – Você está bem, querida? Estou te achando meio abatida.

— Só estou um pouco cansada com tanto trabalho, nada demais – e sorriu para que parecesse mais convincente – Ah, aqui estão as chaves que James me devolveu, achei que fosse querer ficar com elas – completou ela com o coração apertado. Ele nem mesmo conteve um sorriso.

— Você fez o que devia, Lily. Não é certo que ele tenha as chaves do apartamento de uma mulher casada, você sabe. E com o tempo você vai ver que você não passava de um capricho dele...

— Não fale mal dele na minha frente, Severus – ela o cortou - Nós nos desentendemos mas ele ainda é meu amigo.

— Eu sei querida – disse ele pegando as duas mãos dela – Mas isso vai mudar, você vai ver. Você vai se acostumar a ficar longe dele, vai ser bom para ambos – e beijou-lhe as mãos. Lily sentiu-se como se estivesse traindo algo que não entendia direito, mas no momento não disse nada, apenas terminaram a refeição.

— Ele vai me ajudar com a mudança hoje, mas não se preocupe, só vamos deixar minhas coisas lá e depois vai me deixar em casa. Pedi a ele para emprestar a caminhonete do Charlus, assim não precisarei pagar para alguém fazer, espero que não se importe. Provavelmente será uma das últimas vezes que falarei com James mesmo.

— Certo. Você tem as chaves? – ele perguntou, sério.

— Sim – disse ela olhando para o relógio – Olha Sev, já está tarde e ainda tenho que fazer umas coisas antes de James me buscar. Qualquer coisa me ligue, tudo bem?

— Tudo bem, anjo – respondeu ele. Ela deu-lhe um selinho e saiu. Sentiu-se aliviada por não ter que suportar mais a pressão que Severus lhe impunha sempre que o assunto era James.

Lily passou o resto da tarde acertando detalhes por telefonemas, e como iam fazer uma cerimônia simples e sem festa grande, faltava pouca coisa a ser resolvida. Ela sempre sonhou em casar em uma chácara, rodeada de lírios brancos e sem ter muita coisa formal, apenas com seus amigos mais próximos, mas isso tudo parecia muito distante quando marcou a cerimônia numa igreja ali perto e com todas aquelas rosas vermelhas que o noivo tanto gostara. Terminou de arrumar suas coisas no momento que a campainha tocou, foi quando se deu conta que já estava na hora de James aparecer.

Levantou-se rapidamente e correu para a porta. Lá estava ele parado com seus cabelos castanhos rebeldemente espetados para todos os lados, óculos tortos com a camisa branca meio aberta como sempre usava, uma mão no bolso - ele sempre andava com as mãos no bolso quando estava chateado - e a outra segurando um pequeno arranjo de frágeis lírios. Mesmo que tivessem discutido há dois dias atrás, não pode evitar de se emocionar com o agrado que ele lhe trouxe e dar um abraço apertado nele enquanto fechava os olhos.

— Isso é pra você. Eu preciso que me desculpe Lils, não queria ter sido rude com você aquele dia. Eu, eu só... – ela o ouviu suspirar mesmo estando com a cabeça afundada em seus cabelos depois de uns minutos.

— Shh, não fala nada, Jay. Eu que peço desculpas – disse ela apertando-o ainda mais contra si. Nunca havia discutido com ele a ponto de chorar, mas desta vez sabia que ele tinha razão. Soltou-se dele e encarou aqueles olhos cor de mel que ela tanto adorava – Eu não vou deixar que nada estrague nossa amizade, nunca! E eu amei as flores. Obrigada – concluiu a ruiva sorrindo pra ele com olhos marejados.

James assentiu e sorriu enquanto segurava sua mão. Então juntos levaram as coisas dela para a caminhonete estacionada bem em frente ao prédio e seguiram para onde seria sua nova sem trocar muitas palavras. Depois de um bom tempo dirigindo, eles chegaram e James não disfarçou a surpresa que tivera quando a viu.

— Uma casa de pedra Lírio, sério? E achei que você quisesse uma casa com jardins! – disse ele tentando parecer engraçado.

