Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 7
Mais um sonho idiota - Regina


Notas iniciais do capítulo

Não sei se fui eu, vocês ou todos nós. Mas achei que não curtiram muito o capítulo anterior. Mas tudo bem, porque esse aqui eu tenho certeza que vão amar, porque se não amarem eu mato vocês! hahahhaha

Boa leitura!



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Fizemos o possível e o impossível para reverter toda aquela situação, para que pudéssemos todos viver felizes e em paz.

Tentamos lutar, mas a tal Bruxa má do oeste era mais forte do que imaginávamos, tinha aliados que a ajudavam na captura de outros bruxos, que com uma magia poderosa lançada por uma fada exilada – a Fada Negra - ela os paralisava e retirava todo o seu poder, o transmitindo instantaneamente para Zelena. Que no caso foi o mesmo grupo que “ajudou” Snow e Charming a me neutralizarem e quase acabarem com a minha magia, caso Emma não tivesse me salvado com um beijo de amor verdadeiro naquela clareira.

Tentei conversar, mas das poucas vezes que consegui me aproximar ela me petrificou, me fazendo ouvir todas as suas ameaças em silêncio, seus planos e até algumas histórias do passado. Negociar algo com aquela imbecil era de longe uma alternativa. Ela estava tão cega de ódio por mim, que nem mesmo eu sendo o exemplo vivo de que vingança não levava a nada, a fez pensar em mudar de ideia.

Pensamos em fugir, ir para algum reino bem distante com os feijões mágicos que Henry tinha escondido, mas não era uma solução, Zelena tinha aqueles sapatinhos idiotas que a levavam para todos os mundos, ela nos seguiria e nos atormentaria onde quer que fosse.

A única maneira de derrotar aquela mulher asquerosa era fazer com que as coisas fossem para o tal caminho da visão de Rumple. Era entregar minhas princesinhas ao destino, para que voltassem depois de nove anos. Era esperar no esquecimento e na loucura, esperar todo aquele tempo nas mãos da minha querida irmã Zelena.

Não tínhamos mais alternativas, a vaca verde ganharia aquela batalha, mas a guerra em si eu sabia que seria nossa. Juntos, eu e toda a minha família a derrotaríamos, mas para isso tínhamos que aguardar o tempo se passar.

— Vai Regina, força! Estamos quase lá! – A parteira falava com calma, como se eu não tivesse sentindo nada, o que aquela idiota achava? Que aquilo era fácil?

Aquela dor estava absurda, parecia que meus ossos da bacia estavam se quebrando lentamente em pedacinhos. A cada contração a dor se aumentava e por mais que eu naquele instante acreditasse que aquela era a pior dor da minha vida, eu sabia que o inferno viria depois. Eu sabia que nada seria mais torturante do que ia acontecer quando minhas filhas nascessem.

— Vamos lá Regina, só mais um pouquinho... – A parteira ainda me pedia com toda aquela calma, que estava quase me fazendo arrancar sua cabeça.

— Cala a boca e faça seu trabalho! – Eu ordenei aos gritos, desesperada com aquela dor que era de enlouquecer qualquer pessoa.

Ao mesmo tempo em que eu não estava mais aguentando e queria que aquilo acabasse o mais rápido possível, eu não queria que aquele momento chegasse ao fim, eu não queria ter que deixa-las ir, eu não podia perder meu final feliz depois de já ter sofrido tanto.

Força, força, força, quanto mais força eu fazia, mais dor eu sentia, parecia nunca ter fim e olha que eram duas, logo a dor seria em dobro, eu nunca imaginei que colocar alguém no mundo era tão difícil.

Emma segurava uma de minhas mãos e como uma pessoa que me conhecia de verdade, não dizia uma palavra, mas sorria confiante para mim, me passando toda a força que eu precisava. Ela sabia o quanto aquilo estava doendo, ela já havia passado por aquela situação antes. Então palavras não eram precisas, apenas o seu apoio era o que me fazia confiar em mim e saber que eu conseguiria colocar aquelas duas meninas do mundo.

