Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 9
Estranhos sorridentes - Emma


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas já voltei!

Na outra fic o Henry narrou no lugar de Emma, mas aqui, Snow narrou entre Regina e Emma, então o que vão ler agora será um capítulo da Emma. (Quanto Emma em uma frase hahaha)

OBS: O capítulo está grande mesmo, mas só tá assim porque temos uma cena "extra" no final. Se não quiser, não precisa ler, é irrelevante, porem me deu vontade de escrevê-la e mostrar à vocês.

Boa leitura!



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— Bom dia, Emma... – Regina estava sentada na beira da cama, enquanto eu tentava abrir os olhos que teimavam em permanecer fechados. – Vai passar o dia todo nessa cama, querida? Daqui a pouco sua mãe aparece ai e nem a roupa você vestiu. – Encarei seus olhos cheios de carinho junto a um sorriso gostoso.

— Que horas são? – Eu murmurei ao me virar e espreguiçar, fazendo o lençol me descobrir.

Regina varreu lentamente meu corpo nu com o olhar, tirando-me um sorriso prazeroso ao vê-la mudar completamente de expressão. O poder dela em mim era algo que mais ninguém tinha. O jeito com que aqueles castanhos me faziam perder o ar, mais ninguém fazia. Tudo nela era intenso, quente e voraz, mas ao mesmo tempo sutil e amoroso. Regina era a mistura perfeita, para que eu me sentisse a mulher mais feliz daquele conto de fadas louco.

— Quase hora do almoço. – Ela voltou seus olhos aos meus, que já não me olhavam como antes. Havia um tom de sensualidade neles. Regina suspirou e se levantou com pressa. – Se vista logo Emma! Antes que eu me junte a você. – Ela sorriu me olhando de canto, deu as costas e foi em direção à janela.

Eu queria ficar naquele quarto, por pelo menos uma semana sem me preocupar com nada. Sem toda aquela dor de cabeça que a vadia verde estava nos causando. Antes eu achava que a vida real era muito complicada, isso por que eu não fazia ideia, de como os contos de fadas eram muito piores.

Levantei-me em um pulo alcançando Regina a abraçando por trás. Uma de minhas mãos sobre seu ventre – que começava a dar sinais nítidos da gravidez. A outra sobre um de seus seios a fazendo suspirar, inclinar levemente sua cabeça para o lado, fazendo-me dar beijinhos em seu pescoço.

— Casa comigo? – Perguntei baixinho ao pé do seu ouvido, fazendo-a ficar nitidamente estática.

— Que? – Ela se virou bruscamente depois de um tempo, seus olhos pareciam não acreditar no que tinha ouvido.

— Casa comigo, Regina? – Eu perguntei olhando naqueles castanhos infinitos.

— Está falando sério, Emma? – Sua voz era séria, como se não estivesse muito para brincadeiras.

— Estar nua faz com eu perca a credibilidade? – Eu sorri a fazendo sorrir de volta. – Já temos um filho crescido, Regina... e duas a caminho. – Encarei sua barriga por alguns segundos, mas voltei para seus olhos. - Todos do reino nos apoiam. Estamos morando aqui já tem pelo menos uns... quase quatro meses. Até um quarto só nosso, no castelo real dos meus pais, nós já temos. – Seus olhos brilhavam e seu sorriso aumentava enquanto eu falava. - Seja como for, Regina, eu quero você de noiva Rainha... – Eu peguei em sua mão e a rodei. – Entrando naquele salão lotado, com todos eles lá... da Ariel a Mulan... quero todos em nosso casamento...

— Noiva Rainha? – Ela riu. – E você, vai vestida de que... Salvadora? – Seus olhos tinham um brilho especial e mesmo sua voz saindo irônica, eu consegui captar todo o seu amor, com aquele “sim” disfarçado.

— Eu vou estar no altar lhe aguardado de noiva Princesa... Que é o que eu sou, uma princesa... – Eu fiz uma reverencia que a fez rir. – Vou estar lá... esperando pela maior Rainha que esse povo já conheceu. – Eu fiz gestos com a mão lhe arrancando mais alguns sorrisos. Mas me recompus, aproximei-me, ficando a centímetros de seu rosto, mudando completamente meu tom de voz, de brincadeira para a seriedade. – Vou estar lá a espera do meu verdadeiro amor, da minha alma gêmea, do meu final feliz... – Eu beijei seus lábios antes que ela pudesse dizer alguma coisa. Um beijo cheio de sabores maravilhosos, que em segundos já me fez perder o ar. Nada melhor do que aquilo como meu café ao meio dia.