— Ah, nem me fale! – respondeu ela saindo do automóvel – Mas será temporário. Darei um jeito nisso, espero...

Juntos descarregaram todas as caixas e malas dela e em poucos minutos tudo já estava pronto. Lily mostrou a James toda a estrutura da casa, e achou absurdamente estranho dizer que moraria ali a partir daquele final de semana. Era tudo o que ela detestava, concluiu, mas não disse nada. Provavelmente James percebera isso também.

No trajeto que fizeram de volta para casa de Lily conversaram sobre o trabalho deles, sobre Sirius e Lene e outras coisas menos importantes, e quando chegaram ela o convidou para subir tomar algo antes que ele fosse embora de sua casa pela última vez. Se tinham que passar por essa tortura, que fosse juntos.

James preparou uma batida de frutas enquanto contava umas piadas de Kingsley - que trabalhava com eles - lhes contava enquanto Lily estava fora. Ela adorava o modo como James incorporava sempre que contava essas coisas, e não pode evitar o pensamento de como ele lhe faria falta em tudo. Assim que pararam de rir um clima pesado pairou sobre eles e a sensação da tão temida despedida apoderou-se dos dois.

James, que estava encostado na pia se virou para terminar a louça enquanto Lily encarava os próprios pés e o cabelo solto escondendo seu rosto, e poucos minutos depois James se pronunciou.

— Está na hora de eu ir, Lils. Você vai ficar bem? – perguntou ele franzindo a testa pra ela como se a ideia de deixá-la o atormentasse.

— Vou sim Jay, obrigada por ter vindo. Eu vou sentir sua falta – Lily  disse. Depois de uns instantes, ela tentou ponderar nas palavras, mas soltou-as simplesmente – Se eu pudesse fazer alguma coisa para impedir... eu nunca te deixaria ir.

James a olhou como nunca olhara antes, e hesitou por momento.

— É só você me pedir, Lily. Peça-me o que quiser que eu faço – disse aproximando-se dela a segurando suas mãos enquanto a olhava carinhosamente. O que isso queria dizer? Lily sentiu-se confusa por um momento.

— James, por favor, em nome desses vinte anos em que vivemos juntos, responda-me, por que isso tem que ser particularmente tão difícil para nós dois? – mas ela não esperava a resposta imediata que ele lhe deu.

— Porque... eu te amo, Lily - ele confessou de uma vez - Eu te amo mais do que jamais imaginei ser possível amar alguém. Desde que éramos crianças, eu só não entendia muito bem o que isso significava, até você começar a namorar aquele Diggory, aos 15 anos. Eu sempre te protegi como uma irmã, mas você é muito mais que isso pra mim. Eu te vi crescer e se transformar na mulher maravilhosa que é, e quando te olho você é a única que consigo ver ao meu lado. Não importa com quantas garotas eu tenha saído ou conhecido, sempre foi você e sempre será. Tudo em você me atrai, me desperta e encanta. Eu estive no inferno cada dia desse seu maldito noivado, tendo que suportar ele tentando tirar você de mim, porque ele não te vê como você merece, e agora é tarde demais. Eu sinto muito que não tenha lhe dito antes Lils, mas essa é a grande verdade. Eu sou completamente apaixonado por você.

Lily parecia ter sido atingida por algo muito forte na cabeça, não conseguia sequer pensar direito. Era isso mesmo? James, seu amigo de anos estava a sua frente se declarando pra ela? Não podia ser... Mas era. Seu James! De repente tudo parecia se encaixar. Todas as vezes que ele apenas dizia que ficava feliz por ela quando apresentava um novo namorado, ou como ele nunca assumia qualquer garota com quem saía. A felicidade estava bem à sua frente o tempo todo, mas ela foi burra demais pra não perceber.

E por que, então ela sentiu uma felicidade insana quando se deu conta que era o mesmo que sentia por ele? O ciúmes quando via-o cortejando outras meninas, e falando pra ela sobre como uma ou outra era bonita... Isso deveria estar errado, mas ela não pode conter as lágrimas. Era isso, essa era a resposta para tudo. James era o homem de sua vida, o único e verdadeiro, era isso que seus amigos tentavam lhe dizer o tempo todo! - até que o casamento veio a tona em sua mente e tudo começou a desmoronar outra vez.