Henry estava do meu outro lado e como Emma, também estava em silêncio. Parecia um pouco assustado, mas mantinha sua postura firme, tentando me passar todo o apoio que eu necessitava. Enxugava minha testa a todo tempo com um paninho e sorria igualmente sua outra mãe sempre que nossos olhos se cruzavam.

Em uma contração que eu jurei que tiraria a minha vida, fazendo uma força que eu achei que não tinha, a primeira princesinha nasceu, me dando um alivio instantâneo daquela dor e uma alegria tão grande, tão imensamente especial, que era difícil dizer em palavras o tamanho do meu amor por aquele bebezinho. Aquela coisinha tão pequena com um folego tão grande para um choro tão alto. Nada no mundo poderia ser comparado a aquele momento de tamanha satisfação e inundado de sentimentos maravilhosos como o nascer de uma vida.

— É a Elise, é a Elise! – Emma falava ainda segurando minha mão, com lagrimas nos olhos e um sorriso enorme, que me fez querer chorar. Chorar de alegria por estarmos ali juntas, vendo nossa filha pela primeira vez. E de tristeza por saber que seria a única em muitos anos.

Não deu nem tempo de olhar direito para a pequena Elise, outra contração ainda mais forte veio com tudo, me fazer perder até a voz por alguns segundos, mas ao conseguir recuperar o ar, eu gritei tão alto, eu fiz tanta força, que as janelas do quarto de quebraram junto ao nascimento da segunda menininha, o que me fez olhar para fora e ver ao longe a maldição chegando.

Aquela ladra – que acreditava ser realmente a melhor do mundo – estava mesmo esperado elas nascerem, era o que estava faltando para poder enfim lançar minha maldição e viver seus dias de gloria com tudo aquilo que me pertencia, com tudo aquilo que eu levei a vida para construir. Mas seu plano não sairia como planejado, sua vitória não seria eterna e mais uma vez o lado dos mocinhos – que agora eu participava – venceria. Essa era a única certeza que eu tinha, a única esperança que eu poderia me agarrar, eu tinha que acreditar, tinha que ter fé que aquela vadia não reinaria para sempre.

— Regina... a Sarah.. – As lagrimas de Emma escorriam pelo rosto, era tão difícil vê-la chorando.

Henry segurava Elise, enquanto Emma a Sarah, a dor do parto já não existia, deixando espaço para toda a minha tristeza em ver aquelas duas meninas tão perfeitas, aquelas duas pequeninas que tinham burlado as leis da natureza, que tinham sido feitas com a magia mais poderosa de todas... o amor verdadeiro.

Minhas duas princesas junto daqueles que eu tanto amava, o meu final feliz reunido ali naquele instante mágico de sorrisos e lágrimas. Eu tinha que guardar aquela lembrança, eu tinha que me forçar a nunca esquecer algo tão completo como Emma, Henry, Elise, Sarah e eu, unidos como o final de um verdadeiro conto de fadas.

— Olha como ela é linda mãe. – Henry também estava emocionado ao segurar uma de suas irmãzinhas.

— Ela está vindo para cá! – Rumple falou com pressa ao aparecer em sua fumaça. – Zelena está vindo pegar as meninas, temos que ser rápidos...

Aquelas palavras me doeram a alma. Eu já tinha passado por aquilo, mas era eu quem estava perseguindo e não sendo perseguida. O lado em que eu estava naquele momento era sem duvidas muito mais doloroso do que aquele eu estive um dia. A perda de Daniel, o ódio de Snow nem se comparava aos sentimentos que eu estava naquele instante. Nada no mundo iria me fazer sentir mais dor do que aquilo ali, do que ver as minhas filhas irem embora sem poder fazer absolutamente nada.

— Não quero... eu não quero... – Eu falei com a voz falhando e com as lagrimas descendo. – Tem que haver outro jeito...