— Vocês me dão nojo... – Uma voz que veio do outro lado do quarto nos fez pular de susto. Imediatamente, Regina se colocou a minha frente, tampando-me – Não tem que ter vergonha do seu corpinho lindo, querida. – Era a puta verde que surgiu do inferno para nos atrapalhar. – Esse corpinho logo, logo será meu... E você nem vai lembrar dessa sem graça ai. – Zelena se referiu a Regina.

— A única coisa que vai ter, é essa sua cara verde queimada! – Regina disse em tom alto e ameaçador, tacando com rapidez uma bola de fogo em sua direção. Mas, antes de atingi-la, Zelena apagou com uma das mãos, nos paralisando da cabeça aos pés com a outra.

— Não, querida, não faça esforços... – Sua voz era irritantemente debochada. Com calma começou a andar pelo quarto. – Eu vim apenas para confirmar os boatos... – Ela falava sem pressa, sua cor medonha e seus olhos azuis pareciam ter saído de um filme de terror barato. Não era assustador, era ridículo. – Agora que vejo que vou ganhar outro sobrinho lindo, acho que meu final feliz será ainda mais... feliz. – Ela sorriu de um jeito doentio. – Até a próxima irmãzinha... – Ela deu as costas e sumiu em sua fumaça verde, nos devolvendo a liberdade de nossos movimentar.

Quando abri meus olhos e vi minha esposa ao meu lado, confesso que de imediato eu levei um susto. Mas aos poucos voltei à realidade. Havia sido apenas outro sonho louco. Eu tinha que parar de comer aquelas coisas pesadas antes de dormir. Ou talvez parar de pensar tanto na florista. Ou talvez só relaxar um pouco mais, porque sonhos raramente são o que parecem.

Era tudo sempre confuso, eu não conseguia lembrar-me de tudo com exatidão, porem independente de qualquer coisa, era apenas fantasia, apenas minha cabeça tentando lidar com toda aquela confusão de sentimentos dentro de mim.

Sentei-me a cama tentando espantar aquele mundo aleatório dos meus sonhos, eles sempre me deixavam cansada, até mesmo um pouco irritada. Era bem melhor quando eu não lembrava nada. Era na verdade, tudo bem mais simples antes de conhecer aquela mulher, que fazia uma Emma completamente diferente falar mais alto que tudo em que eu acreditava ser.

Desci para adiantar o café da manha, Zelena e Henry ainda tinham pelo menos uma hora de sono.

Eu não era uma grande fã de cozinha, mas cozinhava bem. Confesso que às vezes, até inventava umas coisas bem gostosas.

A melhor parte de cozinhar era poder refletir sobre a vida.

Minha cabeça e meu coração não estavam em harmonia, fazendo-me sentir uma completa louca.

Sempre fui uma mulher de seguir e razão, por mais que muitas vezes a emoção tentasse me controlar.

O certo era ficar com minha mulher e filho, era esquecer aquela florista e tudo que ela me fazia sentir. Mas ali, naquela batalha dentro de mim o certo parecia errado, enquanto o errado era o que mais me dava vontade de viver e lutar por algo que eu nem sabia o que era.

Eu tinha que ficar com minha família, mas queria poder viver as emoções que Regina Mills me causava. Eu tinha que esquecer aquele beijo na lavanderia, mas só conseguia me imaginar tocando aquele corpo do mesmo jeito que no sonho que tive. Eu tinha que parar de pensar em Regina o tempo todo, mas quanto mais eu evitava mais eu queria vê-la.

Era tão difícil lidar com aquelas confusões. Com aquelas perguntas sem respostas. Uma das que mais me atormentava há alguns dias era: Porque eu ainda estava casada com alguém que não amava?

Aquela nem se parecia comigo, ou talvez fosse quem mais se parecia. Eu não sabia mais o que era certo ou errado, o que deveria ser feito ou deixado de lado. Precisava da florista, eu necessitava de sua presença. Como se pelo menos vê-la, me fizesse sentir um pouco mais normal, mesmo sendo algo ainda mais insano.