— Por que agora, Jay? Por que depois de todos esses anos você só me diz isso agora? Tudo poderia ser tão diferente... – terminou ela sem poder conter as lágrimas que caíam, sua testa pressionada contra o peito dele enquanto sentia ambos corações acelerados.

— Me desculpe Lily, eu juro que tentei parar, mas a cada dia era mais impossível. Antes eu até lidava melhor com seus relacionamentos, e dessa vez não foi diferente, mas aí você aceitou se casar com ele, e eu finalmente percebi que tinha te perdido pra sempre – ele disse, afastando-se de repente e passando as mãos pelo cabelo – Eu não podia arriscar nossa amizade, te perder é a única coisa que eu tentei evitar a vida inteira, mas agora vejo que não fui capaz... Me desculpe por isso – Lily permaneceu em silêncio, chorando. James chorava também. Ele aproximou-se dela mais uma vez e beijou-lhe a testa. Estava prestes a ir embora e deixá-la ali sozinha.

Então quando ela absorveu tudo o que ouvira, chamou-o mais uma vez ao perceber que tinha algo a dizer também.

— James! – sua voz saiu um pouco mais alta do que pretendia. Ele permaneceu de costas para ela com a cabeça baixa – Por favor não me deixe! Eu também amo você! - não havia mais reservas agora - Eu amo o jeito que você me trata, como se eu fosse capaz de fazer qualquer coisa, amo a forma como me vê e como me faz sentir confortável quando estamos juntos. Eu amo por estar do meu lado por tantos anos sendo tão bom e verdadeiro comigo, eu me sinto segura quando estou em seu abraço. Amo cada maldita mania sua, de sorrir de lado ou mexer nesse cabelo bagunçado. Eu te amo, James Potter, mais do que possa descrever agora! Você é a pessoa...

Ela foi interrompida bruscamente, e não percebeu quando James virou dirigindo-se para ela e sem pensar duas vezes segurou-a pela cintura e a beijou. James a beijava como se cada parte do seu corpo necessitasse daquilo, e ela retribuía a mesma altura. Ela queria puxá-lo para mais próximo dela, como se qualquer espaço entre eles pudesse matá-los. Ele a segurava fortemente pela cintura com uma mão e lhe acariciava os cabelos com a outra, enquanto ela passava as mãos delicadas pelo cabelo bagunçado dele.

Parecia que haviam treinado aquilo por muito tempo, porque seus corpos estavam no mesmo ritmo, como se quisessem se fundir em um só; suas línguas pareciam se conhecer há anos pois dançavam sincronizadas. Lily nunca sentiu-se tão amada ou desejada, ao mesmo tempo que a ideia de somente com um beijo causar tantos efeitos inéditos sobre ela, era inebriante. Naquele momento não houve dúvidas que se houvesse alguém poderia fazê-la se sentir assim, essa alguém era James.

Somente quando a falta de oxigênio gritou foi que eles se separaram. James encostou sua testa na dela e respirava pesadamente. Lily ainda segurava-o com força. Então ela abraçou-o como vontade, mas a verdade batia dolorosamente em sua face e ela sentia como se as palavras que ameaçavam sair pudessem matá-la.

— Eu vou me casar, Jay - sussurrou ela baixinho, desejando que ele pudesse salvá-la de si mesma.

— Eu sei Lírio, e eu sinto muito – ele respondeu, também num sussurro – Seja feliz, Lily. Sua felicidade é a minha também – terminou ele. E depois de uns instantes, ele fez-lhe um carinho nos lábios, baixou os olhos, saiu pela porta e foi embora sem olhar para trás.

Lily sentiu-se no inferno pela primeira vez ao perceber que acabara de ver que deixara o homem que amava ir embora, e enquanto as lágrimas tomavam novamente conta dela.


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Notas finais do capítulo

Será que vocês querem me matar? rs

Adorei demais escrever esse também, e espero que esteja do agrado de vocês! Eu queria poder dizer que FINALMENTE, mas... é, não foi dessa vez. Ops!

Aguardo comentários, hein! Hahaha muito obrigada!