— Regina, nós já discutimos isso várias e várias vezes, Zelena está cada vez mais próxima, se Snow e Charming não as levarem agora, será tarde demais e vamos ficar presos com sua querida irmã para sempre. – Rumple falou sério. – Falando no casal maravilha, onde eles estão?

— Aqui! – Snow disse ao entrar pela porta com uma mala em mãos.

Estava acontecendo, eu ia mesmo ter que deixar Sarah e Elise partirem, deixar meu final feliz para depois.

— Estão prontos? – Rumple perguntou a Snow e Charming, que afirmaram com a cabeça - Não temos muito tempo! Onde estão os feijões, Henry?

— Já estão comigo. – Charming os mostrou ao abrir sua mão.

— Então pequem suas netas e abram esse portal! – Rumple estava nervoso, aquilo era nítido.

Eu tinha que me despedir, tinha que dar “até logo” para minhas meninas tão perfeitas.

Me sentei com um pouco de dificuldade e peguei Elise do colo de Henry, ela era tão linda que foi difícil segurar minhas lagrimas, deixando-as cair em seu pequeno rostinho quando eu beijei sua cabeça. Fiquei mais alguns segundos olhando para aquele bebezinho que eu e Emma tínhamos feito, ela era tão perfeita que era difícil de acreditar que estava mesmo ali em minhas mãos. Beijei seu rostinho mais uma vez antes de dar o meu “até logo”.

— Eu te amo pequena princesa Elise, até logo. – Eu falei baixinho a estendendo a Snow que esperava por ela já com seu sorriso de sempre. – Henry o relicário da Elise. – Eu pedi para meu filho mais velho que com rapidez retirou os dois relicários do bolso. – Esse aqui é dela. – Eu entreguei o que tinha o nome Elise gravado – Tem fotos nossas ai dentro, par que ela nunca esqueça que tem uma família lhe esperando.

— Vamos Regina, vamos... – Rumple disse impaciente, mas eu o ignorei já pegando Sarah do colo de Emma.

— Oh minha pequena princesa, Sarah. – Mais lagrimas desceram por meu rosto.

Gravei cada pedacinho da minha outra pequenina, que era incrivelmente linda, e tão perfeita quando sua irmã que havia nascido alguns minutos antes. Beijei seu rostinho o molhando com meu choro e sorri ao vê-la mexer a boca como se tivesse sorrindo com meu carinho.

— Eu te amo princesa, até logo. – Foi o que eu consegui dizer ao entrega-la ao Charming que sorriu para mim tentando me passar forças.

Forças era algo que eu não tinha mais, nem ao mesmo consegui pegar o relicário da mão de Henry para entregar ao seu avô, eu apenas me afundei querendo que aquele pesadelo passasse o mais rápido possível. Eu não estava fazendo aquilo, eu não podia ter acabo de entregar minhas duas filhas para que Snow e Charming as criassem até seus nove anos.

— Esse relicário é da Sarah, pai. – Emma o pegou da mão de Henry ao ver que eu já não aguentava mais. – Cuidem de nossas filhas, a protejam de tudo e as tragam de volta no tempo certo. – Ela também tinha suas lagrimas descendo sem pudor. – Não esqueçam de contar a elas nossas histórias e não a deixem nos odiar e nem pensarem que as abandonamos, não deixem que esqueçam um só dia que a amamos muito. E que não estar com elas nesse tempo foi a única maneira que encontramos para podemos ficarmos juntos de verdade. – Sua voz falhava vez ou outra. – Façam o que sabem fazer de melhor, sejam quem vocês são que eu sei que vão fazer um ótimo trabalho com elas... – Ela sorriu entre suas lagrimas e se levantou ficando frente a eles. – Não só com elas como com o meu irmão que logo logo irá nascer... – Ela se aproximou deles. – Eu te amo pai, eu te amo mãe... Eu te amo Sarah... – Ela beijou sua cabeça. – Eu te amo Elise. – Ela também a beijou dando passos a atrás e se sentando ao meu lado de novo.