Regina Mills era o centro das minhas confusões, dos meus sonhos sem sentidos e dos meus surtos de “dupla personalidade”. Porque era exatamente assim que eu me sentia, como se duas pessoas habitassem meu corpo e brigasse o tempo todo por liderança.

Por mais que a florista fosse a causa maior de tudo, também tinha algumas outras confusões me atormentando. Como aquela nova família que havia chegado à cidade há mais ou menos uns dois dias. Eles não tinham nada a ver com a Srta. Mills, mesmo assim uma força maior fazia-me sentir, que estavam ligados diretamente a toda aquela loucura que parecia me cercar de todos os lados.

Aquele homem, aquela mulher, aquelas crianças, eu nunca os tinha visto. Meu coração palpitou de uma maneira bem estranha, quando eles pararam com o fusca amarelo a nossa frente. Eu tive que me concentrar para não perder o ar. Não foi exatamente igual, mas tinha algo em comum, com a sensação que senti ao ver Regina pela primeira vez. Foi uma única sensação que parecia misturar alivio, saudade, dor e felicidade... Eu não sabia nem que nome dar a tal sentimento tão distinto. Posso até dizer que era parecido com o que eu sentia quando olhava para Henry... Talvez pudesse ser esperança, mas ainda sim, não era bem aquilo.

— Bom dia, amor! – Zelena beijou minha cabeça e sentou no banco ao meu lado na bancada. - De pé tão cedo... Aconteceu alguma coisa? – O jeito com que ela falava soava completamente fingido. Ou eu nunca havia reparado, ou eu que estava cada vez pior, vendo defeito até onde não tinha.

— Tive um sonho estranho, acordei do nada, ai resolvi levantar. – Contei descontraída ao colocar um pouco mais de café em minha xícara que já estava vazia.

— Sonho estranho? – Ela pareceu mais preocupada do que o normal.

— É... – Eu sorri ao ver flashs do sonho. – Você estava nele... e era verde. – Eu ri ao perceber o quanto aquilo era idiota dito em voz alta.

— Verde? – Ela ainda me analisava de um jeito esquisito.

— Não como um E.T... Era mais como uma bruxa... Como aquela daquele filme velho, do mágico de Oz. - Falar de fato fazia parecer tudo bem idiota, mas o que eu sentia era completamente diferente e até um pouco doloroso.

— Anda jogando muito vídeo game com o Henry, amor. – Ela disse de maneira robótica ao desviar a atenção para o leite.

— É talvez...

— Vamos almoçar juntas hoje? – Perguntou depois e um curto tempo, com um sorriso que me pareceu inteiramente falso, aquilo estava começando a me tirar do sério, qual era o meu real problema?

— No Granny’s?

— Sim, faz tempo que não almoçamos juntas, nós costumávamos fazer isso sempre... – Ela pegou em minha mão e aproximou o rosto o máximo que pode. O que me fez sentir calafrios, mas não se prazer e sim de repulsa, tive que prender a respiração. – Eu sinto sua falta no horário do almoço... Sinto falta das loucuras que fazíamos pelos cantos... – Achei sua voz era forçadamente sedutora, em outro tempo eu talvez até ficasse excitada com aquilo, mas ali a única coisa que eu conseguia sentir era nojo. Eu tinha que dar um jeito na minha vida, na minha cabeça, no meu coração. Eu estava tão desnorteada com tudo, que eu mal me lembrava daquelas coisas que minha mulher estava falando.

— É... – Forcei um sorriso. – Éramos duas apaixonadas fazendo loucuras por todas as partes... – Eu sorri mais uma vez e retirei minha mão da dela, eu queria acabar logo com aquilo. – Você já chamou o Henry? – Eu desviei do assunto, fazendo-a me olhar ainda mais estranha, Zelena estava me cercando há alguns dias, ela já tinha reparado que algo havia mudado em mim.

Mesmo com o trabalho acumulado, com a corredia que estava, e até com alguns inesperados problemas na delegacia, eu não conseguia parar de pensar em Regina. Na realidade, eu já estava até desistindo de evitar aquilo. Havia se tornado algo tão natural como respirar. Fazia com que as coisas até fluíssem melhor, quando eu deixava aquela Emma sentimental falar mais alto.

Quando consegui me sentar, depois de correr de um lado para o outro, resolvendo um monte de coisas pendentes naquela delegacia, o homem que havia me pedido informações no outro dia, surgiu junto com um menino.