— Acredite no destino, tudo vai dar certo, tenham fé. – Charming disse com Sarah em um dos braços e uma mala no outro.

— O tempo acabou, temos que abrir o portal agora! – Rumple estava mais aflito que o normal.

— Estão com tudo ai, não estão? – Emma perguntou aos pais.

— Sim, tudo que precisamos, o livro do Henry, algumas mudas de roupa, coisas para os bebês e ouro, porque ouro é dinheiro em qualquer lugar. – Charming deu um dos feijões na mão de Snow. – Um para ir e outro para voltar.

— Não esqueceram as informações que dei sobre o meu apartamento não é? – Emma estava aflita.

— Vai dar tudo certo, querida. – Snow sorriu – Vamos voltar antes que percebam...

— Agora, tem que ser agora! – Rumple começou a olhar ao redor, como se a qualquer momento aquela vadia fosse aparecer.

Eu não quis olhar, eu não queria mais existir, eu estava exausta, com dor no corpo e na alma. Fechei os olhos e apertei firme a mão de Henry e a de Emma, eu queria poder sentir que não estava sozinha naquele instante tão difícil. Emma por sua vez me puxou para seu colo, beijou minha testa e ficou observando seus pais e nossas filhas sumirem em um portal, que iria direto para um lugar diferente de tudo que conhecíamos, para um lugar que o tempo corria diferente, que com sorte eles voltariam antes do esperado. Juntos, Snow, Charming e nossas filhas partiram para um reino chamado Nárnia, longe de todo aquele caos que viveríamos nos próximos tempos.

Abri os olhos assustada, levantando em um pulo da minha cama, olhei ao redor e estava em casa, como todas as manhãs. Nada de diferente além daquele sonho inédito e perturbador, depois de uma semana e meia sonhando com várias e várias noites de amor com a Xerife Swan.

— Foi só um sonho... só um mais um sonho idiota. – Eu falei comigo mesma ao colocar uma de minhas mãos na barriga.

Poderia sim ter sido apenas mais um dos muitos sonhos loucos que sempre tive, mas aquele foi tão intenso, tão doloroso, tão triste, que ainda podia sentir aquelas dores, não fisicamente, mas mentalmente. Sentia a dor da perda, não só das pequenas que nasceram do meu ventre, mas de Emma, de Henry, até mesmo dos outros que sempre surgiam nos sonhos. Eu ainda podia sentir a dor de nunca mais poder tê-los, a dor de saber o quanto a Regina dos meus sonhos sofreu para chegar onde chegou e teve tudo tirado de sua vida.

Aquilo não era justo, não era nem mesmo aceitável, tanto eu mesma como aquela outra que só existia na minha cabeça, não deveríamos passar por nada daquilo. Eu não tinha que sonhar com aquelas coisas, eu não podia continuar sofrendo verdadeiramente por um mundo imaginário.

Mas naquela terça feira, depois daquele sonho que acabou comigo, eu não iria a lugar nenhum, eu ficaria em casa, eu choraria até as lagrimas secarem. Porque por mais que nada fosse verdadeiro, os sentimentos que estavam presos em mim eram mais que reais, eram de derramar meu choro, e de tirar minhas forças. Eu voltei a me deitar, mas não queria dormir, confesso que pela primeira vez estava com medo, medo de que o próximo sonho fosse ainda pior que aquele.

Avisei a Ammy que não apareceria e a deixei nos comandos de tudo, eu confiava nela e até queria contar meus devaneios para aquela minha única amiga. Mas era tudo tão louco, que acreditei que nem mesmo ela entenderia, não que eu entendesse alguma coisa.

Depois de uma hora e meia revirando de um lado para o outro em minha cama, eu me levantei indo direto a escrivaninha que tinha em meu quarto, sentei a cadeira e abri meu caderno de anotações.

Como se eu estivesse ligada no automático, comecei a escrever todos os meus sonhos na ordem que eu acreditei ser cronologicamente correta. Quando acabei finalizando com o sonho que tive naquela noite, eu me assustei com a quantidade de informações sobre um mundo que só existia em meus sonhos. E além de ter escrito mais do que achei que escreveria, eu também me senti outra pessoa. Leve com aquele desabado e forte para enfrentar a minha realidade.

Eu amava a Emma dos meus sonhos, mas mesmo a Xerife sendo igual a ela, não eram as mesmas pessoas, eu tinha que saber separar aquilo, eu não podia mais ficar sofrendo por ter sido beijada e depois jogada fora. Eu era muito melhor do que aquilo e nem de longe serviria para ser a outra. Aquela mulher que havia mexido com meu psicológico e minhas emoções não iria mais controlar o pouco que me restava de sanidade.

Olhei no relógio que marcavam três e meia da tarde, se eu corresse com tudo eu chegaria a floricultura a tempo para ajudar Henry. Que desde o primeiro momento se mostrou tão lindo como o dos meus sonhos. Aquele não era o meu Henry, mas de tudo que eu estava vivendo, era o único que eu poderia dizer que mesmo não sendo igual, era completamente parecido. E me fazia tão feliz que eu definitivamente não deixaria de vê-lo por mais um sonho idiota.

Tomei meu banho, comi alguma coisa, me arrumei, entrei eu meu carro – que finalmente havia sido consertado – e parti para a floricultura, me sentindo feliz só por saber que passaria meia hora com aquele menino tão especial.

— Chegou meio cedo para amanhã Regina... – Ammy disse em tom de piada, ao me ver entrando na loja.

— Por que a viatura está ai fora? – Eu perguntei já com meu coração acelerado.

— Ah... A Xerife veio com o garoto hoje... – Ammy me olhava sem entender o meu nervosismo. – Eles estão na estufa...

— Merda... – Pensei alto.

— O que? O que aconteceu? Não era para deixa-los entrar?

— Não, não, está tudo bem... – Eu tentei sorri lhe mostrar que estava realmente tudo certo.

Aquilo não estava acontecendo, o que eu tinha feito para Deus querer me castigar daquela maneira? Por que a idiota da Xerife tinha que surgir do nada depois de uma semana e meia? Ela não tinha o direito de aparecer, não depois do que tinha feito. Ela não podia simplesmente continuar no canto dela para sempre?

A minha vida dos sonhos já me causavam muita dor de cabeça. Agora ter que voltar a lidar com aquela mulher de um beijo tão único era querer me torturar.

Ok, sem pensar na parte do beijo.

Respirei fundo antes de entrar na estufa, eu tinha que me concentrar na mulher que eu estava me sentindo ao sair de casa. Eu tinha que ser ela, somente ela. Nanda de Regina dos sonhos, ou a louca que eu era de vez em quando. Eu precisava voltar a sentir e a passar toda aquela confiança que estava sentindo minutos antes.

— Regina! – Henry disse feliz ao me ver, fazendo sua mãe se virar mais rápido do que o normal, como se tivesse levado um susto.

Merda de novo, ela estava ainda mais linda do que da última vez. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, vestia uma jaqueta azul escura, e estava sentada como um moleque em cima da minha mesa. Meu coração se apertou, mas não como da vez em que bateu a porta na minha cara depois do jantar e sim do mesmo jeito que aconteceu no sonho daquela noite em que perdia o meu “final feliz”.

— Desculpe o atraso! – Eu me aproximei deles.

— Pensei que não viria, Ammy disse que não tinha vindo trabalhar hoje... Está tudo bem? – Henry perguntou com preocupação.

— Está. – Eu sorri tentando parecer convincente – Tive que resolver algumas coisas em casa, mas eu não deixaria de vir te ajudar. – Eu estava evitando olhando para a Xerife, mas eu tinha que ser no mínimo educada. – Olá Xerife. – Minha voz soou fria.