— Boa tarde, Xerife. – Cumprimentou simpático.

— Boa tarde. – Sorri para eles.

— Olá... – O menino falou com um sorrisinho tímido, quase se escondendo atrás do homem, fazendo-me sentir feliz e sorrir para ele.

— Não me apresentei aquele dia. – Ele se aproximou já com a mão estendida. – Sou Nolan, David Nolan. – Eu fiquei de pé para apertar sua mão.

— Eu também não me apresentei, mas estranhamente já sabe meu nome não é? – Ele sorriu com meu comentário, fazendo-me analisa-lo, mas eu não conseguia ver nenhuma maldade vinda dele. – Sou Emma Swan. – Eu conclui ao soltar sua mão e encostar sobre a mesa.

— Não, eu não sabia, você só o disse agora... Xerife. – Ele tinha um sorriso no rosto, mas não era algo irônico, não estava zombasse de mim. Seu sorriso era sincero e até carinhoso.

— Naquele dia, que me pediu informação, você disse meu nome. – Disse seca.

— Não, você deve ter se enganado. – Ele estava mentindo, consegui perceber na hora, mas eu não quis insistir com aquilo. Por mais bizarro fosse, eu sentia que podia confiar nele, eu queria confiar nele. Era como aquela coisa com a Regina como se eu já nos conhecêssemos. – Esse aqui é Levi, meu filho. – Ele puxou o menino para mais próximo dele, que ainda tinha o mesmo sorrisinho de antes, ele era tão encantador e me lembrava um pouco o Henry.

— Muito prazer, Levi. – Eu estendi a mão para que ele apertasse.

— O prazer é meu. – Ele falou contente ao apertar minha mão. – Você é ainda mais bonita... – Ele vacilou por alguns segundos. – Olhando assim de perto... Naquele dia, as minhas... irmãs quase não me deixaram te ver. - Ele parecia nervoso, não só o garoto, como o pai também. Deixei passar. – É que eu nunca conheci uma Xerife mulher antes... – Ele concluiu soltando o ar e olhando rapidamente ao pai que passou a mão em sua cabeça.

— Eu trabalhei como ajudante de Xerife na outra cidade, foi só um bico, mas foi uma ótima experiência... E o garoto aqui, adorou ter um pai trabalhando como um "policial" – Ele fez aspas com os dedos. – Por isso vim até você... – Ele sorriu para o filho antes de voltar seus olhos para os meus. – Resolvemos que vamos ficar na cidade e eu certamente preciso de um emprego... Então eu gostaria de saber se não tem uma vaga de ajudante por aqui.

Eu não o conhecia, ninguém o conhecia. Aquele homem era um completo estranho para qualquer um da cidade. Porém, mesmo algo nele sendo bem misterioso, aquela Emma sentimental queria confiar nele, ela precisava tê-lo próximo, ela gritava para eu enxergar o quanto aquele homem seria ótimo para minha vida e para a delegacia.

David Nolan era um desconhecido, mas a segurança que ele me passava era tão boa, que mesmo eu não gostando da maioria das vontades daquela minha outra metade, eu queria verdadeira e completamente conhece-lo melhor

— Antes de qualquer coisa, eu quero que saibam que tenho uma espécie de super-poder, que sempre me mostra quando as pessoas estão mentindo – eu falava séria – eu não conheço você, não sei nada da sua vida, mas acho que posso confiar que esse rapazinho ai – apontei para o garoto – vai ser meu fiel aliado e vai me contar tudo, caso você – apontei para o homem – não ande da linha. – Eu sorri mostrando que era brincadeira. – Bem Sr. Nolan, não sei por que, mas acho que posso confiar em você. – Ele sorriu satisfeito. – Estou realmente precisando de um ajudante por aqui. O salário não é alto, mas acho que já ajuda.

— Quando eu começo?

— Pode ser amanhã. – Meu coração palpitou feliz com a escolha que eu havia feito.

— E eu? – O menino perguntou.

— Você? – Eu sorri ao pensar. – Depois da aula você pode passar aqui. – Ele fez uma carinha engraçada quando eu disse aquilo. - Meu filho, Henry, vem sempre, vocês podem ate virem juntos da escola.

— Ta bem... – Ele deu de ombros parecendo um pouco confuso.