— Srta. Mills. – Ela forçou um sorriso, parecia bem sem graça com minha presença.

— Então, já começou sem mim? – Eu me aproximei ainda mais dele ficando ligeiramente de costa para sua mãe, eu tinha que me concentrar.

Henry já havia começado a trocar o vaso como tínhamos combinado no dia anterior, isso fez com que minha ajuda quase não tivesse sido necessária. Ele tinha aprendido bastante coisa, era dedicado e até talentoso. Terminamos o que tínhamos a fazer em poucos minutos, ele era mesmo um aluno exemplar, que me dava mais orgulho a cada dia que se passava. Mesmo eu não sendo nada dele, eu me sentia como uma mãe boba ao ver seu filho se saindo tão bem.

— Está vendo, eu nem precisava ter vindo aqui, você já pode até ficar no lugar da Ammy de vez em quando. – Eu sorria feliz, o fazendo sorrir igualmente.

— Tive uma boa professora.

— Você que é um ótimo aluno, Henry. – Eu olhei para Swan que permanecia calada desde que me cumprimentou. – Você deve ter muito orgulho dele.

— É... eu tenho. – Ela olhou para ele, que por sua vez sorriu convincente com um olhar maldoso.

— Já que sente orgulho de mim deveria me pagar um sorvete! – Ele disse de um jeito sapeca que me fez sorrir.

— Bem... – Ela olhou em seu relógio de pulso. – Acho que da tempo te passamos na sorveteria.

— Agora quem está orgulhoso sou eu. – Ele riu ao ir em direção a pia. – Vou lavar as mãos. – Ele falou diretamente comigo.

— Vou com você. – Eu não ia ficar sozinha com ela, nem mesmo um segundo.

Lavamos nossas mãos e voltamos, onde Swan já estava de pé a espera de seu filho para irem tomar sorvete. O que me deixou estranhamente triste. Eu não queria que eles partissem, eu não queria ficar sozinha com a lembrança daquele sonho em minha mente. Mas ao mesmo tempo me sentia orgulhosa, por ter sido imparcial a presença daquela mulher que estava me causando enjoos.

— É... Quer ir com a gente? – A Xerife perguntou meio sem jeito.

— Acho melhor não. – Eu falei seca, sem acreditar que ela tinha mesmo feito aquele convite.

— Ah vamos, vamos! – Henry pediu como um cachorrinho sem dono, ele não podia fazer aquela cara. – Por favor, vamos... Pelo seu atraso de hoje. – Seus olhos me desafiaram.

Eu vacilei por alguns segundos, eu queria ir, é claro que queria, mas ao mesmo tempo eu não queria, é claro que não queria. Aquela contradição voltando a tomar conta de mim e me fazendo querer voltar para casa e ficar lá, sem perigo de coisas como aquelas acontecerem. Eu ia voltar no consultório do Dr. Hopper, ele tinha que dar um jeito na minha loucura, mas enquanto nada era resolvido, eu me deixei levar pelo pedido feliz de Henry.

— Está bem... – Eu disse a contragosto, mas fazendo meu coração sorrir de felicidade.

Sentamos em um banco próximo a sorveteria. Henry no meio com seu sorvete de chocolate, eu a sua esquerda com o meu de maça, e Swan a sua direita com um de creme. Ele era quem mais falava, vezes comigo, vezes com sua mãe. Enquanto eu e a Xerife, mal nos olhávamos. Confesso que aquela situação por mais chata que estivesse, estava melhor do que muita coisa e eu estava conseguindo curtir de um jeitinho bem diferente. Porque por mais raiva que eu estivesse daquela mulher que havia me beijado na lavanderia do Granny’s, eu não conseguia de fato odiá-la por ter batido a porta na minha cara, depois daquele jantar de horrores. Mas ela em si não precisava saber e nem perceber nada daquilo.

— Eu sonhei com vocês essa noite. – Henry falou descontraído ao lamber seu sorvete.