— Vamos matriculá-los amanhã. – Nolan explicou. – Levi e as meninas nunca foram à escola antes, minha mulher é professora e os ensinou em casa. – Ele olhou rapidamente para o filho que o olhava confuso. – Ainda não tínhamos contado a eles... – Sorriu para o menino que ainda parecia não entender. – Vai ficar tudo bem filho, a gente conversa melhor em casa. – O garoto apenas afirmou com a cabeça e soltou o ar que parecia estar preso.

— Só acho que a Elise não vai gostar nada disso. – Levi concluiu para o pai ao se virar para mim. – Então eu posso vir sempre depois dessa escola?

— Claro, garoto. – Eu me aproximei e baguncei os cabelos dele. – Você lembra um pouco o meu filho, ele é mais velho, mas acho que vão se dar bem. – Ele sorriu feliz, com um brilho lindo nos olhos.

— Eu tenho nove anos e seu filho?

— Ele tem treze, são só quatro anos de diferença.

— É, com as... – Ele parou repentinamente de falar, prendendo o ar como eu sempre fizia quando ficava nervosa.

— Com as?

— Nada... – Pegou na mão de Nolan, com o olhar receoso. – Vamos pai, já estou com fome.

— Vamos sim... – Sorriu tranquilo para o garoto, fazendo-o soltar o ar e relaxar. – Minha mulher e filhas estão nos esperando para almoçar no Granny’s. Amanhã quando eu vier para o primeiro dia, podemos resolver tudo. – Eu afirmei com a cabeça. – As oito está bom para você?

— É o meu horário. Pode vir.

— Então... Nos vemos amanhã. – Ele estendeu a mão

— Sim, mas ainda não vamos nos despedir. – Eu peguei a jaqueta no encosto da cadeira. – Também vou almoçar com minha mulher no Granny’s. – Eu sorri sem querer realmente ir ao encontro de Zelena. Já ele dessa vez forçou seu sorriso mostrando algo como insatisfação.

Eles foram de fusca, enquanto eu de viatura. Eu não me lembrava de já ter dirigido outro carro sem ser aquele da delegacia, mas ao vê-los entrando naquele velho amarelo, me bateu uma nostalgia enorme, que quase pedi para ir com eles.

Chegamos juntos ao Granny’s, estacionamos em vagas próximas e fomos em direção à entrada. Do lado de fora, nas mesas externas, a espera do pai, estavam às outras filhas de David Nolan. Acredito que elas teriam feito festa para ele se não fosse minha presença, já que ambas ficaram me encarando como se eu fosse um fantasma.

— Olá meninas. – Eu tentei ser simpática, mas meu coração estava estranhamente acelerado. Quase não consegui sorrir.

— Essas são Sarah – Ele apontou para a menina de olhos castanhos brilhantes, que sorria levemente com receio. – E Elise. – Ele apontou para garota de olhos verdes tão brilhantes como da outra. Porém, diferente da irmã, ela parecia hostil. – Essa é a Xerife Emma Swan, meninas. – Apontou para mim. A menina de olhos verdes o encarou desconfiada, enquanto a de olhos castanhos deu um passo em minha direção.

— Oi... – A garota chamada Sarah disse ao dar mais um passo, com um lindo sorrisinho tímido.  Ela era uma criança muito bonita. – Você gosta de música? – Ela perguntou como se tivesse esperando por muito tempo para me perguntar aquilo.

— Gosto. – Eu respondei sem pensar, mas refleti por alguns segundos. – Não sou uma pessoa que entenda muito dessas coisas, mas acho que todos gostam. – Ela sorriu de canto não muito satisfeita com mina resposta.

— E de piano? – Seus olhos se encheram de um brilho cheio de expectativa.

— Não sou nada artística, criança, mas eu confesso que acho o piano o instrumento mais lindo que existe. E mais lindo ainda quem toca. – Minha resposta à fez sorrir tão linda e única, que tive vontade de pegá-la em meu colo e abraça-la com toda a minha vontade. Vontade da qual eu não sabia de onde estava vindo.

Sarah que havia me perguntado algo aleatória a primeira vez que me viu na vida, olhou para seus familiares tão feliz, que acredito ter visto seus olhos lacrimejarem. Seja lá o motivo louco que aquela criança tenha me perguntado aquilo e que tenha ficado emocionada, eu ainda mais doida que toda aquela loucura, me apaixonei de primeira por aquela garotinha. Não só por ela, como pelos três.