Ele tinha sonhado com a gente, isso foi algo que me assustou, não só eu como a Xerife também. Porque ambas olhamos para ele bem preocupadas, o que eu não entendi foi o motivo de Swan também se incomodar com o sonho. Aquilo sim me deixou bem nervosa.

— Com a gente? Essa noite? O que? – Sua mãe tirou as palavras de minha boca.

— É... não só essa noite. Eu já tinha sonhado antes, mas sonhei essa noite também. – Ele falava com calma como se fosse algo natural. – Foi diferente, estranho até... Não que sonhos sejam coisas normais... Mas lá em casa só morávamos eu e Regina, acho que ela era tipo minha mãe... – Ele olhou rapidamente para mim, mas voltou a saborear seu sorvete, enquanto eu e sua mãe ficamos o encarando com receio. – E também era a prefeita da cidade... Eu não me lembro muito bem, mas vocês duas ficavam brigando por mim, brigavam feito cão e gato... E pareciam se odiar mais que tudo, mas ao mesmo tempo não... – Ele parou de falar nos olhando com um sorriso contente. – Tá nem foi tão estranho quando a vez que sonhei que estava voando em um unicórnio alado, e entrava por uma janela de um castelo, para salvar a vida da minha mãe Emma, e você também estava lá Regina... e outras pessoas que não faço ideia que quem são também... – Ele sorriu ao ficar de pé e se virar para gente. – Vou buscar alguns guardanapos... Já volto.

Ele sonhou com a gente, ele sonhou com os unicórnios alados, que eu também já tinha sonhado. Fiquei apavorada, tão apavorada que senti vontade de chorar. O que aqueles sonhos significavam, porque não só eu como ele também já tinha sonhado com aquilo? E porque sua mãe também parecia está assustada, será que ela também sonhava com coisas do tipo?

Foi quando respirei fundo, que me dei conta que Henry tinha ido mesmo pegar os guardanapos e nos deixado ali sozinhas. Tomei mais um pouco de meu sorvete para não parecer tão idiota quando eu estava me sentindo, e olhei ligeiramente para Swan que mexia suas pernas me mostrando o quanto estava nervosa.

— Srta. Mills... – Ela disse sem olhar para mim, mas logo se virou para me encarar.

— Não. – Seja lá o que ela tivesse que falar eu não queria ouvir, eu não podia ouvir.

— Não o que? Eu nem disse nada ainda.

— Então me poupe de seja lá o que for. – Eu sorri ironicamente para ela, que revirou os olhos levemente.

— Olha, eu quero e eu vou pedir desculpas, ok? – Sua voz saiu firme, diferente do que aparentava está sentindo. - Então me desculpa por ter sido tão idiota com você depois do jantar... – Ela vomitou as palavras em cima de mim.

— Você acha mesmo que eu ligo para a maneira com que você foi comigo depois daquele jantar horroroso? – Aquela não era eu falando, definitivamente não era, então respirei fundo para continuar a falar como eu mesma e não como a Regina dos sonhos. – Olha, a gente mal se conhece... – Eu tentei manter a calma. – Nem amigas nós somos... Não sei exatamente o motivo que nos levou a aquele beijo, mas eu entendo perfeitamente que é casada, e tem uma vida, então não tem que ficar se desculpando, o que passou, passou. Já somos adultas e acho que podemos lidar com isso.

— Tudo bem... – Ela disse como uma criança que acabou de levar uma bronca, com os olhos baixos e uma carinha triste, que me partiu o coração.

— Vocês querem? – Henry apareceu com vários guardanapos em mãos.

— Eu quero. – Eu peguei um assim que ele se sentou.

— Valeu criança. – Swan também pegou um.

— E ai, do que estavam falando?


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Notas finais do capítulo

Lembrando que a Snow vai narrar o próximo capítulo, e que sim, é necessário. Peço apenas que confiem em mim e não achem que vai ser algo chato e sem graça. Acreditem que "minha" Snow pode ser bem legal hahahahahaha