— Um dia... Você gostaria de me ver tocando? – Sarah perguntou com os olhos cheios de medo. Inacreditável ler o olhar de uma criança de nove anos que eu havia conhecido há meio minuto.

— É claro, eu adoraria. – Ela sorriu ainda mais feliz. Deu um meio passo a frente, mas recuou em seguida, como se tivesse medo de se aproximar demais. – E você ai atrás... – Eu falei com a outra que ainda me olhava com aquele jeito hostil, que ao perceber que eu estava falando com ela fechou ainda mais a cara.

— Não liga para Elise. – Sarah falou naturalmente, sem receio que a irmã escutasse. - Ela não é muito amigável quando conhece as pessoas... mas ela é legal... e gosta de você. Só de tempo para ela se acostumar com as mudanças. – Aquela criança tinha mesmo nove anos? Se tinha, era muito inteligente e foi muito bem educada.

A pequena Elise de olhos verdes, encarou a irmã com raiva por alguns segundos, voltou seus olhos tristonhos para mim e entrou quase correndo dentro do Granny’s. Pelo pouco que vi, ela não estava contente com a mudança, mas era só questão de tempo até se adaptar. E pelo o que senti naquele curto tempo, aquela garotinha tinha um gênio bem forte, um jeitinho que mesmo sem trocar uma palavra comigo, eu já havia me encantado por ela. Nunca pensei que pudesse gostar tanto de outras crianças que não fossem meu filho.

— Desculpe pela Elise. – Nolan falou com a voz triste. – Ela tem dificuldade com mudanças e tem muito medo do que não conhece. Ela se faz de durona, o que muitas vezes a faz parecer uma criança mal educada, mas Elise é uma menina de ouro... Como Sarah disse, só tem que dar tempo para ela.

— Tudo bem, não precisa se desculpar, eu tenho um filho e sei como essas coisas são. – Eu sorri para ele indo em direção a porta.

— Essas crianças cheias de personalidade... – Nolan comentou rindo, ao me acompanhar fazendo os outros dois virem atrás de nós. – Mas Sarah... – Ele parou ao se virar para ela. – Ela não estava de mau humor quando saímos, o que aconteceu? E por que estavam aqui fora?

— Então... – Fez uma carinha de culpada. – A gente estava brincando... Mas ai... fizemos besteira... – Ela fez um gesto com uma das mãos, que pareceu um código entre eles. – Minha mãe viu e brigou, mandou a gente ficar aqui fora esperando vocês, já que lá dentro não estávamos nos controlando... – ela parecia chateada com o acontecido.

— Vocês fizeram? – Levi perguntou empolgado.

— Sim... e ninguém viu que foi a gente, foi muito maneiro, você tinha que ter visto! – Ela falou tão empolgada quanto ele.

— Vocês sabem que vão ficar de castigo não é? – Nolan falou com Sarah que abaixou o olhar e murchou ao ouvir a palavra “castigo”.

— Até eu? – Levi perguntou assustado.

— Deveria só por ter se animado. Mas não, só as duas que vão. Mas depois falamos sobre isso, vamos entrar que a mãe de vocês está esperando. – Ele falou lançando um olhar bravo para Sarah. – Vamos realmente ter uma conversa séria quando estivemos a sós. Eu, sua mãe, você e sua irmã.

Eu não entendi muito bem o motivo da briga, nem do castigo e nem da irritação de Nolan. Mas algo bem estranho tinha naquela situação. Confesso que preferi não gastar meu tempo tentando entender, eu já estava mais que cansada de pensar e arrumar uma explicação logica para toda aquela bagunça. Em vez disso, preferi curtir aqueles novos conhecidos e conhecer aquelas pessoas que incrivelmente me fizeram sentir muito mais eu.

— Essa aqui é minha esposa Mary Margaret. – Nolan apresentou a mulher de olhos verdes, sorriso carinhoso e olhar muito amoroso, como se já me conhecesse há muito tempo. Eu sorri para ela meio sem jeito. – Essa é a Xerife Swan, minha nova chefe. – David sorriu feliz ao me apresentar para a esposa.

— Emma, podem me chamar de Emma... – Eu falei ao apertar a mão de Mary Margart. - E, por favor, nada dessa coisa de chefe. – disse para Nolan.

— Essa aqui, Emma, é uma amiga muito querida da nossa família. – Mary Margaret tinha um sorriso quase permanente nos lábios. – Ela é madrinha das crianças. – A mulher era loira, muito bonita e tão simpática quanto todos eles.

— Prazer, Emma. Sou Glinda. – Ela ficou de pé para me cumprimentar, eles eram tão sorridentes, que mesmo achando tudo bem estranho, eu estava me sentindo ótima junto a eles.

— Glinda? Como a Bruxa boa do Sul, de Oz? – Eu fiz piada com seu nome, mas me arrependi ao vê-la arregalar os olhos um pouco assustada. – Foi mal... – Eu fiquei nitidamente envergonhada.

— Vo-ocê a conhece?

— Claro! O mágico de Oz é um filme clássico, todos conhecem. – O jeito com que perguntou soou mais esquisito ainda.

— Então, Emma, gostaria se sentar-se conosco? – Mary Margaret perguntou ao apontar para a mesa.

A pequena mal humorada – Elise – estava sentada ao canto, de braços cruzados, olhando para nós de canto de olho.

Sarah ainda estava de pé ao meu lado, olhando fixamente para mim. Em outras circunstancias aquilo me incomodaria, mas com ela eu achei a coisa mais lindinha do mundo.

Levi estava sentado à frente de Elise, que tentava chamar a atenção da irmã.

Eu queria muito sentar ali, eu queria muito fazer aquela garotinha de olhos verdes falar comigo, queria conhecer mais de cada um deles.

Sempre fui muito fechada para fazer novas amizades, mas aqueles estranhos sorridentes, me causaram uma sensação tão boa, louca e até familiar, que mesmo sem conhecê-los, ansiava por tê-los ao meu lado por toda a vida.

Eu tinha que almoçar com Zelena, logo ela chegaria. Acredito que não ficaria nada satisfeita se eu já não estivesse em uma mesa só nossa. Então, por mais que fosse tentador, eu não poderia me sentar com eles.

— Eu adoraria, mas não vai dar, eu vou almoçar com minha mulher hoje. – Os sorrisos simpáticos de todos transformaram-se em sorrisos tristes.

— Mas você poderia comer com a gente outro dia, não é? – Sarah perguntou com o mesmo receio que antes.

— Claro, eu acho uma ótima ideia! – Eu não resisti e passei a mão em seus cabelos, mesmo não sendo uma pessoa de contatos físicos com “estranhos”. O que a fez sorrir e suspirar com alegria, aquela menina era tão linda.

Eu queria mais tempo, queria que Zelena ligasse e falasse que atrasaria, mas o sino da porta tocou e lá estavam Henry e minha mulher, lado a lado entrando no Granny’s

Os olhos azuis de minha esposa encontraram os meus, que sorriu daquele jeito que estava me dando enjoo desde cedo. Em seguida passou por Mary Margaret e David, que mudou completamente para algo como preocupação, ela os conhecia? Foi se aproximando e olhando com calma para cada uma das crianças, fazendo sua expressão ir para algo que eu nunca tinha visto, algo como raiva. Mas quando seu olhar parou em Glinda, parou também de andar, de respirar e acho que até de pensar. Eu nunca a tinha visto daquela maneira, eu nem se quer sabia que ela podia sentir medo. Zelena nunca foi de mostrar muito seus sentimentos, a não ser os sexuais claro.

— O que você está fazendo aqui? – Sua voz saiu firme, mas em um tom completamente novo e distinto para mim. Já seu olhar brilhava de um jeito diferente, um brilho de olhos marejados.

Definitivamente existia uma história grande e conturbada por trás daquilo. Já que nem comigo, nem com nosso filho, Zelena já havia mostrado tanta fragilidade, como com a estranha do nome de conto de fadas.

Eu deveria sentir ciúmes e talvez até raiva. Mas diferente das situações normais, eu me senti feliz, curiosa e cheia de esperança.

{Cena extra}

(Snow)

Sarah e Elise quiseram ficar conosco enquanto Charming e Levi foram à delegacia. Até tentamos convencê-las de irem para se aproximarem de Emma, mas até mesmo Sarah que estava animada antes, parecia receosa com a situação. Mas nós não insistimos muito. Por mais que elas soubesse e entendessem tudo, elas ainda eram duas crianças, duas meninas cheias de medos e com um grande fardo nas costas.

Como sei que cada uma delas é a mistura perfeita das mães e sei que tanto minha filha como Regina são duas cabeças duras, talvez demorasse mais do que imaginava até que as coisas se resolvessem. Nós já tínhamos esperado tanto tempo naquela vida, que mais um pouco não ia fazer diferença.

Enquanto eu e Glinda conversávamos sentadas em uma mesa, as meninas estavam no balcão.

As observávamos vez ou outra, era muito difícil para as crianças deixarem de fazer magia, já que em Nárnia era o tempo todo. Até para Glinda estava sendo difícil, mas diferente dela, eles não estavam conseguindo se controlar muito bem. E pela milésima vez, Charming e eu, pela manhã, conversamos e explicamos que é extremamente proibido fazer qualquer tipo de mágica em Storybrooke. Caso não obedecessem ficariam de castigo.

— Eu estou tão nervosa em saber que posso encontrar Zelena a qualquer momento, que eu a estou vendo em todos os lugares. Até naquele homem baixinho de barba ali eu vi quando cheguei. – Ela apontou para Leroy que estava no balcão próximo às meninas. – E eu não faço ideia do que vou dizer, ou fazer... Estou começando a me arrepender de ter vindo com vocês.

— Vai dar tudo certo minha amiga. – Eu sorri com calma para ela, pegando em sua mão, tentando faze-la se sentir mais segura. – As coisas vão acontecer no tempo certo e quando chegar o momento você vai saber o que fazer. Apenas deixe as coisas fluírem... – Parei de falar ao passar rapidamente meu olhar por Elise e Sarah.

Suas mãozinhas estavam se movimentando. Elas estavam fazendo o que havíamos implorado para que não fizessem, magia em público. Leroy que estava sendo a vítima da brincadeira de ambas. Seu suco havia sido congelado, sua comida estava pegando fogo a sua frente, o fazendo gritar com Ruby, como se ela fosse a culpada de tudo. De imediato eu larguei Glinda e fui correndo em direção as minhas netas, parando entre elas e meu velho amigo – que não me conhecia mais.

— Desfaçam isso agora! E sem que vejam. – Eu falei baixinho e irritada. De imediato, com as caras assustadas, elas desfizeram a magia.

Logo atrás eu pude ouvir Ruby falar o quanto Leroy deveria parar de beber, já que não havia nada de errado com a comida dele. O que me fez ficar ainda mais brava com elas. Se as coisas eram iguais a quando Regina lançou a maldição, meu amigo não tinha uma reputação muito boa, e ver que além de excluído estava sendo acusado de maluco me fez querer subir com elas e deixa-las sem almoçar. Mas respirei fundo e me contive. Eram apenas duas crianças, tentado lidar com todo aquele peso de salvadoras da maldição.

— Qual o problema de vocês? – Eu perguntei brava, mas em tom baixo para que ninguém ouvisse.

— Tudo, aqui é muito chato, um pouco de diversão não faz mal a ninguém. – Elise me respondeu emburrada.

— Chato? Chato vai ser quando ficarem de castigo!

— Foi só uma brincadeira, vó. - Sarah explicou baixinho com a voz tristonha, já arrependida.

— É sempre uma brincadeira, é sempre a última vez, é sempre sem pensar. Conversamos com vocês hoje de manhã! Hoje! – me olhavam com o olhar baixo – E foi a mesma coisa que nada! – tentei me acalmar – Em vez de estarem aqui fazendo o que não era para fazer e correndo o risco de serem pegas. Deveriam ter ido com o avô de vocês, deveriam ter ido ver Emma. Começar a construir laços com ela.

— Mas não fomos pegas, já pode parar de brigar. – Elise falou com deboche e birra. Tive que respirar fundo outra vez.

— Vão, agora. Lá para fora, e fiquem lá esperando o avô de vocês. – Ordenei ao dar as costas e voltar à mesa.


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Notas finais do capítulo

E ai, e ai??? Me digam tudo e não me escondam nada! :D
Ficou bom?
Ficou ruim?
Tem alguma duvida?
Algo que gostaria de ver na fic?
Algo que não está gostando?
DIGAM, ME DIGAM TUDO!